Estúpido Cupido - Finalizada escrita por Luhluzinha


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

OMG! Ficou ENORMEEEEEEE! Desculpa :S mas não dava para dividir, ia ficar meio sem nexo! Vão lendo devagarinhooo tá! :)



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CAPÍTULO DOIS

Dançar era a coisa mais excitante, divertida e incrível que uma pessoa poderia fazer.

Eu cantava e dançava feita uma anormal em frente ao espelho embaçado pelo vapor da agua morna do chuveiro. Eu tinha achado um canal de musicas na TV e estava curtindo a minha vitória.

Isso mesmo: VITÓRIA.

Eu tinha construído o plano perfeito. Não era qualquer plano. Era “O” plano.

- Ó o docinho com leite! Ó o docinho com leite! Ó o docinho com leite... ôôOoooOOooou.

Béyonce era o máximo. Ainda mais ela dançando The single ladies. Ou melhor dizendo: Ó O DOCINHO COM LEITE...Ó O DOCINHO COM LEITE...

Sai do banheiro toda enrolada na toalha e ainda cantando com a escova na mão. Não estava nem me importando com a cara que o meu superintendente deveria estar fazendo. Nesse momento ele deveria estar se perguntado aonde ele tinha errado.

Eu sabia aonde ele tinha errado. Ele errou no momento em que me mandou para essa missão impossível. Eu já não era normal, agora sob pressão... vixi neguinho, minha doença mental tinha se intensificando.

Me vesti como uma single ladie de parar o trânsito. Claro que eu parava o transito quando o sinal estava fechado, mas isso não conta.

Não ria. Posso acabar com sua vida de solteirona, por isso me trate como uma ladie.

Ó O DOCINHO COM LEITE...Ó O DOCINHO COM LEITE...

Caramba a musica impregnava mesmo na cabeça!

Eu iria fazer uma visitinha ao meu tio.

E conhecer a siliconada, segundo as palavras de Alice. É claro. Eu não tenho permissão celestial de ofender ninguém. Porque julgar não cabe a mim.

O edifício do hospital era luxuoso. Algum tipo de clinica de cirurgia plástica. Só podia ser mesmo ali para ele achar a dona turbinada.

OOOPS. Sem ofender.

Mas chamar uma mulher de turbinada não é ofensa é? Eu pelo menos queria ser um pouco mais turbinada.

Parei na recepção e quase sai correndo quando vi a boca da recepcionista. Que merda ela tinha feito ali? Alguma coisa de aumento labial? Oh droga! Aquela desgraça não tinha dado certo, porque ela tinha ficado com uma bocona inchada e sinistra.

- Eu queria falar com Carlisle Cullen.

Ela me olhou de cima abaixo.

- Vai fazer plástica geral?

- Como? – perguntei confusa.

- Perguntei se vai fazer plástica geral. Se vai refazer o rosto, uma lipo, por silicone...

Por um acaso, só acaso, ela estava falando que eu era feia o suficiente para precisar de uma plástica geral?

- Eu não! Mas voce está precisando concertar essa sua boca de bu... - parei na hora de falar e sorri gentilmente – Não, eu só quero falar com Carlisle Cullen que por um lindo acaso é meu tio!

Ela ainda me olhava furiosamente.

- Ele está ocupado. Reunião familiar.

Parei. Ela era surda ou o que? Eu tinha dito que ele era meu tio.

EU FAÇO PARTE DA FAMILIA!

Tecnicamente falando não. Mas eu não iria discutir termos técnicos com aquela coisa de boca alienígena.

Fique claro. Alienígenas não existem.

- Eu sou da família. – sorri irônica.

Ela pegou o telefone lentamente discou o numero. Falou umas coisas lá a liberou por fim a minha entrada.

Humana desprezível. Não vou arrumar um namorado pra ela. Vai passar o dia dos namorados sozinha. FOREVER ALONE , que-ri-da.

Entrei no saguão indicado e lá estava sentado com um ar superior do tipo “eu sou foda” o Bonitão revoltado. Reunião familiar então?

O superintendente Christopher tinha de me avisar sobre a presença dele aqui. Sabe aquele meu plano perfeito? Então estava correndo o risco de ir por agua abaixo em questão de segundos, mas precisamente quando o Edward de coração partido me visse.

Tio Carlisle não me deu tempo de sair do saguão.

- Claire! – sua voz soou surpresa. Mas não uma surpresa desgostosa. O que foi bom, pois era só o que me faltava o Cullen pai me odiar assim como o Cullen filho.

- Titio! – abri os braços e caminhei ao seu encontro.

Deus poderia abrir uma fenda sob meus pés e me fazer desaparecer naquele instante. Eu gostava do meu pescoço, e Edward Cullen aparentava que iria torcê-lo até partir-lo ao meio.

- Quanto tempo querida!

- Quanto tempo digo eu! Quantas mudanças hein? Eu já achava a tia Esme maravilhosa, agora, ela está espetacular! Bem que dizem que a uma mulher é mais feliz sem um estorvo! – levei as mãos nos lábios fingindo uma indignação – Oh tio, não quis dizer que o senhor é um estorvo, quer dizer, todo homem é um estorvo, mas... Oh droga não queria tê-lo ofendido.

Carlisle cocou a nuca um pouco constrangido.

- Não ofendeu querida! Fico feliz em saber que Esme está melhor... – ele travou, engoliu seco e por fim conseguiu dizer o que ele simplesmente não podia assumir – Sem mim.

- Oh te garanto que está.

Me diga um homem que não se sente um verme quando é colocado como estorvo e depois fica sabendo que aquela mulher está melhor sem ele?

Anjos não podia mentir. E bem, eu não era mais um anjo. Eu era “humana”. E para falar serio, eu pretendia fazer da mentirinha uma verdade.

Edward me encarava com uma imensa interrogação na testa.

- Parece que vocês resolveram me fazer uma visita e ainda por cima juntos. Que bom! Vejo que resolveram as diferenças pendentes.  – aham.. sonha tio Carlisle, sonha! -Quando chegou do Alasca querida?

Torci o nariz para o querida. Que mania irritante de chamar as pessoas de querida.

- Faz uns dois dias!

- E sua mãe?

- Bem, bem graças a Deus.

- E os estudos?

-Bem, bem também!

- E os namorados?

Senti os olhos do Cullen sobre mim. Oh my God. Porque os parentes têm que ficar perguntando esses tipos de coisas? Mas encontrei ali a deixa para dizer ao Cullen Junior de que “eu estava arrependida do que tinha feito”.

Que castigo senhor. Eu assumindo a culpa de uma humana incapaz de amar.

- Bem, não tão bem assim. Hoje em dia está faltando homem no mercado. Voce sabia que quando a gente acha um cara legal compreensivo, divertido, voce descobre que ele é gay? Os que sobram são os metidos á machões. Mas sabe o que eu acho? Que é castigo. Eu já maltratei muito homem nessa vida. Me achava a rainha do balacobaco, mas no final das contas não era. E agora eu fico aqui, como a solteirona encalhada. – suspirei com um ar de pesar - Sim tio; estou pior que uma orca encalhada na praia.

Carlisle soltou uma gargalhada estrondosa, olhei para Edward a tempo de vê-lo rolando os olhos e cruzando os dedos sobre a barriga.

Oun seu Christopher, o pobre do Edward realmente tinha o coração partido. Pude ver seu pomo de adão engolir a saliva a seco. Era como se ele estivesse se controlando para não falar um monte de acusações sobre mim.

- E voce meu filho, o que te trás aqui?

- Só vim pedir dinheiro. – disse por fim se afundando ainda mais na cadeira.

Carlisle se ajeitou sobre a sua cadeira de modo desconfortável.

- Claro!

Um sorriso triste percorreu seus lábios. Ele se levantou e saiu da sala ficando apenas eu e o Cullen Junior.

- Não sei o que está aprontando, não quero saber. Se aceita conselhos, é bom parar por ai, mas se preferir continuar, fique esperta para eu não te arrebentar caso machuque ainda mais a minha mãe.

- Ai Edward não fale assim. Eu estou querendo ajudar. As minhas intenções são as melhores.

Ele riu irônico e continuou a fitar o quadro de uma mulher nua que tinha na parede atrás da mesa do tio Carlisle.

- De boas intenções o inferno está cheio.

Oh ele não sabia do estava falando. Ele não tinha a mínima noção do que era o inferno. De boas intenções ali estava vazio. Aliás, se o ser humano tivesse o mínimo de noção do que era e significava o inferno; temeria muito mais a Deus.

- Sinto muito. – disse num sussurro. Meu coração doía ao perceber o quanto ele estava ferido.

- Voce não tem sentimentos Claire.

Enfim ele olhou para mim.

Oh merda. Eu não era a Claire! Eu tinha sentimentos. Eu era capaz de amar. De sentir. Eu era Isabella. Um estúpido cupido que não gostava do amor, mas mesmo assim não negava ele a ninguém. Era claro que eu fazia as minhas trapalhadas, mas poxa, era na tentativa de acertar.

- Muita coisa mudou. – eu disse.

- Mas as que deveriam mudar me parecem iguais.

- Nós somos primos. De sangue. Não era certo. Não é certo.

- Do que acha que estamos falando? Do nosso casinho de anos atrás? Acorda Claire, eu estou me referindo a caráter. Pelo visto voce continua a não conhecer o que significa isso. – disse debochado.

Agora sim eu queria que o chão se abrisse aos meus pés. Que vergonha.

- Pensei que me odiasse por aquilo.

- Quem vive de passado é museu. Eu não te suporto por sua falta de escrúpulos.

Me encolhi. Não gostava de ser acusada desse jeito.

- Pelo visto voce é um museu.

Virei cruzando os braços. Carlisle voltou a sala sem dar chance ao filho de rebater minha afirmação.

- Aqui está Edward. – ele estendeu um maço de dinheiro ao filho.

Que fortuna meu Senhor.

- Carls! – uma linda mulher loira, olhos azuis, pele perfeita, boca perfeita, corpo perfeito, estatura perfeita e seios super siliconados entrou no escritório – Me desculpe! Não sabia que...

- Fique tranqüila – disse Edward se levantando furiosamente – já estou de saída.

Ele partiu para fora do escritório.

- Ah tio eu acho que também vou! A gente se vê por ai!

Me levantei e corri atrás do Cullen Junior. Não precisava ser fera em adivinhações para saber que a gostosona era a atual mulher de Carlisle.

Desci as escadas correndo. Se eu fosse esperar um elevador não iria alcançar Edward. Eu estava morta. Ofegante. Agradeci que eu tive que descer as escadas e não subir.

Edward já saia me obrigando a correr ainda mais.

- Edward!

Ele apertou o passo. Eu tive que correr mais.

- Ou imundice! Espera ai!

Ele parou no meio do estacionamento e se virou irritadiço.

Sabe, eu era humana, mas ainda continuava com os reflexos de um anjo. Percebi ao longe um carro em alta velocidade que iria acertar Edward. Me joguei contra ele o imprensando contra a grade a tempo de que o carro passasse.

- Que merda foi essa?! – ele disse aturdido me empurrando pra longe de si.

- Eu salvando a sua vida! Ingrato!

- Não preciso de voce me salvando! – a palavra saiu acida demais.

Ele se virou e começou a andar novamente.

- Para de ficar correndo em direção a morte, uma hora ela cansa de fugir de voce e vem ao seu encontro.

Eu estava falando serio. Muito serio.

- Vai se ferrar! – disse ele destravando o alarme de seu carro.

Eu simplesmente não suportava ser ignorada.

- Eu vim ajudar Edward – disse fechando a porta de seu carro impedindo-o de entrar.

- Não pedi sua ajuda. – ele voltou a abrir a porta.

- Eu sei que não. Mas eu quero. – tornei fechar a bendita.

Ele me segurou pelo pescoço.

- Vai embora. Pelo seu bem físico e psíquico.

- Voce está me enforcando! – reclamei tentando me soltar ele pressionou a sua mão com mais força.

- Sim. Eu estou te enforcando. Voce merece morrer. Voce merece pagar por tudo o que me fez.

Ele estava descontrolado. Realmente descontrolado.

- Voce não quer isso.

- É claro que eu quero. Quero voce definhando na palma da minha mão.

Oh Jesus. Socorro. Socorro! Eu iria morrer!

Foi então que o milagre aconteceu. Sua mão começou a se afrouxar até que me soltou completamente. Respirei fundo e segurei meu pescoço com devoção.

- Considere-se avisada.

Ele abriu a porta e eu num átimo de coragem tornei a fechar.

Ele dessa vez voltou partir para cima de mim, mas eu fui mais rápida puxando-o pela gola da camiseta e ficando cara a cara.

Qual era o problema desse garoto?

- Larga de ser idiota. Podemos mudar as coisas. Eu sei que errei com voce. Mas o assunto agora é outro. Não se trata mais de nós. Trata da felicidade da sua mãe!

Eu não entendia o que eu fazia, mas eu tinha de fazer, então dane-se.

- Tira as suas mãos de mim! – as palavras soaram com asco. Ele segurou meus pulsos com força tentando me afastar.

Poxa vida, eu era limpinha, chorosinha e até bonitinha.

Ele me empurrou pra longe.

- Eu tenho nojo de você. – cuspiu as palavras entrou no carro e saiu cantando pneu.

Ótimo! Agora eu acho bom o meu superintendente aparecer logo, porque ele vai ter que me explicar certinho o que Claire Sullivan tinha feito com Edward Cullen.

Meu sexto sentido dizia que não tinha sido algo muito bom. Eu podia anda sentir as vibrações de ódio que emanavam dele. Era algo muito forte. Era uma mágoa muito densa.

Christopher tinha razão. Eu tinha de concertar primeiro o relacionamento do Cullen com a prima para depois desfazer a minha burrada com os pais dele.

- Enfim você entendeu! – olhei para o lado e ali estava meu superintendente.

Não respondi. Eu estava irritada, meu pescoço doía por causa do apertão do Cullen.

Eu não gostava de ser colocada em situações de risco, embora eu mesma fosse um risco para a humanidade.

- Vamos, acho que está na hora de você aprender uma lição.

Peguei a minha bolsa que tinha caído no chão durante a minha lutinha, e com passos pesados e lentos tomei meu rumo para o hotel.

Christopher me acompanhou durante todo o trajeto. Ele me observou silenciosamente enquanto na minha cabeça eu formulava um monte de perguntas.

- Agora que estamos aqui – disse me virando para ele depois de fechar a porta do meu quarto – Me explique o que aconteceu!

Ele deu um sorrisinho e estralou os dedos. No mesmo instante estávamos em um corredor cheio de armários vermelhos.

- Bella, hoje voce enxergou a linha tênue que separa o amor do ódio. Eles caminham lado a lado. Seguem o mesmo ritmo. Entretanto são completamente opostos. A diferença entre o amor e o ódio é que por amor, voce morre; pelo ódio você mata.  As diferenças são tão próximas e ao mesmo tempo tão distantes. São sentimentos fortes, palavras fortes. Tão fortes que não podem ter a força medida.

Um sinal ecoou e as portas fechadas se abriram e um monte de jovens saiu de lá.

Eu estava em uma escola.

Aqueles estudantes passavam por mim como se eu estivesse invisível. E eu realmente estava. Christopher fez sinal com a cabeça para eu olhar o mural. E ali tinha um cartaz.

Baile de Primavera

Local: Escola secundaria do Alasca – Ginásio de esportes

Hora: 20:30H

Dia: 17/07/06

Estávamos em 2006?

Uma pessoa fungou do meu lado e quando eu olhei senti que eu o conhecia. Talvez eu conhecesse mesmo. Eu tinha visto tantos humanos, ido a tantos lugares que não era de se duvidar. O garoto ajeitou os óculos no rosto e desviou os olhos do cartaz para um xérox com alguns exercícios resolvidos. Ele tinha o que? Uns quinze anos?

O engraçado era que eu sentia que o conhecia demais. Aqueles cabelos ensebados penteados perfeitamente para traz me faziam lembrar de alguém, mas eu não sabia quem.

Suas roupas não eram muito legais. Provavelmente seus amigos eram os sapos do laboratório de ciências. E a garota que tinha chegado mais perto dele deveria ser sua mãe. Ele abaixou a cabeça e anotou alguma coisa no caderno. Aqueles dedos compridos e aparentemente fortes me lembraram os de alguém, mas eu não sabia quem.

Alguns garotos passaram por ali e atiraram bolinhas de papel nele. Eu senti vontade de transformar aqueles valentões em camundongos.

O que eu mais detestava nos humanos era a falta de capacidade deles de respeitarem as diferenças.

- Ed? – uma garota linda de cabelos castanhos claros e olhos cor de mel apareceu ao seu lado o chamando.

Pelo visto eu estava enganada. Ele não era um fracassado social. Ele tinha uma namorada.

- Oi! – ele disse dando o sorriso mais lindo do mundo. Seus dentes eram perfeitos e a sua voz tinha o timbre de alguém que eu conhecia, mas não sabia quem.

- Voce vai ao baile comigo né? – ela disse ajeitando a gola da camiseta dele.

- Claire tem certeza? Eu não sou...

- Xiii! – ela calou os lábios dele com o indicador, nesse momento não havia mais ninguém no corredor – Você é perfeito pra mim!

Ela o beijou. Não foi o tipo de beijo de língua ou um amasso daqueles que voce fica constrangido e tampa os olhos. Foi um beijo doce e cálido.

Mas o que me assustava era que eu agora estava frente a frente a Edward Cullen e Claire Sullivan na época em que eles namoravam.

E quer saber o que eu senti? Eu senti vontade de esfregar a cara de santa dela no asfalto do estacionamento. Como ela podia tratá-lo tão bem assim e dizer “Você é perfeito pra mim!” e depois transformá-lo no cara mais amargurado que eu já tinha conhecido?

- Tá louca? Seus amigos podem ver! – ele disse olhando para os lados, preocupado. Ela riu.

- Deixe que eles vejam, eu não me importo! Agora eu tenho ir!

Ela saiu rebolando e ele ficou olhando para ela todo apaixonado enquanto ela se afastava.

- Seu idiota! Ela só está usando você para tirar nota em matemática, química e física!

Gritei para o energúmeno na minha frente. Eu ficava com mais raiva ainda de ver aquelas orbes verdes dele brilhando de felicidade.

- Qual é! Tá na cara que ela não está apaixonada por você!

Fui empurrar o imbecil pra ver de ele me dava atenção e então e atravessei o Cullen e dei de cara com o meu superintendente.

- Ele não pode te ouvir. Não pode te ver. E você não pode mudar o rumo dessa história, Bella.

Engoli seco. E então me limitei a assistir.

Ele foi para casa. A alegria que o circundava era palpável. Escolheu sua melhor roupa. Tomou o banho mais demorado. Ficou horas em frente ao espelho ensaiando falas e arrumando o cabelo. Se trocou. Passou perfume. E ficou sentado em uma poltrona sonhando acordado até dar o horário de ir buscar Claire.

Eu tinha um nó na garganta. Ele estava tão feliz, tão realizado. Esse Edward era diferente. Era tão inocente. Puro. Querido.

E o querido não era no sentido irônico de que muitas vezes a palavra era usada. Era realmente no sentido da pessoa ser tão carinhosa, gentil, romântica que ficar perto dela era a única coisa na vida que você poderia querer.

Ele passou por Alice que naquele momento tinha uns treze anos. Deu um beijo na testa da irmã e sussurrou um “te cuida”.

Eu não queria mais saber o que iria acontecer. De como Claire tinha destruído esse Edward. Olhei para meu superintendente implorando com os olhos para que ele me tirasse daquelas lembranças.

- Bella, voce precisa entender.

- Eu já entendi. Eu não quero ver esse garoto tão legal se transformar naquele outro lá que eu conheci.

- Voce já entendeu que foi voce que o fez se apaixonar?

Só sei que o chão desapareceu. Eu não podia ser a culpada disso.

- O que? – minha voz saiu falha e meu rosto reluzia em indignação.

- Tente se lembrar desse casal.

 Eu não podia ser a responsável.

 Busquei na minha mente, pensei tanto, que enfim encontrei aquele casal. Tinha sido a primeira vez que eu como cupido havia tomado a iniciativa de fazer duas pessoas se apaixonarem. Eles eram tão diferentes que eu me coloquei a pensar em como aquelas histórias sobre o amor poderia mudar as vidas, vencer obstáculos, romper as diferenças, pensei se aquelas histórias poderiam ser verdades.

- Não! – sussurrei levando as mãos a cabeça – Não! Como eu pude?

- Bella, você não teve culpa...

- Como não tive? Fui eu quem destruiu esse garoto.

- Bella contenha-se! Quando você teve a iniciativa de espalhar o amor todos nós ficamos surpresos e felizes. E sua tentativa tinha tudo para dar certo. Seria um dos romances mais lindos já vivido...

- Se não fosse trágico! – completei desolada.

- Bella, voce não tinha como prever que o coração de Claire era independente.

Não, eu não tinha. Mas também não tinha nada de ficar burlando as minhas próprias regras.

Eu era uma fracassada.

E o pior de todas essas revelações que me atingiam era a de não ter sido a Claire a destruir Edward, mas sim eu. Eu realmente era merecedora do ódio do Cullen.

- Bella não seja tão dura consigo mesma.

Me sentei no meio fio. Eu não queria ser consolada.

- Porque está sentada? Vamos! – Ele disse um tanto irritado – Vamos, voce ainda precisa ver o final dessa história!

E então não estávamos mais na frente da casa do Cullen, mas sim em frente a escola. O som da musica as luzes do baile já podia ser ouvida e vista perfeitamente.

Não voltei a falar, afinal palavras não eram mais necessárias.

E eles estavam lá. Claire era a garota mais linda do baile. Seu vestido perolado de designer anos 70 era de invejar. Em seu pulso direito tinha uma rosa vermelha. Sua maquiagem era impecável. E ao seu lado estava Edward; completamente encantado com a figura da mulher ao seu lado.

Mas eles não estavam a vista de todos. Praticamente se escondiam nas sombras do ginásio. E era proposital, percebi. Ela não queria ser vista com ele.

- Ed, eu estou com sede.

Ele sorriu prontamente.

- Vou buscar uma bebida pra você.

Ele foi até a mesa de comes e bebes onde um pequeno chafariz derramava ponche. Tudo então começou a passar como um borrão diante de meus olhos. Eu vi aquele garoto que tinha lhe acertado bolinhas de papel mais cedo, se aproximar. E então, sem dó nem piedade empurrou o chafariz sobre Edward.

Foi um choque. Não só para mim, mas também para Edward e todos que estavam a sua volta.

- Oh! Olha que guloso! Voce não pode tomar todo o ponche sozinho! – debochou o garoto. Algumas pessoas riram. Edward mantinha os olhos fechados.

- Brad como você é mal! – disse Claire se aproximando. Sua voz não era repreensiva, mas sim zombeteira como a do tal Brad.

Edward ao perceber isso se virou lentamente encarando a prima. Ela tinha um olhar cínico e um sorriso sarcástico.

- Não vai chorar né? – Brad gargalhou com escárnio puxando Claire pela cintura – Você realmente achou que ela estava interessada em você?

Céus como eu queria dar um soco na cara desse Brad e rebentar aquela Claire ao meio! O que me mais doía era a expressão de Edward que era de dar dó.

Ele não disse uma palavra, caminhou lentamente para a saída.

- Vai lá perdedor! – provocou mais um pouco Brad.

Edward não olhou uma vez sequer para trás. Eu queria dizer que tudo ficaria bem, abraçá-lo e explicar que existia no mundo uma mulher merecedora de seu amor.

Ele estava tão humilhado. Tão destruído. A dignidade dele estava mergulhada na lama que mesmo se eu pudesse dizer algo a ele de nada adiantaria.

Ele entrou em sua casa sem ser percebido e se trancou no quarto. Diante do espelho de seu banheiro lavou o rosto e molhou os cabelos os deixando completamente desgrenhados.

Fitou seu reflexo podendo enxergar o lixo que ele estava.

Pude ver lentamente aquele Edward bondoso e gentil morrendo, e florescendo um Edward sarcástico, irônico, arrogante e mau. Ele queria vingança. E ódio emanava dele como um perfume caro.

Fechou o punho e esmurrou o espelho.

Voltei à realidade. Minhas pernas tremiam e minha boca estava seca. Me deitei na cama fitando o teto. Uma lagrima grossa escorreu pelo canto do meu olho.

- Como é que vocês permitiram eu ficar tanto tempo livre? Eu sou perigosa seu Christopher.

Murmurei num fio de voz. Eu estava arrasada. Nunca que eu iria ser merecedora de ser um cupido.

Não obtive resposta. Eu estava sozinha.

Agora eu poderia fazer duas coisas. Uma delas era ficar ali chorar o tanto que eu quisesse e desistir.

A outra. Bem a outra seria muito difícil de se fazer.

Mas de repente; nada mais importava a não ser eu ver o sorriso doce novamente enfeitando os lábios de Edward Cullen.

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Notas finais do capítulo

Ei aiii o que acharam? Estão gostando? Precisa melhorar alguma coisa? Teve algum erro de portuga??? Vamos gente comenteeee hj tem bastante assuntoo! haha :)