Mom s Diary escrita por Nath Mascarenhas


Capítulo 15
Segunda, 1º de outubro, à tarde.


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez desculpem a demora...
Beijos.



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Filhos, eu já vi muitas pocilgas, mas como a que seu pai me levou supera todos os meus limites de nojeira suportável, olhem que eu já morei num lugar onde o vizinho era um maconheiro que criava porcos dentro de casa...

-É a casa de um mano meu. –Ele me explicou quando ele parou no prédio.

E eu fui, toda besta para aquele... Lugar.

Bom, chegando lá um cara que parecia não ter tomado banho há uns milénios nos cumprimentou todo feliz, quer dizer, cumprimentou Matt por que é ruim hein eu abraçar aquele ali, com uma barba parecendo aqueles mago do sei-o-quê-lá   daquele desenho... Ah, a caverna do dragão!

Sim, eu adorei esse desenho, podem parar de rir...

Continuando, o cara nos mostrou aquela casa que mais parecia um lixão. Tinha garrafas de vodca por todo o chão e CREDO!

-UM RATO! -  Eu gritei, pulando no colo de Matt.

-Calma é o Mickey. – O cara que eu acho que se chama Dude, que diabos de nome é esse, um cara que se chama “cara”?!, me explicou.

-Ele é o seu hamster? –perguntei esperançosa.

-Não. –Negou com a cabeça. – É só um dos ratinhos que eu alimento.

-Um dos...?! – Eu perguntei já com medo da resposta.

-É, alguns vem aqui e se servem. – E apontou para o chão que estava cheio de migalhas.

Sério, onde seu querido pai desenterrou esse cara que parecia ter saído da década de sessenta quando as roupas de couro ainda estavam na moda...?

-E aí qual é o nome da vagaba da vez? – Ele perguntou a Matt fazendo um aceno com a cabeça pra mim.

Como vocês devem estar imaginando, Matt precisou me segurar para eu não dar umas boas bofetadas naquele cara nojento! Mas quem era ele pra me chamar de vagaba?!

-Dude, vai com calma, hein? – Matt pediu. – Ela é  minha mina velho, tá esperando filhos meus. – E tocou na minha barriga.

Eu quase perguntei a Matt de onde vieram tantas gírias, mas a cena a seguir me chocou tanto que perdi a fala.

Uma linda moça apareceu seminua, com os olhos afiados na direção de Dude e perguntou de um jeito completamente “cachoresco”:

-Esses daí vão participar da nossa brincadeira, amorzinho?  - E lançou um olhar completamente safado pra Matt.

Essa foi demais pra mim.

Eu o arrastei para o corredor até que estivéssemos bem longe daqueles dois, se bem que não era melhor do que estar lá dentro.

-Diga que tudo é uma pegadinha sem graça Matt! – Pedi seriamente repugnada. –Aquele lugar é um nojo!

-Mas é o que temos. – Ele avisou-me sério. – Ele irá ceder pra gente, é a nossa única opção agora.

-Sério? –Perguntei resignada.

Filhos, tinha resto de comida presa no chão!!!!!

-Respira fundo e tapa o nariz. – Matt me aconselhou, fazendo o mesmo.

Graças a Deus, Dude e a acompanhante dele foram logo embora, nos deixando naquele lugar infestado de bichos.

 -Onde você conheceu essa , ah...peça rara? – Perguntei curiosa de como um cara tão almofadinha como o Matt conheceria um cara como o Dude.

-Numa balada aí. – Ele falou indiferente.

Pelo seu olhar, percebi que eu não gostaria nem um pouco de saber o resto, então simplesmente dei de ombros e fui até a cozinha.

Procurei por algo decente pra comer, mas só encontrei restos mortais de uma sopa que deveria estar ali há quase um ano, pelo fedor.

Anhá! Achei uma caixa de café, três ovos que pareciam bons e dois pães.

Peguei um pano enrolando na cintura e pela primeira vez na vida, fui tentar fazer minha própria comida...

Ei, eu sei cozinhar, mas com o micro-ondas é claro...

Bom, eu quebrei o ovo, mas a gema se desmanchou na frigideira, Matt disse que não fazia mal e pela fome que eu estava, comeria até pedra. Dei de ombros e tampei a panela seguindo para o café.

Quantas colheres de café se bota e quanto de água?

Sim, como era de grão, botei umas quatro colheres e se era só pra mim e Matt, coloquei duas xicaras de agua.   Também tapei esperando ficar pronto.

Matt estava na sala, tentando tirar o lixo do tapete com uma espátula de pedreiro.

Agora só faltava o pão, que estava tão duro que poderíamos bater um prego com ele. Resolvi botá-lo para esquentar no forno.

Dei uns dez minutos e fui tirar o ovo do fogo, ele tinha grudado na panela e estava preto que nem carvão.

- Que droga! – Reclamei.

-O que foi? – Matt veio e assim que chegou à cozinha esfumaçada franziu o nariz. –Ou melhor, o que você fez?

-Ei, tenta tirar! – Falei apontando para espátula em sua mão. – Estão grudados.

Lavamos primeiro, claro não somos porcos né, filhos?

-Aff, você misturou eles com o quê, cola?  -Ele tentava ao máximo e com toda força tirar o fogo carbonizado.

Depois de conseguir tirar boa parte daqueles ovos á la carvone, retiramos o café que havia transbordado e melado o fogão todo.

Filhos, vocês acreditam que o pão ficou mais duro ainda?! Pois eu, não...

Sem falar nada, pus minha fracassada tentativa de fazer um lanche digno à mesa. Matt pareceu hesitante em comer, por isso dei o primeiro passo e pus o pão na boca, depois de lutar ferozmente com a faca para que ele se cortasse.

Por mais que meus dentes tentassem triturar o pão, ele continuava inteiro na minha boca apenas faziam pequenos arranhões na sua torrada superfície. Matt pegou a xicara e bebeu o café num só gole, achando que essa era a melhor solução.

Minha humilhação já tinha chegado ao extremo, mas piorou ainda mais quando eu ouvi Matthew mastigar  o café.

-Argh! – Gemi exasperada, retirando-me da mesa.

Pelo espelho enorme que tinha na parede, pude vê-lo suspirar de alivio e tirar os grãos de café da boca, estremecendo com uma careta.

Achando aquilo humilhação demais,  abri a primeira porta que eu achei que era a do quarto.

-Matt! – Gritei de desespero ao ver o quarto em que me encontrava.

Primeiro, as paredes tinham todas uns papel de parede em tom vermelho camurça e o teto era todo espelhado. Como se aquilo já não fosse demais a cama era redonda com um candelabro em cima em forma de cupido gorducho.

O cara transformou o quarto dele em um de motel!

-É ruim eu dormir aqui! – Avisei andando em direção a ele.

Parei apenas para observá-lo ele petrificado e boquiaberto olhando para o quarto do amigo. Ele virou o olhar assustado para mim, e me deu a fatídica noticia.

-Mesmo assim, aqui é a nossa única opção.


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Notas finais do capítulo

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