Terno Negro escrita por Ana Carol M


Capítulo 7
O membro da Familia Jhonson




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E alguém estalou os dedos e varias luzes e a lareira se acendeu aquecendo toda a casa. E mostrando uma fantástica casa de chá. Com sofás fofos e pinturas claras.

- Amber, minha querida – falou um homem velho, mas de postura firme e cara risonho.

 Os dois atochados na parede suspiraram com alivio. E puderam se desgrudar da parede. Então eles perceberam que estavam de mãos dadas e tão apertadas que chegava a cortar a circulação sanguínea de ambos. Soltaram rápido e desviaram os olhos. Com as bochechas coradas Amber se lembrou do homem a sua frente que parecia lhe conhecer muito bem.

- Desculpe, mas eu o conheço? – perguntou a garota que agora olhava a sala ajeitada do lugar. Era como um castelo em miniatura. Havia varias coisas de aparência cara.

- Ah mil perdões, eu havia esquecido que você foi criada longe de nós. È que você ainda não deve ter o sexto sentido dos Jhonson, e nem a memória fotográfica. Eu jamais esqueceria esse rostinho – falou ele com carinho - Sou seu tio-avô Sir Nicolas. Mais avô na verdade, meu irmão morreu logo que seu pai nasceu, então eu o criei. – Falou ele meio desconcertado. – Mas a que devo a honra de sua presença?

- Precisamos encontrar o Conde. – disse Peter monotonamente. Como se fosse obvio.

- Bom, se você conseguiu entrar nessa casa já é prova suficiente de que não foi clonada e você é realmente Amber Mackenzie Jhonson. – disse Sir Nicolas rindo graciosamente, ele lembrava bem o papai Noel, barrigudo, com bochechas rosadas, barba rala e branca e um pouco careca.

- Pode nos ajudar? – perguntou Peter impaciente. Todo aquele encontro familiar estava causando convulsões no garoto.

-Mas é claro que sim, afinal é por isso que estou aqui, para poder ajudar a herdeira ir até o conde. – disse ele orgulhosamente. Batendo no peito. Poderia ter continuado um discurso bem elaborado, mas o homem pode ver que os jovens estavam exaustos e ansiosos.

- Então? – perguntou Amber – Podemos ir? – Tanta ansiedade, misturada com medo. Fora o cançaso.

- Já? Vocês não querem trocar de roupa? Tomar um banho? Domir? Menina que cabelo é esse?

 Amber não havia penteado o cabelo após ter quase morrido afogada, e a roupa de suposta camponesa já estava completamente suja, tanta poeria e correria havia causado vários danos em sua aparência. Já Peter estava sujo, cansado, mas os cabelos ainda estavam no mesmo lugar que antes.

- Não posso deixar que vocês cheguem ao Conde desse jeito. Seria falta de respeito. Vão tomar um banho, dormir e amanha bem cedo nós partiremos – Peter já abria a boca para recusar, mas Sir Nicolas o cortou -  Mas vocês devem estar com fome. Bom, eu vou pegar café para todos nós – ele virou e entrou em uma porta do outro lado da sala. – Eles estavam com muita fome, o café-da-manhã fora suas ultima refeição. E o homem sabia que eles deviam descansar um momento.

- Acha que podemos confiar nele? – perguntou a garota nervosa.

 Peter movimentou a mão e dela saiu um fogo azul, ele assoprou na direção da cozinha em que Sir. Nicolas estava. O fogo se retorceu e virou vermelho sangue fazendo o símbolo de Ankh. O homem já deveria ter liberado os dois para fazerem magia, o que deixou Ambos mais felizes.

- Podemos. Lembro vagamente deste homem, me parece uma boa pessoa. E ele vai nos ajudar com toda a formalidade. Sem falar que estamos correndo o dia inteiro hoje.

Amber o encarou incrédula. Depois de toda correria, ela ainda teria que se comportar como uma legitima Jhonson para se apresentar ao pai. Teve que mais uma vez engolir o que pensava. Compensando o fato de que dormiria e tomaria um banho.

Então ele voltou com café, bolachas e alguns sanduíches, eles sentaram para comer em frente à lareira e conversar sobre como eles haviam crescido. E por um momento esquecer-se dos problemas.

Descansaram um pouco, aquecendo o corpo em frente a lareira.  E depois Sir Nicolas os acompanhou até um quarto diferente para cada um subindo as escadas. Peter foi logo tomar um banho, sir Nicolas entregou um pijama para ele antes. E Amber usou uma camisola de algodão depois de tomar um longo banho quente. Seu quarto era simples, como toda a casa era amarelo claro, havia uma cama grande e de lençóis brancos e um pequeno armário do lado da porta do banheiro simples. Deitou na cama macia e adormeceu instantaneamente, o mesmo aconteceu com Peter, e com sir Nicolas.

 No outro dia, pouco antes do sol nascer, o homem risonho acordou Peter e Amber, e quando chegaram ao andar de baixo o café estava posto e o homem vestido e com uma pequena mala pronta.

Conversaram brevemente enquanto comiam e logo o homem os levou para um quarto de casal mais amplo, fez com que Peter tomasse outro banho enquanto com o seu tio-avô e a garota escolhia um vestido no armário do quarto. O homem separou vestes de um verdadeiro príncipe para Peter e entregou no banheiro para o garoto. Que não fez objeções. Sabia como funcionava a regras da nobreza.

 Amber estava distraída, não sabia o que escolher, estava tão preocupada com o que viria a acontecer, que passava os vestidos pelo armário sem ao menos nem olhá-los direito.

- Acalme-se queria, tudo ficará bem. – Sr. Nicolas pegou um vestido verde escuro e sugeriu para a garota que acentiu, sorrindo.

Peter saiu do banheiro com um novo homem. Se sentia confortável nas roupas. Depois foi a vez de Amber.

 O garoto ficou observando o homem olhar todos os vestidos enquanto cantarolava alegremente.

- Sabe jovem Lohan, eu costumava ensinar aos mais novos as regras da família e como se comportar. Sinto falta daquela época. Minha mulher era uma excelente dançarina. Pena que não sobreviveu para ver a herdeira voltar ao seu lugar - falou o homem sonhadoramente e com um ar triste.

Então Amber saiu do banheiro, com o cabelo caramelo escuro trançado apenas para um lado, com aquele magnífico vestido verde que ressaltava o rubi e seus olhos.  Ela sorriu sem graça ao ver o jeito com que os dois a olhava.

- Maravilhoso – suspirou Sr. Nicolas

- É, hum... – Peter tossiu e massageou algo na garganta – é um vestido muito bonito.

Amber sabia que não era só aquilo, ele a achava linda, mas não conseguia dizer.

- Sir Nicolas, o senhor sabe algo sobre o Conde Brouble? Acabei esquecendo de perguntar aos outros.

- Bom, o Conde invadiu o castelo e não encontrou nada como vocês já sabem. Acredito que tenha voltado para seu reino e deixado vários soldados no castelo por algum tempo, só por precaução. Nada acontece durante anos então ele deve ter retirado a maioria. Bem talvez tenha um ou dois soldados dele no castelo, entediados eu presumo. Mas o Conde faleceu dois anos depois de invadir o castelo Jhonson. Dizem que ele tomou veneno de propósito, mas outros dizem que ele foi assassinado. Hoje em dia é a Rainha quem toma conta das terras, uma senhora muito determinada, jamais entrou em guerra para obter mais poder, só pensa no bem do seu povo. Mas resolveu deixar os soldados para manter a honra do marido suponho. Bem... Todos prontos? – Perguntou Sir Nicolas.

Eles concordaram e passaram suas mochilas e bolsas pelos braços. Enquanto o homem pegava sua pequena mala.

- Então vamos – Saíram do quarto e seguiram em um corredor mais escuro, o chão era de madeira polida e Amber jurou ter visto uma armadura em um quarto com porta entreaberta, o que mais chamava a atenção era o espelho no final deste. Todo detalhado, mas não havia reflexo. Na verdade eles não refletiam. Podiam ver o corredor, mas os seus corpos pareciam invisíveis.

 Sr. Nicolas chegou bem perto, com um canivete de bolso ele furou o dedo e passou na borda do espelho que pegou fogo instantaneamente. Muito delicadamente o vidro, se é que se pode chamar o refletor de vidro, desapareceu.

Então eles puderam escutar a porta pela qual entraram explodir e varias pessoas entrarem na casa. No qual deveria estar completamente escura como quando eles invadiram os aposentos de sir Nicolas. Ficaram sem reação por alguns segundos. Então sir Nicolas fez com que os garotos entrassem em um cubículo atrás do objeto de decoração. Ele selou a borda da porta com sangue e o vidro voltou a aparecer extremamente forte. O homem começou a murmurar coisas sem sentido. Puderam sentir um solavanco no aperto em que se encontravam, depois pareciam estar sendo sacolejados e então o espelho foi aberto novamente.

 Estavam em um castelo, ou em um corredor dos castelos. Amplo, podiam ver os jardins, e os raios solares invadiam as paredes do castelo. Estava amanhecendo.

- Rápido, saiam e não façam barulho. Como eu disse, pode haver guardas – disse sir Nicolas.

Eles obedeceram e logo novamente o homem selou o espelho com sangue. Como se estivesse apenas se prevenindo.

Mas naquele cômodo era diferente, o espelho era quase cem vezes maior que o da casa do homem barrigudo. Embora ele só tenha passado seu sangue na parte de baixo do espelho.

Ele virou risonho para os jovens que o olhavam com curiosidade, se permitiu olhar o castelo destruído por um momento, então com muito cuidado eles saíram do lugar seguindo Sir Nicolas.

Subiram uma escada e chegaram ao que parecia era a antiga cozinha. Como todo o castelo estava bagunçada,suja e destruída.

- Me ajude aqui rapaz. – eles arrastaram uma pedra enorme, onde antigamente ficava a pia. Havia uma escada bastante grande para se dizer a verdade. Sir Nicolas fez com que eles descessem primeiro e depois com um mínimo aceno a pedra grudou em seu antigo lugar.

- Por que não usamos magia para arrastar a pedra antes? – perguntou Amber novamente surpresa.

- Porque os guardas sabem que usamos magia na cozinha, e devem estar chegando neste exato momento ao local, mas não vão encontrar nada. – falou o homem rindo gostosamente, enquanto eles desciam as escadas, da qual havia pedras verdes nas paredes lembrando luzes. Iluminavam tudo fantasmagoricamente. 

Desceram varias e varias escadas, cada vez ficando mais frio conforme desciam. Dobraram em corredores que Amber não havia notado até o momento de andar nele. Seu tio- avô sabia exatamente aonde ir, como se fosse seu lugar favorito em um passeio. Passaram quase duas horas enquanto andavam no subterrâneo do castelo

 Chegaram a mais uma sala escura e gélida. Amber estava com medo, e Peter não parecia muito satisfeito. Havia ratos, aranhas e baratas em alguns cantos. E por instinto a garota se aproximou mais de Peter.

 O homem empurrou um armário com muita dificuldade enquanto era observado. Havia uma passagem pequena e eles passaram novamente por ela e com a ajuda de Peter o homem empurrou o armário para o local anterior.

 - Não façam magia – sussurrou o sir. Nicolas.

- Por que?

- o Conde pode achar que são os soldados.

De repente ele acendeu uma vela que estava em algum lugar atrás do armário. Eles se encontraram em mais um corredor, mas ele era de pedra bruta e logo depois mais uma enorme escada só que esta subia.

- Este era o castelo da sua família Amber. Antes de ser invadido obviamente. Seria muito interessante se me permitisse mostrar o seu quarto, mas isso faria com que corrêssemos grave perigo e não é esse meu desejo – disse o homem tristonho enquanto andavam. Depois de varias horas de silencio.

- Tudo bem, ainda voltaremos aqui e dessa vez não vamos fugir – disse Amber batendo no ombro gorducho do seu Tio-Avô.

 Peter nada disse, talvez até fingisse não escutar, não tinha certeza do que a garota dizia. E tinha medo de que aquelas palavras nunca se tornassem realidade.

  Já haviam chegado ao final das escadas e continuaram a andar reto, a garota desejava que o homem não tivesse se perdido com a quantidade extraoriginária de corredores naquele lugar.

  Depois de mais de quinze minutos eles começaram a subir uma escada de madeira, e saíram atrás de uma enorme pedra em uma aldeia, puxaram suas capas tapando seus rostos e seguiram o homem novamente. Aparentemente ninguém tinham os notado.

Entraram em uma floresta e começaram a andar e andar. Era mais agradável do que o castelo, havia borboletas e as arvores estavam floridas. Os três já estavam cansados, mas seguiram. Foram até uma cachoeira em que atrás havia uma passagem secreta. Eles pularam lá para dentro e encontraram do outro lado uma casa enorme. As arvores haviam criado barreiras na volta da casa com uma enorme clareira, fazendo um circulo na volta da mansão, de forma que a única entrada era a da cachoeira.

 Um homem alto e familiar abriu a porta e os observou desconfiado.

- Eu não acredito – disse ele transbordando de felicidade.


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