Terno Negro escrita por Ana Carol M


Capítulo 8
O Conde Cedric Jhonson




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163312/chapter/8

Correu até a garota e abraçou, foi um abraço carinhoso e com certeza estava matando a saudade de um velho pai. Amber se lembraria daquele momento para sempre. Embora não conhecesse bem o homem, ela sentia um enorme afeto e carinho por ele.

- Minha Amber – disse ele com emoção, enquanto a abraçava mais forte.

A garota riu. Ele a soltou com um enorme sorriso no rosto e cumprimentou os outros, muito orgulhoso.

 Levou todos para dentro da casa, não havia muita gente como Amber esperava.

Havia seis pessoas. O conde, a condessa – que correu para abraçar a filha com lagrimas nos olhos -,  uma mulher com cabelos negros e pele tão branca quanto a de Peter, e foi ai que Amber viu a semelhança. Era a mãe dele.

 A mulher correu em direção ao filho e o abraçou, Peter a abraçou com força e sorriu brevemente. Como se tivesse se livrado de uma grande carga nas costas.

  Havia mais um casal, de mãos dadas. Que se olhavam com carinho.

- Estes são nossos amigos. Esta é Willa e este é Dean, marido e mulher – ele apontou para a ruiva que acenou com a cabeça, e o homem ao seu lado sorriu. – E Danna, mãe de Peter.

Amber sorriu, mas não agüentou - Meus pais adotivos foram seqüestrados. Preciso encontrá-los. - disse a garota já desesperada. Contendo as lagrimas.

- Bom, não vamos perder tempo. – disse o Conde com coragem.

 Estalou os dedos e uma mochila de pele de veado voou para suas mãos.

- Espere. O que o Senhor pretende fazer? - Perguntou Peter como curiosidade e uma linha de preocupação na testa.

- Os Mumianos pegaram os pais adotivos de Amber, temos que ir salva-los. Ora, o que estamos esperando? – perguntou o Conde indignado.

Peter suspirou profundamente – Os Mumianos levaram os pais dela para a pirâmide mestra. Deve ter centenas deles lá dentro, como o senhor pretende salva-los com apenas um feitiço de repelir? – agora era Peter que estava incrédulo. Como um homem inteligente como o conde não havia pensado nisso?

O Conde corou. E ficou sem palavras.

Todos resolveram sentar na enorme sala para pensar o que fariam. E por um longo temp ficaram em silencio, olhando para lugares pouco interessantes, em busca de uma ideia.

- Espera, Jude contou que nossa família é a única que tem o feitiço para destruir definitivamente os Mumianos. Porque não o fazemos?- perguntou a garota com inocência.

Todos fizeram cara de espanto e alguns de tristeza. Como se ela falasse que estava profundamente doente.

- Amber tem certa razão, mas é exigir demais. Bom, da situação – disse Willa com a voz fina e delicada.

- Não vale à pena – murmurou Peter se remoendo de raiva. Como eles poderiam se quer pensar na situação? Eles pelo menos tinham coração? Já não bastava ter abandonada a criança em um orfanato?

- E por que não? – Amber olhava, sem entender, para Peter. O que eles precisavam tanto? Por que todos estavam tristes? Afinal ela estava com os pais presos com múmias, não eles.

- Porque o feitiço precisa que a ultima herdeira da família Jhonson, cujos poderes do Mago Frederic Jhonson correm nas veias, e que terá a marca dessa família, se sacrifique para salvar a população e aqueles que ela ama. – falou o garoto num rosnado apertando com força o braço do sofá em que estava. Ele não sabia por que havia contado, na realidade havia sido por impulso, estava acontecendo uma guerra na cabeça dele, e simplismente falou. Depois de terminar de falar veio a culpa. Por que havia sido tão indelicado?

Amber jogou seu corpo para trás na cadeira em que estava sentada. Não esperava por isso. Não poderia ser, tinha que ser algum objeto, ou algum pó mágico. Por que o sangue dela? Peter só poderia estar pregando uma peça bizarra nela, não poderia ser. Ela já havia nascido marcada para morrer? Era isso?

- Por que ninguém me contou? Peter? Por que você nunca me contou? – perguntou ela furiosa. Seu choque estava se transformando em algo do qual ela não conseguia explicar. Raiva, talvez.

- Eu não sei. – respondeu ele com dor nas próprias palavras. Mas ele sabia sim.

 Ficaram todos em silencio novamente. O conde se retirou para o seu quarto seguido pela condessa. Depois o casal foi para outro e Danna seguiu ao fundo da casa junto com o Sr. Nicolas. Todos saíram com a desculpa de que iam procurar algo util que pudessem fazer.

Peter ficou mirando uma mesinha de centro em silêncio.

- Então, para que  meus pais, o mundo humano e vocês fiquem a salvo, eu tenho que me sacrificar? – sussurrou Amber com um tom de incredulidade e no fundo uma pontada de dor. Começava a penetrar essa idéia em sua mente.E mais profundamente, sentiu medo. Um medo inexplicavel, seria de morrer ou de sentir traida por ela mesmo?

 O garoto acentiu com a cabeça.

- Eles sabem não é? Eles sabem que eu posso acabar com eles, por isso pegaram meus pais. Para que eu me entregasse. Para que pendurassem minha cabeça em praça publica e gritassem a todos que venceram. – As peças começavam a se encaixar, como um jogo cruelmente projetado em que o pescoço dela era o premio.

 Peter acentiu de novo. Um pavor invadiu o peito dos dois, ela por ter consciência de tudo aquilo e ele por finalmente ter acreditado que aquilo era verdade. Era mais fácil adiar, cada dia mais. Mas agora que ambos tinham que enfrentar a realidade crua e amarga, era mais insuportável do que pudessem um dia imaginar.

 Amber começou a chorar, com o rosto nas mãos. Antes mesmo de Peter levantar, sentar no braço da cadeira da garota e abraça-lá, ela já havia se decido. Na verdade ela jamais pensou em outra alternativa. E já era obvio que o que ela decidiria. Peter sabia que ela não era covarde e que se realmente ameaçassem quem ela ama, ela se entregaria. Aparentemente o chefe dos Mumianos também tinha consciência disso.

- Como é que se faz o feitiço? – perguntou ela ainda abraça na cintura de Peter.

Ele a olhou por um longo momento, com medo das proprias palavras – você vai fazer não é? Vai se sacrificar para poder salva-los.

Ela não respondeu.

Ele suspirou melancolicamente – Você tem que estar na pirâmide, subir no ponto mais alto onde fica o próprio faraó,  gritar o motivo do sacrifício e pular.

- E se não der certo? – perguntou ela com as lagrimas fluindo de seus olhos sem cessar.

- A pirâmide é um lugar extremamente mágico, por isso eles as escolheram. O faraó é deus deles, só pode ser libertado quando a herdeira do mago que o aprisionou se sacrificar, assim ele vai levar junto todos os seus seguidores e viverá em paz sabe lá onde. Não tem como dar errado. Sua marca já é prova suficiente de que dará certo.

Amber suspirou sem perceber. Sua cabeça estava cheia. Lembraças e vozes insitiam em atrapalhar seus pensamentos.

- Porque logo eu sou a herdeira?

- Porque você é a geração que o Mago Frederic lançou esse feitiço, uma maldição claramente. Uma prova de coragem. Você tem um ankh, um símbolo egípcio de vida eterna, marca da família Jhonson e da sua herdeira que se sacrificará para salvar a humanidade dos Mumianos. È o que todos esperam, mas eu gostaria que você não fizesse isso. Tem que haver outro jeito.

Ela não disse nada. Por um momento. Depois levantou e colocou a mochila nas costas, da qual havia deixado ao lado de sua cadeira. Limpou as lagrimas e sorriu, sorriu como se estivesse tudo bem e ela fosse fazer um belo passeio no domingo. Aprendeu a viver assim, a sorrir para os problemas.

- Eu vou salvar meus pais. – Falou alto e confiante.

Peter a olhou com dor, mas entendeu. E acentiu com a cabeça pegou sua bolsa do sofá e passou pelo braço.

O garoto chamou todos para a sala de volta, e Amber disse sua decisão. Todos concordaram, sem expressar sua opinião. O que de certa forma não foi agradavel para a herdeira.

 O conde, a condessa Elisabeth, Danna , o casal e sir Nicolas saíram dos seus aposentos depois de alguns minutos, com roupas confortáveis, mochilas e bolsas penduradas pelos ombros e preparados para tudo. Ou quase tudo, apesar do que estava para vir estavam sorrindo e confiantes.

- Estamos prontos – falou o conde dando um sorriso encorajador para a filha. Ele queria ter participado da vida daquela criança, ter protegido ela, mas não poderia ter fugido com ela. Era necessário que ela fosse criada no mundo humano e ele não poderia viver lá, era uma figura de extrema importância, seria reconhecido e não colocaria a vida dela em perigo. Embora soubesse que só dela ter nascido já estava colocando a vida dela em risco.  

A garota trocou o vestido comprido, por calças Jeans, sapatilhas e uma regata confortável.

Amber voltou a sala e os olhou com curiosidade e carinho, depois acentiu e eles saíram da mansão. Mal havia reencontrado o seu pai e sua mãe biológica e não poderia aproveitar o momento. Sua mãe era muito bonita, ela havia analisado bem e se deixou levar por pensamentos que não envolvessem morte e sacrifício. Seu pai era bonito e tinha um enorme nariz que talvez fosse o seu charme. Os cabelos bem negros e olhos verdes como o dela, era a copia de sir Nicolas só que vários anos mais novo. Eles andavam a frente, os dois conversando como velhos amigos. Sua mãe tinha pele mais rosada e os cabelos cor de madeira. E olhos mais caramelos dos que ela jamais havia visto, talvez fosse alguns centímetros mais baixa que a própria filha, ela estava de mãos dadas com Amber e a olhava com amor toda vez que podia.  Voltaram à floresta e seguiram para um outro caminho, do qual o conde os guiou. De repente as arvores, a grama, tudo pareceu mais bonito, como se Amber pudesse observá-los por um longo tempo. Bem que diziam que as coisas se tornam mais valiosas quando se está a ponto de perdê-las. E Amber estava a ponto de perder uma das coisas mais valiosas que tinha: sua própria vida.

 Eles chegaram a uma praia com enormes extensões de areia, parecia ficar mais calor ali. E ficou feliz de ter trocado de roupa, sem falar que toda a formalidade da qual haviam falado na casa de Sir Nicolas foi completamente dispensada com tantos problemas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Terno Negro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.