Terno Negro escrita por Ana Carol M


Capítulo 2
A Carta de Conde e a História da herdeira.


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo, espero que gostem.



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O salto batendo no assoalho empoeirado e as pequenas gotas de água caindo em sintonia.

- Vamos – disse Peter friamente indo para a escada de metal enferrujado e em caracol.

La em cima havia um apartamento limpo, seco e com uma lareira acesa. O que mesmo sem admitir impressionou a garota.

- Tem um banheiro ali – disse Peter apontado para a única porta do amplo aposento.

Amber agradeceu com um aceno e foi até o lugar. Tomou todo o cuidado para não estragar nada e saiu de lá com as roupas mais quentes e confortáveis que havia pego.

- Então... Onde eu vou ficar? – perguntou envergonhada.

Peter sem querer correu os olhos pelo corpo da garota, tentou disfarçar e sacudiu os ombros.

Em completo silencio Amber foi até sua enorme mochila e puxou do primeiro bolso um papel envelhecido e gasto.

E começou a ler.

Querida Amber,

Sinto tanta a sua falta. Perdoe-me o sentimentalismo deste velho. Quero que saiba o quanto sofri ao tê-la deixado naquele horrível orfanato. E peço que novamente me perdoe por isso. Espero que você esteja controlando sua magia tão bem quanto a seu pai. A hora chegou, você terá que voltar para o seu lugar. Procure o jovem Peter Lohan, na loja Marie em nossa antiga cidade. Ele terá a bondade de lhe ajudar. Não posso esclarecer mais nada nesta pequena carta, embora meu desejo seja esse.

Com todo amor

Conde Cedric Jhonson.

Seu pai.

Obs: Este medalhão anexado a carta é de nossa família, da sua família. Espero que ele lhe ajude nos piores e melhores momentos.

Pairou um silencio frenético no ar. Peter estava pensativo enquanto Amber olhava  para o colar de rubi e se sentia estranhamente anormal.

- Ele não pode estar falando a verdade – falou Peter com agressividade.

- Sempre soubemos que um dia você teria que me ajudar com isso. Não vejo o porque de tanta indignação. No primeiro dia na escola eu vi o seu olhar apavorado ao me ver entrar, como se eu fosse um monstro maligno. Agora pare de bancar o superior, porque você já deixou de ser a muito tempo – gritou ela, toda raiva guardada - e  humilhação - estava se esvaindo do peito de Amber.

 Eles ficaram se encarando e quase soltando fumaças pelas orelhas, os rostos enrugados em feições maléficas.

- Vou preparar nosso jantar – falou Peter com raiva, e virou as costas.

Amber se sentou no sofá de couro a frente da lareira e abraçou a almofada que ao menos não viu ter pego. Ficou encarando o fogo carrancuda.

 Algum tempo depois ela resolveu falar.

 - Eu morei em um orfanato até meus três anos de idade. Minha mãe era uma das enfermeiras do lugar e como ela já deve ter falado a todos ficou muito ligada a mim. Meu pai era louco para ter filhos mas não podia. Então eles me adotaram e quatro anos depois adotaram minha irmã, Megan. Sempre estivemos ligados a magia e vivíamos em paz, se assim era possível – ela riu. Peter continuava a preparar o jantar, mas a garota sabia que ele a escutava atentamente – Minha marca começou a aparecer um mês antes de entrarmos na escola, eles ficaram preocupados por vários dias, achavam que eu estava doente até que a marca se formou totalmente – ela mostrou o Ankh(símbolo egípcio de vida eterna) no ombro – é claro que eles descobriram na hora. Eu era a herdeira do Conde.

"Só que minha mãe confiou nas pessoas erradas e isso vazou. Como você sabe eu tinha que viver sobre vigilância excessiva. Até ontem quando a carta chegou. Acabei vindo procurar você por impulso, não aguentava mais viver como humana".

 Peter colocou em uma outra mesa na cozinha os pratos servidos. E convidou Amber para se sentar com um gesto. Como a garota estava faminta não hesitou.

O jantar foi silencioso e ao acabarem Amber ficou o encarando desafiadoramente.

- Ha vários anos atrás, quando ainda éramos a “sociedade honrada” – e secreta - como você sabe, os Condes comandavam certos latifúndios de terra, eles queriam mais poder e isso gerava conflitos. Acabou em guerra. Cada lugar queria seqüestrar, torturar e matar pessoas dos reinos próximos achando que com isso eles teriam que se render.- Ele parecia achar divertido o fato de pessoas sofrerem - O conde Cedric Jhonson era casado com uma humana que virou a Condessa Elisabeth, isso gerou mais guerra, do que a ambição. A Família Lohan servia de bom grado o Conde Cedric, meu pai mesmo sendo um traidor era o melhor amigo do Conde. Há dezesseis anos a condessa engravidou de uma menina. O castelo estava ameaçado de invasão então Cedric sumiu com a criança. É claro que por vários anos procuramos esse bebê, mas o conde jamais disse onde havia deixadoe eles não tiveram mais filhos. Então você apareceu, tumultuando o colégio e bom, você sabe o resto. O nosso mundo nunca mais foi o mesmo. Os reinos se dissiparam, os nobres partiram e se esconderam, as escolas foram destruídas e hoje em dia crianças feiticeiras recebem apoio em casa sem chamar a atenção. Surgiu um grupo de soldados que até hoje controla a situação caso alguém queira se aparecer para os humanos. Eles agem por suas próprias leis e não são muito amigáveis. Todas as criaturas especiais arrumaram um jeito de sumirem ou se misturarem com o resto da população.

Amber ouviu tudo, algumas partes ela sabia de cor, mas a maioria era novidade. Fazia uns dois anos em que ela havia se exilado daquele mundo em busca de proteção. Era como voltar a viver.

 - E agora eu volto para colocar as coisas no lugar? – perguntou ela meio atordoada.

- É o que parece – falou Peter rispidamente.

   Os dois suspiraram profundamente e então Peter estalou os dedos e os pratos estavam limpos e flutuando até seus lugares.

Os dois ficaram por um tempo indefinido sentados no sofá olhando o fogo ricochetear na lareira. Nem um falou. Estavam tão dispersos em seus pensamentos que Amber só reparou que estava dormindo quando foi carregada para uma cama confortável e quente. Depois novamente adormeceu. Ouvindo ao fundo os resmungos do garoto.


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