Terno Negro escrita por Ana Carol M
Notas iniciais do capítulo
Boa Leitura.
O céu estava nublado e aquele vapor morno irradiava do chão. Com toda a certeza choveria a qualquer momento. Havia um garoto de terno negro, pele branca quase translúcida e cabelos carvão, com três anéis nos dedos da mão direita, o primeiro com um dragão esculpido detalhadamente, o segundo com uma pedra azul da mesma tonalidade que seus olhos e o ultimo com letras gregas do seu nome. Ele jogava uma moeda prateada para o alto e a pegava no ar. Seu rosto estava sem vida, como se estivesse doente. Ao lado da parede em que ele estava encostado havia uma loja esquisita, úmida e velha. Na vitrine havia duas roupas antigas, passaria despercebida por uma loja de roupas usadas e mal cheirosas. Ele suspirou varias vezes e se perguntava freqüentemente quando aquela irritante monotonia iria acabar. O garoto escutou o bater de salto alto nas pedras irregulares da rua, mas não se incomodou em olhar quem era a dona.
- Peter Lohan? - Perguntou a doce e confiante voz da dona do barulho, ao parar na frente do rapaz.
O garoto levantou a cabeça involuntariamente e se arrependeu de tal feito.
Lá estava ela, sapatos negros e altos, um vestido vermelho escuro com detalhes em renda preta feito perfeitamente para o corpo dela. E aquele colar com um enorme rubi de pingente. Pertencia a uma garota de cabelos longos cor de madeira e ondulados, olhos verdes e curiosos.
Peter encarou a garota com certa relutância e desapontadamente ele respondeu.
- Amber Mackenzie. O que faz aqui? – seu tom era sempre o mesmo, rabugento e hostil.
- Nada do seu interesse. Mas e você o que faz aqui? Se escondendo da justiça? – falou Amber em tom de ameaça.
Peter riu pela primeira vez em anos – Acho que isso também não te interessa não é, Amber.
Amber não se abalou e até riu discretamente de Peter. Ela sacudiu os ombros e seguiu em frente.
Peter não resistiu em olhar para a garota partir. Até que ela parou e voltou. O garoto achou aquilo muito estranho.
- Peter, eu odeio ter que dizer isso, mas recebi uma carta do Conde Cedric Jhonson. Ele me pedia para procurar você imediatamente – falou a garota rapidamente para que ninguém pudesse ouvir, ou talvez não quisesse ver seu orgulho pisoteado tão calmamente.
Peter a olhou queria sinais de mentiras e não encontrou. Resmungou e suspirou. Tinha medo que esse dia chegasse. Tantas gerações e logo ele teria que abrigar a herdeira tão esperada.
- Que droga Amber, você só aparece para me trazer problemas – resmungou ele com raiva.
- Até parece que fico feliz em ter que vir até aqui e ainda ter que olhar para você – retrucou ela indignada.
- Onde você mora? – perguntou o garoto com a mesma hostilidade do inicio.
- Pra que você quer saber? – Amber começava a ficar vermelha e muito brava.
O garoto fez um barulho com a boca e reprimiu sua irritação.
- Porque eu quero explodir sua casa medíocre e sonsa. – falou ele ironicamente – Quero saber se você vai ficar na cidade até amanha ou vai para casa.
- Moro a cinco horas da aqui. Vou procurar um hotel. – Amber não hesitou em pegar a mão de Peter em que estava a moeda, afastá-la e escrever seu numero com uma caneta minúscula. – Nós temos que conversar.
Já começava a anoitecer a garota carregava nas costas uma imensa mochila de couro. Ela saiu andando com toda classe que havia chegado ali. Peter apenas a observou se afastar novamente.
Depois de alguns minutos ele entrou na loja misteriosa sentou em um dos bancos altos do balcão e com as mãos na cabeça implorou que aquilo fosse uma alucinação. Ele resmungou e chutou o balcão a sua frente por um longo tempo. Começava a chover lá fora, mas a tempestade maior estava acontecendo na cabeça de Peter.
O garoto ficou olhando para o numero na sua mão até alguém bater na parte de vidro da porta. Era ela novamente, estava completamente encharcada da chuva e seu olhar implorava por ajuda.
Peter foi até a porta e esperou que a garota falasse, sabia que seu rosto demonstrava irritação. Foi uma guerra para ele abrir aquela porta. Mas abriu.
- Aparentemente todos os lugares estão lotados aqui por perto. Tem um festival de bandas na cidade. Será que você poderia me ajudar? – perguntou ela delicadamente. Talvez nunca tenha sido tão educada com Peter. Desde que ele se lembrava foram rudes e grosseiros um com o outro. Ele com a mania de perceguir mestiços e ela com a indignação com tal frieza e ignorancia da parte dele.
Peter lutou mentalmente consigo mesmo e se afastou para que a garota entrasse.
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