A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 2
Capítulo 1 - St. Mungus




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           Um ano antes.


O Hospital St. Mungus poderia muito bem ser comparado com uma grande loja comercial. A cada corredor havia placas indicando a onde você estava e o que ali poderia encontrar. Havia vidraçarias mostrando os pacientes dentro de seus respectivos quartos, e havia curandeiros que a cada milésimo de segundo vinha ao seu lado perguntando se poderia ajudá-lo, ou se você já foi atendido. Se não fosse pelo grande números de pacientes que ali se encontrava qualquer um poderia duvidar de que ali era mesmo um hospital.

Depois de ficar, o que me parecia ser várias horas sentadas, levantar não foi facíl. Meus músculos estavam rígidos, e meus pés formigavam. Eu queria (leia-se, precisava) de um banho, e queria minha casa (ou a casa de meus tios Malfoy), queria fechar meus olhos e descansar. Mas acima de tudo, eu queria Teddy.

Harry Potter estava em pé, conversando sobressaltado com a atendente recepcionista. Suas narinas se dilatavam à medida que falava, e os olhos da recepcionista estavam fixos na varinha apertada com força na mão em que o Senhor Potter balançava sobre o balcão.

–... Não entendo! – exclama ele sem um pingo de paciência a vista – Estou a horas querendo ver meu filho, horas! Disseram que eu poderia vê-lo! – Teddy teria sorrido ao ver seu padrinho o chamando de filho, mas como ele não estava ali para sorrir, sorri por ele.

– Sinto muito, senhor – disse a mulher com a voz baixa, ainda com os olhos fixos na varinha em sua mão. Não era preciso saber ler mentes para entender que ela cogitava a possibilidade de Senhor Potter atacá-la a qualquer minuto – Eu queria poder ajudá-lo, mas não posso.

– Senhor Potter? – chamei-o de forma cautelosa ao me aproximar.

– Precisa de algo Belly? –indagou ele apertando as têmporas e respirando fundo.

– O senhor tem que voltar para o Ministério. Não é preciso que ambos fiquemos aqui. Qualquer coisa, eu aviso o senhor.

– Bondade de sua parte, mas não se preocupe comigo.

– A garota está certa –comentou a recepcionista –Não há necessidade que fiquem os dois – disse ela esperançosa. Havia horas que o senhor Potter á estava azucrinando. Harry Potter a lançou um olhar duro, e se afastou dali vindo para o meu lado.

– Eu apenas queria vê-lo – ele disse –Ter certeza de que está bem.

– Também quero vê-lo, senhor –confessei – Mas Teddy já não corre perigo – ao menos, era isso que eu esperava.

– Mas se eu o visse... Eu... – Harry Potter se encostou na parede, e tirou os óculos, ele apertou a ponta do nariz e balançou a cabeça – Eu me sentiria menos culpado se o visse e tivesse certeza de que ele está bem.

– A culpa não é do senhor – eu disse colocando uma mão em seu ombro. Eu queria abraçar Harry Potter, confortá-lo e dizer que tudo iria ficar bem, mas era eu quem precisava de um abraço, de me sentir confortada e de ouvir que tudo ficaria bem.

– Talvez você deva ir para casa Belly – disse Harry recolocando os óculos – Está aqui tempo de mais.

– Estou? Não me importo.

– Ao menos comeu algo?

– Talvez – encolhi os ombros. Uma sombra de um sorriso se perpassou pelos lábios do senhor Potter, e eu julguei isso ser um bom sinal. Há horas ele não fazia mais do que lançar olhares ríspidos á recepcionista por não lhe dar as informações que ele queria.

– Foi o que eu pensei. Vou pegar algo para comermos, me espere aqui.

– Como se eu planejasse sair – murmurei em resposta.

Assim que Harry Potter desapareceu por sobre as escadarias que levava á qualquer lanchonete ou refeitório, voltei a andar e me sentar na desconfortável cadeira que já me acolhia pelo que parecia ser dias. Talvez tenha se passado dias, ou horas. Eu havia perdido a noção do tempo desde que recebera uma coruja, informando que “O Senhor Teddy Lupin se encontra em um estado extremamente grave no Hospital St. Mungus.” Exatamente nestas palavras.

Quando a coruja chegou eu havia acabado de regressar para casa, ou a casa dos meus tios, depois de um longo ano em Hogwarts. Depois de meu último ano em Hogwarts. Minha primeira reação foi pensar que era alguma típica brincadeira de meus velhos amigos de escola. Eles adoravam fazer brincadeiras de mau gosto em relação a Teddy. Depois a ideia de Teddy mal ter voltado para casa e se metido em encrenca me divertiu, mas isso foi apenas por um segundo. E quando eu realmente percebi que não era brincadeira, ou qualquer coisa do gênero, várias horas haviam se passado. E isso aconteceu á poucos dias, ou várias horas. Não me lembrava bem. A noção de hora me sumira, assim como a noção de qualquer outra coisa. Minha mente estava focada em Teddy, exclusivamente em Teddy.

– Senhorita Lestrange? – A recepcionista parada em minha frente foi quem me tirou de meus devaneios. Seria ela quem fez mais careta ao ler meu nome na ficha em suas mãos e me chamar, ou seria eu ao ouvir meu nome que tanto odiava?

– Sim? – respondi me colocando de pé, esperançosa. Talvez eu já pudesse vê-lo. Rezei mentalmente para que fosse isso.

– O senhor Lupin está inconsciente, mas se a senhorita desejar vê-lo, ficarei feliz em acompanhá-la – assenti repetidas vezes que no final eu estava fazendo um perfeito papel de idiota, mas eu apenas queria ver Teddy, a horas, ou dias, era apenas isso que eu queria. E agora eu poderia vê-lo. Nem me lembrei que o senhor Potter, estava ansioso também.

Viramos em um corredor, de uma coloração branca e sem vida, a quantidade de pessoas transitando de um lado para outro era desconfortante, depois viramos outro, subimos uma escada, e seguimos reto por outro corredor, mas diferente dos outros, este estava tranquilo, não estava agitado. Por cada sala que eu passava, eu olhava através dos vidros, procurando, quase de forma desesperada por Teddy. Eu deveria me preocupar com quem estaria atendendo na recepção agora, já que a mulherzinha miúda que era a recepcionista estava me acompanhando. Mas pensei melhor e lembrei que eu não me importava com isso.

– Chegamos – mas antes de ela anunciar, eu já o tinha avistado através do vidro, meu Teddy. A recepcionista abriu a porta e murmurou qualquer coisa, mas eu não ouvi. Eu ouvia apenas meu coração que batia de vagar, muito de vagar. Mas a pressão me chegava aos ouvidos.

Teddy parecia estar mergulhado em um profundo sono, viajando por maravilhosos lugares em sua inconsciência, mas eu não poderia ter certeza. Seus cabelos estavam num tom castanho, sem vida, e sem brilho. Sua respiração era ritmada, e quando dei por mim, estava sentada em uma cadeira ao lado da cama, segurando suas mãos. Por algum motivo eu sentia meu maxilar rígido, e julgava que a franja estava sobre os meus olhos e os fazendo arderem, por isso eu os coçava.

– O que aconteceu com você, meu amor? –perguntei com a voz abafada acariciando suas mãos.

Desde que cheguei ao hospital, nada me foi dito. Apenas que Teddy estava estável, e que logo poderíamos vê-lo. Ouvi algum curandeiro murmurar para o Senhor Potter que Teddy já não corria perigo, e quando perguntei do que se tratava, ele apenas desviou do assunto. E eu não sabia por qual motivo. Eu imaginara que Teddy estaria com ataduras por todo o corpo, faixas tampando machucados, ou qualquer coisa do gênero. Mas diferente de meus temores ele estava bem. Aparentemente.

E porque eu sentia essa vontade mortal de me encolher em um canto e chorar?

Porque a culpa é sua. Murmurou minha consciência. E relutante admiti que era verdade. A culpa era minha. Toda e somente minha. Por quê? Por eu ser quem eu sou, é claro.

Teddy e eu somos os perfeitos opostos. Nascemos em crenças diferentes, e crescemos conscientes de que deveríamos no mínimo ter uma aversão natural um por outro. Afinal, meus tão “amados” pais mataram os dele. Não tenho um pingo de orgulho por ser fruto de um plano de meu pai que saiu errado. Há alguns anos, quando Lorde Voldemort estava em seu apogeu, resolveu que não deixaria nada atrapalhar suas conquistas, nem mesmo a morte. Louco como era, ordenou que minha mãe, não menos louca do que ele, desse uma utilidade á sua fertilidade e depositou sua semente no ventre dela. Ele claro não planejava ter... Eu. Em seus planos, imagino que ele planejava um mini Lorde. Por uma feliz coincidência ambos fizeram o favor de morrer no dia em que nasci. E por todos esses meus dezessete anos de vida fui criada por meus tios, Lucius e Narcisa Malfoy.

Acredite ou não, por quase quinze anos eu tinha orgulho de ser quem eu era, tinha orgulho de ser a herdeira do Lorde. Ao menos era o que eu achava. E depois de uma brincadeira do destino, eu me vi completamente perdida de amores por Teddy.

Não foi fácil admitir isso, nem assumir esse sentimento. E havia os empecilhos que eu mesma coloquei em meu caminho ao tentar trazer meu pai de volta. Uma brincadeira ingênua que custou minha vida. Não só a minha, mas de inocentes que nada tinham haver com o assunto. Até os dias de hoje eu acordo com pesadelos, revivendo os meus dias de trevas. Sim, eu morri. Por algumas horas. Mas foi o suficiente para me fazer mudar, e recomeçar. E se não fosse por Teddy ao meu lado, não tenho certeza se conseguiria.

E depois de dever minha nova vida ao Teddy, eu ainda coloco a dele própria em risco.

Em meu mundo, as pessoas se dividem em duas categorias. A categoria que me olha torta e franze o cenho ao ouvir meu nome, e que vez ou outra pensam que vou agir como meu pai. E a outra categoria que é uma pequena minoria de pessoas que secretamente me juraram vingança por não fazer jus ao meu nome, por não seguir os planos de meu pai, por colocar de lado tais princípios de eliminar os bruxos nascidos trouxas, por ter escolhido ser uma traidora do sangue. Esses a quem me refiro são os antigos Comensais da Morte.

E foram esses quem armaram para meu Teddy.

A culpa era minha.

– Me desculpe – pedi, apertando suas mãos contra as minhas. – Eu não queria que nada disso tivesse acontecido com você, por favor, fique bem e me desculpe.

– Não é sua culpa – a voz do Senhor Potter me pegou de surpresa, e apenas na hora que corria a palma da mãe por baixo de meus olhos foi que percebi que lágrimas escaparam. E fico imaginando, com quem ele gritou agora, para estar aqui.

– Eles o torturaram, não foi? – perguntei sem me virar para ver o Senhor Potter, e fiquei fitando meu Teddy, que parecia estar tão sereno.

– Vamos pegá-los. Todos eles.

– Não perguntei isso.

Senhor Potter respirou fundo, e passou-se tanto tempo, que quando ele respondeu me sobressaltei novamente.

– Sim, torturam.

Em Hogwarts eu tinha um professor, Neville Longbottom. Ele era classificado no primeiro grupo de pessoas. Aquelas que franziam o cenho ao ouvir meu nome, e instintivamente já sentiam aversão por mim. Bom, isso por quase cindo anos. Os pais do professor Longbottom foram torturados quando ele era garoto. Ironicamente uma das pessoas que torturaram seus pais era minha própria mãe. Eles não morreram, mas ficarem loucos até o dia em que faleceram. Será que esses ex-comensais haviam torturado meu Teddy ao ponto de deixá-lo assim? Doía apenas de pensar. Isso Annabelly, é apenas sua culpa.

– Não se preocupe, Teddy vai ficar bem.

– Quando ele vai acordar? – indaguei, já sabendo a resposta.

– Não sabemos Belly – o que queria dizer que tanto poderia ser agora, quanto poderia ser daqui um, dois, três ou dez anos – Vamos pegar quem fez isso a ele. Nem que seja a ultima coisa que eu faça em vida.

– Sempre vai haver mais – eu disse – Sempre... Nunca vão pegarão todos... Desde que Tom Riddle esteve em Hogwarts sempre houve comensais, e sempre vai haver, e eles sempre vão conseguir tirar meu sossego.

– Belly... Não fique se martirizando...

– Não estou me martirizando, senhor Potter – soltei as mãos de Teddy, me levantei e virei – É um fato. Quer acabar com todos os comensais? Impeça que eles sejam criados – respondi saindo a pesados e longos paços do quarto.

Eu não deveria ter sido tão dura com Harry Potter, ele apenas quis ajudar. Mas ninguém poderia ajudar Teddy. Ninguém.

– Isso é sua culpa, pai – praguejei – Mesmo morto você acaba com a vida das pessoas.

Não era minha culpa, eu não havia pedido para nascer. Eu sei que isso soa infantil, mas era a pura verdade. Harry Potter pensava que a culpa era dele, vingança dos comensais por ele ter matado o Lorde, mas não era dele. Era apenas de meu pai. E isso nunca acabaria. O mal se corta apenas pela raiz.

E por que não cortá-lo pela raiz? E por que não impedir tudo isso de acontecer?

Mas para se livrar disso pela raiz... O espaço tempo teria de ser alterado... E... Balancei a cabeça tentando tirar a desvairada ideia da cabeça, e engolindo meu orgulho, decidi voltar para o quarto me desculpar com Harry.

Mesmo eu tentando impedir, mais tarde, naquela mesma noite, enquanto eu estava ao lado de Teddy a tal ideia maluca atiçou á minha mente novamente. Naquela noite, e no dia que se seguiu. E no dia depois desse... E no outro...



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Notas finais do capítulo

E aê pessoa o/ Veio rápido, né? Mais rápido do que planejei. Bem, muito obrigada pelo reviews do capitulo anterior, fiquei feliz mesmo, obrigada *O* Espero que eu não tenha decepcionado ninguém com esse capitulo, realmente torço para que tenham gostado. Dózinha do Teddy? Annebelly é doida? Eu sou mais doida ainda? Gostaram do capitulo?