A herdeira do Lorde II escrita por letter


Capítulo 3
Capítulo 2 - I do for love




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     - Não pense nisso nem por brincadeira, Lestrange!

     - Não me chame de Lestrange, você sabe que eu odeio.

     - Isso é insano! Completamente... Astoria estava certa, eu deveria ter levado a você ao hospital psiquiátrico quando ainda era criança.

     - Leve ela a um. Ainda está em tempo – retruquei cruzando os braços.

     - Draco! – exclamou Astoria.

     - Não fale assim de sua tia Annabelly...

     -... Foi ela quem disse isso de mim...

     -... Você está agindo como criança.

     - Estou? Eu? Eu estou querendo fazer o que alguém já devia ter feito há décadas!

     - Annabelly! – exclamou tio Draco exasperado, levantando os braços, uma pequena veia latejava em sua têmpora - Isso já acabou! O Lorde das Trevas já se foi...

     -... Mas sua presença continua viva! – o interrompi, alterando meu tom de voz para se igualar ao dele – E é graças a sua maldita presença que Teddy está lá, inconsciente, até só Merlin sabe quando!

     - Eu sinto muito por Teddy, Annabelly. Eu me importo com ele tanto quando você, mas...

     - Não importa – o interrompi novamente, baixando o tom e procurando dentro de mim o lugar aonde deixei minha calma – Se importasse, me apoiaria. Hoje foi o Teddy, amanhã pode ser o Scorpius.

     - Meu Scor? – guinchou Astoria se levantando da poltrona e levando as mãos na boca – Por que alguém faria mal a meu pequeno Scor? Ele é apenas uma criança.

     - Draco recusou a manter os velhos hábitos. Hoje somos traidores de sangue tanto quanto os Weasley. Podem querer se vingar em Scorpius. Nada mais fácil do que usar uma criança.

     - Astoria, meu amor, Belly não está falando sério... – Draco sentou-se em sua poltrona e soltou um pesado suspiro. Astoria correu para a escada. Eu tinha fortes suspeitas de que ela iria ao quarto de Scorpius abraçá-lo até sufocá-lo, e ter certeza de que ele estava bem – Annabelly, por favor, não toque mais neste assunto. Suba para seu quarto e esqueça que um dia você pensou nisso.

     - Eu já decidi...

     - Legalmente – Draco falou num tom alto me interrompendo – Você está sobre minha responsabilidade. E se eu digo que você não vai fazer isso, não é para fazer. Se eu digo para você esquecer isso, é para esquecer.

     - Ou é perigoso o senhor me lançar um Obliviate? – perguntei ironicamente.

     - Eu não disse isso...

     - Mas a grande novidade, é que já sou maior de idade – no mundo bruxo, felizmente, a maioridade se era conquistada ao completar os dezessete anos.

     - Isso não lhe dá direito de me desobedecer.

     - Eu não lhe pedi nada, tio. Apenas estou lhe avisando o que vou fazer.

     - Annabelly, pense racionalmente e veja o quanto essa ideia é absurda, você sabe que... – mas o que eu supostamente sabia, eu nunca cheguei a saber o que era, antes que pudesse já havia subido aos pulos a escada em espiral e disparado em direção ao meu quarto.

Eu não era ingrata. De todo meu coração eu agradeceria até o fim de minha vida a Narcisa e Lucius, Astoria e Draco. Desde que nasci, meus tios me criaram, e quando ficaram mais velhos, passaram a responsabilidade para as mãos de Astoria e Draco que eram apenas recém-casados. Quando estava em casa, eu fazia o máximo para não ser um peso para eles e ficava longe de seus caminhos. Me refugiava em meu quarto, e quando de lá saia, tentava ser o mais agradável possível. Mesmo que ser agradável com Astoria fosse algo bem desagradável. Mas havia horas, como essa, que eu simplesmente não aguentava, e a maturidade se esvaia de mim. Eu iria me desculpar com Draco e com Astoria. Mas depois. Depois que eu voltasse.

     Mas eu não poderia fazer isso sozinha. Eu não poderia voltar no tempo sem ajuda. O apoio de minha família estava completamente fora de cogitação. Harry Potter poderia me estuporar se eu comentasse tal ideia, que como diz Draco, é absurda.

     Ninguém me ajudaria... As únicas pessoas que sempre me ajudavam eram o meu particular trio de ouro. Três velhos amigos que conheci quando comecei a estudar em Hogwarts, e lembrar que jamais estudaríamos juntos doía. Mas eles sim me apoiariam...

     - Eu desaparatei! – exclamou Alice Nigellus toda sorridente com os olhos brilhando.

     - É claro. Não esperávamos que você viesse à vassoura – retrucou Cory Corner, ex-namorado de Alice. A loira o ignorou, e correu para me esmagar em um de seus abraços esmagadores.

     - Que saudades! Onde está o Ric? – perguntou ela olhando para todos os lados.

Alice era o que se pode chamar de minha melhor amiga. Minha companheira para todas horas. Ela era alguns centímetros mais alta, provia de um longo cabelo loiro e olhos de verde absoluto. Não era a toa que Cory se sentia no prejuízo por perdê-la.

     - Ministério – respondeu Cory jogando-se numa velha cadeira – Não tinha um lugar pior que esse não, Belly? – neguei com a cabeça.

     - Ninguém espionaria ex-alunos no Cabeça de Javali – justifiquei, Alice se sentou a uma cadeira de distância de Cory, e mesmo inquieta, me vi na obrigação de sentar.

     - Me sinto mal em ver Hogwarts de longe sabendo que nunca mais vamos lá... – comentou Alice – Ah, e... Sinto muito pelo Teddy.

     Também sinto, pensei, mas não disse nada. Felizmente, para quebrar o clima de tenso, Richard se materializou na porta naquele exato momento. Diferente do que fora anos atrás, agora meu melhor amigo era um homem feito. Alto, forte, bonito, os pelos que brotavam em sua face lhe davam um ar mais velho, enquanto o liso rosto pálido de Cory lhe davam um ar jovial, e Alice... Bom, Alice continuava sendo a mesma Alice que sempre fora. Não correu para abraçar Ric, como teria feito alguns anos atrás. Talvez o fato de seu novo namorado, Gabe, goleiro da liga profissional que joga para os Puddlemere United, ser mais do que ciumento em relação ao que se trata de Alice e seus amigos.

     Depois das formalidades de reencontro, perguntas cordiais e assuntos postos em dia, finalmente chegamos ao ponto.

     - Já contou a eles? – indagou Ric recuperando-se de uma boa dose de risada coletiva ao relembrarmos dos bons e calmos tempos em Hogwarts.

     - Contar-nos o quê? – perguntou Alice ainda com a sobra do sorriso em seus lábios, arrumando e jogando suas madeixas loiras para trás.

Mentalmente não fora uma, nem duas vezes as quais eu planejei aquele momento em minha cabeça, mas agora eu estava com pressa. O tempo estava correndo. Resolvi que apelaria para a maneira mais rápida de resolver aquilo: sendo curta e grossa.

     - Vocês vão me ajudar a voltar no tempo – minha voz soou mais confiante do que eu realmente me sentia.

O silêncio foi mais incômodo do que imaginei que seria. Richard pigarreou, e então Cory resolveu nos presentear com o ar de sua voz:

     - Vamos? – perguntou ele incerto. Assenti.

     - Belly, sinto muito, mas suas piadas nunca têm graça – murmurou Alice dando de ombros e se recostando na cadeira.

     - Richard, isso é uma piada? – perguntei a ele, mas fitando Alice e Cory.

     - Não mesmo.

Antes de tudo, eu havia contatado Richard. Contei os meus planos, meus motivos, minhas ideias e tudo o mais.

     - Pra que diabo você quer isso? – perguntou Cory incrédulo.

     - Destruir meu querido pai.

     - Belly, você já leu os jornais recentemente? O Lord das Trevas já foi destruído a algum tempos atrás... Não sabia? – perguntou Alice de forma irônica.

     - Oh se sei, mas enfim, vão me ajudar?

     - Não mesmo – responderam Alice e Cory em uníssono da mesma forma que Ric havia respondido. Se era pra ter graça ou não, ainda não sei.

     - Pois bem, Richard me ajuda.

     - E para que a senhorita quer fazer isso?

     E novamente fui explicar tudo a Alice e Cory, e depois de resumir meus planos, outro silêncio constrangedor tomou conta. O proprietário do Cabeça de Javali havia nos servido cerveja amanteigada, e agora nos fitava, limpando com um pano, o mesmo copo á alguns vários minutos. Eu sentia muito, mas logo eu deveria apagar sua memória. Ouviu e viu demais para meu gosto.

     - Se isso der certo... – começou Cory incerto depois de algum tempo –... Você mudará todo o mundo bruxo. Se não der... Você...

     -... Volto e finjo que isso nunca aconteceu – completei por ele.

     - Não é tão simples assim Belly – Alice se mexeu inquieta na cadeira e apoiou os braços na mesa – Você sabe que foram preciso de duas guerras para destruir o Lorde, e se você voltar e algo der errado... Ele pode não ser destruído no futuro e o mundo entrará novamente em trevas.

     - Ou eu posso impedir tudo isso de acontecer e o mundo nunca entrará em trevas – por que apenas eu via o lado positivo da coisa?

     - Sim... – continuou ela –...  Mas supondo que dê certo o Lord das Trevas nunca venha a causar nenhum dano ao mundo. Você percebeu que você não existirá?

     - Não seria a primeira vez que arrisco minha vida por outros – respondi – E mesmo que fosse? O que é uma vida ser o preço a pagar por as várias outras que vão ser poupadas? – se eu estava novamente disposta a colocar minha vida a prova para destruir meu pai? Com certeza. Não era pelo rancor mortal que eu sentia por ele, era pelo fato de que pela primeira vez vi como ele foi uma doença para o mundo, e que agora eu estava disposta a curar o mundo. Pouparia Teddy. Assim como pouparia as milhares de outras vidas que meu tão amado pai tirou.

     - Não conte com minha ajuda – Cory cruzou os braços – Como pode apoiar ela nessa doideira, cara? – perguntou ele fitando Ric.

     - Porque temos um plano. Não ajudaria se fosse para arriscar a vida dela – respondeu ele como se fosse algo óbvio.

     - Mostre a eles – pedi.

     Ric enfiou as mãos dentro de sua capa e tirou o que parecia ser uma pequena corrente dourada com um pingente não tão pequeno em forma de uma ampulheta apoiado ao meio de um pequeno circulo. Um vira tempo.

     - É um vira-tempo – disse Alice – Mas... Mas todos não haviam sido destruído antes de nascermos?

     - Todos no Ministério. Mas isso não quer dizer que havia outros fora de lá, e nem que mais foram criados depois daquilo – respondeu Richard – Mas esse é diferente. Existe apenas um par desses, e eu o incrementei com mais outro feitiço... Não foi fácil... Mas Belly poderá voltar ao ano que quiser, e assim que estiver no passado a areia dentro da pequena ampulheta começara a correr, lenta, tão lenta que seria um grão de areia para no máximo três dias, mas assim que toda a areia correr, um portal se abrirá e ela poderá voltar.

     A ampulheta era pequena, minúscula na verdade. Ali se encontraria menos de cem grãos eu diria, mas não importava, alguns dias no passado e tudo feito.

     - Você deveria ter começado pelo plano – disse Alice.

     - Então... Vão me ajudar?

     - Acho que sim – murmurou Cory.

     E tudo fora planejado. O ano para qual eu voltaria. Como entraria em Hogwarts. Qual seria minha nova identidade. O que eu faria com Tom Riddle. Faltava apenas uma única coisa.

     - Senhorita Lestrange? – chamou a miúda curandeira a porta – O horário de visitas está encerrando - anunciou ela.

     – Tudo bem, já estou indo – ela sorriu e assentiu, e novamente fiquei a sós com Teddy – Se você acordar, e eu não estiver aqui... – suspirei, o que eu poderia dizer? Ele estava inconsciente.     Tirei com cuidado o pergaminho que havia planejado e depositei em cima do criado mudo ao lado da cama em seu quarto. Por via das dúvidas lancei um feitiço para que o pergaminho só pudesse sair dali pelas mãos de Teddy, ser aberto apenas por Teddy, e ser lido só por ele. E com um pesar no coração tirei o anel banhado em ouro que eu carregava em meu dedo anular por mais de três anos. O anel um dia fora de sua mãe... E eu não poderia levá-lo ao passado. Coloquei o anel em cima do pergaminho – Queria estar aqui quando você acordar – murmurei – Mas eu tenho que fazer isso... – sussurrei em seu ouvido – Eu faço por amor.

     - Pronta? – perguntou Richard em minha frente.

     - Com certeza – menti. Alice sorria incerta se devia ou não estar ali, Cory fechava as mãos em punho.

     - Lembra do plano? – perguntou Richard colocando o vira-tempo em meu pescoço – Pra ir e pra voltar? E para o que fazer lá?

     - Girar o vira-tempo mentalizando o ano para qual eu quero ir... – isso só se era possível pelo fato de que o vira-tempo estava enfeitiçado – Voltar quando o areia estiver acabando...

     -... O portal para voltar vai se abrir no mesmo lugar em que você chegar – disse ele.

     - Me lembro disso... E matar Riddle.

Richard assentiu, e se afastou.

     - Boa sorte – assenti incerta, e dei uma boa e última olhada em meus amigos antes de fechar os olhos e começar a girar o vira-tempo, imaginando um ano diferente... um lugar diferente... E quando abri os olhos, tudo estava escuro.


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Notas finais do capítulo

Olá, Obrigada por lerem o capitulo, o que acharam? :3
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Aaah, eu fiquei muito feliz com os comentários do cap anterior, e mais feliz ainda pelas recomendações da emmapotter e da Juuu_zinhaa. Tipo, nem dois capitulos direito... e então obrigada pela confiança não só elas, mas a que vocês estão colocando em mim, o incentivo é de mais o/ Espero que tenham gostado.
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Nos vemos nos reviews, beijos ♥