-Telefone para você, Draffy! – Steven berrou da sala.

- Quem é?

Um minuto de silêncio.

- Eu sei lá! Só diz que quer falar contigo!

Rolei os olhos e me encaminhei para a sala do nosso mais novo hotel em Roma para atender.

Três semanas depois dos ocorridos. Madri tinha sido uma droga, com todos aqueles tomates e touros pelas ruas.

Eu tinha esperanças que Roma melhorasse meu humor.

- Me dá logo essa porcaria – pedi o gancho do telefone educadamente para Steven, que me entregou o mais rápido possível.

- Alô? – atendi.

- Draffy?

- Keith! – falei animada. Aquele lazarento não tinha conseguido ir para Berlim, e muito menos para Madri. Não perdeu nada – Seu desgraçado, só agora lembrou de mim?

Sutileza é um talento para poucos.

- Claro que não minha pequena... – ele disse me fazendo derreter – É que tive uns contra – tempos com Vossa Majestade. Mas já está resolvido...

- O que houve?

- Nada de importante. – ele mudou de assunto – Ansiosa para me ver?

- Hum... – fiz a difícil – Não muito...

- Sério? Bom, então vou ser obrigado a não te fazer mais a surpresa que eu iria fazer e...

- Surpresa?

As vezes eu me achava infantil demais. Mas surpresas sempre são bem – vindas. Principalmente se envolverem meu suposto affair pelado numa cama de hotel.

Certo. Calo a boca.

- Que surpresa, Keith?

- Mas você não queria me ver e...

- Que surpresa, porra?!

- Ok nervosinha – ele riu ao fundo – Quer que eu passe ai no hotel para te pegar?

- Pode ser... – enrolei o fio do telefone nos dedos – Estou te esperando.

- Certo. Daqui uns minutinhos, estou ai, tudo bem?

- Aham. Até mais, Keith.

- Até, lindinha.

E desligou.

Pus o telefone no gancho e sai cantarolando Queen pelo micro apartamento.

- O porque da alegria? – Glister me perguntou. Ela ficava enorme a cada dia que passava. Tinha quase oito meses de gravidez e parecia carregar quádruplos.

- Keith vem me visitar – sorri bobamente.

- É bom que ele não traga drogas... – ela bufou se encaminhando para a sala. Fiz uma careta para ela e fui me trocar.

Ou acham que eu ia receber Keith Richards de pijama?

Abri o guarda – roupa embutido na parede e tirei de lá uma calça e uma camiseta do David Bowie. Me vesti e calcei meus inseparáveis coturnos.

Saltitei de volta para a sala arrancando olhares coletivos.

- O que foi? – perguntei. Todos me encaravam estranhamente.

- Você está feliz... – Duff falou.

- E daí?

- Não é algo que se vê todos os dias – Izzy completou. Revirei os olhos.

- Não mesmo – Axl continuou – Andou transando?

- Hã? – arregalei meus olhos – Ah, cale a boca, sim?

- É, cale a boca, Axl – Duff zombou e em seguida riu como um condenado.

- Querem saber o motivo da minha felicidade? – comecei, mas a campanhia me interrompeu. Devia ser ele.

- Eu atendo! – tropecei até a porta e a abri com tudo. Keith me olhava malicioso.

- Keith!

- Olá para você também... – ele disse me entregando um buquê de margaridas e rosas.

- Oh Meu Deus! Keith Richards! – Brian e Izzy disseram ao mesmo tempo. Mas por motivos diferentes. Brian sacou sua filmadora portátil e já se pos a filmar Richards e Izzy correu para cumprimenta-lo.

- Hey Keith!

- Ah, hey Izzy – Keith cumprimentou e em seguida fez um aceno com a cabeça para o resto do grupo, que retribuiu da mesma forma.

- E então... – falei mordendo o lábio de ansiedade e apertando minhas flores contra o peito – Qual é a minha surpresa?

- Não quer que eu te dê lá fora?

- Ah, seria possível ser por aqui mesmo, senhor Richards? – Brian perguntou ainda nos filmando – É que estou fazendo um documentário sobre a vida da banda e das meninas. Claro, a não ser que o negócio seja muito intimo, ai pode sair...

Fiquei instantaneamente vermelha.

- Não. Creio que possa ser filmado – Keith falou. Pude notar Slash rolando os olhos de onde estava.

- Ótimo então! – Brian vibrou.

- Posso aparecer também? – Izzy implorou.

- Pode...

- Legal! Eu fico do lado do Keith!

- Podemos ir logo com isso? – me estressei.

Keith tossiu e pegou algo do bolso. Depois se ajoelhou.

Oh não... Não podia ser. Meu buquê caiu em câmera lenta no chão.

- Dafne Hunter – Foxes, quer se casar comigo?

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- Aqui, beba essa água com açúcar... – Glister me entregou o copo. Eu estava sentado no sofá, com vários rostos em cima de mim.

- Não consigo respirar! – gritei.

- Saiam! Xô! – Glister os tirou gentilmente de perto.

Respirei lentamente e profundamente.

Eu havia ficado em estado de choque. Axl disse que fiquei catatônica por bons cinco minutos. Brian confirmou.

‘ Filmei tudo. Se duvidar, veja a fita depois. ’

Infelizmente eu não duvidava.

Keith se mantinha sentado na poltrona e me olhava, como se esperasse minha resposta.

Pus o copo na mesa de centro.

- Me sinto melhor... – falei.

Keith sorriu. Retribui.

- Sua oferta ainda está de pé, Keith? – perguntei.

- Sempre vai estar.

- Então... – fiz suspense. Todos pareciam esperar uma resposta definitiva – Eu aceito!

Keith veio e me abraçou ternamente.

- Vamos nos casar em Roma! – anunciou – Amanhã!

Abri minha boca num perfeito ‘O’. Glister fez o mesmo.

- Como assim amanhã? Está louco? Como vamos arrumar os vestidos? O lugar da cerimônia?

- Não vai ser preciso – Keith a tranqüilizou – Por que vamos casar na praça principal. Uma cerimônia ao ar livre. Dizem que trás sorte.

Sorri largamente. Eu, Draffy Hunter ia me casar com Keith Richards.

Eu não conseguia acreditar. Não mesmo.

Axl se ofereceu para abrir o casamento com um mini – show, Steven queria ser o pajem, Duff o padrinho, Glister a madrinha, Izzy brigava com Duff por esse titulo e Brian pedia para deixarmos ele filmar em primeira mão, os bastidores e o casamento.

Apenas Slash não havia falado nada. Na verdade, ele nem estava presente.

Tinha sumido.

Decidi não me importar com isso. Amanhã seria um dia que mudaria minha vida inteira. Disso eu tinha certeza.