Sympathy for the Devil escrita por Lolis


Capítulo 21
O Almoço dos Infernos


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei tanto dessa vez *___*
Amei os comentários, gente! Quase chegando nos 80! Mas mesmo assim eu queria pedir para os leitores fantasmas aparecerem! Eu não mordo, sério... Kkkkkk
Mas vamos logo ao que interessa. Enjoy o capitulo!



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Eu mantinha a boca levemente aberta e os olhos esbugalhados. Minhas pernas tremiam e eu sentia vontade de vomitar.

Vontade não. Necessidade.

P.J. não podia ser meu tio. Não o meu tio, Jessie.

Meu tio era a pessoa mais legal do mundo. Meu tio era o único que me compreendia. Meu tio havia me dado uma Harley Davidson.

E bom... P.J. não era o ser humano mais simpático, ou maneiro, ou simplesmente bom de se conviver. Pelo contrário, ele era insuportável.

Respirei com dificuldade, ainda tentando absorver a informação.

– Hum... Draffy? Você está legal? – Slash perguntou.

– Hã?

– Perguntei se você está legal. Por um segundo, você ficou catatônica.

– Fiquei?

– Ficou. – ele confirmou impaciente – O que há de errado, hein?

– Nada – disfarcei – Acho que... deve ter sido um efeito tardio da droga... Ou minha dependência a nicotina deve estar afetando meus neurônios. Vamos.

E sai atrás do meu pai, que nos guiava até a sala de jantar, ou a sala da tortura. Como preferirem.

– Como podem perceber, está sala é antiqüíssima – ele começou adquirindo um tom pomposo e arrogante – a mesa, de puro mogno, contrasta com o brasão da família. Que é aquele ali...

Apontou para um pedaço de pano vermelho e prateado com um cervo desenhado.

– Puxa, um cervo... – Glister comentou sem o mínimo de interesse. Mas foi o suficiente para os garotos explodirem numa gargalhada.

– Do que os cavalheiros estão rindo? – meu pai pareceu confuso.

– Sua flâmula é gay – respondi na lata – E eu odeio ela.

Ele pareceu chocado. Meu avô e minha mãe também.

– Como assim? Essa flâmula se remete ao começo da linhagem Hunter, garota! – minha mãe ralhou – Como você pode ser tão... hipócrita?

– É o seguinte. A filha de vocês dois, que por acaso vai ser a menina mais linda do mundo – comecei – Vai picotar tudo esse monte de pano embolorado na quarta – série, como vingança por vocês não terem deixado ela ir no Aqualand...

– Blefe! Ele está blefando! – meu pai exclamou horrorizado – Eu nem sei se quero me casar com a Christie e...

– COMO ASSIM VOCÊ NÃO VAI SE CASAR COMIGO DARREN MORGAN HUNTER?! – minha mãe explodiu.

– Hã... Bom... erm... – ele coçou a nuca. Christine esperava raivosa uma resposta digna do namorado – Eu...Eu... Chrstie, nós nem terminamos o colegial!

– Não importa! Você e eu temos um laço inominável de amor eterno! Sem contar com a clausula que nossos pais assinaram quando éramos pequenos. Fomos prometidos, Darren!

– Que romântico... – Glister revirou os olhos.

– Eu estou com fome, caralho... – Izzy resmungou – Quando esse almoço sai, Gary?

– Logo. Vou apressar Augusta... – meu avô disse indo até a cozinha.

Enquanto isso, nos sentamos confortáveis na mesa de mogno e esperamos educadamente o almoço.

Ou pelo menos o mais educadamente que podíamos conseguir. Duff com os pés na mesa, Glister lixando as unhas, Axl e Izzy fumando e me enchendo o saco, já que faziam questão de rir da minha cara toda vez que tragavam, Slash quase dormindo, Steven batendo na madeira com suas baquetas imaginarias e eu, bufando e tamborilando o mogno.

– O almoço está servido! – meu avô anunciou alegremente abrindo o séqüito com a salada. Atrás dele, vinha mamãe, presunçosa com a bandeja de frios, meu pai, logo atrás com o balde de gelo e cinco garrafas de vinho branco, P.J. obviamente irritado trazia o molho e algumas torradas e por fim, minha avó, um vinte anos mais nova, com os olhos carregados de sombra azul e cheia de jóias enormes segurando um enorme e apetitoso peru.

Se sentaram cada qual em seu lugar e minha avó começou a puxar conversa de uma forma um tanto gentil.

– Tire os pés da mesa, garoto. – disse lançando um olhar de puro desgrado para o pobre Duff – A propósito, acho que essas botas já saíram de moda, querido...

– Absolutamente, senhora Hunter. Concordo você, senhora Hunter. Que sentido apurado para moda a senhora tem! – minha mãe abusou dos senhoras e dos elogios.

– Não me bajule, Christine. Ainda não te acho apropriada para o Darren. – Dona Augusta retrucou fazendo Christie se calar.

– Querida... Não comece... – meu avô pediu com cuidado.

– Ora Gary. Eu não estou começando nada! E você não me apresentou aos seus... amiguinhos... Estou curiosa para saber quem são!

– Eles são os integrantes da banda que eu financio, docinho...

– Ah, que interessante! Diga seu nome, menina – disse apontando para Axl, que ficou vermelho.

– Axl Rose – ele respondeu entre os dentes – E eu não sou uma garota...

– Com esse cabelo, nem notei a diferença... O que você faz?

– Eu canto...

– Ah... Cantar. Bela profissão... – riu com escárnio – E você, ao lado dele?

– Sou Izzy. O guitarrista – base.

– Que tipo de nome é Izzy? – ela resmungou.

– É meu apelido na realidade... – Izzy se explicou – Izzy é a abreviatura de Isbell e...

– Fala demais. Próximo... O da bota.

– Sou Duff. E toco baixo.

– Creio que ‘Duff’ seja uma apelido para...

– Michael, senhora.

Minha avó fez uma expressão de desprezo e resmungou mais alguma coisa que não pudemos ouvir.

– E você? Com essa... cartola. Não viu na sala, nosso cabide de chapeis?

Slash suspirou.

– E qual seu nome?

– Saul Hudson... – ele respondeu frio e mal – humorado – E sou o guitarrista – solo, antes que a senhora pergunte.

Ela se limitou a olhar feio para ele.

– E o outro?

– Sou Steven. – Steven se apresentou tentando parecer simpático.

– Ótimo. Baterista, suponho.

– Na mosca.

– Não use gírias comigo, mocinho.

– Sim senhora.

Ela ergueu os olhos novamente e franziu o cenho.

– E as garotas? Fazem parte da banda?

– Não, mamãe... – P.J zombou – São as namoradas deles.

Dona Augusta riu com satisfação.

– Digam seus nomes, senhoritas...

– Sou Ramona Carmine Platen... – Glister tentou parecer o mais polida o possível.

– Muito bem. O que você faz, Carmine?

– Eu...Eu... – Glister começou. Ela não poderia falar que era uma groupie – Eu sou fotógrafa!

– Sério? Aprecio muito essa profissão... Você fotografa o que, exatamente, Carmine?

‘Aha! Fudeu!’ pensei sorrindo de leve ao ver a expressão de puro pavor da minha amiga.

– Eu fotográfo pessoas... Homens!

Todos olhamos para ela.

– O que? – minha avó perguntou.

– Eu fotografo bandas em turnês. Estou pensando em formar um livro com essas fotos ou vende-las a colecionadores.

– Muito boa idéia, queridinha...

Mordi um pedaço do meu peru, pensando em como Glister tinha se safado dessa, quando fui surpreendida.

– E você, de óculos escuros... Tire-os para mim ver seus olhos.

Suspirei e tirei meu ray – ban.

– Como você se chama?

– Dafne Lucille Foxes – respondi sorrindo falsamente – Mas pode me chamar apenas de Draffy Foxxy, que é meu nome artístico.

– Nome artístico? A senhorita atua, Dafne? – minha avó pareceu interessada.

– Claro, eu atuo sim... Atuo muito bem, se me permite dizer.

– Sério? Em que categoria você trabalha? Como coadjuvante? Atriz principal ou Vilã?

– Ah... – falei limpando minha boca de leve no guardanapo – Eu faço de tudo um pouco...

– E em que tipos de filmes você atua?

– Filmes Pornográficos... – terminei sorrindo ainda mais.

Meu avô engasgou com o osso da coxa, meu pai com o vinho branco e minha avó e mãe arregalaram os olhos. O único que não pareceu dar muita importância foi P.J.

– Pode me passar o vinho branco, por favor? – pedi inocentemente.


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Depois daquele incidente desagradável – eu consegui calar todos até o fim daquela tortura – Nós fomos obrigados a nos sentar naqueles sofás vermelhos e ficar até o chá.

– Matilde já vai por a água para ferver... – minha avó comentou se referindo a nossa empregada porto – riquenha – Enquanto isso, que tal fazermos alguns serões?

– Acho uma idéia supimpa, senhora Hunter... – minha mãe puxou o saco, novamente.

Dona Augusta ignorou.

– Que porra é um ‘serão’? – Duff sussurrou baixinho.

– São histórias... – respondi.

– Ah... Legal. – ele disse indiferente. Rolei os olhos.

– Vamos fazer um pouco diferente hoje... – minha avó continuou – Cada um, venha aqui no meio da sala e conte algo, ou cante, ou recite uma poesia. É divertido para o nosso intelecto, sem contar que alimenta a alma de quem ouve...

– Que merda... – Axl reclamou baixinho.

– Quem pode ser o primeiro? – meu avô entrou na brincadeira – Podemos fazer um sorteio...

– Maravilha! – minha avó concordou – Darren, querido, pegue aqueles papeis e a taça prateada.

Em seguida, ela mesma escreveu nossos nomes nas folhinhas, as dobrou e jogou na taça prateada.

– Pegue Gary... Vamos ver quem será o primeiro sortudo. E é... a senhorita Foxes!

MERDA!

– Eu?

– Sim, amorzinho. Não se acanhe, venha aqui na frente e faça algo... – minha avó tentou sorrir.

Bufei.

– Certo. Eu... Vou tentar adivinhar o futuro de vocês!

– Bom... não é exatamente o objetivo do jogo, mas parece ser... como vocês jovens dizem, legal...– minha avó reclamou.

Puxei a mão da minha mãe primeiro.

– Hum... Você vai engordar... Muito! E por causa disso, seu marido vai te trair com a secretária, por três anos sem que você desconfie de nada, já que vai estar ocupada tentando achar boutiques que vendam roupas tamanho 44...

– Oh meu Deus! – ela pareceu assustada e lançou um olhar furioso para o meu pai – Você vai ter um escritório em casa!

Peguei a mão do meu pai.

– Você parece gostar do seu cabelo...

Ele riu.

– Claro, e por que eu não gostaria?

– Ele vai cair! Quando você menos esperar, tufos e mais tufos caíram no ralo e você vai ficar careca e infeliz!

Ele engoliu seco.

Ri cruelmente.

– Sua mão, Gary... – pedi. Ele me estendeu a mão.

– Hum... É triste... Você vai acabar com sua carreira, vai beber muito e depender do filho para sobreviver... O bom, é que você vai estar tão chapado que nem vai se irritar tanto com sua esposa!

Minha avó torceu o nariz.

– Acho que chega de vidência por hoje! – ela determinou.

– Mas eu nem li a sua... – emburrei.

– Não preciso que uma atriz pornô leia minha mão – disse escondendo a mão nas costas – Tire o próximo nome, Gary!

Meu avô tirou o outro papelzinho.

– Senhorita Platen!

Glister bateu palmas.

– Quero cantar uma musica! – anunciou – Alguém tem o soundtrack de ‘Hairspray’?

Ninguém se manifestou.

– Argh! Eu canto sem acompanhamento então...

Eu sabia, por experiência própria que Glister não era a melhor cantora do mundo.

– É um! É dois! É três! É quatro e... Welcome to the 60´s! Oh, Oh, Oh, Ohhhhh... Hey Momma, welcome to the 60´s! Ohohohohoohhhhh, Hey momma, go-go-go!!! Welcome to the 60´s... yeahyeahyeah...! Hey Tracy, Hey Tracy! Look at us! I never seen chicks to hot before...

– Hey, você está pulando partes! E esse final nem consta na letra! – Izzy reclamou.

– Oh, desculpe! Se você sabe as letras melhor que eu, que tal tentar imitar meus sustenidos comigo? – Glister retrucou.

– Olha os bolinhos! – Matilde chegou com uma travessa de cupcakes – Achei melhor trazer um aperitivo junto com o chá...

– Bolinhos?! – Glister exclamou enjoada – Tire eles daqui! Eu não suporto o cheiro e...

Ela não terminou a frase, vomitou dentro da taça prateada, no colo do meu pai.

– Glister! – chamei preocupada.

– MINHA TAÇA! – Minha avó berrou em pânico.

– Ela vomitou em mim, mamãe... – meu pai choramingou.

Glister engueu a cabeça atônita.

– Me desculpem... Eu, me senti mal de repente... Eu, posso comprar outra taça e...

– Você não pode! Essa taça está na família há nove gerações! – minha avó surtou.

– Então lava! – respondi me levantando e indo acudir Glister que tinha lagrimas nos olhos. – Axl, me dá a chave da van, por favor...

– Esperem, vocês não podem ir saindo assim, antes de terminar o serão! – meu avô brigou.

– Ela está mal! – me alterei – E eu não dou a mínima para esses serões estúpidos! Axl, me dá a chave!

– Não, Draffy. Vamos todos, então. – ele decidiu – Vamos passar na farmácia e vocês vêem o que há de errado. Obrigado pelo almoço, Gary.

– É, valeu pela comida... – Duff agradeceu.

– Bela casa... – Izzy completou.

– Ótima decoração. – Steven arrematou.

– Ótima flâmula... – Slash zombou.

– Adeus! – finalizei grosseiramente já saindo com Glister para fora.

Entramos na van e Axl deu partida. Em minutos chegamos na farmácia.

– Nós vamos ficar aqui... – Duff avisou – Nunca se sabe onde pode se ter fotógrafos. Sejam rápidas, ok?

– Certo. Vem, Glister...

Glister desceu, enjoada até a calçada.

– O que você acha que pode ser? – ela pareceu aflita.

– Não sei... Pode ter sido algo que você tenha comido, talvez.

– É... pode ter sido...

Entramos no estabelecimento e eu fui falar com o caixa. Um garoto cheio de espinhas, aparentando dezenove anos no maximo.

– No que posso ajudar a madame? – ele perguntou piscando e me secando descaradamente.

Bufei.

– Minha amiga teve um enjôo repentino.

– Aham... e daí?

– Como assim ‘e daí’, cara? Você trabalha aqui! Devia me dar um remédio, ou qualquer coisa!

– É que estou embriagado com sua beleza...

– Escuta aqui, seu filho da puta... – bati a mão no balcão – Eu estou sem meus cigarros, sem minha vodka e sem minha droga. E estou na TPM. Vai continuar me paquerando e correr o risco de perder as bolas ou vai ser útil e me ajudar? Hein?!

Ele suava frio.

– Vou te ajudar... – gaguejou.

– Boa escolha. Quer que eu repita os sintomas dela?

– Não... Eu só preciso que me responda uma coisa.

– O que?

– Ela ficou enjoada depois de ver alguma comida, ou algo do tipo?

– Bem, só foi ela sentir o cheiro de alguns bolinhos que ela começou a vomitar como uma condenada.

– Oh... – ele balbuciou e se virou para a prateleira, pegando algo.

– O que é isso? – perguntei me deparando com uma espátula de plástico e um potinho.

– Teste de gravidez – o garoto esclareceu – É bem simples de se fazer na realidade. Ela só precisa fazer xixi no potinho e...

– Eu sei como se faz! – o interrompi – Mas... Isso vai deixa-la pirada!

– Bom, pelos sintomas dela, gravidez é o que mais bate... Ouça, se você levar dez desses, eu faço por cinco.

– Por que ela precisaria de dez?

– Bom, sempre tem um que não dá certo, então é bom prevenir. Minha irmã faz isso o tempo todo...

– Ok, então... Quanto que fica ao todo?

– Quinze dólares e cinqüenta centavos.

Entreguei o dinheiro a ele e sai com a sacolinha até a cadeira onde uma Glister esverdeada se encontrava.

– Oi... – ela disse – E então, o que eu tenho?

– Hum... Não sei como te contar isso, mas... Talvez você esteja grávida.

– GRAVIDA?

– Grávida. – confirmei – Comprei dez testes de gravidez, quando chegarmos você faz.

– Mas... Draffy! Eu não posso estar grávida!

– Não temos certeza se você está ou não, por isso precisamos fazer o teste antes.

– Oh Meu Deus... – ela pareceu chocada – Esconda isso, se os meninos perguntarem, eu estou com infecção estomacal.

– Tudo bem. Vamos indo, eles já devem estar impacientes.




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Notas finais do capítulo

Glister grávida?
Fiquem de olho no próximo capitulo... Vou tentar não demorar.
Bjs
Lolis