Glister apresentou uma expressão perturbada o caminho inteiro. Os garotos, desconfiados, até perguntaram o que tinha dentro da sacola, mas eu apenas fiquei em silencio.

Entramos na HellHouse e eu e Glister nos dirigimos ao banheiro, onde montamos nosso quartel – general, também conhecido como pseudo -clinica ginecologista.

– Primeiro, você tem que fazer xixi nesse copinho – a instruí.

– Fala baixo! – ele brigou – Quer que eles ouçam?

– Glister, eles não vão ouvir... – revirei os olhos – Estão todos, bebendo whisky e assistindo a luta livre no ultimo volume...

Ela mordeu os lábios

– Tudo bem. Eu vou fazer o xixi. Mas saia daqui antes!

Sai com cuidado e fechei a porta atrás de mim.

– O que vocês estavam fazendo? – Slash me surpreendeu num abraço por trás.

– Nós? Nada! – respondi nervosa por dois motivos: Ele havia me assustado e mantinha uma garrafa de Jack Daniels junto.

– Nada? Então por que você se assustou?

– Por que não estou acostumada de ser enrolada nos braços de em cara, assim tão de repente. Me dá um pouco?

– Claro... – ele riu malicioso, já se preparando para me beijar.

– Não estou falando disso! Me refiro a Jack Daniels...

– Ah. – ele pareceu desapontado – Não.

– Por que não? – choraminguei.

– Você está proibida.

– Isso não é justo! Me dá!

Pulei como uma condenada para alcançar a garrafa quase vazia, que Slash erguia o mais alto o possível.

– Já vi que vou ter que jogar sujo! – reclamei.

– Ah é? Como? – ele riu.

– Assim... – puxei o seu rosto e o beijei com ferocidade. A inicio, ele não cedeu, ainda de olho no prêmio. Mas não demorou para mim ter o controle da situação.

– Ahá! Peguei! – comemorei erguendo a garrafa.

– O que? Você trapaceou! Me devolve isso, baixinha!

– Não devolvo não! – retruquei mostrando a língua e tomando todo o resto da bebida num gole.

– Como você fez isso? – disse se referindo a minha rapidez em esvaziar o recipiente.

– Anos de técnica... – sorri.

– Acho que achei minha alma gêmea... – ele falou dramaticamente me erguendo do chão bruscamente.

– Hey! Me solta! – briguei.

– Não, isso é por ter roubado minha bebida...

– Slash!

– Não vou soltar...Não vou soltar... – ele cantarolou.

Ri da atitude dele.

– Quer o que em troca da minha liberdade? – provoquei.

– Hum... Deixe – me ver... – ele fingiu pensar – Ah, que tal...

Ele foi interrompido por uma Glister escandalosa.

– DRAFFY! JÁ TERMINEI!

– Já vou! – respondi.

– O que ela já terminou? – ele pareceu curioso.

– Não interessa... E nem ouse contar para ela que eu bebi.

– Você vai se denunciar... – ele deu os ombros.

– Tem razão. Preciso de chiclete...

– DRAFFY!!!!!!!!

– Talvez eu corra o risco... – decidi abrindo a porta do banheiro e trancando em seguida, já que Slash fazia o máximo para espiar.

– Terminei... – Glister disse me mostrando seu potinho com um liquido amarelado dentro.

– Ah, tire isso de perto de mim! – reclamei.

– Desculpe! Espere... Isso é cheiro de Jack Daniels?

– Hã? Não... Por que?

– Por nada... Eu estava sentindo antes, mas depois que você entrou ficou mais forte e... DRAFFY! Você bebeu!

– NÃO! Eu comi um bombom de licor!

– Hum... Não temos bombom de licor.

– Claro que temos. Comprei na farmácia.

– Vendem chocolates na farmácia?

– Bom... Foi o atendente que me deu.

– Ah... Isso explica por que ele estava de olho na sua bunda... – ela concluiu alegremente – E então, por onde começamos?

– Bem, colocamos a espátula no xixi e esperamos. Se nada acontecer, você pode se considerar uma mulher livre. Se aparecer uma fitinha rosa...

– Amo rosa...

– Ai fodeu.

– Como assim?

– Se ficar rosa, mostra que você está prenha.

– Oh Meu Deus!

– É. Rosa é péssimo.

Passamos os cinco minutos mais tensos de nossas vidas, esperando aqueles dez testes confirmarem se minha amiga estava ou não grávida.

– Se for menina, como vai chamar? – tentei anima-la.

– Que tal Madonna?

– Credo, Glister! Que nome horrível!

– Ah é? E qual você sugere?

– Cherrie.

– Não é tão feio... Mas Madonna ainda é minha primeira opção.

– Mas e se for macho?
– Aí é Prince.

– Então não vai ser macho. Vai ser gay.

– O Prince não é gay. É andrógino.

– Quanta diferença... – rolei os olhos.

– É um bom nome, ué!

– Por que você não põe... Jimmy, ou Ringo ou David... ou até mesmo Mick?

– Não. Vai ser Prince.

– Tudo bem então... Olha! Deu o tempo.

– Veja você...

– Certo... Oh não...

– O que foi?

– Parece que a Madonna ou o Prince estão a caminho...

_______________________________________________________________

– Para de chorar, mulher! – me irritei enquanto passava pela quinta vez a caixinha de lenços para ela.

Glister chorava escandalosamente e balbuciava coisas do tipo: ‘Minha vida acabou!’ ou ‘Eu vou ficar gorda...’ e ‘Sou uma irresponsável...’

– É realmente muito lindo você se sentir assim, Glister... – Izzy começou – Mas você precisa aceitar de uma vez por todas. Você está grávida.

– NÃOOOOOOOOO!!!!!! – Glister berrou aos soluços.

Suspirei.

– Glister... Não é o fim do mundo.

– Você diz isso por que não é você que vai ficar gorda e cheia de estrias. E depois ainda vai cuidar do bebê sozinha e...

– Já entendi. Mas você tem a nós...

Ela fungou.

– Eu vou ficar gorda.

Izzy revirou os olhos.

Estamos todos amontoados no sofá, envolta da mais nova ‘mamãe’ do pedaço, que no momento passava por uma terrível crise existencial.

– Você não vai ficar gorda – bufei passando mais um lencinho para ela.

– Vou sim. A maior obesa.

– Oh Meu Deus! Como você pode estar se preocupando com seu corpo? – Steven surtou – Se você nem faz idéia de quem é o pai!

– Tem razão. – apoiei – Você tem que descobrir quem é o pai dessa criança...

Instintivamente olhamos para Duff e Axl, que arregalaram os olhos.

– O que? Eu? – Axl se desesperou.

– Isso aí. E o Duff também! – acusei. Glister cochichou algo no meu ouvido.

– Ah, eu havia me esquecido... – resmunguei – E o meu tio.

– Seu tio, também? – Slash se surpreendeu.

– Longa história... – me limitei a dizer carrancuda – Mais alguém, Glister?

– Eu...eu não sei.

– Por que você não faz uma lista de caras com quem você já transou nas ultimas duas semanas? – Izzy sugeriu.

– É mesmo... Steven, vai pegar papel e caneta! – pedi.

– Por que eu? – ele reclamou.

– Por que eu estou mandando! Vai!

Logo ele voltou armado com uma folha branca e uma caneta preta, brinde da Cervejaria e Churrascaria Vaquinha Assada...

– Vamos lá, tenta lembrar de todos... – Slash provocou.

Glister assuou o nariz e começou a escrever. Em poucos segundos, já tínhamos a bendita lista.

– Deixa eu ver... – peguei o papel – Cruzes!

Caras com quem eu já transei.

Por Ramona ‘Glister’ Carminne Platen

1- Steve Tyler (ótimo com beijos e afins)

2- Brad Johnson (vizinho do 64)

3- Terry Morrat (Garçon do Rainbow)

4- Duff McKagan (idiota que está transando com uma vadia de nome escroto atualmente)

5- Wilson Ferguson (Novo atendente do hotel)

6- P.J. Hunter (Tio gostoso da Draffy)

7- Axl Rose (outro idiota).

– Você me acha um idiota? – Axl de revoltou.

– Acho. – Glister respondeu – Você nem me protegeu daquela maluca aquele dia. Saiu correndo com medo de perder as bolas...

Duff estava calado, obviamente chateado com sua discrição sutil.

– Eu não estou mais saindo com ela, Ramona... – ele explicou aparentemente triste.

Glister o olhou, emocionada.

– Sério? – sorriu jogando a pilha de lenços do seu colo em mim – Oh Duff! Isso é maravilhoso!

Duff sorriu também e os dois se beijaram apaixonadamente.

Eu podia terminar dizendo que eles acabaram felizes para sempre, cavalgando num pônei ao por do sol. Mas não foi assim.

– Ah, Duff! Que bom que você ainda me ama! Espero que você seja o pai do meu bebê!

– Opa! Opa! Opa! Quem falou em bebê, aqui? – Duff se soltou da abraço em pânico – Quero dizer... Você não tem certeza se sou eu, tem?

Glister franziu o cenho, mal-humorada.

– Eu devia esperar mesmo essa reação de você... Não sei por que ainda achei que me amava.

– Mas eu te amo... É que bebês assustam qualquer um.

– Assustam mesmo. – Slash confirmou. Mas diante da cara feia da Glister, resolveu ficar quieto.

– Em uma coisa eu tenho que concordar com o Duff... – me manifestei.

– Até você, Draffy? – Glister se chocou.

– Não, Glister. É que eu acho que devíamos verificar sua listinha melhor, e eliminar alguns ‘itens’ improváveis.

– Fico imaginando quando a Draffy ficar grávida, quantos itens a lista dela vai ter... – Axl zombou.

– Um provavelmente. – Slash respondeu por mim.

– Ouviram ele... – ri – Agora vamos focar na Glister. Me empresta sua listinha novamente?

– Claro. – ela me deu a lista.

– Muito bem. Com quais desses caras você não transa regularmente?

– Hum... Deixe me ver... Com o Tyler, o Brad e o Terry. Com eles, só foi uma vez.

– Ok. Vou riscar eles como improváveis. E agora, com quais dos regulares você não transa há uma semana?

– Com o Wilson. Nos primeiros dias foi bom, mas depois ele começou a ficar entediante e...

– Glister, eu não preciso nem quero saber disto! – a cortei.

– Desculpe... Quais são os candidatos?

– São hilários, pode apostar... – falei sarcástica – Duff McKagan, P.J. Hunter e Axl Rose.

– Merda... – Axl resmungou.

– Eu aposto no Duff... – dei minha opinião – Afinal, você transou com ele mais vezes, não foi?

– Ah sim. Foram umas cinco vezes com ele, duas com o seu tio e mais duas com o Axl.

– Parabéns, Duff.

– Cala a boca, Steven!

– O pior é que só vamos descobrir mesmo quem é o felizardo, quando a criança nascer... – Izzy riu.

– Vai se fácil. Se for loiro e tiver cara de bêbado, é do Duff. Se for ruivo e nervosinho, do Axl. E se tiver um porte superior, do Hunter. – Slash esclareceu.

Rimos.

– HaHa... – Axl riu com escárnio.

– Mas agora, o que temos que fazer é mimar muito a mamãe aqui! – Glister falou metida usando a terceira pessoa.

– Chata... – sorri.

– Acho que vai ser uma menina... – Izzy comentou.

– Não, vai ser um garoto! – Axl entrou no meio.

– Também acho! – concordei – Vai ser baixista ou vocalista?

– Vai ser baterista! – Steven falou cheio de si.

– Não. Guitarrista. – Slash disse.

– Guitarrista vai ser o seu! – Duff encheu – Do jeito que você e a Draffy andam...

– Duff! – ralhei.

– Mas é a verdade... – Izzy acompanhou.

– Argh... Ninguém merece vocês... – revirei os olhos.