Pov Rose

Eu suava frio quando acordei e por mais incrível que pareça, já era dia.

– Bom dia Bela Adormecida – disse Domy ao meu lado com sua voz um tanto infantil. – você foi a primeira a ir pra cama e a ultima acordar. Todos já estão reunidos lá em baixo. E vista isso.

A garota me jogou uma blusa que só pelo tamanho, supus que era aquela que vovó me deu.

E era.

Estava com tanto sono que não briguei com Domy por me fazer usar aquilo. Eu havia dormido mais de 12 horas e ainda queria ficar na cama, eu não entendia aquilo. Vesti o blusão e desci escadas a baixo.

Eu estava com medo daquele sonho e não entendia por que eles voltaram assim sem mais nem menos. Sonhar com Malfoy, com aquela voz que atormentava tanto a mim quanto a ele, não me deixava bem. Meu coração saia pela boca só de lembrar.

Minha cabeça estava cheia de perguntas que eu não sabia se havia respostas.

Perguntei para Albus se ele tinha alguma noticia do amigo, e ele me respondeu:

–Rose Weasley, você me perguntando por noticias do Malfoy? Voce não está bem, está? – perguntou Al colocando a mão em minha testa.

Revireis os olhos tirando a mão do garoto de minha testa. Não era justo eu perguntar pelo Malfoy e as pessoas acharem que o mundo ta acabando. Ou era?

Não sei, só sei que os sonhos não me abandonaram durante aquelas férias de natal.

Certo dia, sonhei que Malfoy estava naquele mesmo lugar, o porão que aquela voz sempre dizia, sentado em uma grande poltrona velha, cheia de poeira, segurando um lindo e sombrio caderno de capa vermelha com o brasão da família Malfoy. Me escondi atrás de estantes perto do garoto, me escondi por medo de Malfoy me ver.

Achei em um dos livros de mamãe que existem vários tipos de sonhos. Os meus se encaixam em dois: Aqueles que vejo a pessoa – no caso o Malfoy – em tempo real. E aqueles que existem só na minha cabeça mas que as pessoas podem participar deles – no caso também, o Malfoy e o cara da loiro da voz estranha.

Naquele sonho eu não sabia que tipo era por isso então me escondi.

De onde estava, era capaz de ver o garoto escrevendo.

Pareceu-me um djavu.

Malfoy escreveu com sua caligrafia bem desenhada:

Olá. Meu nome é Scorpius Malfoy.

A escrita se apagou.

Tanto eu, quanto Malfoy olhamos espantados para o caderno.

Depois de alguns segundos, uma caligrafia parecida com o do garoto escreveu as palavras:

Olá Scorpius. Que bom que você veio.

Eu sabia que não era o garoto loiro que havia escrito aquilo por que a mão dele estava ereta em cima do braço da poltrona. Mas a caligrafia era quase idêntica.

Scorp enxugou o suor em sua testa, respirou fundo e se pôs a escrever novamente.

Tudo em minha volta girou e Scorpius desapareceu.

Eu estava em minha cama, suando frio outra vez. Pensei em mandar uma coruja para o Malfoy, mas dali dois dias eu estava de volta a Hogwarts e poderia perguntar ao Malfoy o que era aquilo.

Pov Scorpius

Quem é você?E o que quer comigo?

Escrevi no caderno.

Minha letra logo sumiu, e no lugar apareceu:

Você sabe quem sou Scorpius, e também sabe o que quero com você.

Fechei o caderno com toda força do mundo.

Passei os dedos pelo brasão de minha família que estava gravado na capa do caderno. Senti um formigamento.

Perguntei-me por que um caderno tão bonito como aquele estava fazendo ali, guardado em um porão e com todas as páginas em branco.

Eu tinha quase certeza que quem estava conversando comigo naquele caderno era o homem dos meus sonhos estranhamente familiar. Mas, sinceramente, eu não sabia o que ele queria comigo.

Uma vez ele me disse em sonhos

“Você será o próximo”

Mas próximo o que?

...

Eu estava de volta a Hogwarts. Segurava em meus braços o caderno vermelho.

Estava no saguão de entrada esperando que Albus chegasse para que fossemos juntos para o dormitório.

Eu não parava de passar a mão pelo brasão da minha família que estava gravado na capa do caderno.

– Scor – escutei Al me chamar. Guardei o caderno em minha mochila rapidamente.

Ele vinha andando, carregando seu malão com uma grande dificuldade e com Rose em suas costas. A Weasley, como uma garota muito inteligente, usava magia para carregar seu malão. Ela estava trajada com os uniformes de Grifinória, e seu cabelo castanho avermelhado parecia cada mais ruivo balançando ao vento.

– O que é isso? – perguntou Al quase sem fôlego quando viu que eu guardara algo.

– Nada – respondi

– O caderno – disse Rose. Ela me olhava como se soubesse de algo. No olhar dela havia um misto de curiosidade e medo. Medo do que eu estava escondendo, medo do caderno... medo de mim.

Senti um calafrio em meu corpo. Enrijeci.

Weasley largou seu malão no chão e correu até mim me dando um abraço.

Não soube o que fazer. Se houvesse mesmo medo de mim, aquilo já havia passado.

Eu estava parado, com Weasley me abraçando. O que eu podia fazer?

Fala sério. Rose Weasley estava me abraçando mesmo?

Sorri sem ver e a abracei também.

– O que era aquilo Scor? – perguntou se afastando de mim.

Olhei para ela não sabendo o que ela queria dizer nem responder. Al olhava para nos fechando um olho, com a boca franzida e a cabeça torta. Ri da cena.

–Isso não é engraçado Malfoy – gritou Weasley me dando um soco no ombro. – Você devia ter mais cuidado com essas coisas que você anda fazendo – disse a garota que saiu machando.

Parei de rir na hora.

– Tudo bem – disse Al – Hoje chove.

Olhei para meu amigo ajudando-o pegar o malão.

– Como?

– Cara, vai dizer que aquilo não é motivo pra chuva?

Sorri.

Às vezes – sempre – eu gostava de ter Al como amigo. Ele é meio “voado”, ou totalmente “voado”, mas isso nele era o mais legal. Até sem ver Albus me fazia rir. Nossos pais foram inimigos no tempo de Hogwarts, mas essas coisas entre eles não afetavam nossa amizade, por que amigos não se compram, se conquista. E eu conquistei a amizade de Albus Potter.

Fomos para o dormitório cada um contando o que teve de mais legal no natal, é fato que não contei para ele o lance do porão e nem do caderno e Al me contou que seu tio Ron falou muito mal do namorado da prima, Nick Jenner, o que me deixou feliz, já que o próprio pai de Rose não gostava do garoto, ficaria mais fácil para mim, não?

Ops! Pensei alto.

– Ela perguntou por você varias vezes. – disse Al quando chegamos ao salão comunal da Sonserina.

– Perguntou?! – Exclamei espantado.

– Praticamente todos os dias.

Senti algo dentro de mim que não sentia a muito tempo. Ou melhor, nunca havia sentindo algo como aquilo. Rose perguntou por mim... era surreal.

Eu estava parecendo bobo, olhando o horizonte da sala comunal com os olhos brilhando, com a boca seca, com o coração saindo do meu corpo, vendo luzes que não existe e Al estava... ah! Fala sério. Al estava rindo de mim.

Dei um tapa na cabeça dele.

– A próxima vez que menti pra mim você me paga, ok? – subi as escadas para o dormitório enquanto Al vinha atrás de mim dizendo:

– Eu não menti! Ela perguntou por você um milhão e duzentas vezes... Scorpius, acredita em mim...

Parei de escutar a voz de Albus quando vi Hermes, minha coruja, em cima de minha cama com um pergaminho amarrado em seu pé. Desamarrei o pergaminho e nele estava escrita com uma caligrafia bem pequena.

Me encontre no sétimo andar em frente a tapeçaria dos trasgos dançando balé, amanhã depois do horário de porções. RW

RW vocês já devem saber o que é. E qualquer um ser apaixonado da face da Terra, seja bruxo ou não, sabe o que eu senti agora.