POV SCORPIUS

– Isso é muito estranho. – dizia Albus depois de um longo e constrangedor minuto.

– Sim – concordou a Weasley que estava sentada de frente para mim na biblioteca.

Albus insistiu tanto para que eu e Rose Weasley conversássemos sobre a tal serpente na borra de café que estava nas nossas xícaras. Eu disse um milhão de vezes para meu amigo que não precisava incomodar a prima por causa de um surto da professora de Adivinhção.

– É coisa atoa. – dizia a Weasley.

– Não é não – interpôs Albus – Meu pai uma vez saiu com um sinistro na borra de café, e realmente dias depois ele encontrou um sinistro...

–... que era Sirius Black – disse eu e Rose em uníssono. Albus sempre contava as historias de seu pai para nós, e bem, podíamos dizer que sabíamos todas as historias de cor e salteado.

– Então, vai que essa historia de serpente seja verd...

– Não é verdade, Albus. – interrompeu Rose se levantando da mesa – isso é perca de tempo, não é Scorpius?

Olhei para Albus que me fitava esperando que eu concordas...

Espera ai.

Qual a ultima vez que a Weasley me chamou de Scor ou Scorpius ou algo do tipo?

Espera ai outra vez.

Ela me chamou de Scorpius mesmo?

Sim, ela me chamou pelo meu nome, eu não estava com problema de audição. E a ultima vez que me chamou pelo nome foi naqueles malditos sonhos que tínhamos um com o outro.

– Odeio concordar com você, Weasley, mas é, com certeza, uma perca de tempo.

Albus revirou os olhos.

– Caramba! Por que não confiam em mim pelo menos uma vez?

Abri a boca, mas nada saiu. Por que não confiávamos no Albus mesmo?

Olhei para Rose. Ela balançou a cabeça.

– Cansei desse papo de serpente e borras de café e de xícaras e de tudo isso que vocês estão falando. Deu pra entender?

– Sente-se Weasley, vamos ouvir o que Albus tem a dizer.

Rose fez que não. Olhou para Albus e depois para mim.

– Tudo bem, diga Al. – disse sentando em sua cadeira.

– Lembra dos sonhos?

Weasley e eu suspiramos.

– Isso é passado.

– Eram apenas sonhos.

Dissemos no mesmo momento.

–Não sonhamos um com o outro desde... não sei, só sei que nunca mais sonhei com o Malfoy. E você? – perguntou Rose olhando para mim.

O que aconteceu com o Scorpius que Rose havia me chamando minutos antes?

– Graças a Merlin, nunca mais tive o desprazer de vê-la em meus sonhos Rose Weasley. – disse.

– Vou procurar por Nick – disse Rose saindo da biblioteca.

– Vou procurar por Nick – imitei a garota usando uma voz fina e fazendo uma careta quando ela virou as costas.

– Poxa, ela nem deixou terminar – resmungou Al.

Natal.

Eu até gosto de natal. Gosto de reunir a família, tudo bem que a minha não é tão grande quanto à de Albus, mas mesmo assim, é legal quando ficamos todos juntos, em paz.

As comidas que Madame Cathy, nossa cozinheira, faz para o natal consegue ser melhor do que as de Hogwarts.

E os presentes?

Bom, quando era criança contava os dias para o papai Noel vim a minha casa e me deixar várias coisas, como vassoura nova, uma caixa cheia de varinhas de alcaçuz, e várias outros doces e brinquedos, eu contava os dias para que chegasse esse dia, até que, era véspera de Natal, eu devia ter uns nove ou oito anos, Belly estava em casa, tinha discutido com mamãe, falei para minha prima não brigar com mamãe se não o papai Noel não iria te dar presentes, e sem que percebesse, Annabelly me falou papai Noel não existe. Chorei pensando que no dia seguinte não haveria nenhum presente em minha cama.

Annabelly me pediu desculpas de joelho e disse que não deveria chorar por causa disso, por que meu pai que sempre me dava os presentes.

Tudo bem, passada a fase, não ligava tanto pros presentes, e eles até diminuíram com o tempo.

É natal. Belly tinha trago Teddy para jantar com a gente. Havanna veio com os pais e só, acabaram os convidados, apenas eu mamãe, papai e vó Cissa.

Fizemos uma troca de presente, Havy me deu um CD de uma nova banda de rock que aparecerá em Londres.

– Mas não deixe seu pai saber – cochichou em meu ouvido.

Dei uma piscadela para minha prima que sorriu.

– Como vai a família Teddy? – perguntou papai.

– Está ótima, senhor. Vamos ganhar mais um membro na família. – disse – além de Belly – parou para dar um beijo na testa da namorada – Melanie Logbottom foi pedida em casamento por James.

Senti Havy se enrijecer ao meu lado. Peguei em sua mão e senti um gelo percorrer meu corpo.

– Mas James é tão novo – comentou vovó – tem a idade de Havanna.

– Também acho senhora, mas fazer o que se os dois são apaixonados desde sempre.

Olhei para Havy que controlava para segurar as lagrimas que brotavam em seu rosto.

– James é um tanto maroto como o avô e como Harry também – continuou Teddy – mas depois que começou a namorar com Mel, ele melhorou muito, podem acreditar.

– E pra quando é o casamento?

Havy se levantou da mesa. Pediu licença um tanto desajeitada e correu para fora da mansão. Ninguem alem de mim percebeu o que havia acontecido. Me levantei para ir atrás de minha prima quando escutei Teddy falar que iam espera a Logbottom terminar Hogwarts, o que dizia que ainda iria demorar três anos, sendo que a garota ainda estava no quinto ano.

– Viu Scor? James vai se casar com Melanie. Casar. Entendeu? – falou Havy tentando procurar bastante ar para seus pulmões.

– Eu sei Havy. Mas ainda vai demorar. Eles podem, sei lá, se desentender...

– Como Scorp? Os dois de amam desde quando me entendo por gente, a última coisa que eles fariam na vida era brigarem.

– Você não sabe o que pode acontecer... Talvez, não sei...

Senti meu corpo ficar mole. Perder o chão.

Procurei algo para apoiar, mas nada tinha. Cai com um baque surdo no chão, escutei que Havy dizia algo, mas não conseguia compreender suas palavras.

Tudo ficou preto.

Nada via, mas agora pude escutar.

“Aproveite Scorpius, você está em sua casa, vá até o porão”

– O quê? – Disse em voz alta.

Tudo voltará ao normal. Havy a minha frente perguntando se estava bem.

Menti falando que sim.

As palavras ecoavam em minha mente. Eu sabia que conhecia aquela voz.

Eu precisava saber o que tanto havia no porão.

Deixei Havanna para trás correndo em direção ao porão que tanto me atormentava.

POV ROSE

– Pelas barbas de Merlin – exclamou Lily – James casar? Eu estou ouvindo coisas, estou?

– Não Lily – Albus balançou a cabeça com a cara descontente.

– Quero nosso James de volta – disse Roxy – sabem aquele que fazia travessuras de cinco em cindo minutos.

Estavam quase todos os netos da família Weasley no jardim da Toca comentando sobre o assunto do dia, James e Mel iriam se casar. Eu não sei por que estava triste, por meu primo estar se casando ou por minha melhor amiga estar se casando.

Ainda bem que demoraria mais três anos.

– O que será que o diretor Logbottom deve está achando disso? – perguntou Lucy

– Pensei que ele iria encarar isso como o Apocalipse. – comentou Roxy – Já que o diretor “odeia” o James.

– Não acho que ele “odeia” James, mas é que Mel é sua única filha – respondi.

– Só imagino a cena – disse Fred se levantando – James na frente do diretor com as pernas bambissimas assim – Fred fez como falou – “Se-se-senhor, con-con-conceda a m-mão de su-sua filha...” – meu primo nem terminou de imitar James e os outros já estavam rindo. Eu não agüentei e comecei rir da situação. Era mesmo inacreditável que James havia pedido a mão de Melanie ao Sr. Neville.

– Crianças, o jantar está servido – gritou vovó da porta da frente.

Era natal e como todo ano, os homens da família montavam uma grande tenda do lado da casa para que puséssemos acomodar.

Já era noite e todos da família estavam presentes. Não vou falar o nome da cada um por que, poxa, isso cansa.

– O que será que há com a Victorie? – perguntou Al observando nossa prima mais velha que estava com a cara fechada.

– Vai saber. Essa ai nasceu com cara de quem comeu e não gostou.

Muitos falavam do assunto do dia. Outros só queriam saber de comer, como meu lindo irmãozinho Hugo. Outros falavam sobre seus trabalhos. E bom, os assuntos eram bem diversificado na grande mesa.

– Por que não trouxe seu namorado, Rose? – perguntou tia Gina. Senti minhas bochechas avermelharem. Bom, eu não sabia por que não havia convidado Nick.

– O tal do Jane? – perguntou papai.

– Jenner, pai – corrigi.

– Jenner – falou – não me lembro de nenhum Jenner em Hogwarts.

– O pai dele estudou em Durmstrang, Rony – falou mamãe.

Poxa vida. Agora o assunto era eu e meu namorado. Eu não merecia isso. Merecia?

– Podia namorar com um cara de uma família que a gente conhecesse, não acha querida. Talvez o filho do Thomas ou do Malfoy.

– Malfoy – ri balançando a cabeça – o senhor está sonhando, não está papai?

As pessoas presentes começaram a discutir quem seria o par perfeito para mim como se eu participasse de um daqueles realities shows para arrumar namorado, Thomas ou Malfoy. Roxy ficou um tanto irritada quando falaram que Thomas seria um bom partido pra mim e eu fiquei um tanto irritada ao ver como a conversa tava ficando chata.

Levantei-me e fui em direção ao antigo quarto de papai. Antes que pudesse ver, eu já estava dormindo, e sonhando.

Eu estava em uma grande casa. Era noite e a neblina cobria grande parte do lugar.

Assustei-me com um vulto que vi correndo. Depois de passado o susto, corri atrás da sombra negra.

Era um garoto. Não podia ver seu rosto nem nada. Ele desceu umas escadas e entrou por uma porta. Pude ouvi-lo gritando.

“O que há de tão importante nesse porão?”

Eu conhecia aquela voz.

É claro que conhecia...