Saímos do banheiro onde ficava a murta que geme, íamos juntos a um corredor onde nos separaríamos e cada um seguiria para seu salão comunal. Mantínhamos um silêncio agradável entre nós e nenhum sentia necessidade alguma de falar algo.

      A poucos metros do local onde cada um seguiria uma direção, ouvi uma voz gritando por mim. Logo atrás de nos, vi meu irmão Hugo correndo até mim.

      - Ro – disse ofegante colocando as mãos nos joelhos – Tio Harry... procurando... vocês. – terminou com dificuldade.

      Achei estranho. Uma coisa era o tio Harry  procurar por mim, outra era procurar por mim e por Scorpius juntos. Olhei para Scorpius que estudava meu irmão com curiosidade.

      - Parece que é sobre a morte de Mel – explicou Hugo – E Elena também está lá.

      Uma corrente elétrica atravessou meu corpo ao ouvir as palavras de Hugo. No rosto de Scorpius,sua  expressão era de susto e... medo. Medo por que Elena não era flor que se cheire, e se eu conhecia bem aquela garota, ela poderia jogar a culpa do assassinato de Mel em Scorpius.

      - Se quiserem, posso dizer ao tio Harry que não encontrei vocês – disse Hugo enquanto eu e Scorpius mantínhamos calados.

      - Não – respondeu Scorpius pegando minha mão – Vamos ter que enfrentar isso mais cedo ou mais tarde.

      Chegando a sala do diretor – que agora era a sala do meu tio – encontramos meu tio, dois homens do ministério que pareciam mais dois guardas costas de filmes trouxas americanos e, como Hugo já tinha dito, Elena também se encontrava ali.

      Elena e tio Harry olharam para minha mão entrelaçada na de Scorpius e Elena fez cara de nojo, tio Harry fingiu que não via nada e com um aceno na cabeça, indicou para que nos sentássemos. Havia três cadeiras à frente a do meu tio. Elena, propositalmente, estava sentada na do meio. Sentei-me ao seu lado esquerdo e olhei para Scor desejando que não ficássemos tão longe daquele jeito.

- Tio, aconteceu alguma coisa? – quebrei o silêncio que pairava no ar.

      - Sim Rose. Peço que me conte o que aconteceu no dia em que a menina Longbottom se foi.

      - Mas já te contei essa história varias vezes...

      - Então não faz mal contar mais uma vez.

      Respirei fundo e me pus a contar novamente o que havia acontecido. Quando terminei, disse:

      - O senhor e os caras do ministério viram minhas memórias, sabem que não estou mentindo.

      Sem dar nenhuma importância para o que eu tinha dito, meu tio pediu para que Elena contasse sua versão. Antes de começar, ela lançou um olhar para Scorpius como se pedisse desculpas.

      - Diretor, contando toda essa história, espero que meu castigo seja menos. Eu confesso que errei, mas me arrependo completamente.

      - Prossiga – pediu Harry.

      - Eu mais Scorpius estávamos praticando Artes das Trevas aqui em Hogwarts.

      Harry abriu a boca para dizer alguma coisa. Ele alternava o olhar entre Elena e Scorpius o tempo todo louco para ouvir uma história que, ao meu ponto de vista, era mentirosa.

      - Deixe que eu termine senhor diretor. Juro que essa não era minha intenção. Por mais que eu seja filha e neta de quem eu sou, eu não pretendia usar Magia das Trevas aqui. Eu nunca sonhei em aprendê-las. -“Mentirosa”. Tive vontade de falar. Elena Parkinson nunca sonhou em aprender Artes das Trevas? Rá, rá, conta outra. Permaneci em silêncio só para ver onde isso tudo ia dar.

- Mas Scorpius praticamente me obrigou a aprender com ele. – senti meu sangue subir a cabeça e pelo modo que Scor agitava na cadeira, pude sentir que ele sentia o mesmo.

      - Já que está aqui, por que não conta a verdade Elena? – disse Scorpius com indiferença na voz.

      - É  o que estou fazendo Scorpius – respondeu Elena se fazendo de desentendida – Pois então, continuando. Naquele dia, eu e Scor estávamos indo praticar no banheiro. Eu não queria ir, mas ele me obrigou àquilo. Eu não sabia sobre os planos dele, juro pelas barbas de Merlin que não sabia, por que se eu soubesse, nunca teria ido. Depois de alguns minutos que estávamos lá, Melanie apareceu e Scorpius não pensou duas vezes antes de lançar o feitiço da morte naquela pobre garota.

Pov 3º pessoa

      Harry analisava cada um dos presentes na sala. Os homens do ministério estavam em duvidas se esperavam um comando de Harry ou se já pegavam Scorpius e o levava para Askaban. Rose parecia prestes a chorar, ou vomitar, ou os dois juntos.

      Scorpius fitava Elena tentando entender o que estava acontecendo ali. E Elena tinha um ar de satisfação que só Rose notava.

      - Sinto muito Scor, mas eu tinha que contar a verdade.

      - Mentirosa – gritou Rose ficando de pé.

      - Rose, se acalme – pediu Harry num tom calmo.

      - Não tio. Ela está mentindo, não vê?

      - Você não estava lá Weasley – retorquiu Elena – Você mesma disse isso há poucos minutos.

      - Ela tem razão Rose – disse Scorpius. Rose não esperava ouvi-lo naquele momento, não era o que ela esperava – Fui eu – admitiu Scor se levantando.

      - Não – gritou Rose novamente – Eu não acredito em você Elena. E Scorpius ‘tá mentindo para Elena se livrar das acusações. Mas não foi Scorpius.

      - Rose, desculpe te magoar, mas menti para você. Fui eu. Foi eu o tempo todo.

      Rose chorava e não tinha vergonha de fazer isso com a garota que mais odiava a sua frente e nem com pessoas de alto escalão do ministério como seu tio e os outros caras. Ela não queria acreditar. Depois de tanto tempo brigando consigo mesma na questão de acreditar ou não que Scorpius teria matado sua melhor amiga, ela decidiu acreditar que ele não havia feito aquilo, mas depois de ouvir as palavras vindas de sua boca, ela começava a travar outra briga consigo mesma. Apesar do diabinho em seu ombro esquerdo gritar “Ele é sim o culpado, idiota” o anjinho no seu ombro esquerdo sussurrava “Veja nos olhos dele, ele não tem culpa de nada”.

      - O senhor não poderia ver as memórias deles? Eles estão mentindo.

      - Memórias podem ser alteradas Rose – respondeu Harry com um pouco de dó no olhar.      Naquele instante, ele não sabia o que fazer. Poderia sim recolher memórias dos dois. Mas como havia dito, algumas memórias dos bruxos podem ser alteradas. Harry já tinha visto isso há muito tempo atrás, mas, pessoas que praticavam Artes das Trevas, poderia facilmente mudar as memórias sem que ninguém percebesse o erro. – Principalmente por praticantes de Artes das Trevas – completou.

      - Mas se o senhor quiser ver as minhas senhor. – ouviram uma voz entrar na sala.

      - O que você está fazendo aqui? – ralhou Elena.

      - Vim fazer o que é certo.  - Edward colocou a ponta de sua varinha em sua têmpora e tirou de lá uma memória. – Não sou praticante de Artes das Trevas como minha irmã e Scorpius.      Então acho que, mesmo querendo mudar essa memória, o senhor perceberia o erro.

      - Edward, não é preciso fazer isso... – levantou-se Elena fazendo cara de irmãzinha mais velha querendo ajudar o irmãozinho mais novo – Harry já sabe toda a verdade.

      Rose olhava para Ed sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo, por diabos, o que será que aquele garoto estava fazendo ali? Harry fazia a mesma pergunta, já Scorpius e Elena pareciam saber o que o garoto fazia ali.

      - Mas se não se importa, gostaria de ver essa pequena lembrança – Harry foi onde Ed e       Elena estavam e pegou da mão do garoto sua varinha. Pegou a penseira em um armário e jogou o fragmento ali. Segundos depois, foi puxado para um dos corredores de Hogwarts.

-x-

      - Tem certeza que é a letra de sua irmã? – Harry escutou a voz de sua filha mais nova.

      - Tenho certeza que é dela Lily.

      Estavam Lily e Ed sentados em um dos corredores da escola, o sol se punha lá fora e Lily segurava um pequeno bilhete na mão.

      - Me encontre hoje ás oito no banheiro feminino. – leu Ed – Isso não é uma boa coisa. Não vindo de minha irmã.

      A lembrança mudou e Harry viu Ed dentro de uma das repartições do banheiro feminino escutando uma conversa.

      - Prepare a varinha Scor, e quando eu disser você lança o feitiço. – disse uma voz. Harry reconheceu sendo a de Elena.

      - Que feitiço? – disse uma segunda. Scorpius.

      - O que se divide a alma, o que te deixa pronto para fazer a Horcrux. – respondeu Elena.

      - Você ficou lou...

      - Lily não, Lily. Por favor Lily, tenha ficado em seu quarto.

      - O que você está fazendo aqui? – ouviu Elena dizer.

      - Droga – praguejou Ed. - Por que você veio Lily.

      Ed e Harry escutou Elena gritar um “AGORA SCORPIUS!” e sem pensar duas vezes Ed saiu do repartimento do banheiro. Scorpius estava de costas para ele em sua frente e sem saber o teria que fazer em seguida, murmurou:

      - Avada Kedrava.

      Scorpius estava de costas para Ed, mas Mel não. Mel viu o que Ed tinha acabado de fazer e sem pensar duas vezes, empurrou o garoto no chão antes que o feitiço pudesse chegar nela, e em questão de segundos, Mel e Scorpius estavam no chão. Mas ao contrario de Scorpius, Melanie não respirava.