- Você tem certeza disso? - perguntei com a voz rouca. Depois de prometer um para o outro que tudo ficaria bem, Rose me mostrou o caderno vermelho que estava com ela e me contou que Havy tinha trocado aquele caderno por um parecido e depois me dito como poderia destruí-lo.

Rose assentiu e peguei o caderno de suas mãos e indo em direção ao esqueleto de basilisco que se encontrava nos fundos da câmara secreta. Senti Rose me seguindo e em seguida disse:

- Você tem que ser forte. Meus pais e meu tio me contaram que o pedaço de alma preso dentro da Horcrux, sempre vai querer brincar com você, leva-lo para um estado em que você deixa de querer destruí-lo.

- Eu sempre esqueço que você vem de uma família de heróis. – ri.

Rose sorriu e revirou os olhos.

- Estou falando serio Malfoy.

- Eu também – sorri tirando um dente de basilisco. Olhei para Rose com o semblante serio – Você vai ficar comigo?

- Sempre – respondeu – Lembra-se do elo? Ele diz que tenho que ficar pelo resto dos meus dias, ou até você ser salvo.

- Mas destruindo essa Horcrux, vou estar livre do cara por trás do caderno, vou estar salvo, não?

- Acho que não – disse preocupada – tem muita coisa em jogo ainda, como quem matou Mel, mas isso não importa agora. – Ela tirou o caderno de minhas mãos e o abriu no chão – Eu vou estar com você. Sempre.

Sorri para ela. Peguei o dente do basilisco com as duas mãos pronto para fincar na Horcrux. Respirei fundo, e quando eu estava a poucos centímetros do objeto, ele começou a se mexer. Lembrei-me do que Rose disse “O pedaço de alma preso dentro da Horcrux, sempre vai querer brincar com você, leva-lo para um estado em que você deixa de querer destruí-lo.” E em seguida, vi um homem de cabelos longos, lisos e loiros que usava um sobre tudo preto e um cajado na mão. Eu conhecia aquele homem de algum lugar...

- É o homem dos sonhos – sussurrou Rose atrás de mim. Mas não era só dos sonhos que eu o conhecia, era de outro lugar.

- Scorpius – disse o homem com uma voz rouca – Scorpius Hyperion Malfoy, não acredito no que estava prestes a fazer – ele lançou um olhar e fixou logo atrás de mim. Um alerta dentro de mim se acendeu. Rose. Ele não ia fazer mal pra ela, ia?

- Ora, ora, cabelos vermelhos, vestes de segunda mão – riu o homem – só pode ser uma Weasley. Eu simplesmente adorava quando meu filho dizia isso à rale de sua família.

- Quem é você? – me vi dizendo – Quem você pensa que é pra falar isso de minha namorada?

- Scor – ouvi a voz de Rose mais perto de mim – ele é seu avô Lucius. Seu pai era o único que fazia esse tipo de piada com minha família.

- Não. Não pode ser – retorquir.

- É claro que pode ser.

- Não acredito que minha avó foi casada com um homem feito você...

- Ela também era uma comensal. Ela também era aliada ao Lorde Voldemort. Mas ao contrario dela, eu continuei fiel ao meu lorde mesmo depois de sua morte e de minha morte. Fiquei encarregado de trazer o horror a terra novamente. Não só o horror, mas limpar nossa raça bruxa, como nosso lorde queria. E quase consegui se não fosse por essa ai – disse apontando para Rose. Fazia frio ali, e queria acabar logo com aquilo. Coloquei o dente de basilisco acima de minha cabeça, pronto para atacar, mas meu avô voltou a falar antes que eu pudesse atacar.

- Sabia que por esse caderno ai você pode me trazer de volta a vida? Claro que não seria a mesma coisa, mas eu estaria ai, junto com vocês. Narcisa iria ficar muito feliz em ter seu marido de volta. Um família unida outra vez.

Onde estava a imagem do homem, apareceu minha avó Ciça ao lado do meu avó, sorrindo e dizendo em uma voz distante “Obrigada Scor querido por trazer Lucius de volta. Foi a melhor coisa que você já me fez”. Ela estava feliz, mais feliz do que eu já tinha vida em vida. Percebi que a tristeza que minha avó trazia no olhar naqueles anos, não era pelo peso da idade, mas a falta de alguém. A falta de meu avô Lucius.

E se eu trouxesse meu avô de volta? A felicidade nos olhos de vó Ciça voltaria?

Lembrei em um dia que minha avó disse algo do tipo que a vida só valia a pena por que um dia ela acabaria, e que o melhor lugar para aquelas pessoas que já foram, era qualquer outro lugar, menos o lugar onde eles estiveram em vida.

- Scor, lembre-se do que eu te disse. – disse Rose me tirando do transe.

- Desculpa vovô,mas acho que já acostumamos viver sem você. Pode ficar só nas lembranças, obrigado. Mas tá na hora de você ir para junto do seu lorde. Sei que agiu esse tempo tentando me usar a mando de você sabe quem, mas o plano de você não deu certo. O mundo está bem melhor sem aquele caos total, tenho certeza que vovó concordaria comigo. Se fosse para você voltar para trazer tudo de volta, é melhor ficar onde está.

Sem pensar duas vezes, cravei o dente de basilisco no meio do caderno. Ouvi um grito angustiante vindo dele, mas não soltei o dente enquanto o barulho não cessou.

- Scorp – Rose estava ajoelhada ao meu lado. Seus braços se envolveram em mim e ela sussurrou:

- Acabou.

- Ele era meu avô. Meu próprio avô me usando para me tornar um mestre das travas.

- Esta tudo bem agora. Você vai mexer com magia das trevas só se você quiser. E eu sei que você não vai querer.

Suspirei fundo e disse depositando um beijo em sua testa:

- Obrigado, obrigado por tudo.