Os dias em Hogwarts estavam passando cada vez mais devagar. Já se passava quase três semanas da morte de Mel e nada ainda tinha sido resolvido. O pessoal do ministérios não tinham nenhuma pista de quem era o assassino. Eles chegaram até interrogar a Murta Que Geme, mas aquele fantasma idiota não estava no local na hora do crime. Mas de uma coisa eles tinham certeza: era alguém de Hogwarts.

- Por que se fosse alguém de fora, como teria entrado em Hogwarts? – disse o diretor Potter em um discurso no café da manhã – E peço que alguém que souber de alguma coisa, entre em contato conosco. Não precisa deixar seu nome, um bilhete anônimo será bem vindo. Mas só se tiverem certeza disto. Não queremos incriminar alguém inocente.

Elena chutou minha canela por debaixo da mesa e depois apontou na direção de Havanna. A garota olhava fixamente para Rose na mesa da Grifinória e Rose também olhava para Havy.

- Parece que elas estão conversando com o olhar – murmurei.

- Parece não. Elas estão se comunicando com o olhar. Elas sabem de alguma coisa.

Mordi o lábio inferior. Eu tinha certeza de que Rose sabia, porém tinha ficado calada esse tempo todo, o porquê eu não sabia. E por esse tempo todo também, ela não me dirigia o olhar, muito menos a palavra.

- Temos que ficar de olhar em Havanna. – finalizou Elena voltando a atenção para o diretor.

- Felizmente, os ataques aos trouxas fora de Hogwarts deram uma grande diminuída e estamos recebendo alguns alunos de volta já que os “cabeças duras” dos pais – Potter fez com se fosse aspas com os dedos – viram que Hogwarts é bem mais seguro do que lá fora. – disse com um sorriso no rosto. – Não é McLugan?

Uma menina loira da Corvinal abaixou a cabeça enquanto uns amigos de casa riam dela. Pude perceber que ela ficava mais rosa quando os olhares dos alunos de outras casas olhavam para ela.

- Ainda vamos acabar com a alegria desse Potter. – murmurou Elena outra vez.

- Vamos? – franzi o cenho. Elena assentiu.

Bufei.

- Pensei que isso estivesse acabado.

- Não. – disse me passando o caderno vermelho por debaixo da mesa.

Há vários dias eu tinha esquecido a existência daquele caderno. Eu não queria mais vê-lo e não o tinha visto. Claro que tinha um motivo, estava com Elena. Coloquei-o na minha mochila e voltei à atenção mais uma vez para o diretor.

Estava sentado em frente à lareira do salão comunal da Sonserina olhando o fogo crepitar nela. O sol estava quase se pondo, mas não havia ninguém no salão. Eu estava tentando encontrar uma forma de concertar os meus erros. Principalmente encontrar uma formar de ter Rose de volta.

Eu estava com aquele caderno em minhas mãos e relatava cada detalhe daqueles últimos dias. Eu sabia que não era a melhor coisa para se fazer já que Elena tinha acesso ao caderno e que a pessoa por trás dele queria que eu me afastasse cada vez mais de Rose. Mas eu precisava contar para alguém. Pensei em contar para Albus, mas meu amigo era cabeça de vento demais e não entenderia o que eu estava passando. Ed era tão cabeça de vento quanto Al. Pensei em conversar com Havanna também, mas ela parecia estar do lado de Rose depois dos olhares que trocaram naquele dia. Então resolvi fazer do caderno um diário. E relatei tudo, desde o dia em que Mel morreu até os dias de hoje. Cada sentimento que eu senti por Rose. A noite em que passamos juntos na torre de Astrologia, tudo. E espera ver a pessoa por detrás do caderno falando que eu era um irresponsável, que não deveria fugir do meu caminho, que eu deveria ser fiel as artes das trevas do que a uma mestiça como Rose, mas quando terminei de escrever, as palavras continuaram ali, intactas, como se eu tivesse escrito em um caderno normal. Tinham algo de errado. Aquele não era o caderno que encontrei no porão de minha casa.

Pov Rose

- Você tem certeza disso? – perguntou Havanna para mim que assenti – Esse caderno é uma Horcrux? – assenti novamente. – Meu Merlin! Quando o substitui por outro caderno, eu pensei que era apenas um diário de Elena e Scorpius onde os dois contavam o que estava acontecendo.

- Estava certa Havy, eles contam o que está acontecendo, mas o caderno absorve as palavras e forma outras. Como... Como se estivesse conversando com eles.

- E como você sabe disso tudo?

- Eu vi isso em um sonho.

- Ah, claro. Sonhos... – disse pensativa.

- Sonhos – repeti também pensativa.

Eu estava com saudades de sonhar com Scorpius. Aqueles sonhos bobos que a gente tinha quando éramos mais novos. Aqueles que mostravam que nossas almas tinham uma ligação. Lembrei-me do livro que falava sobre elos de simpatia e que dizia que, se as almas um dia se encontrassem, elas iam ficar juntas até que o Salvador fizesse seu dever e o Salvado estivesse bem. Então a ficha que demorou vários dias para cair, acabara de cair bem no meu colo.

Eu era a única pessoa que poderia salvar Scorpius.

- Que ódio Rose – disse Havy me tirando dos meus devaneios – Quando eu peguei esse caderno – disse levantando o caderno em sua mão – eu tinha certeza que iríamos encontrar uma prova boa para incriminar Elena...

- Mas junto iríamos incriminar Scor, e a gente não quer isso, lembra?

- Eu não sei se quero mais isso Rose. – disse me pegando de surpresa.

Balancei a cabeça. Eu não podia acreditar. Havanna estava mesmo deixando de ajudar Scorp?

- Você tinha prometido que...

- Eu sei Rose. Eu tinha prometido que iria encontrar uma formar de ajudar Scorp mesmo sabendo que ele pode ser o culpado, mas... Por que ficar encontrando provas se a gente já sabe que foi ele e Elena? Você não sabe o quanto James ainda está sofrendo...

- Desculpa Havy, mas eu sei sim o quanto Jay está sofrendo. Ele é meu primo e eu o conheço muito bem, da mesma forma que você e Scorp são primos e você o conhece. Você deveria pensar que, ajudando Scorp, você vai tá ajudando James também...

- Você está errada. Eu amo James, eu quero que ele fique bem logo. E ele ficara bem só quando descobrir quem matou a namorada dele. Afinal, vou fazer isso agora.

Havanna virou as costas para mim indo em direção a escola. Peguei eu seu braço não a deixando ir.

- Do mesmo jeito que você ama James, eu amo Scorpius – soltei o braço de Havy. Meus olhos encheram d’água ao dizer aquilo.  Pela primeira vez eu admitia em voz alta que amava Scor – E do mesmo jeito que você quer James bem, eu quero Scorpius. E isso só vai acontecer quando o verdadeiro culpado for encontrado. Não sei você, mas lá no fundo, uma voz me diz que eu estou certa em encontrar uma forma de livrar Scorp disso. – dei alguns passos a frente de Havy e me virei enxugando as lágrimas – você me disse uma vez que podia ter confiança em você, eu ainda tenho. Então peço que não diga nada a James, eu sei que você o ama e ficaria feliz se vocês ficassem juntos um dia, mas espere mais alguns dias, por favor.

Eu ia andando em direção ao castelo tentando segurar as lagrimas que queriam sair dos meus olhos quando ouvi a voz de Havanna logo atrás.

- Tome – disse-me entregando o caderno – Você sabe o que fazer com ele. E pode continuar confiando em mim – terminou com um meio sorriso.

Suspirei pelo centésima vez desde quando eu estava na porta do salão comunal da Sonserina e não chegava nem saia ninguém daquele lugar. Eu precisava muito falar com Scorpius e aquele momento parecia mais distante a cada minuto que se passava. Escondi o caderno no cós da minha sala e fiquei andando de um lado para outro até eu ver a porta se abrindo. Finalmente, pensei sorrindo. Me virei na direção da porta e vi uma garota de cabelos negros e olhos negros me fitando. Meu Merlin, não poderia ser outra pessoa?

Passei minha mão nas minhas costas onde estava o caderno e dei graças a Merlin por te-lo escondido.

- Weasley – disse com indiferença.

- McGraw – disse no mesmo tom percebendo a reação que eu esperava.

Elena suspirou revirando os olhos.

- O que você veio fazer aqui?

- Preciso falar com Scorpius.

- Ele não está.

- Eu não acredito – rebati.

- Fique sem acreditar então – deu de ombros saindo do rumo da porta.

- Você não me engana Elena.

- Tá bom, tá bom – levantou os braços em rendição – Ele está ai, mas a porta já passou. Você precisa descobrir a senha e entrar, por que se estiver pensando que vou chama-lo para você, pode ir tirando seu unicórnio da chuva. – disse com um sorriso de desdém.

- Obrigada Elena, mas não estava falando disso.

- Ah é? Problema seu, não quero ouvir. – disse virando as costas.

- Eu sei que foi você quem matou Mel.

Elena parou subitamente e virou-se para mim. Ela estava mais branca do que devia e percebi um pouco de suor em sua testa.

- Você não sabe de nada Weasley, está só supondo isso tudo. Por que será isso ein? Por que sou a nova namorada de Scorpius e você quer fazer de tudo para nos separar, não é isso?

Não acredite nela. – disse uma voz dentro de mim. Sem que percebesse, lágrimas estavam tomando conta dos meus olhos novamente. E se ela estivesse falando a verdade?

- Oun, te fiz chorar, foi bebê? – falou Elena com voz de choro e fazendo bico – Desculpa – deu de ombros se virando mais uma vez.

Fiquei vendo Elena ir embora e depois me sentei no chão e me pus a chorar. Chorar por tudo, por Mel, por James, por Havanna, por mim... Por Scorpius. Por não saber como ajuda-lo, por não encontrar a forma certa de fazer isso. Por ser eu a única pessoa que pode salvá-lo.

Senti braços me abraçando e me vi deixando as lágrimas saírem cada vez mais, e não me importava quem fosse a pessoa que me segurando em seus braços, eu só queria libertar todos os sentimentos guardados dentro de mim. Aqueles que estavam me matando a pouquinhos.

- Vai ficar tudo bem – ouvi uma voz conhecida.

Me afastei para olhar aquela pessoa e vi que era  Scorpius com os olhos vermelhos. Ele estava chorando junto comigo. Limpei uma ultima lagrima que caía do seu rosto e murmurei o abraçando.

- É claro que vai ficar tudo bem.