Pov Havanna

Sem que percebesse, lágrimas estavam inundando meus olhos. Eu me sentia péssima mesmo não tendo culpa em nada. Eu amava James, isso era um fato, mas o fato de Mel ter morrido não solucionava meus problemas, na verdade, piorava.

É claro que eu ficava super abalada por James estar namorando e depois noivo de Mel, eu queria que eles se separassem de alguma forma para eu pelo menos tentar ter uma chance com James, mas essa maneira de separação era a pior. E, ao levar pelos meus pensamentos, tudo iria pior se eles fossem verdade.

A maneira como Elena agia era um tanto suspeita, por que ela não foi ao jardim quando estávamos dando um ultimo adeus a Mel? Não era pelo fato dela odia-la, por que Mel era uma das pessoas que eu menos gostava em Hogwarts, mas mesmo assim eu compareci ao seu funeral. E por que aquele pequeno sorriso em seu rosto de Elena quando leu o jornal? Ela fez de tudo para que não suspeitássemos, mas a mim ela não engana. Nem o Malfoy.

Os pensamentos dele estavam distantes demais. E eu tinha a impressão de que não tinha nada haver com Rose. Ou será que tinha? Mel era a melhor amiga de Rose, e Scorpius como seu namorado, deveria ficar ao seu lado na cerimônia daquele dia, mas não estava. Alguma coisa tinha acontecido entre aqueles dois. Só faltaria saber o que.

– Olhe para onde anda. – escutei alguém dizer quando trombei com ele no corredor perdidas em meus pensamentos.

Levantei os olhos e vi que era James com seus cabelos desarrumados e olhos vermelhos.

– Desculpe James, eu não estava te vendo.

– Percebi – disse rude.

Ele ia saindo quando tive uma ideia.

– Potter. – chamei.

James virou para mim com um olhar descrente que dizia “O que foi agora?”.

– Será que você poderia me levar até o salão comunal da Grifinória? Preciso falar com Rose.

Aquela era uma boa deixa. Eu precisava falar sim com Rose, mas aproveitei... vocês sabem, pra poder ficar um pouco mais com James, mesmo que ele não quisesse.

– Siga-me os bons - deu de ombros.

Sorri por dentro.

Queria falar alguma coisa para quebrar aquele silencio constrangedor, mas não queria tocar no nome de Mel. Falar sobre as aulas não seria um bom assunto, então deixei que o silencio nos guiasse, até que fui pega de surpresa ao ouvir a voz de James.

– O que quer com Rose? Vocês não parecem amigas.

– Não somos amigas. Mas... Preciso mesmo falar com ela.

– Tudo bem – deu de ombros outra vez – Não precisa falar. Deve ser um daqueles segredinhos de garotas.

Olhei para James, ele me olhava também e estampava um lindo sorriso maroto no seu rosto. Tive que sorrir também e aproveitei para falar.

– Você parece melhor. – me arrependi logo em seguida. Aquele sorriso sumiu em um instante e ele abaixou a cabeça.

– Tenho que me acostumar.

– Er.

– Chegamos – paramos em frente a um retrato de uma mulher gorda que pediu a senha – Quer entrar ou vai esperar Rose aqui fora?

– Melhor esperar aqui. Grifinorios não gostam muito de Sonserinos.

– Tem razão – ele me deu um pequeno sorriso torto – Vou chama-la. Até mais Havanna.

James atravessou o retrato e fiquei ali esperando. Impressão minha ou James sabia o meu nome? Batia na minha testa. É claro que ele sabia. Estudamos juntos desde o primeiro ano. Já eram seis anos de convivência, mesmo ele não dando bola pra mim, pelo menos meu nome ele sabia.

Passados alguns minutos, Rose saiu pelo retrato me olhando espantada.

– Aconteceu alguma coisa?

Pov Rose

Lily me olhava espantada.

– Era para ser eu. – repetiu.

– Mas por quê?

– Vingança? – deduziu Lily.

– Ei – James abriu a porta do meu dormitório – Havanna Parkinson espera por você lá em baixo.

– Havanna? – perguntou Lily e eu em uníssono.

James assentiu e fechou a porta.

– O que ela quer com você? – perguntou Lily.

– É uma boa pergunta. Vou ver o que ela quer e já volto, ok?

Dei um beijo na testa de minha prima.

– Não se preocupe.

Havanna estava andando de um lado pro outro no corredor com as mãos cruzando em frente o peito.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei. Não sabia se essa era a pergunta certa, mas surtiu efeito.

– Acho que sim Rose. Será que podemos conversar em algum lugar onde ninguém possa escutar.

Saímos do castelo. O sol estava se pondo e ventava forte.

– O que foi? – perguntei mais uma vez.

– Rose, eu não tenho certeza, mas acho que sei quem fez aquilo com Mel.

Meu coração deu um pulo e jurei que ele sairia da minha boca.

– Quem? – perguntei rouca.

Havanna olhou para os lados para se certificar de que não havia ninguém ali.

– Eu tenho medo de que eu esteja certa.

– Quem? – perguntei impaciente. Será que ela desconfiava da mesma pessoa que eu?

– Scor – sussurrou o mais baixo que pode.

Fechei os olhos e senti uma lagrima escorrendo.

– Por que veio me contar isso?

– Não sei. Tive essa ideia quando vi James andando sozinho pelos corredores da escola e vocês têm aqueles sonhos...

Oh meu Merlin! Ela sabia dos sonhos!

Assenti.

Eu tinha tantas perguntas para fazer agora para Havanna que não sabia pelo qual começar.

– Como você sabe dos sonhos?

– Você sabe que eu Scorpius somos primos. Minha mãe e a mãe dele são irmãs. – explicou - E um dia eu estava na casa dele quando o escutei conversando com Annabelly sobre o assunto. Eu era muito nova e ainda não conhecia o elo de simpatia...

– Você também sabe sobre o elo de simpatia?

– Sim. Não sou inteligente como você, mas sou curiosa e pesquisei sobre o assunto e descobri.

Assenti outra vez em concordância. Havanna sabia muito quanto eu.

– Então por isso me procurou.

– Acho que sim – deu de ombros.

– E por que acha que foi Scorpius que tirou a vida de Mel?

– Ele anda agindo estranho desde o que aconteceu. Naquele dia ele apareceu no salão comunal com Elena e ele estava praticamente roxo. Seria medo ou algo parecido, imagino. Depois toda vez que alguém toca no assunto ela não diz nada. Hoje eu disse que achava que sabia quem era o culpado e vi que ele ficou nervoso quando ouviu isso. Ele e Elena. Na verdade eu falei isso só para testa-los.

Suspirei e fechei os olhos. Havanna também achava que era Scorpius...

– E como vocês tem o elo, pensei que pudesse ter visto alguma coisa. – o tom de Havanna foi abaixando à medida que ia finalizando a frase.

Eu podia confiar naquela garota a minha frente?

Parecendo que leu meus pensamentos ela disse:

– Pode confiar em mim. Eu quero o bem de Scorpius tanto quanto você. Se eu penso que ele é culpado, eu quero é livrar a cara dele e não coloca-lo em um lugar como Askaban.

Fiz uma promessa e mim mesma, eu iria confiar em Havanna, mas se algo de ruim acontecesse ao Scorpius por nossa causa, eu iria pedir alguém para me torturar até a morte.

– Havy – por que eu a chamei daquele jeito? – eu vi algo naquela noite. – Contei para Havanna sobre o lampejo verde e depois encontrei Mel morta.

– Esse lampejo... Scorpius... Digo, você acha que Scorpius lançou aquele feitiço nela?

Assenti descrente.

– Não creio. – Havy levou as mãos no cabelo loiro. – Não pode ser.

Ela chorava, senti vontade de fazer o mesmo.

A cada minuto que passava, eu tinha cada vez mais certeza que eu estava certa. Ainda mais depois que Scorpius praticamente confessou o crime naquele mesmo dia na casa dos gritos.

– E tem outra coisa. Era para ser Lily.

Havanna me estudou. Coloquei a mão no bolso tirando o pequeno pergaminho que Lily me dera mais cedo e entreguei para Havy.

– Lily recebeu esse bilhete.

Havanna o abriu e arregalou os olhos.

– Eu conheço essa letra. – terminou com espanto.