- De certa forma fui culpado. Se Mel não tivesse me empurrado, era para eu estar morto e não ela – contei a Rose. Depois que Harry viu as lembranças de Ed na penseira e tomou sua conclusão, pediu para que eu, Rose e os caras do ministério deixasse sua sala. Desde então, eu e Rose estávamos sentados no corredor, perto da gárgula e não esperei ela perguntar para contar a verdade. Ela chorava quando saímos da sala do diretor, mas a medida que eu contava, suas lágrimas iam secando.

- Não acredito que Edward queria te matar.

- Ele queria salvar Lily. Ele achou que era Lily que estava ali. Que eu iria mata-la. Mas ele estava errado duas vezes. Primeiro: não era Lily, era Mel. Segundo: eu não iria matar ninguém, nem Mel, nem Lily, nem ninguém que aparecesse ali.

- Mas se Ed não tivesse aparecido ninguém iria morrer.

- Você está culpando Ed.

- Ele é culpado Scor.

Eu não iria mais discutir, a ultima coisa que eu queria naquele momento era brigar com Rose. Ficamos em silencio por alguns minutos até ela voltar a falar:

- Por que Elena mentiu?

- Acho que para livrar seu irmão.

- Mas ela gosta de você. Por que iria culpa-lo? Você iria viver londe dela para sempre. Ela nunca teria uma chance.

- De toda forma, ela não teria uma chance, Rose. Você sabe por que. – Rose sorriu e beijou meus lábios levemente.

- O que vai acontecer depois? – perguntou.

- Não sei. Depende do seu tio. Felizmente os poucos ataques aos trouxas foram controlados lá fora. Não provocamos tanta baderna quanto Elena queria. Acho que tanto eu, quanto Elena e Ed vamos receber o castigo que merecemos.

- Mas você não teve culpa.

- Mas pratiquei Artes das Trevas aqui dentro.

- Mesmo assim – insistiu Rose.

Edward foi julgado pelo ministério e foi absorvido da sentença. Segundo o júri, Ed estava agindo sobre pressão e Harry depôs em seu favor dizendo que o que Ed fez foi para salvar a vida de sua namorada, vulgo filha de Harry. Ed não teve culpa, nunca tinha usado um feitiço daquele, nem como animais como eu e sua irmã.

Elena e eu também fomos julgados, mas te uma maneira diferente da de Ed. Harry não contou que ela insistia que eu lançasse o feitiço em Lily, então o único crime dela foi praticar Artes das Trevas na escola, tanto quanto eu. Tivemos nossas varinhas apreendidas até o fim dos estudos podendo usa-las apenas em algumas aulas.

Eu não tinha raiva. Nem dela, nem do seu irmão.

Depois daqueles episódios, parece que fizeram uma lavagem cerebral em Elena. Ela já aceitava quando a chamavam de “McGraw” e não ficava mais naquele de “Você é sangue puro. Você é sangue ruim” e blá blá.

Diz ela que a conversa que teve com o diretor Harry a ajudou muito. Que apesar de sua família tê-lo odiado um dia, ele era uma boa pessoa e a fez ver a vida com os olhos de um bruxo comum, e não um bruxo movido a ressentimentos do passado, cheios de magoas e rancor. E afinal, ele depôs a favor do seu irmão e omitiu alguns fatos para ajuda-la. E ela iria agradecer, e seu modo de agradecimento era sendo uma pessoa melhor.

Já eu... bom, viver sem uma varinha é uma droga, mas eu errei. Tudo bem que algumas vezes Elena quase me obrigou a fazer o que fazemos, mas sou grande o suficiente para dizer se quero ir ou não e se eu fui, eu sabia o que estava arranjando.

Agora vivemos uma vida normal. Sem caderno vermelho, sem meu avô entrando em meus sonhos, sem Artes das Trevas, sem nada para nos atrapalhar.

Rose cumpriu sua missão com o elo de simpatia. Ficou comigo aqui que eu estivesse salvo, e ficaria comigo o tempo que fosse necessário. Agora, tudo estava bem.

Pov Rose

Sim, tudo estava bem. Melhor impossível.

Lily estava feliz. É fato que ela já sabia que foi Ed, seu namorado, que matará Mel. Mas ela também sabia que foi para salva-la. A única coisa que nenhuma de nos sabia, era por que Elena queria que ela tivesse naquele banheiro no dia que Mel se foi. Segundo minhas teorias, era para mata-la, por que Elena não aprovava que seu irmão namorasse uma mestiça, mas eu não tinha provas disso, e se isso fosse realmente verdade, essa ânsia de Elena já havia passado, por que nem ofensas ela dirigia mais a mim e a minha família.

Dentro de Hogwarts, meia dúzia sabiam a verdade de tudo aquilo. E fora da escola, apenas o pessoal do Ministério e a família Parkinson. Tudo foi mantido em sigilo pelo bem de Ed e da escola. Tio Harry contou a verdade ao ex-diretor Logbotton que na hora queria matar Edward, mas meu tio contou que Mel morreu para salvar Scorpius e Neville ficou um pouco orgulhoso disso apesar da saudades que sentia da filha.

Ninguém contou a James, e nem precisava. Com dificuldades, Jay ia tocando a vida pela frente. Muitas vezes ele falava de Mel, mas sempre com um sorriso maroto no rosto. E agora ele tinha uma amizade com Havanna. Eu não sabia se eles estavam tendo algum romance, mas eu super apoiaria se isso acontecesse.

E Roxy... minha prima estava apaixona – como sempre – só que agora por Otávio Wood, filho do famoso jogador de quadribol Olívio Wood. Otávio era um cara legal, jogador igual o pai e estudioso. E ele dava muita atenção a Roxanne e eu tinha impressão que ele também gostava dela.

Era a ultima semana de aula e na semana anterior tínhamos feito os N.O.M’s. Eu, particularmente, acho que me sai bem. E para comemorar o fim do ano letivo, teríamos uma baile de despedida.

Uma coisa que eu nunca imaginaria, estava acontecendo ali. Roxanne tinha trocado seu suéter que vovó deu para ela de natal com um grande “R” no meio por um vestido. Tinha deixado para lá seus cabelos desarrumados e agora eles estavam presos com uma linda tiara e tinha tirado seus tênis all star por uma sandália de salto.

Lily estava se arrumando no mesmo quarto que a gente, e ela também estava linda, enquanto eu nem sabia o que vestir, até que Elena – sim, Elena – atravessou o salão comunal da Grifinoria e foi até meu quarto para me emprestar um vestido.

- É para comprovar que não guardo magoas de você. E espero que você também não.

Quando ela saiu, fiz um monte de feitiços para ver se ela tinha jogado algum, mas perdi meu tempo atoa. Elena podia estar tentando ser gentil, mas eu ainda não conseguia confiar nela.

- Ela está sem varinha, lembra? – sussurrou Lily.

- Eu sei Lils, mas ela podia ter pego a de alguém.

Vesti o vestido azul claro de Elena e coloquei meus cabelos de lado. Lily e Roxy fizeram uma maquiagem de leve em meu rosto e quando olhei no espelho, vi que eu me parecia com mamãe. Eu estava linda.

A musica já estava alta e vários alunos estavam dançando uma rock no salão principal. Avistei Albus dançando estranhamente com as mãos para cima com uma garota da Corvinal, Beta McLugan ai algo do tipo. Também vi Otávio que ao avistar Roxy veio até a gente e a puxou para dançar. A musica mudou para uma lenta e os casais começaram a dançar juntos um ao outro. Al e Beta já estavam se beijando, e perto deles, vi Jay e Havanna fazendo o mesmo. Sorri comigo mesma. Eles estavam felizes.

Eu e Lily estávamos paradas no meio de vários casais dançando e se beijando, parecendo duas trouxas assistindo um filme de romance.

- Me concede essa dança? – perguntou Scorpius a mim e Ed à Lily em uníssono.

Era bom vê-los juntos. Era bom de saber que Scor não guardava rancor do amigo que tentou mata-lo e bom saber que eu também não devia guardar rancor nenhum.

Scorpius estava lindo. Ele não se arrumara tanto, mas com seus cabelos recém-cortados e bagunçados com gel e seus olhos tão azuis cor de safira, ele já estava lindo o suficiente para mim.

- Você está linda – ele elogiou enquanto dançávamos.

- Foi Elena que me emprestou esse vestido. Só não sei o porquê.

- Elena mudou. Ela só quer ser dua amiga.

- Duvido.

- Shii – fez colocando o seu dedo indicador sobre meus lábios – Sem Elena, sem caderno, sem meu avô, seu preocupação. Tudo acabou a meses, se lembra? Tudo está bem.

- Eu sei – disse encostando a cabeça em seu ombro – Viu como todo mundo está bem? Al e McLugan. Jay e Havanna. Ed e Lily...

- Eu e você – completou. Não pude deixar de olhar em seus olhos e sorri – Tudo tão perfeito. – Scorpius selou meus lábios com deles.

Dançamos pelo resto da noite, e depois de anunciarem que Grifinória era a campeã das casas daquele ano, voltamos a dançar. Era novamente uma musica lenta, e eu e Scorpius dançávamos grudados um ao outro quando ele disse:

- Eu tinha certeza.

- O que?

- Desde a primeira vez que a vi em meus sonhos, eu já sabia que era o amor da minha vida. Que era para sempre.

- Sempre foi para sempre. – respondi.

Ao entrar de férias, eu e Scorpius fomos ao cemitério trouxa onde estava o corpo de Mel. Cada um levou um buque de flores com um bilhete. Mesmo sabendo que ela não iria ler, de alguma forma em seu outro plano, ela saberia o que queríamos dizer.

No bilhete de Scorp estava escrito “Mel, obrigado por salvar minha vida” e no meu estava “Mel, obrigada por salvar o amor da minha vida, te amo”.

Havia acabado. Scorpius estava salvo e eu havia cumprido minha missão de salvar Scorpius.

Tudo estava bem.

FIM