A primavera tinha chegado e as flores já tomavam conta dos jardins da escola. Algumas semanas tinham se passado desde aquele sonho que tive com o Malfoy. Ele me disse que aquilo realmente não tinha acontecido e resolvei acreditar, mesmo estando com medo de estar errada.

Eu e Scorpius fomos salvos da detenção por causa do meu pequeno acidente. Scorp achou isso a pior coisa do mundo já que evitaria que nos encontrássemos. Claro que fiquei um pouco chateada, mas precisava estudas mais.

Os NOM’s estavam se aproximando, e por isso, eu ficava quase o dia todo na biblioteca com Lily. Ela não iria fazer a prova aquele ano, mas gostava de me fazer companhia já que nenhuns dos meus amigos queriam estudar. E sempre tirávamos uns 30 minutos para procurar pelo livro que falava do tal do elo que Hugo havia me dito.

- Não é possível que você não se lembre de onde achou isso Lily.

- Tenho certeza que é por aqui.

- Voce disse isso pelos últimos 15 dias.

- Agora eu tenho certeza Ro, está por aqui – respondeu do alto de uma escada – e eu já te contei que o Ed...

- Chega Lily, não aguento mais você falar desse tal de Ed.

Lily e Edward McGraw estavam ficando há alguns dias, isso tudo com a ajuda de Al. Quando Roxanne soube, quase lançou a terceira guerra mundial e em questão de minutos estava conformada e caindo de amores pelo Otávio Wood, capitão do time da Grifinória. Sempre achei incrível o modo como ela troca de paixonite igual troca de roupa.

- Achei – gritou Lily descendo a escada – eu disse que não estava por aqui.

Peguei o livro de sua mão. Um pequeno livro amarelo com a capa cheia de flores, intitulado “As magias desconhecida dos bruxos” de Kamanda Trisokomy.

- Nunca ouvi falar dela.

- Nem eu. Só achei a capa bonita e comecei a ler. Pronto Ro, missão comprida. Já esta na hora de encontrar meu príncipe.

Já no meu dormitório, comecei a ler o tal livro, mas minha mente vagava entre as palavras e senti uma enorme vontade de me encontrar com Scorpius. Pensei em procurá-lo, mas, quanto mais rápido eu lesse aquele livro, mais rápido eu poderia encontra-lo, então voltei a lê-lo.

No livro dizia, que nos tempos antigos, os grande deuses do Olimpo usavam um modo de se comunicarem através dos sonhos, isso passando para seus filhos deuses e semi-deuses, e esses passando também para seus descendente. Ok. Isso fazia sentindo. Mas o que os bruxos tinham haver é que eu não entendia, só se meus pais fossem descendentes desses deuses, o que a faz uma alternativa falsa.

Também dizia que, nos sonhos entramos num universo paralelo - já sabia - e que os sonhos podem ser reais. Lembro-me do tio Harry me dizer que o antigo diretor de Hogwarts, o grande Albus Dumbledore, havia dito uma vez que não é por que está acontecendo em sua cabeça que não signifique que não seja verdadeiro. Eu concordava plenamente já que eu sonhava com Scorpius e a maioria das vezes era mesmo verdade.

Da ultima vez, eu havia visto Scorp praticando artes das trevas junto com Elena num lugar desconhecido. Provavelmente era dentro da escola, mas por eu estar cansada demais, e com aquelas coisas que aconteceram na floresta proibida, talvez eu estivesse apenas com medo de perder Scorpius para as trevas e sonhei, já que ele jurou de pé junto que nada daquilo aconteceu.

Existia mais um opção: uma das duas pessoas que contem os sonhos, pode ter feito uma magia para poder saber o que a outra faz, ou para pedir ajuda se tivesse em perigo, mas claro, as duas pessoas teriam que saber dessa magia e tinha um ritual completo e perigoso. Essa opção era nítida que não era verdadeira.

Quando eu estava quase caindo no sono, achei o que procurei por quase toda vida: duas almas, uma destinada a salvar a outra, nasciam com o elo de simpatia. Essa pessoa era chamada de Salvador, e a que recebia o ato, era o Salvado (nomes dado por Kamanda). Como essas pessoas eram escolhidas, o livro não retratava, mas dizia que, se essas almas um dia se encontrassem, elas iam ficar juntas até que o Salvador fizesse seu dever e o Salvado estivesse bem. Isso poderia durar um dia ou uma vida.

Parei e fiquei olhando para o nada absorvendo cada palavra que eu havia acabado de ler.

Então eu era a Salvadora e o Scorpius o Salvado. E nossas almas estavam entrelaçadas até o fim da vida ou até quando Scorp tivesse em perigo, e minha missão era salvar Scorp das artes das trevas. E eu, somente eu e apenas eu, era capaz de fazer isso.

Pov Scorpius

- Certo – disse-me Elena com convicção – Está combinado então Scorpius.

- Ainda não sei se...

- Sabe sim Scor – Elena alterou o tom de voz chamando a atenção de alguns alunos da Sonserina que estavam no salão comunal naquele momento, logo voltando à conversa para um mero sussurro. – É claro que sabe. A gente já sabe como fazer a... Hm... Você sabe.

Naqueles últimos dias, tivemos várias “reuniões” com o cara do diário. E ele disse exatamente o que deveríamos fazer para construir uma Horcrux. Elena tem a teoria de que ele, a pessoa por trás do caderno, havia se cansado de esperar nós mesmos encontrar a maneira certa, então, se pós logo a nos contar. E, em minha opinião, o primeiro passo era o mais difícil.

Deveríamos dividir nossa alma, a para isso tínhamos que matar alguém.

Só de pensar nessa possibilidade, eu sentia um arrepio percorrer minha espinha.

Eu ainda não tinha certeza de que isso seria o certo, mas me sentia um covarde de ver que Elena tinha mais coragem do que eu e que estava disposta a fazer tudo para ser uma comensal da morte, por assim dizer.

Ás vezes, eu tinha a impressão que o cara do caderno estava errado, que Elena seria a próxima Milade das Trevas, e não eu, como ele insistia a dizer.

- Rose te espera lá fora – ouvi Albus entrando no salão comunal e vi Elena revirar os olhos.

- Espero que ela não estrague nossos planos Scorpius.

- A coisa tá ficando séria em Malfoy? – brincou Albus dando um leve empurrão no meu ombro quando passei ao seu lado. Dei um sorriso maroto pro meu amigo e fui em direção a saída – Cuide bem da minha prima, ok?

Ri novamente. Vi Rose encostada na parede segurando um pequeno livro na sua mão. Isso nem era novidade quando de tratava de Rose Weasley. Ela estava com a cabeça baixa fazendo de seus cabelos uma grande cascata ruiva.

- Hey – chamei-a assustando.

- Pensei que iria demorar mais. Sabe, Al é um tanto lento. – Sorriu e sorri ao ver seu sorriso.

Antes que pudesse pensar outra coisa, peguei-a em seus braços e lhe dei um beijo. Rose logo se afastou colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Preciso falar com você. É serio. É sobre os sonhos.

Revirei os olhos. Tinha quase certeza de que Albus havia enchido a cabeça de Rose com aquela história. Já havia um bom tempo que ele não falava no assunto, mas pelo jeito, voltou a falar até conseguir convencer a prima.

- Pensei que Albus tinha esquecido essa história.

- Não foi Al. – ela parou por um segundo antes de disser – Apesar dele ter um pouco de razão quando falava sobre eles. Ainda não tinha feito essa ligação.

- Do que você está falando?

Rose suspirou pegando a minha mão e me carregando para fora da escola. Sentamos no chão, perto do salgueiro lutador, onde não havia nenhum sinal de alunos, ela começou a narrar uma história muito sem nexo sobre um tal de elo de simpatia.

Ela era dona de um olhar sério, mesmo que eu tentasse lhe fazer sorrir, ela curvava apenas o canto da boca em um meio sorriso. Quando lhe perguntei o que estava acontecendo, ela me disse que tinha a impressão de está sendo vigiada.

- Desde quando saímos do salão comunal.

- Isso que dá ficar lendo essas coisas de elo ai.

- Não tem graça Malfoy.

- Eu sei que não. – meu tom era sério, e soava desse jeito mesmo que eu não quisesse. – Prossiga.

- E bom, lembra que Albus vivia falando que a serpente da borra de café da aula de adivinhação teria alguma coisa haver com os sonhos?

- Lembro, mas isso não faz nenhum sentido.

- É claro que faz Scorpius. – gritou. Ela olhou para os lados como se estivesse conferindo que estávamos sozinhos ali. - Pense bem. – voltou ao seu tom normal, ainda olhando para os lados - Primeiro, sonhamos um com o outro mesmo sem nos conhecer. Isso já é um sinal que nascemos com o elo, é fui destinada a te salvar. Entende? – Na verdade não entendia. Por que uma garota, pela qual sempre fui apaixonada, teria que me salvar?

- Não né. Eu já poderia esperar isso, mas, continuando: - Rose olhou para os lados mais uma vez - Na profecia lá da aula de adivinhação, a professora disse que se duas pessoas saíssem com a serpente, ela iria se orgulhar disso, no caso, nós dois.

- Pensei que não gostasse da aula de adivinhação – ri mexendo no seu cabelo. Ela me ignorou completamente e continuou.

- E isso faz ligação com os sonhos. O cara que aparece neles, certamente era um comensal, e a marca negra, é exatamente uma serpente saindo da boca de um crânio...

- ... e é o símbolo da Sonserina...

- ... e evidentemente Sonserina era a casa do maior bruxo das artes das trevas, ou seja, lorde Voldemort.

Assenti em concordância e disse em seguida:

- E o que isso tem haver com a gente?

- Malfoy – disse se levantando – é só juntar as peças. Mas vou resumir tudo. – Rose dizia lentamente e sussurrando - Eu posso ver o que você está fazendo, e eu posso te ajudar. Você querendo ou não, mas eu posso. E é essa a minha missão e eu não vou desistir, enquanto eu não a tiver cumprido.

Não sei por que, mas quando Rose se virou me deixando sozinho perto do salgueiro lutador, tive a mesma sensação que ela, a sensação de estar sendo vigiado.