Eu não estava com ciúmes. Aquilo não era ciúmes. Não podia ser ciúme. Era raiva. Muita raiva. Demorei tanto para criar coragem de escrever aquele maldito bilhete e agora Puff... nada. Meu plano de ajudar Scorpius fora por água abaixo por culpa de Roxanne.

Eu não conseguia entender por que ela fizera aquilo. Além de prima, sou uma de suas melhores amiga. O que me custava dizer que estava interessada no Malfoy? E com certeza, Albus sabia que seu amiguinho estava apaixonado pela patinha feia de Hogwarts. Belos primos que tenho, não? Ficam escondendo as coisas de mim. Deixa-os.

Fui para a biblioteca disposta a estudar pros NOM's. Faltava exatamente 227 dias para a prova e ainda eu tinha que revisar runas, aritmancia, DCAT, poções, historia da magia... Enfim, os NOM's estava batendo na porta do meu dormitório e ainda não tinha estudado nada.

Passei o resto do dia na biblioteca sozinha. Aliás, eu e meus livros. Por sorte tirei Malfoy e Roxanne da cabeça, mas infelizmente peguei no sono. Eu simplesmente odiava quando isso acontecia. Pegar no sono quando estava aprimorando meus conhecimentos, estava no topo da lista de "coisas que odeio fazer". Já parou pra pensar que eu poderia ter lido dez paginas de um livro em uma hora que eu estava dormindo? É muito desperdício para mim.

Nesse meu cochilo na biblioteca, sonhei com nojento do Malfoy. Nele, ele estava em seu dormitório com Albus, assim que o moreno saiu do quarto, Malfoy pegou aquele caderno e escreveu algo nele do qual eu não pude ver. Tentei chegar mais perto da cama que ver melhor, mas as imagens de distorceram como se eu estivesse mergulhado nas lembranças de alguém dentro de uma penseira. Eu nunca havia feito isso na vida, mas tio Harry nos contava muito sobre isso e distingui e poderia ser parecido ou igual.

Tudo ficou negro de uma hora para outra. Maldita curiosidade que me fez entrar nessa treva. Por que ainda teimava ajudar Malfoy? Senti um medo percorrer o meu corpo e tudo que eu queria era acordar.

Ouvi alguém me chamando e cutucando meu ombro. Abri os olhos assustada e aliviada ao mesmo tempo. Eu havia saído daquela escuridão graças a Merlin ou graças a...

– Albus? - ao meu lado havia um lampião pairado sozinho no ar. Eu tinha certeza que era meu primo em uma das suas tentativas de me assustar se escondendo em sua capa da invisibilidade. - Você não me assusta mais. - ri me levantando e puxando a capa para baixo. Para minha surpresa, não era Albus, era...

– Malfoy! - disse o garoto com um sorriso no rosto ao ver minha expressão de surpresa.

– O que está fazendo aqui com a capa do Al? Está com medo de que as pessoas façam chacota por você ter sido visto com a patinha feia de Hogwarts? - disse com sorriso sarcástico no rosto.

– Você não contou para ninguém contou? - nos olhos do Malfoy, havia uma mistura de medo e vergonha.

– Se senti tanta vergonha disso, por que fica com ela então?

– Eu não fico com ela! - exclamou.

– Shii! - fez Madame Pince em sua mesa. - Senhor Malfoy e Senhorita Weasley, guardem seus livros, por favor. Não quero mais nenhum aluno aqui nos próximos 30 minutos - disse a anciã com uma expressão severa.

– Podia ter me mandado um bilhete dizendo que já tinha um encontro marcado depois do horário de poções e que não queria se encontrar comigo. E não era nada disso que você estava pensando - disse eu pegando os livros que estavam dispostos em cima da mesa e levando cada um para seu devido lugar.

– Mas...

– Mas pelo jeito queria que alguém visse que você está saindo com Roxy.

– Eu. Não. Estou. Saindo. Com. Ela. - disse pausadamente como se eu fosse lerda e não entendesse o que eu já havia entendido. Lerdo era ele que não observava que eu estava brincando com a cara dele. - Espera ai - disse Malfoy pousando sua mão em meu ombro. Senti aquele arrepio que sentia toda vez que a pele dele encostava-se à minha. - Foi você que mandou o bilhete?

– Quem mais seria? - disse seria olhando profundamente nos olhos do Malfoy. Eu parecia esta hipnotizada. Não conseguia mexer um músculo que seja do meu corpo. Sua mão ainda estava pausada em meu ombro, e sem que percebesse, ele estava cada vez mais próximo de mim. Malfoy não me respondia e isso me deixava um pouco - totalmente - sem jeito.

Pov Scorpius

É claro que não respondia. Eu não conseguia responder. Me diz, como eu poderia pensar em alguma resposta para a Weasley tendo um par de olhos totalmente azuis a minha frente? Um par de olhos impnotizantes.

Ficamos olhando um nos olhos do outro por vários, longos, e intermináveis segundos. Quando fui dar por mim, a mão que estava no ombro da Weasley, agora estava em seu rosto lhe fazendo carinho. Fechei os olhos tentando gravar em minha mente a suavidade de sua pele em minha mão e o formigamento que tal gesto causara. Meu coração batia tão forte que estava a um passo de saltar pela boca. E de alguma forma eu sabia que o dela também. Suas bochechas eram donas de um tom avermelhando que todos os Weasley tinha quando estavam envergonhados ou coisa do tipo.

Passei a mão livre pelos cabelos da Weasley me aproximando cada fez mais. Pousei suas mão ao redor de minha cintura e a puxei para mim. Rose fechou os olhos e eu fiz o mesmo. Eu só podia ouvir o som de nossa respiração e de...

– Já guardaram os livros? - interrompeu Madame Pince. Rose se soltou de mim num pulo e eu... eu continuei ali, imóvel. Desejando voltar no tempo e ter beijado a Weasley antes da bibliotecaria aparecer. Será que ainda havia vira-tempo em Hogwarts? Seria uma boa se eu tivesse um.

– Já... já guardamos os livros... não é Malfoy? - disse Rose mais vermelha do que eu nunca tinha visto na vida. Sai do meu devaneio balançando a cabeça positivamente para Madame Pince. Rose foi em direção a porta da biblioteca e eu a segui pegando a capa do Al que eu havia deixado no chão.

– E da próxima vez não namorem em minha biblioteca - gritou Madame Pince quando saiamos em direção a um lugar desconhecido.

A Weasley continuava vermelha como uma pimenta e saia na minha frente dando largas passadas.

– Você é doido - gruiu ela.

– Você também queria me beijar. - disse segurando em seu ombro em uma tentativa fracassada de fazer-lhe parar de andar. Ela se virou com sua varinha na mão e disse entre dentes:

– Fique longe de mim se não eu te estuporo agora.– Soltei seu ombro deixando ir novamente.

– Por que não assume que gosta de mim? - disse quase correndo atrás da Weasley.

– Eu não gosto de você.

– Como me explica ter perguntado por mim várias vezes nas férias, ter escrevido um bilhete querendo me encontrar e ter quase me beijado na biblioteca agora? - ao me ouvir, Rose parou de uma vez apontando sua varinha para mim.

– Tudo por causa daquele maldito caderno vermelho.

Droga! Eu havia esquecido o real motivo que eu tinha ido a biblioteca. Pesquisar sobre aquela coisa que o caderno havia pedido. Por isso da capa da invisibilidade. Mas, Rose havia me distraído com seus olhos azuis, sua pele macia, com o formigamento em minha mão, com seu tom avermelhado de pele. Ela sempre me distraia. E se escreve isso naquele caderno, a pessoa que me respondi, iria arrancar meus dentes sem o uso de magia.

– O que sabe sobre o caderno?

– Nada - respondeu - infelizmente nada. Mas, por favor, Malfoy, o jogue fora.

Ela voltou a andar em direção a sua sala comunal. Eu fiquei ali, tentando processar cada coisa que havia acontecido naquele dia. Ed confessando que está apaixonado pela irmã de Albus. Roxanne aproveitando o bilhete da prima para vim pedir ajuda com Edward e depois chorando em meus braços. O pedido da pessoa por trás do caderno. E meu quase beijo com Rose.

Naquele dia, demorei dormir. Mesmo se eu quisesse, Rose não sai de minha cabeça.