Luiz Henrique fechou a janela do seu quarto, estava muito escuro e até acostumar com a pouca visão já sabia quem lhe esperava, tateou a parede procurando pelo interruptor e acendeu a luz.

- O que você está fazendo aí no escuro? – deixou a bandeja sobre o cômodo – Por que você mesmo não entregou o lanche?

- A porta estava trancada – Marco disse azedo – só pude deixar no vão da porta. E você porque decidiu ser amistoso? Vi você carregando a bandeja para dentro do quarto...

- E fez um mau juízo de mim – completou – resolvi ser amistoso pelo mesmo motivo que o seu – seu irmão era cristalino – ela merece uma chance por ser filha da Jacqueline ou esse não é o seu motivo?

- Você sabe que gostei dela – Marco baixou os olhos corando – desde o dia em que a Jacqueline nos mostrou a foto dela.

- Eu sei! – disse sério – E pra não ficar no seu caminho prometo que vou me esforçar pra me dar bem com Laura ou você prefere que ela me odeie?

- Tudo bem, mas... – Marco disse em tom conciliatório – posso saber o que foi tudo aquilo no jantar? Nós não temos nenhum trabalho de História Medieval.

- Eu sei que você está ansioso pra conhecê-la melhor, mas... – enfrentou o olhar duvidoso do irmão – foram 10 anos de separação, elas precisam de um tempo juntas, você não acha?

- Você tem razão – o olhar de Marco se tornou vago e triste – o tempo é muito precioso, não é?

- Para todos nós, Marco! – segurou o ombro do irmão tentando passar coragem – agora que respondi ao seu interrogatório, eu posso dormir ou você quer ajuda lá em cima?

- Não! – habilidoso, rodou a cadeira em direção a saída e ainda pode ouvi-lo dizer antes de fechar a porta – Eu me viro!

Luiz Henrique se jogou na cama cruzando os braços na nuca, tinha sido um dia longo e cheio, mas estava feliz porque conseguiu desfazer a má impressão que deixou em Laura.

Marco não foi o único a gostar dela de imediato, mas ele ao contrário soube esconder seus sentimentos. Relembrou do susto que tinha tomado ao encontrá-la na praça, aquele encontro não havia sido uma mera coincidência, mas era uma pena que só ele sentiu que ambos estavam destinados uma para o outro.

Para ele era difícil se aproximar de Laura sabendo os sentimentos do irmão, o amor não era justo, mas também sabia que ela não estava preparada para amar e por isso resolveu aguardar até que ela perceba que ele estava ali, a sua espera, fechou os olhos, pois o cansaço finalmente venceu e a respiração regular indicava seu descanso.