Luiz foi embora deixando Laura com sua nova companheira, olhou para Lúcia já sabendo que se dariam muito bem a ponto de se tornarem confidentes e grandes amigas.

- Venha! Deixa eu lhe apresentar as meninas. – Lúcia a puxava para o meio de uma roda, as garotas a olhavam com curiosidade. – Marta, Agatha e Sabrina, esta aqui é Laura.

- Olá – Marta era alta, sisuda e usava óculos.

- O que você é do Luiz?? – Agatha tinha os olhos vivos e era roliça.

- Oi, Laura – Sabrina era uma mulata baixinha – Credo, Agatha.  Nem bem se apresenta e já vai fazendo perguntas? Apesar de que eu estou louca pra saber também... – ela disse rindo.

- Eu conto! Bem... – Lúcia fez um leve suspense antes de continuas – meninas sinto em ter que partir o coração de vocês, mas acho que Luiz está apaixonado pela Laura.

- Não! – corou violentamente e ficou sem fala – não é...

- Oras, não? Do jeito que ele me falou de você, eu jurava...

- Que jeito? – ela não foi à única, as outras garotas também se juntaram atropelando Lúcia com a mesma pergunta enquanto se acomodavam nas carteiras.

- Faz muito tempo, quando eles costumavam jantar em casa, meu pai era muito amigo do pai dele, nessas ocasiões, o Marco era o predileto da Bárbara e assim só restava ao Luiz conversar comigo, coitado, ele nunca foi de falar comigo aqui na escola, eu até entendo ele é do terceiro ano né? – disse como se estivesse desculpando a falta de Luiz – só que outro dia, pra minha surpresa, ele me chamou e advinha... foi pra falar da Laura.

- Hummm... Muito suspeito... É verdade! – Agatha tinha olhava para ela com inveja.

- Sério! Vou até dizer do jeito que ele disse: “Lúcia! Se não me engano a sua sala é o 1-b?” – Lúcia era cômica sabia imitá-lo perfeitamente – E eu respondi toda feliz por ele ter se lembrado disso: “Isso mesmo”. Então, ele: “Jaqueline trouxe a filha pra morar conosco e ela vai ser da sua sala, é meio difícil mudar de colégio no meio do ano, posso contar com você pra ajudá-la no que for preciso? – fez uma pausa breve e continuou – Dizer “não” para o ídolo da escola é impossível, né?

- Ídolo? – disse surpresa.

- Afe! Você é novata, por isso não sabe – Sabrina disse de supetão e com olhos brilhantes – Luiz Henrique é o aluno número um do Colégio, melhor atleta, melhor nota, melhor tudo...

- É... Bonito, educado, inteligente... – Agatha olhava para algum lugar com olhos sonhadores.

Laura pensava com seus botões, que elas não conheciam o lado negro dele, ele também tinha defeitos como todo mundo.

- Ainda prefiro o Marco! – Marta disse espevitada – Luiz só é o melhor porque o Marco nunca mais veio pro colégio depois do acidente.

- Foi horrível, não foi? Alguém viu? – não queria que soubessem que não sabia.

- Eu vi... – Lúcia disse com pesar – fui dar um recado para Bárbara e vi os garotos fazendo uma aposta idiota, Luiz não quis entrar e o chamaram de covarde, Marco disse que ia honrar a coragem da família pelo dois, mas ele não estava bem naquele dia, eu até comentei lá em casa que ele parecia pálido, doente, sei lá... – suspirou – a aposta era andar por toda extensão do parapeito e ele ia conseguir... faltava pouco mesmo, mas... ele ficou tonto e caiu daqui do terceiro andar... Luiz devia estar no segundo andar quando berraram “ele caiu”, ele deve ter descido os degraus desesperado, tinha chegado muito antes de todo mundo e pedia “chama alguém, depressa!”

- É... Essa brincadeira fez todo o primeiro ano subir e os do terceiro descer, até parece... – Agatha pareceu descontente com a solução dada pela diretoria.

- Só os ricos não são expulsos... – disse Sabrina.

- Olha, mas nada contra vocês duas viu? – Marta emendou rapidamente.

Laura e Lúcia se entreolharam rindo muito.

- Obrigada, fico feliz em saber – Lúcia tentava se conter.

- Estou na casa dos Vieira, mas a riqueza não é minha... - e antes que tentasse se explicar a campainha que indicava a primeira aula deles tocou.