A chegada do furgão foi à sensação na escola e após alguns minutos de fama, os alunos partiram para suas respectivas salas de aula, menos um grupo de amigos que ficou para acompanhar Marco.

- Essa é Laura! – Marco apresentava – vai estudar aqui na escola no primeiro ano.

- Laura? – uma garota muito bonita de olhos verdes levantava a sobrancelha – Luiz é sua prima?

- Praticamente irmã, Bárbara – ele disse sorrindo para a garota.

Laura não simpatizou com a garota e isso foi mútuo, mas tentou ser dez vezes mais educada.

- Muito prazer, Bárbara!

- Então, ela mora com vocês? – ela disse espantada, olhou-a da cabeça aos pés e ignorou-a completamente beijando Marco no rosto – Estou feliz que você tenha voltado.

- E aí, Marco – os outros amigos se manifestaram – Seja bem-vindo, cara! Vamos indo pra sala que hoje é aula da Megera Indomável! Ninguém merece pegar aquela professora logo na primeira aula!

- Tudo bem Gio! Não precisa me empurrar... Sabe como é... Eu não estou tão inválido – sorriu enviesado e fez careta mostrando o muque de cada braço – eles ainda funcionam.

- Depois você ensina a manusear essa cadeira de rodas, deve ser legal andar nisso!! Pelo menos eu gostaria de ficar com um muque desses. – disse o outro rapaz de olhar vivo rindo muito do tal Gio.

- Claro, Mário! – eles foram caminhando pelos corredores.

- Marco! Tudo bem se eu deixar a Laura na sala dela? Fica no terceiro andar e aqui não temos elevadores – Luiz estacou diante da escada.

- Ah! Que cabeça a minha! Tudo bem – Marco havia conquistado um pouco da segurança e parecia menos pálido – deixa que eu cuido da Megera Indomável.

- Quem é Megera Indomável?? – Marco ouviu a Irmã Suzana às suas costas enquanto sentia algo pesado atingir sua cabeça, era a Bíblia que ela carregava para ensinar sobre os caminhos de Deus – Seja bem-vindo Marcos e seja breve Luiz! Quanto aos outros eu vou adorar ter vocês na primeira fila para aprenderem como amar o próximo e não colocar apelidos que possam magoar. Vamos!

Luiz subiu assoviando e Laura calada o seguia, mas enquanto subiam eles não contiveram as risadas.

- Se não me engano, você vai ficar na sala da irmã da Bárbara! – Luiz puxava assunto ainda subindo as escadas, agora do segundo andar.

- Afe! – deixou escapar já fazendo mau juízo da garota.

- Lúcia é diferente da Bárbara você vai ver! – Luiz soltou uma risada bem gostosa.

- Tomara que sim! Tive uma impressão muito forte da Bárbara.

- É! A gente não tem uma boa impressão dela à primeira vista, assim como eu – Luiz estava falando da primeira vez que se encontraram na praça e ela corou.

- Eu não te conhecia!

- Você também não conhece Bárbara nem a Lúcia, dê uma chance a ambas e você verá! – eles chegaram ao terceiro andar e caminharam pelos corredores até chegar à sala 1-B.

- Lúcia Amaral está? – falou ao enfiar a cara para dentro do lado de fora da porta.

Laura esgueirava por trás de Luiz, alguns garotos conversam ao fundo sentados sobre as carteiras e se voltaram. A roda de garotas se abriu e uma garota loira lia uma revista, ela levantou a cabeça e pôde notar os mesmo olhos verdes da irmã, mas mais claros e límpidos.

Ela sorriu ao ver Luiz, pediu licença para as amigas ouriçadas que se cutucavam e davam risadinhas, e se levantou vindo até a porta para cumprimentá-lo.

- Olá, Luiz. É hoje? Ela está aqui?

- Bem aqui atrás. Laura? Esta é Lúcia, Lúcia esta é Laura.

- Oi, Lúcia. Prazer! – assim como detestou Bárbara, simpatizou com Lúcia à primeira vista.

- Prazer, Laura – puxou-a pela mão estendida – espero que sejamos amigas, pode deixar Luiz, ela está entregue em boas mãos.

- Tenho certeza disso! – depositou um beijo na cabeça das duas e se foi.