Capítulo 7- Resolvendo Pendências

POV Klaus

O dia seguinte ao que eu fui motivo de briga entre vários deuses e que ganhei as manoplas de minha avó foi relativamente calmo e bom. Acordei bem cedo, como sempre, e tive que procurar meu celular que alguém havia roubado enquanto dormia no chalé de Hermes. Depois que achei, fui tomar café e a seguir, caminhei boa parte da manhã com Allyson. Ela era, realmente, uma garota espetacular e que me chamava atenção. Gostava demais dela, o problema é que me sentia nervoso para dizer isso á ela, o que não me era um sentimento casual e familiar.

Pois bem, encontrei com minha priminha ainda pela manhã andando com seu “amigo” Nico. O cara era bem legal, mas também parecia nervoso quando estava com ela e tenho certeza de que eles se gostam. Acho que é coisa de semideus esse nervosismo, apesar de não fazer sentido porque sempre fui semideus. Enfim, Nico preparou algo que me animou:

– Hoje à noite é a captura da bandeira, e os times serão todos os campistas contra todas as caçadoras. Por isso, vocês dois - ele apontou para Roselie e eu -, terão de jogar também.

Parecia que Ally tinha preparado aquele discurso com ele, pois ela continuou facilmente:

– E, par que ganhemos, precisamos que todos estejam treinados, mas acho que vocês nunca seguraram armas de batalha antes.

– É verdade. - Completei e Rose me olhou com advertência. Ela é muito orgulhosa pra admitir que não sabe lutar. - Mas o que vocês queriam, descobrimos que somos meios-sangues há dois dias...

–Pena que não temos dois amigos maravilhosos que possam nos treinar hoje, bem depressa... - disse Rose com muito sarcasmo e um sorriso malicioso para Nico, o qual abaixou a cabeça sorrindo, envergonhado.

Acho que Ally também percebeu, porque ela cortou o silêncio dizendo com animação:

– Mas é claro que a gente ia ensinar vocês, né, amiga? - ela direcionou-se para minha prima que riu longamente com a outra. Como elas tornaram-se amigas tão rápido? Resolvi me entrosar também com o Nico, que permanecia quieto.

– E então, Nico, você luta com a espada, não é? Podia me ensinar uns golpes?

– É claro que ele pode! - respondeu Ally interrompendo Nico no momento em que ele iria me responder, fazendo com que ele soltasse um gemido de raiva contra a menina. - E eu vou mostrar como se usa o arco pra Rose aqui!

– Arco? Não posso usar a espada também?- perguntou minha prima.

– Eu, particularmente, acho a espada muito bruta para as garotas. Apesar de que meninas barraqueiras do chalé de Ares, como a Clarisse, usam espadas e lanças sem problema algum.

– Pensando bem, vou ficar com o arco mesmo. Só achei que uma espada seria mais fácil de sair de um anel.

– O quê? Um anel? Do que você está falando?- perguntei gargalhando. Que coisa sem sentido de ela dizer. O que um anel tem a ver com o que estávamos falando? Fiquei encucado com isso. Nico e Ally também riram desesperadamente, talvez tenham pensado que era maluca.

– Nada não, gente. Esqueçam isso, OK? – Disse Rose com desprezo na voz.

Concordamos num uníssono, logo depois de nos recompormos do ataque de risos. Depois nos dirigimos, conversando sobre banalidades, até a arena de batalha. Era um espaço grande e com muitas arquibancadas, e que, por sinal, estava vazio, exceto por alguns campistas do chalé de Ares que estavam praticando. Clarisse não estava lá. Mas como todos eles gostam de lutar, hein?

Eu e Nico ficamos num canto da arena enquanto as meninas iam para o mais próximo da floresta possível, ouvi-las dizer algo sobre camuflagem e ataque longínquo. Porém, de repente, Nico me aparece com duas espadas nas mãos e um sorriso maldoso estampado na cara. “ Agora é que eu morro”, pensei, preparando-me para minha primeira batalha.

POV Roselie

Chegamos a arena. Estava vazia exceto por uns filhos de Ares que não cansavam de lutar. Bando de idiotas. Enfim, me juntei a Allyson e, juntos, fomos à uma área da arena que era rica em árvores e arbustos.

– Por que não ficamos perto dos garotos- perguntei.

– Eles até poderiam vir pra cá, mas nós precisamos ficar aqui pra você aprender os princípios de um arqueiro- fiz uma cara séria e duvidosa ao mesmo tempo e deixei que continuasse- Como, por exemplo, você precisa saber que o arco é uma arma de ataque que visa atingir um oponente de longe. Subir nas árvores favorece isso. Segundo, arqueiros devem se camuflar, e as folhas ajudam muito, porque se um espadachin nos pega, não temos muito o que contra-atacar de perto.

– Mas e se acontecer?

– Então usamos as facas de caça e de atirar. São métodos muito comuns das caçadoras de Ártemis. Vamos lá! -animou minha amiga. Mas eu não me animei com a ideia de subir numa árvore.

Bem, começamos a subir, quer dizer, eu demorei uns cinco minutos pra subir uns dez metros de árvore e estava morrendo de medo de cair, mas Ally me ajudou o tempo todo, e me estimulou, dizendo que se eu caísse e me quebrasse toda, colaria rápido, pois é uma vantagem de ser semideusa. É claro que só me deixou mais assustada.

Do alto da árvore, parei um instante e observei Nico lutando. Ele era realmente muito bom e muito gato. Meu primo não era diferente, mas eu não me atraía por ele, é claro, e ele estava mais enferrujado por não ter batalhado antes. Achei que ele sairia bem na caça, e notei que estava se divertindo muito. Era bom pra ele, pois eu sei que e ainda sentia muito por Percy, Annie e meu tio, que deram a vida por nós. De repente, até eu me emocionei, pensando nisso. Enfim, Ally quebrou o silêncio e meu fluxo de pensamento também.

– Eles são bons, não é?- Percebi que ela também estava ligada nos meninos.- Seu primo é bem legal. Gostei dele. - Quando ela disse legal, tenho certeza que preferia dizer gostoso.

– Vocês já ficaram? - perguntei sem precedentes.

– O quê? Não? Quer... dizer... ele falou de mim? Que queria ficar comigo? Porque ele pareceu meio nervoso. - notei hesitação na sua fala.

– Nervoso? Não parece o jeito do Klaus. Mas esquece o que te falei. E não comenta com ele.

– É claro, mas e aí, já ficou com o Nico, ou ele também tá nervoso? - ela disse com muito sarcasmo e malícia.

– Cala a boca e vamos voltar a treinar? - disse com raiva. Mas até que eu gostava do Nico.

– Claro. Vamos lá. Segure o arco assim e depois solte a flecha no alvo. É simples. - Vi muita dificuldade naquilo. Revirei os olhos e falei pausadamente.

– Fácil pra você, nunca vou conseguir fazer isso.

– Claro que vai, querida. Tente fazer. - Fiz aquilo infinitas vezes e sempre errava o alvo. Droga. Seria uma decepção para o time. Mas, felizmente, fui salva pelo gongo. O sinal do almoço tocou e descemos das árvores. Ao encontrar os meninos, todos suados, eles me disseram de como tudo havia sido divertido e de como Klaus era habilidoso. Ele, como sempre, se gabou bastante, mas eu nem comentei como foi meu terrível treino, e graças aos deuses, Allyson também não.

Seguimos para o refeitório e sentei-me sozinha na mesa de Nix.

POV Klaus

Diverti-me muito no treino com a espada. Vi como era bom e habilidoso. Estou doido para me desenvolver com mais tempo. De qualquer forma, fui almoçar e sentei-me com uns parceiros do chalé de Hermes. Gostava de conversar com os indeterminados. Correspondia-me com eles. Fiz uma oferenda, na fogueira, à Nix e aos deuses em geral, voltando à mesa a seguir. Vi Rose fazer o mesmo. Terminei de comer e fui tirar um cochilo. Tinha de me preparar mentalmente para a reunião à tarde com o conselho de representantes dos Chalé. Claro que não era representante do de Hermes, mas fui convidado por Quíron para participar, já que meu pai era um dos assuntos tratados.

Chegando a Casa Grande, vi alguns campistas conhecidos, mas em destaque, Connor e Travis Stoll, Katie Gardner, Clarisse La Rue, Michael Yew, Nico, Thalia ( como filha de Zeus), Allyson, um tal de Malcolm, que substituiu Annabeth, Rose representando Nix, uma caçadora e mais alguns filhos de deuses menores.

Todos sentamos e Quíron teve a palavra.

– Semideuses, tenho que dizer que seus amigos, Percy e Annabeth, não morreram. - Vivas e gritos dominaram a sala, e eu me enchi de alegria, pois significava que meu pai estava vivo também, mas o barulho de todos fez o centauro ter que pedir silêncio, mas ser interrompido mais uma vez.

– Eu sabia, não senti a alma deles passando para o Tártaro, sabia que estavam vivos. - alegrou-se Nico, para surpresa de todos, pois era incomum o garoto caladão estar dando vivas.

– Acalme-se Nico. E, a propósito, foi seu pai que nos deu a honra de avisar sobre tal informação tão confortante.

– Mas eles não estão no Mundo Inferior, porque meu pai não pode trazê-los! - todos deram grunhidos de exclamação.

– Isso não é conveniente agora. -Ele seria e cuidadosamente falou.- Mas aí é que está a questão. Devemos escalar uma missão em que três campistas irão atrás dos nossos amigos semideuses: Percy, Annabeth e Henrique, filho de Nix, pai de nosso novo amigo Klaus. - ele me apontou e me senti envergonhado. Aquele acampamento estava realmente me mudando, nunca tive vergonha de ser a atenção do público.

– Quem se candidata à missão? Será perigosa e arriscada. - aquela intimidação afetou muitos campistas que se candidatariam, mas não me fez recuar.

É claro que eu iria me candidatar, era meu pai e meus amigos em jogo, mas fui interrompido por um grito eufórico:

– Eu vou! - era Nico, bem sério e confiante.- Eles são meus amigos e seria ótimo recompensar o que eles fizeram por mim desde que cheguei aqui. Além disso, meus poderes melhorarão muito mais.

Quíron ia concordar em alguma coisa. Mas antes de ele falar, Ally iniciou.

– Eu também vou. Seria uma maravilhosa forma de desenvolver minhas habilidades! - Clarisse, naquele momento soltou uma tosse debochada, o que fez todos rirem e Allyson pareceu uma idiota. Naquele momento quis matar aquela filha de Ares, como ela acha que pode inibir minha garota? Quer dizer... Ela não era minha garota, ainda, mas deu pra entender.

Voltando ao assunto, eu sabia que em missões só podem ir três campistas, e á haviam sido definidos dois. É claro que eu tinha de ir, tinha de salvar meu pai. Mas acho que Rose pensou o mesmo porque começamos a falar juntos.

–Eu vou! - ela me olhou e eu continuei. - Eu vou salvar meu pai e vou trazê-lo vivo. - Rose olhou-me com orgulho, acho que ela não se importou tanto em não poder ir.

– Não conte tanto com voltar vivo e junto com eles. - aquela foi a gota d’água daquela menina intrometida.

– Cale a boca, Clarisse.

– Fiquem quietos!- esbravejou o centauro, retomando com o silêncio local. - Infelizmente, Klaus, você não sairá do acampamento até estar realmente pronto. Há monstros lá fora piores que aquela Quimera, e você não saberá como detê-los sem antes treinar aqui.

– Não é justo! Ele está tentando salvar o pai! - defendeu-me Rose, eu permaneci calado e surpreso demais para qualquer outra reação. Enfim, Quíron foi interrompido de novo.

– Eu irei! - impôs-se Thalia, a caçadora idiota, segundo Rose havia me contado. - Não vou por Percy ou pelo outro homem idiota, mas Annabeth é minha melhor amiga, depois da deusa Ártemis, é claro, e não me perdoarei se não salvá-la. Fora que os poderes de uma filha de Zeus e as habilidades de uma Caçadora serão úteis a vocês. – Disse presunçosa.

Outro gemido de desprezo foi solto por Clarisse, mas Thalia não ligou muito. Olhei de relance para ela e vi o olhar de indignação que Rose lançava. Permaneci em transe e deixei Quíron continuar:

– Então, está combinado. Amanhã, às oito horas, vocês devem vir pegar sua profecia, e, depois, uma van do acampamento estará disponível para vocês. Allyson tem carteira de motorista e, por isso, irão totalmente desacompanhados. Talvez não veja vocês amanhã. - ele se dirigiu aos campistas que iriam à missão. - Então, já desejo-lhes boa sorte. Agora, concentrem-se apenas no nosso jogo da caça à bandeira, e deixei a missão para amanhã. Thalia, você deve verificar com Lady Ártemis se poderá ir.

– Já está tudo pronto com ela, senhor. Já vim à reunião preparada para isso.

– Se é assim, declaro essa reunião acabada. Estão liberados.

Saí do transe quando percebi que todos já haviam levantado, mas depois disso, corri desesperadamente para meu chalé, pois estava muito raivoso. Ouvi Rose me chamar escandalosamente, mas não parei. Cheguei ao meu chalé e desabei na cama, tristemente triste.

Ainda deitado na cama no chalé vazio, ouvi a porta abrir e deparei-me com Rose.

– Sai daqui, não preciso de você e nem te chamei. - precisei da arrogância, pois queria um tempo sozinho.

– Ah, vamos, Klaus. Todo mundo se sentiu mal por você. Devia estar feliz por já ter tantos amigos que te gostem tanto e por saber que heróis treinados irão sacrificar-se por tio Rick.

– Que nada, eles só estão indo por Percy e Annabeth, meu pai precisava que eu estivesse lá para apoiá-lo.

– Se você pensa assim, o problema é seu. Mas tenho uma ideia que vai te animar. Agora levanta daí e me escuta que é muito importante o que vou dizer e é necessário que esteja atento. E depois você vai se preparar para o jogo.

– Não vou à caça à bandeira. - disse ainda deitado de bruços, fazendo pirraça como um bebezinho.

– Então não te conto meu plano. - Rose sabia direitinho como chantagear e blefar conosco. Eu logo levantei-me e preparei para escutá-la, o que a fez sorrir.

– Veja bem...- ela me contou o plano todo e eu achei bem eficiente. Mas não era totalmente certo.

– Tem certeza de que vai funcionar?

– Vou testar hoje à noite antes de pormos em prática. Mas como só cabe um... Você deve fazer sua parte corretamente. - assenti e os olhos dela brilharam de entusiasmo. - Agora, se arrume e encontre-nos meia hora antes do início do jogo no chalé de Hades. Nico irá passar-nos a estratégia. – Ela sorriu ao falar o nome dele.

Bufei.

– Tudo bem, até lá! - Rose assentiu e comecei meus preparativos.