Capítulo 12- estadia e desabafos num Hotel Nada Luxuoso

POV Klaus

Fui até o balcão, enquanto os outros estavam sentado no sofá de espera. Não parecia, mas um hotel de beira de estrada tinha muito movimento, estava lotado de gente entrando e saindo...
– Boa Noite- disse simpaticamente a recepcionista que assentiu e abriu um belo sorriso branco que realçava seus lisos e compridos cabelos castanhos, da mesma cor dos olhos. Na verdade ela parecia perfeita, tinha um formoso nariz, uma boca pequena, covinha sexy e um humor indiscutivelmente alegre.
–Boa noite, em que podemos ajudar?
– Er... Preciso de quatro suítes: uma de casal e três de solteiro.
–Ah, desculpe-me, rapaz, mas só teremos três quartos disponíveis, sendo um de casal, um de solteiro com uma cama e um com duas.
–Tá, pode ser.- assinei uma papelada e depois passei o cartão de crédito. Até que não ficou caro...
Me despedi da moça da recepcionista e Ally me plantou um olhar mortal que dizia “ Quem era aquela que tava dando em cima de você?”, mas eu fiz cara de sonso e continuei andando. – Três quartos. – Comuniquei a todos. – Um é meu e da Ally e o outro vocês se resolvam.
- Eu fico com um pra mim. – Disse Rose.
- Ei! Eu sou uma caçadora! Não posso dividir um quarto com um garoto. – Falou Thalia.
- E você acha que eu posso? Só tenho quatorze anos. – Revidou Rose. Na verdade ela tinha quase quinze.
Rose nunca cedia. Ela era orgulhosa até nesse ponto.
- Quer saber? – Ally pegou as chaves da minha mão. – Nico toma, o quarto é seu. Rose e Thalia, vocês dividem esse.
- Ah! Mamãezinha! – Exclamou Thalia.
- Eu vou embora, antes que sobre pra mim. – Murmurou o Nico enquanto saía.
Rose e Thalia continuaram a discussão e eu e Ally saímos dali, deixando-as sozinhas e fomos para nosso quarto.
Ally tomou um banho rápido e saiu vestida com um short e uma camiseta larga. Não resisti e a beijei calmamente.
– Linda. – Sussurrei.
Ela sorriu.
– Eu sei. – Falou jogando o cabelo para trás e indo até sua mochila e tirando um livro de lá- Mas não gostei de você flertando com aquela medíocre sem classe no saguão.
–Ah, amor, fala sério, era só uma garota, e eu nem dei bola pra ela.
–Tá, Klaus, eu sei. Mas estamos numa Missão e tem monstros querendo vir atrás de nós, então não fale abertamente com ninguém. É sério, eu tenho experiência.
– Ok, está bem. Vou tomar banho. – eu disse caminhando até o banheiro.
Confesso que fiquei encucado com aquilo. Como uma garota tão linda poderia me fazer algum mal. Demorei no banho, pensando nisso. Quando saí, Ally estava deitada na cama de casal com o livro na barriga e dormindo feito um anjo. Não evitei um sorriso. Tirei lentamente o livro de cima dela e me deitei ao seu lado. – Boa noite, meu amor- disse suavemente e adormeci, dormindo quase a noite toda.

POV Nico

Saí rápido do corredor dos quartos e fui para o meu. Adorava ficar sozinho... E pelo menos não teria que aturar briguinha inúteis e desconfortáveis da Thalia e da gata da Rose. Pois é, eu achava ela linda, mas algo me impedia de chegar perto dela. Parecia que ela estava insegura, e isso me afetava...
Abri a porta do quarto e deitei-me tranquilamente na cama que havia ali. Era grande confortável, o que me fazia sentir bem... Mas ouvi uma água caindo do chuveiro que me incomodava a relaxar. Levantei-me rapidamente e pensei que devia ter algum defeito no chuveiro daquela suíte. Tomaria um belo banho, e depois avisaria na recepção. Quer dizer, seria um pretexto pra ver aquela linda do balcão.
Peguei uma roupa e me dirigia até o banheiro. Não sei porque abri a porta, já que ouvia levemente o som de um cantarolo... Tomei um susto já meio prévio, mas que me deixou muito constrangido.

POV Thalia

Discuti bastante com aquela chata da Roselie. Eu falo e defendo todas as minhas ideias, ou tudo que tenho vontade. E ninguém, a não ser Ártemis, pode me impedir de me expressar livremente. Eu só dou minha opinião, não consigo ficar calada perante algo que me desagrade ou que possa acrescentar mais. Qual é, tenho hiperatividade!
Enfim, briguei com ela que não poderia passar uma noite inteira ao seu lado, e era óbvio que não, pois era uma idiota metida e superficial e afetaria meu histórico de caçadora nº 1 de Ártemis...
– Olha aqui, você vai dormir com o Nico, já que vocês tão querendo ficar juntos desde que chegou naquele acampamento sem categoria e...
– Não diminua o acampamento dessa maneira. Mas... - Roselie gaguejou- como você sabe, ou melhor acha que ele tá querendo...sabe... Ele e eu?
–Ah, por favor- ri com desdém da posição constragedora em que ela estava agora- Então você deve ser a única pessoa que não sabe ou imagina. Tá estampado na cara dele- Notei que ela corou e logo mudou de assunto.
–Thalia, isso é tudo invenção, são só boatos de quem não tem o que fazer. Agora, vamos entrar, já que NÃO TEM JEITO E VOU TER QUE DORMIR NO MESMO AMBIENTE QUE VOCÊ- Ela enfatizou bastante o final, mas não tinha muita coisa que eu pudesse revidar agora, afinal, eu não queria estragar a minha reputação pagando mico há meia hora numa varanda de um hotel fajuto e que passavam pessoas o tempo todo.
Entramos e cada uma de nós pegou uma cama de solteiro. Fiquei perto da janela, olhando para uma bela paisagem, parecendo um horizonte alternativo. De repente esqueci tudo naquele momento: minha brigas infantis com Roselie e os outros, meus momentos especiais como caçadora, minha arrogância com as pessoas, e só pensei que teria de salvar meus amigos.
O que é isso, Thalia, você é uma caçadora, não foi feita pra chorar, pensei comigo mesma, aguente isso. Senti uma lágrima percorrer meu rosto e um soluço baixo. Mas mantive meu rosto virado até que Rose falou: – Thalia, tá tudo bem?- ela continuou e eu assenti com a cabeça, ainda calada- Olha, se é por causa da nossa “pequena” discussão ali fora, eu só quero dizer que...
– Não tem nada a ver com aquilo, menina- virei-me, gritando, o que a fez soltar um grito de susto- Desculpe... –Ah, tudo bem, estou acostumada a levar sustos... Eh, então, eu sei que começamos com o pé esquerdo, mas queria me redimir com você. Vou tentar ser menos superficial com as pessoas e espero que fiquemos bem.
Peraí, algo tinha possuído aquela menina... Primeira ela zomba do meu nome, implica com minhas “opiniões” e fala mal de mim pelas costas, e agora ela vem toda melosa e desafogada. Pensando bem, eu acho que agora eu estava dando uma de superficial. Ela parecia ser uma boa pessoa, e nesse momento, mais do que tudo, precisava desabafar com alguém.
– Eu acho que esse tempo todo tive inveja de como você tinha pessoas que estavam ao seu lado. Sou arrogante e ignorante, mas também posso melhorar- sorri calorosamente, afinal, eu sabia ser bem legal. Depois, continuei. - Um abraço, “amigona”?
– Claro! - Ela me abraçou e não me aguentei: desabei uma cachoeira sobre ela, que me olhou com dó e perguntou- Pra que isso, Thalia?
– Percy e Annabeth eram meus melhores amigos, principalmente Annabeth. Sabe, eu cuidei dela quando tinha sete anos, e desde então somos melhores amigas. Percy é meu priminho Cabeça de Alga e eu o adoro. Eles fariam qualquer coisa por mim, quer dizer, eles fizeram e agora, tenho medo de não conseguir retribuir.
–Thalia, vamos conseguir fazer isso, juntas, nós vamos... Você é forte, resistente, vai superar esse medo e eu vou te ajudar, porque agora somos amigas, certo?
–Tá...-Enxuguei os olhos com pressa e virei-me para ela, novamente- Mas, eu tenho uma reputação de durona, então, dá pra manter o que aconteceu só entre nós, quero dizer, o fato de eu ter chorado e gritado como uma meninona boba...
– Minha boca é um túmulo- ela parecia feliz- Mas, então, vamos mudar de assunto, me fala como é ser caçadora de Ártemis, precisamos de um papo.
–Bem, na verdade, é muito legal- eu já ria e falava alegremente, gostava dessa parte de mim, calma e de bem com a vida- Mas há algum tempo não temos feito muita coisa, já que Ártemis nos prendeu no acampamento, dizendo que precisa resolver coisas muito importantes no Olimpo e que demoraria, por isso ela deixou que eu viesse... Mas no geral, caçamos monstros, e treinamos lobos e falcões, atiramos flechas com arcos profissionais, entre outras coisas desse tipo.
–Bem, eu, por outro lado, uso o arco e as flechas com muita dificuldade. Não consigo mandar numa direção certa. Me saio um pouco melhor com as adagas de caça e de atirar, mas uso mesmo minha capa.
–Eu sei... Te vi naquele dia da caça a bandeira. Péssima com o arco- Ri, sem evitar- Mas bem habilidosa com a combinação de capa e faca.
– Nossa, você é bem observadora! –Claro! Sou uma caçadora... É isso que faço. Observo, observo, observo e depois eu mato. - Notei que Rose se assustou, mas apesar de ser a pura verdade, eu contornei- Brincadeira, tá? Mas eu gosto de observar mesmo, por isso sei do que tá rolando entre Nico e você...
– O quê? Eu não... Eu- ela se engasgou toda e eu fixei meu olhar nela, até que ela cedesse.- Tá bom, eu acho que tô meio apaixonada por ele. Mas eu não quero estar... E isso só fica entre nós, tá?
–É óbvio, afinal, sou uma “bobona virgem”, não é?
–Ah, para! Eu disse isso quando nos desentendemos no chalé de Nix, há muito tempo, tá?
– É, então, já dormimos juntas antes, né?
–Hum... Pode-se dizer que sim!- E rimos sozinhas, trocando segredos, sem ser de homens, é claro, mas tivemos que parar de, literalmente, ROLAR PELO CHÃO, porque a porta se abriu com voracidade e só vi uma figura, alta, esguia, não muito musculosa e de cabelos negros como a aura.
– Nico... O que foi?
–Er... Eu acho que temos um probleminha!