- Gina! Gina, espere! Gina! – ótimo, ótimo mesmo, soltei um pesado suspiro e me virei.

     - O que foi Hermione? – perguntei parando abruptamente no meio da multidão de estudantes que saía de suas salas de aula e iam direto para o Salão Principal.

     - Aonde você vai? – perguntou ela com dificuldades em andar na direção oposta á maré de estudantes, para chegar até mim – Aí Desculpe – murmurou Hermione para uma garotinha do primeiro ano que acabara de servir de suporte para ela não tropeçar direto ao chão – Que boca mais suja – censurou Hermione, arregalando os olhos para menininha – Pronto – o alivio era visível na sua voz.

       - O que foi Hermione? – tornei a perguntar, calculando que eu já havia perdido alguns precisos e valiosos minutos – Eu tenho que ir...

        -... Dormir? – completou ela – Por favor, Gina, vamos a Madame Pomfrey?

        - Pra que? – Madame Pomfrey poderia me ajudar a passar meus dias sonhando? Se fosse isso, eu iria, mas eu sabia que não era.

        - Você sabe por que – Hermione soltou um pesado suspiro e agarrou minhas mãos, me puxando para as escadarias de mármore, eu sabia que se eu quisesse poderia me soltar facilmente, mas eu estava me sentindo sonolenta, fraca para isso. Por isso a deixei me arrastar pelas escadas e corredores, e quando dei por mim, estávamos no segundo andar. No banheiro da murta. Um arrepio sem autorização desceu por minha espinha. Saberia Hermione o que estava acontecendo? – Olhe – ordenou ela indicando a pia, que eu sabia que era a passagem para Câmera Secreta. O pavor tomou conta, se ela soubesse que eu sonhava dias e noites seguidas com aquele lugar... Eu não consigo imaginar o que me aconteceria – Olhe – falou ela de novo, ainda mais alto.

        - Olhar... Pra isso? – apontei para a pia e ela assentiu. Olhei, mas nada vi, continuava perfeitamente igual como eu bem me lembrava, perfeitamente igual ao que eu via em meus sonhos. Por um segundo pensei que a sonolência me fizera andar até o banheiro, e sem querer novamente eu teria aberto a Câmera Secreta, e lá estaria Hermione me mostrando o que eu fiz. Mas não, nada disso tinha acontecido.

         - Viu? Você está magra Gina, seus cabelos sem vida, seus olhos fundos e com olheiras, embora eu saiba que você tem dormido mais do que devia – e só agora notei que Hermione apontara para o espelho, e ao meu lado estava a fitá-lo, olhei para o espelho também, e admito com pesar que Hermione tinha razão. Aquela era eu? – Você não come, falta as aulas... E quando vai, segundo a Luna, você não presta mais atenção do que prestaria se estivesse deitada em sua cama. O que está acontecendo com você?

         - Na... Nada. Eu estou bem Hermione, é apenas... Impressão sua, juro que eu estou bem – dei de ombros, e no fundo, não era uma mentira, eu me sentia bem, na verdade mais do que bem.

         - Você não me parece bem – disse ela me analisando cautelosamente – Vamos à Madame Pomfrey, e...

         - Não estou doente Hermione. Agradeço por se preocupar, mas não precisa fazer isso – agora eu já tinha perdido quase todo o horário de almoço conversando com Hermione, em vez de estar conversando com o Tom – Posso ir? – minha voz saiu mais áspera e ríspida do que eu queria, e Hermione assentiu, embora eu visse mais do que a preocupação em seu rosto. 

            Me arrastei até a torre da Grifinória, estava vazia, todos os cantos, todos os lugar, completamente vazia.

         - Estão almoçando – murmurei para mim mesmo, enquanto pulava as escadas em direção ao quarto. Bati a porta e me sentei na beirada da cama. Em cima do criado mudo a poção do sono já estava á minha espera. Com um sorriso a tomei num só gole, e nem percebi quando foi que me deitei em meu travesseiro, apenas percebi quando eu adentrava a Câmera Secreta, e via Tom Riddle se virando para mim com aquele seu sorriso.

         - Minha Senhora – cumprimentou ele numa reverência, andando a passos longos, mas ao mesmo tempo de forma suave, até mim – Temi que não viesse. Temi que tivesse me abandonado.

          - Nunca lhe abandonaria, Tom – segredei-o enquanto eu sentia seus braços me envolverem, e seu rosto se aproximava do meu.

          Era um sonho, eu estava ciente disso, mas para mim parecia ser tão real.