A pasta com todas as informações sobre a vida da nova agente estava sobre a mesa de Edward. Nem por curiosidade ele se atreveu a verificar os seus dados, era legitimo afirmar que nem o nome dela sabia. Ainda se perguntava porque raio teria que aguentar outra inapta na sua equipe. Mais uma se juntava ao resto de incompetentes que ele treinava, em vão no seu ponto de vista, e liderava com pulso firme. A única coisa que sabia sobre a novata é que seria outra para o chatear e que chegaria ainda essa tarde para conhecer a sua nova rotina.

Edward colocou de lado esse assunto, lidaria com isso mais tarde e trataria de explicar nos seus próprios termos quem mandava naquela equipe e consequentemente em Bella. Andou até ao seu pequeno cofre que se mantinha por detrás de uma parede falsa e abriu-o logo após ter marcado os dígitos da senha. Tirou de lá uma caixa que estava fechada por um cadeado e pousou-a em cima da mesa, se afastando apenas para trancar a porta não fosse algum infeliz entrar sem se anunciar. Não que isso acontecesse habitualmente pois todos zelavam pelas suas vidas e evitavam ao máximo se fazer notar na presença de Edward.

Abriu a gaveta que havia na secretária e retirou de lá a chave necessária para abrir o cadeado. Demorou poucos segundos a concluir o trabalho e quando o fez deparou-se com os papéis meio amachucados de tanta leitura. Eram cópias de todas as informações sobre a fatídica missão que vitimara a sua equipe anterior. Reunira-os ao longo dos anos e acrescentara qualquer notícia relacionada com o tema. Várias foram as noites que ele passara em branco tentando inutilmente encontrar algo que o levassem a chegar mais perto do seu objectivo.

Releu mais uma vez com atenção todos os pormenores contidos nos documentos e por mais que se esforçasse, tudo continuava muito pouco esclarecedor. Os depoimentos dados pelos seus superiores não batiam certo com o que Michael lhe contara. Supostamente alguma fonte fiável tinha avisado a sede sobre o planeamento de um ataque terrorista e desse modo ordens foram dadas ao responsável pela unidade, nesse caso Michael, para que enviasse os seus melhores homens tomar conta do caso. Ambas as versões, de Michael e dos superiores, tinham essa situação em comum, o problema se direccionava por e simplesmente ao ponto principal: A pessoa que forneceu a informação à CIA. As declarações mudavam de umas para as outras e no final ninguém sabia dizer o nome da entidade.

Frustrado pelo beco sem saída em que o caso estava, Edward não queria pensar na possibilidade de desistir. Pegou no primeiro depoimento e leu atentamente cada palavra escrita no papel.

Missão de 13 de Setembro de 2009

15 de Setembro de 2009

Declaração de Demitri Cooper

Eram 23 horas quando recebi o alerta sobre o ataque que iria ter lugar em Washington DC. Fui avisado por Marcus Hastings e não perdemos tempo em reunir com os outros representantes máximos da CIA. Debatemos por breves minutos a que departamento entregaríamos o caso e por unanimidade foi decidido que ficaria a cargo da divisão de actividades especiais por ser a mais competente nesse tipo de missão. Fizemos a ligação de imediato para o director dessa unidade, Michael Newton, e explicamos a gravidade da situação. O mesmo se encarregou de chamar a sua melhor equipe, julgo que a mais bem preparada e com maior numero de casos bem sucedidos.

Após uma hora os nossos homens saíram da sede e a única informação que tínhamos é que o líder da equipe, Edward Cullen, não tinha partido junto com os companheiros pois ninguém conseguiu contactá-lo até ao momento da partida. As horas seguintes foram passadas com ansiedade e conseguimos saber, através das comunicações que tínhamos com os agentes, que tinham sido encurralados e que se tratava de uma armadilha. Depois disso foram mandados reforços mas o acto já tinha sido consumado e apenas as cinzas mortais de todos os primeiros enviados, restavam no local.

Os procedimentos foram efectuados e as famílias dos falecidos agentes, avisadas segundo a história criada propositadamente para proteger os interesses da agência.

Tendo em conta que tudo não passou de um engodo dos inimigos para acabar com a vida de alguns agentes, o caso foi arquivado e desse modo, concluído.

Ao longo das declarações de Demitri, várias pontas ficaram soltas. Ele não referiu como Marcus fora avisado sobre os terroristas e em momento algum referiu que a fonte que lançou o aviso era incógnita e que desse modo não poderiam haver certezas sobre quem teve a culpa na morte dos agentes. Teria sido a fonte também enganada ou seria ela uma pessoa ligada ao inimigo e levado a CIA a enviar os seus homens para o fim das suas vidas?

Cullen não conseguia entender como tudo tinha sido abafado. Ninguém se deu ao trabalho de procurar a verdade e esclarecer os factos mal contados. Ele tinha noção de que poderia estar mexendo em terreno perigoso, até porque a sua investigação ia contra as ordens dos seus superiores. Apesar disso ele não poderia ignorar aquilo, jurou se vingar por seu melhor amigo Alec e também pelo resto da sua equipe. Tinha certeza de que ainda acharia algo e era esse pensamento que o levava adiante.

As batidas incessantes na porta da sala fizeram com que Edward voltasse à realidade. Bufou irritado por alguém o atrapalhar e colocou os papéis de volta na caixa, sem trancá-la, apenas escondendo o seu conteúdo. Abriu a porta sem vontade e se deparou com Ângela, a secretária de Michael.

- O que você quer daqui? – perguntou sem modos alguns.

- Desculpe agente Cullen. – falou nervosa, detestava ter que trocar alguma palavra com aquele homem mas o dever a obrigava a isso – O Sr. Newton pediu para que o avisasse sobre a agente nova. Pediu para que não esquecesse do horário da sua chegada, 16 horas, e desejou uma boa tarde para o senhor. – concluiu fugindo do lugar tão rápido que nem deu tempo para Edward dizer algo.

- Só me faltava isso – grunhiu – Se eu quisesse lembrete colocava no celular uma anotação! – se havia algo que Edward não gostava era de ser abordado por coisas que considerava desnecessárias e essa era com certeza uma delas.

Voltou para a cadeira onde estava sentado anteriormente e dessa vez apenas fechou a porta. Olhou para a caixa e retirou de dentro dela as anotações anteriores. Colocou as folhas em cima da mesa e o seu olhar caiu novamente sobre a caixa, mais precisamente para o conteúdo que ainda permanecia dentro dela. Levou lentamente, meio hesitante, a sua mão até lá e agarrou com um cuidado exagerado as fotografias depositadas no fundo. Observou nostalgicamente cada uma e por segundos se permitiu levar pela emoção. Uma delas tinha sido tirada pouco antes da morte da sua mãe. Os sorrisos eram contagiantes e pareciam uma família feliz, todos os Cullen estavam ali. A outra também tinha grande significado pois era a imagem de uma grande amizade. Edward e Alec apareciam completamente sujos, a fotografia tinha sido capturada logo após um dos primeiros treinos que eles haviam tido na CIA. A camaradagem era visível e a saudade daqueles momentos ainda era sentida.

O tempo passou e Edward se recompôs, arrumou a caixa no cofre e decidiu que analisaria o resto dos documentos noutra ocasião. Saiu da sua sala e seguiu até à dos seus companheiros, por certa apanharia todos juntos, talvez até falando mal dele. Nada que não acontecesse diariamente. Como sempre abriu a porta sem cuidado e a uma única palavra foi pronunciada pela sua boca.

- TREINO – disse e saiu sorrindo por causar o desânimo naquelas pessoas.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Agente Secreta Isabella Swan soava bem para Bella. Tudo tinha acontecido demasiado rápido e até para ela era difícil de acreditar. Decidida fez os testes de aptidão para entrar na CIA e tal como Michael dissera, passou com distinção. Ela precisava de um trabalho, não sabia qual escolher e esse apareceu do nada, sendo tudo o que ela poderia sonhar. Servir o país seria uma honra e apesar de estar um pouco assustada com a repentina mudança na sua vida tinha certeza de que fez bem em aceitar a proposta.

A pior parte estaria ainda por vir. Bella odiava mentiras por mais que elas fossem necessárias e essa era a única coisa que lhe iria custar fazer, mentir às pessoas que amava quanto ao seu emprego. Se era obrigatório ela teria que cumprir mas o seu coração estava apertado por isso.

É por uma causa importante, eles iriam compreender. Esse era o pensamento que a confortava de alguma maneira. Se bem que ela tinha perfeita noção do piti que a sua mãe daria se soubesse do perigo que dali adiante faria parte do seu dia-a-dia. O importante agora é que ela iria fazer parte de algo significativo e o melhor de tudo é que poderia por em prática tudo o que aprendera ao longo da sua vida. Não só as lutas e o manuseamento de armas como também a sua lógica e capacidade de raciocínio. Poderia aperfeiçoar os seus conhecimentos e adquirir a experiencia necessária para ser ainda melhor.

Por alguns instantes se pegou pensando no irmão. Alec ficaria orgulhoso dela e aonde quer que ele estivesse a apoiaria incondicionalmente nessa nova etapa. Lembrar dele já não doía tanto pois se focava no essencial, nos momentos incríveis que passou ao seu lado, esses sim a acompanharia pelo resto da sua vida. Por outro lado, pensar em Alec trazia uma parte menos boa mas essa não era culpa dela. O maldito bilhete enviado no dia do seu aniversário ainda estava na sua memória. Talvez conseguisse fazer algo em relação a isso agora que iria trabalhar na CIA mas primeiro tinha que se integrar.

Bella não sabia bem porquê mas ficou com a sensação de que não iria ser tão fácil se juntar à equipe. A conversa que teve com Michael Newton, quando o mesmo a avisou dos resultados das provas prestadas por ela, deixou-a com dúvidas quanto a isso.

Flasback On

- Então quando começarei a trabalhar? – perguntou Bella assim que terminou de receber mais alguns detalhes sobre a politica da agência.

- Terei ainda que falar com o líder da sua equipe. – um sorrisinho se apoderou da cara do homem – Em todo o caso apareça amanhã por volta das 16 horas e peça para a levarem até ele, Edward Cullen.

- Tudo bem – uma dúvida pairava na sua cabeça e tratou de a esclarecer – Esse Edward é um agente comum ou apenas treina a equipe sem a acompanhar até às missões destacadas? – a sua pergunta arrancou uma gargalhada de Michael.

- Acredite numa coisa Isabella – colocou uma cara mais séria – Edward Cullen é tudo menos um agente comum. Quando o conhecer entenderá – soltou um suspiro – Ah se entenderá – murmurou baixinho pensando talvez que Bella não ouviria mas não teve sucesso.

O que diabos aquilo quereria dizer? – foi o pensamento de Bella ao ouvir aquelas palavras.

Flasback Off

Bom, mesmo sem saber o que iria encontrar, Bella estava confiante. Aprenderia a lidar com as pessoas que a rodeariam e daria sempre o seu melhor. As vantagens do seu novo emprego já estavam sendo uma mais-valia. A sede da CIA ficava a uma hora de sua casa mas seria complicado deslocar-se até lá de transportes e por essa razão recebeu um carro da agência que segundo Michael iria facilitar a vida de todos. Outro beneficio que teve foi um depósito na sua conta, uma quantia bastante avolumada para que reformasse o seu vestuário para um estilo mais profissional, tendo em vista as suas funções. Michael garantira que aquilo era normal, era um género de adiantamento e quanto ao carro seria apenas até ela comprar um modelo à sua escolha pois todos os agentes acabavam por fazê-lo.

~*~

- O que acha deste conjunto? – a funcionária mostrava uma saia de cintura subida, uma camisa branca e um blazer preto a condizer com a parte de baixo.

- Perfeito – Bella disse – Irei levar mais esse – seria a sua última escolha.

- Com certeza, então é tudo? – apontou para a montanha de roupas que estavam separadas no balcão.

- Sim – afirmou Bella – Agora poderia me dizer onde fica o provador? Preciso apenas de experimentar esse vestido. – pegou num vestido justo mas bastante comportado – Não tenho certeza de que me ficará bem – não costumava usar aquele tipo de roupa.

- Por certo ficará – sorriu a empregada da loja, já imaginando a gigante comissão que iria ganhar com todas aquelas peças vendidas – No fundo desse corredor à direita.

A morena seguiu a indicação e pode ver-se ao espelho, dentro do vestido em questão. Ficava diferente, nem parecia ela. Gostou do resultado e tinha a certeza que iria parecer elegante e ao mesmo tempo profissional. Retirou a veste e voltou para o balcão de compra entregando a roupa para se juntar ao resto. Pagou com o seu cartão e pela primeira vez se sentiu nas nuvens por comprar tanta coisa e ainda para mais com um preço elevado.

Saiu da loja cheia de sacolas e achou um táxi mesmo a tempo. Eram quase 13 horas e ela teria que se dirigir para Fairfax dentro de duas horas se não quisesse chegar atrasada. Subiu até ao seu apartamento 10 minutos depois de sair do shopping e jogou as roupas em cima da cama. Teria que escolher algo para utilizar essa tarde e não poderia errar pois queria ficar bem vista. Decidiu-se pelo vestido que havia experimentado na loja e conjugaria com um dos sapatos altos que também havia comprado por lá.

Tomou um banho rápido, almoçou uma lasanha que tinha no congelador e se arranjou com calma. Penteou os seus cabelos e prendeu-os no alto da sua cabeça, fez uma maquiagem em tons de pastel e delineou os olhos com lápis preto. Usou um batom vermelho mas esbateu a cor dando um ar menos pesado e acabou pondo por cima um gloss sem cor. Vestiu a roupa escolhida, colocou os sapatos e arrumou a sua bolsa. Resolveu colocar pequenas pérolas nos ouvidos e no pulso uma bracelete de prata que havia recebido do seu irmão há alguns anos. Viu a sua imagem reflectida no espelho e amou todo o conjunto. Olhou para o relógio e já eram praticamente 15 horas, tinha que se por a caminho. Pegou num casaco, na bolsa e nas chaves do carro e desceu até a garagem.

Ainda não tinha visto o carro que Michael lhe enviara. Sabia que ele chegaria a tempo mas só tinha tido tempo de receber as chaves que o porteiro lhe havia entregue assim que ela voltara das compras. Apreciou-o no primeiro momento em que o viu e sorriu sabendo que por agora ele seria dela. Tratava-se de um mini-cooper cabriolet vermelho, era o carro ideal para uma mulher como ela. Se apressou a entrar e a arrancar com o seu descapotável.

O caminho foi tranquilo, ouvia música na rádio e se deliciava com a brisa que vinha ao seu encontro. Bella se sentia poderosa, era uma sensação estranha mas completamente libertadora. Não podia se queixar e por mais loucura que fosse iria aproveitar o máximo que podia enquanto aquele sonho não acabasse. 45 minutos depois de sair de Winchester, Bella parou à porta da sede. Esquecera-se de perguntar a Michael como se devia identificar para poder entrar pois da única vez que ali havia estado tinha sido acompanhada por ele. Andou devagar com o carro e se deparou com o segurança.

- É, boa tarde – começou sem saber o que dizer – Eu sou Isabella Swan e vim para – o segurança cortou a sua fala.

- Pode seguir em frente Agente Swan – declarou respeitosamente.

Agente Swan? Como é que ele sabia disso? Bella falava baixinho para si própria.

Continuou conduzindo até entrar no parque de estacionamento da sede. Ao chegar avistou outro segurança que fez sinal para ela se aproximar e só quando estava praticamente em cima do homem é que Bella entendeu o que estava acontecendo. A vaga onde ele se encontrava era destinada a ela pois tinha uma placa dizendo Agente Swan I. Aquilo era surreal, em tão pouco tempo tinham colocado aquilo para ela. O segurança acenou para a mulher ainda atordoada e saiu do local, deixando-a sozinha. Recuperada do choque inicial, Bella estacionou o carro e poucos minutos depois, inspirando e expirando, saiu do veiculo e se dirigiu ao elevador.

Os botões eram numerosos e Bella não sabia onde clicar. O mesmo segurança de anteriormente apareceu ao seu lado e lhe entregou o seu próprio cartão de acesso e de identificação. Disse ainda para onde ela deveria ir e se despediu. Bella pressionou o botão para o antepenúltimo andar e 5 minutos depois as portas abriram-se. Várias pessoas andavam de um lado para o outro, todas no seu próprio mundo e sem nem notar a presença de Bella. Sentiu-se aliviada pois não queria ser o centro das atenções. Teria que achar o tal Edward e não sabia para que lado se havia de virar.

Enquanto se decidia por onde começar, recebeu um pequeno toque no ombro que a fez estremecer no lugar pois não estava a espera de ser abordada. Virou-se para a pessoa que estava ao seu lado e encontrou um belo homem à sua frente. Seria aquele o seu pseudo-chefe? A resposta veio depressa.

- Boa tarde Isabella. Eu sou James Bolton, prazer em conhecê-la – beijou a sua mão sem que ela desse conta.

- É… Oi – não encontrava palavras para reagir, não queria parecer mal-educada mas não tinha gostado da atitude do tal James pois odiava que chegassem daquele modo e saíssem distribuindo beijos sem o seu consentimento.

- Soube que chegava hoje e resolvi recebe-la em nome da equipe – Bella percebeu que teria que lidar com ele diariamente e fez uma nota mental de que teria de o colocar na linha o mais subtil possível. 

- Oh, muito obrigada. Não precisava se incomodar – ela apostava que James só o tinha feito para avaliar a nova agente.

- Incomodo nenhum. Irei levá-la até à sala do Cullen, ele deve estar esperando você – a sua cara fechou ao dizer o nome do líder de equipe e aquilo não passou despercebido.

Seguiram lado a lado até à sala de Edward e ao chegarem James se despediu, desejando-lhe boa sorte. Bella não entendeu ao que ele se referia mas não podia perder mais tempo e tratou de bater à porta. Ainda estava nervosa mas sabia que era natural, aquilo era um mundo novo para ela e precisaria de tempo para se habituar.

- Entre – escutou uma voz firme e grossa dizer do lado de dentro.

Era a hora de provar que merecia estar ali.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Horas antes…

Edward se divertia com a situação em que colocara os elementos da sua equipe. Mais uma vez provara que os seus treinos tinham a palavra intensivo, na frente, por alguma razão. Ele conseguia levar toda a gente à exaustão e ainda se sentia renovado. Para Edward não interessava se eles estavam cansados ou se o iriam odiar para sempre. Queria resultados e havia de os obter, a bem ou a mal. Não queria ser bom ou muito bom, isso não lhe chegava. Continuava a querer ser o melhor e para isso precisava que os trastes da sua equipe se esforçassem além das suas capacidades. Com ele aprenderiam mais e isso não se poderia pôr em causa.

O exercício a que os submetera hoje era algo aparentemente fácil mas como se diz por aí, as aparências enganam. Trabalhariam a pares e se colocariam de frente um do outro, no topo de umas mini barreiras que ficariam paralelas sendo unidas no meio por uma rede de choque, |~| (mais ou menos o desenho de como seria). Cada pessoa em uma barreira, que tinha apenas poucos centímetros para se sentarem, tinha que dar suporte ao seu parceiro através das mãos. O problema é que não poderiam tocar na rede que ficava extremamente puxada para cima, se o fizessem, e digamos que a posição em que se encontrariam não ajudava pois a sua parte superior estaria dobrada na direcção da rede, receberiam choques com um nível de carga elevada. Não só a pessoa que tocava receberia mas também o companheiro visto que ambos possuíam um dispositivo que despoletava a mesma corrente eléctrica que a rede. O objectivo do exercício era melhorar a resistência física e trabalhar em conjunto, tendo em conta que os pares se sujeitariam a consequências se algum deles fizesse asneira.

O agente Cullen deixou-os por uma hora e meia naquelas posições, recebendo choques consecutivos pois era praticamente impossível não tocar na rede. Não deixava ninguém deixar de manter o contacto com a pessoa que estava à sua frente e ia gritando palavras duras para a equipe. Não era à toa que ele era o líder e todas aquelas provações fariam do grupo uma vitória no final.

- Tyler está querendo morrer seu imbecil? – vociferava Edward – Já me perdi nas vezes que tocou na rede, fazendo o seu colega levar um choque com você.

- É difícil Cullen – murmurou sem forças – Estamos aqui à muito tempo e já não conseguimos manter a posição – desabafa.

- Eu não quero saber de desculpas seus incompetentes – grunhia irritado – Quero resultados entenderam? – chegou mais perto de todos eles – Se tiverem numa missão e não quiserem ser encontrados pelo inimigo como o irão fazer se nem num exercício conseguem manter o silêncio e a imobilidade? – berrava ferozmente – Se isso fosse realmente uma missão todos vocês já tinham falhado, todos tinham morrido e levado os seus colegas a morrerem juntos. É isso que querem seus idiotas inúteis? – gritava sem preocupações.

- Não – a resposta sonora saiu da boca de todos os agentes.

- Foram aceites por serem os melhores, provem-no. A cada treino, cada exercício e principalmente cada missão, dêem o seu melhor e nada menos que isso. – Edward não iria baixar a guarda, eles teriam que se superar.

- Sim – voltaram a soar em conjunto.

- Excelente. Agora tratem de retirar as suas bundas preguiçosas daí e procurem algo proveitoso para fazer – deu por acabado o exercício.

Os agentes saíram dos seus lugares doridos e com alguma raiva de Edward. Iam para os balneários tomar um banho e descansar o corpo quando o seu carrasco voltou a falar. 

- Antes de se irem refrescar feito menininhas – disse com escárnio – tenho algo a informar-vos.

Todos olhavam com expectativa e esperavam não terem feito algo de errado pois as consequências não seriam agradáveis.

- Teremos mais um elemento na equipe e deus queira que não seja outro como vocês – falou rudemente.

- Quem é? – James perguntou assim que Edward acabara de comunicar.

- Tenho cara de quem sabe dessa porra? – retrucou sério – Se quiserem procurem vocês e não me encham o saco com questões descabidas. – saiu do local em passos largos.

~*~

- Swan? Tem certeza? – inquiria James a Lauren.

- É o que consta nas informações que arranjei sobre o novo agente – contava ao resto da equipe.

-Grau de parentesco com Alec Swan? – alguém questionou.

- Irmã – respondeu Lauren pensativa – Será que ele sabe?

- Pela resposta que me deu há pouco, duvido – lembrou James – Que tal recebermos a nossa nova colega?

- É melhor não fazermos alarde, talvez fosse melhor ir apenas um de nós – Tyler disse temeroso.

- Medo do Cullen, Crawford? – zoou James – Sem problemas, eu irei pessoalmente receber Isabella – a equipe assentiu e dispersaram.

~*~

- Edward – cumprimentou Michael ao entrar na sua sala.

- Michael – respondeu de igual forma – O que deseja?

- Nada de mais. Passei para saber a sua disposição, espero que Isabella não sofra muito nas suas mãos – riu olhando para Edward.

- Suponho que seja o nome da nova agente – Michael concordou interessado – Se me provar que é capacitada, o que nesse momento duvido, não terá com o que se preocupar.

- Não olhou o ficheiro dela? – seria ainda mais surpreendente assim.

- Me acha um homem com paciência para perder tempo em coisas desnecessárias? – a postura firme de Edward dizia tudo.

- Claro que não, me desculpe por esquecer com quem estava falando – debochou o superior.

- Se era só isso que você queria … - olhou sugestivamente para a porta – Tenho mais que fazer.

- Tudo bem Edward – deslocou-se até à saída – Não esqueça que ela não sabe sobre ele – disse antes de fechar a porta.

Ela não sabe sobre ele? Edward não entendeu o que Michael quis dizer com aquilo mas por certo não demoraria a descobrir.

Admitia estar curioso por conhecer a nova agente. Nunca tinha visto Michael tão preocupado e interessado em alguém. Havia algo ali que ele desconhecia mas não estava receoso. Ao longo dos seus anos na CIA, aprendeu a ser perceptivo e isso ajudava no julgamento do carácter e das qualidades das pessoas. Conhecia cada um que convivia com ele e mantinha todos debaixo de olho. Um agente a mais, por certo, não faria diferença, atrapalharia o mesmo que os outros todos e isso não era um problema para o Cullen.

A pasta com os dados da tal Isabella continuava na sua mesa e por alguns segundos ele ponderou em abri-la. Quando se decidiu já era tarde pois uma pequena batida ecoou pela sala. Nada melhor do que conhecer pessoalmente a pessoa que trouxe tanta atenção por parte de Michael e até mesmo a ele por consequência.

- Entre – soltou a palavra com segurança, ela conheceria desde logo o seu comportamento ali dentro. 

A porta foi aberta e por ela entrou uma Bella destemida e ansiosa por conhecer o chefe. Edward olhou atentamente para a pequena figura à sua frente. Não teria mais que 1.60m, era morena e tinha uma cor de pele clara. A sua posição demonstrava audácia e estava vestida para ser respeitada, mesmo deixando clara a sua feminilidade. A sua cara era algo que intrigava Edward, não conseguia lê-la facilmente e isso despertou o seu interesse. Ainda sabia apreciar o sexo oposto e aquela sem dúvida alguma era uma bela mulher.

- Boa tarde – Bella falou pela primeira vez.

O timbre da sua voz fez Edward atrasar a sua resposta mas não o deixou sem palavras.

- Sente-se Isabella – ele estava cordial, por enquanto.

Bella também observou o homem à sua frente. Estava sentado de uma maneira imponente e se tratava de uma pessoa alta, diria que 1,90 seria uma boa estimativa. Os seus cabelos eram meio revoltos, tinham uma cor de bronze e eram absolutamente bonitos. Logo os seus olhos atraíram a sua atenção. Eram do mais verde possível e Bella teve a sensação de que se perderia facilmente naquele lugar. Edward Cullen era lindo mas alguma coisa a fazia crer que por dentro, seria alguém bem mais complicado.

- Como devo trata-lo? – recordou-se de Michael tratando-o por Edward mas logo depois lembrou de James chamando-o de Cullen, daí a dúvida.

Edward se espantou com a pergunta. Nunca nenhum dos elementos da sua equipe perdera tempo com aquilo. Gostou profundamente do que ouvira e respondeu o óbvio.

- Cullen. Todos os agentes da minha equipe me tratam assim e quem se esquece disso, não deveria – declarou com afinco.

- Certo – Bella pensou que seria sinal de respeito por ele ser o líder da equipe – Então Cullen será.

- Agora que nos entendemos sobre isso, gostaria que me colocasse as suas dúvidas. Espero que não sejam muitas – Edward nunca deixaria de ser Edward se deixasse a impaciência de lado.

- Bom, na verdade não tenho nenhuma. – ele se surpreendeu  com a resposta – O Sr. Newton me deu as informações necessárias e ainda umas pastas com tudo o que eu precisava de saber. – ela não tinha aprovado a falta de disponibilidade por parte de Edward mas também não mostraria o seu desagrado e por isso foi eficaz na sua resposta.

- Óptimo. Está pronta para conhecer a equipe? – questionou sem demora.

- Sim, já conheci James e espero que todos sejam tão receptivos quanto ele – não sabia o motivo que a levou a dizer aquilo mas já era tarde para voltar atrás.

- James? – Edward não ficou agradado com a notícia mesmo sabendo que o assunto não lhe dizia respeito.

- James Bolton se não me engano – tentou visualizar a sua apresentação alguns minutos antes – É, acho que é isso. Se apresentou em nome da equipe para me dar as boas-vindas e me deixou aqui desejando boa sorte – talvez a ultima parte não devesse ser dita mas mais uma vez falou antes de pensar.   

- Interessante – pela sua voz aquilo não tinha sido minimamente interessante de se saber – Vamos então, espero que mais James a façam sentir em casa – falou sarcasticamente e deixou a sala sem nem esperar pela morena.

Bella não entendia a atitude daquele homem. Talvez ele não tivesse simpatizado com ela, afinal seria um membro novo e mais alguém para treinar. Apesar disso não achava correcta a maneira como ele falava e a tratava, merecia mais respeito. Andou apressada até chegar ao seu encalço e bufou quando o conseguiu.

- Algum problema Isabella? – Edward perguntou ironicamente – Se estiver muito cansada posso ir buscar um copo de água e esperar que descanse – obviamente aquela frase tinha sido mais uma ironia e Bella estava detestando cada vez mais a companhia daquele individuo.

- Problema algum Cullen – respondeu irritada com o seu comportamento.

- Isabella talvez não tenha compreendido as posições aqui – dizia enquanto caminhava – Eu mando você obedece, é assim com todos os agentes e isso não irá mudar. Não me importa que me odeiem, quero que sejam os melhores, se é que isso é possível. Não quero amizades e tão pouco relacionamentos por aqui e espero que isso fique bem claro – terminou ao chegar à sala onde os agentes estavam.

- Mais claro impossível chefe, nem eu queria o contrário – não admitiria ser tratada com aquela petulância e deixou isso bem claro nas entrelinhas da sua frase.

Entraram na nova divisória e se depararam com toda a equipe em pé e com uma faixa na parede dando as boas-vindas à nova integrante. A mesa no centro da sala estava repleta de comida e algumas bebidas também povoavam o local. Edward olhava aquilo com indiferença e prosseguiu com as apresentações sucintas.

- Essa é Isabella, a nova agente da unidade e irá trabalhar connosco como já vos tinha avisado – todos acenaram para Bella que retribuiu satisfeita – Irei deixá-la aqui visto que prepararam esse showzinho de solidariedade e voltarei mais tarde para busca-la e acertar os últimos detalhes. – abandonou como sempre aquela sala, nunca ficara ali mais do que os minutos necessários.

- Não se preocupa Isabella – falou uma rapariga ruiva – Ele é mesmo assim, com o tempo você se acostuma.

É, Bella esperava se habituar com tudo aquilo mas depois de conhecer Edward Cullen as coisas pareciam mais difíceis.

~*~

- Wow, então foi nessas circunstâncias que Michael te achou? – Tyler perguntou admirado.

- Sim foi. Quando ele me convidou para trabalhar aqui eu pensei que fosse brincadeira – riu da sua resposta.

- Para Michael ter feito o que fez é porque você realmente merecia estar aqui Bella – Lauren, a ruiva que falara com ela assim que ela havia chegado, afirmava com convicção.

- Sem dúvidas. Os seus testes de aprovação tiveram excelentes resultados – comprovou James.

- Como foi a sua conversa com o todo poderoso? – a loira baixinha que Bella identificou ser Leslie, questionou.

- O Cullen? – perguntou sabendo a resposta – Digamos que normal eu acho – sem dúvida tinha sido normal, principalmente agora que todos lhe haviam falado sobre a sua forma arrogante de ser.

- Ele te tratou mal? – James estava interessado pois queria perceber até que ponto Edward sabia quem ela era.

- Não diria mal, acho que igual ao modo que trata vocês.

- Acredite que então ele não te tratou igual, ele é um terror com a gente – suspirou um Tyler resignado.

-Talvez, não sei – respondeu confusa.

- Deixa isso para lá Bella – Lauren falou novamente – Eu já disse que com o passar dos dias você aprende a lidar com ele.

Bella sorriu e assentiu. Desde que ali chegara, cerca de uma hora atrás, os seus novos colegas de trabalho foram todos bastante simpáticos. Ela pediu logo para que a tratassem por Bella e não por Isabella, não queria uma abordagem tão formal. Conversaram sobre imensas coisas, algumas missões, os treinos a que eram sujeitos e a maneira como eram tratados por Edward. Bella percebe que aquilo seria duro mas no fundo não esperava menos de um trabalho na CIA.

~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

- Como é que pode ser tão incapaz? – gritou o homem com raiva.

- Desculpe senhor mas o local estava cheio de agentes, era impossível matá-lo sem ser apanhado.

- Guarde a porra das suas desculpas, elas não me servem de nada – levantou e andou na sua direcção grudando-o na parede com um aperto no pescoço.

- Quero isso resolvido o mais rápido possível fui claro? – a voz cortante soava séria.

- Sim senhor – respondeu o súbdito com dificuldade.

- Óptima resposta – largou o incompetente – Quero deixar aquela agência em alvoroço e de quebra queimar algumas arestas – falava sorridente.

- Tentarei de novo amanhã – o empregado dizia amedrontado.

- Não quero que tente. Quero que consiga seu verme. – o tom de ameaça estava explicito – Se não o fizer até ao fim desse semana pode mandar preparar o seu próprio funeral – replicou furioso – Agora desapareça da minha frente.

- Certo chefe.

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Após deixar a nova agente com os outros membros da equipe, Edward voltou ao seu escritório. As asneiras saiam da sua boca, ora por a capacidade que Isabella tinha para o desafiar, ora pelos paspalhos dos outros elementos terem feito uma festa idiota para comemorar a sua vinda. Edward pensou que talvez fosse pela audácia de Isabella que Michael estava tão interessado para saber sobre o encontro dos dois. Resolveu satisfazer a curiosidade do seu superior e pegou no telefone discando rapidamente o número pretendido.

- Boa tarde, em que posso ser útil? – a voz afável de Ângela surgia do outro lado da linha.

- Não pode, passe imediatamente a chamada para Michael – o comentário rude faria qualquer pessoa saber quem estava falando.

- Claro Agente Cullen – respondeu afectada e passou rapidamente a chamada.

- Pois não meu caro Edward? – Michael respondeu animado.

- Porque me arranja só incompetentes, Michael? – as suas palavras transmitiam raiva.

- Não gostou de Isabella? – não esperava essa reacção a menos que Edward ainda não soubesse quem era ela.

- Não gosto de ninguém e muito menos de pessoas como ela. É apenas mais uma para o rol de inaptos que eu já tenho.

- Edward como pode dizer isso se ainda nem a viu em acção? – Michael tentava suavizar as coisas.

- Isso será desnecessário para a minha conclusão final. Sei do que falo e ela não passa de mais uma incapaz – soava irritado.

- O que foi que ela fez Edward? – aquilo teria que ser baseado em algo.

- Acha que alguém é capaz de fazer algo contra mim Michael? Sabe que não – respondeu torto.

- Então porque está falando desse modo sobre ela? Acho Isabella uma grande valia para a sua equipe – falou dessa fez com firmeza.

- É por isso que o líder sou eu. Se dependesse das suas escolhas para avaliar agentes, estava perdido – bufava – É por isso que a minha equipe está como está. Um bando de idiotas metidos.

- E é por isso que só poderia ser sua equipe Edward – retrucou Michael – Se espelha em você – desligou o telefone na sua cara.

A expressão de Edward era de incredibilidade. Como é que Michael fora capaz de dizer aquilo e nem esperar pelo retorno? Edward estava possesso. Andou aos ziguezagues pela sua sala, cansado daquele dia todo e querendo ir para casa pegou no que precisava e saiu para buscar o seu mais novo empecilho.

- Venha – indicou para Bella assim que entrou na sala de estar.

Sem perguntas e tentando manter a postura, Bella seguiu-o fazendo apenas um gesto de adeus para os seus companheiros. Entraram no elevador e Edward começou a falar.

- Aqui está a arma que deverá andar sempre com você – depositou-a na sua mão – E aqui está a sobresselente que deverá andar no seu carro – passou-a também para Bella. A sua identificação já está na sua posse e não tem mais nada que deva saber por agora. – as portas do elevador se abriram e Bella percebeu que haviam chegado ao parque de estacionamento.

- Quando começo? – perguntou.

- Como precisa de tempo para não sei o quê, palavras de Michael, terá o resto da semana livre e só terá que voltar segunda-feira ao meio dia. – ela assentiu com a cabeça – Deixe esse celular ligado 24 horas por dia, ele será o seu meio de contacto com a agência – disse ao entregar um aparelho topo de gama para ela.  

- Mais alguma coisa? – estava já ao lado do seu carro.

- Não, isso é tudo. Pode ir.

Observou Isabella entrar no automóvel e deixar o edifício. Começou a andar até ao seu carro mas a sua atenção foi capturada pela vaga da nova agente. O nome Swan, escrito na placa, o deixou atónito. Seria possível haver uma ligação entre ela e o seu melhor amigo? Com dificuldade Edward entrou dentro do seu veículo e saiu em alta velocidade.

Agente Swan I., aquele simples nome não saía da cabeça de Edward e agora sim teria que vasculhar todas as informações sobre Isabella até chegar a alguma conclusão.