Coalescência escrita por Lany


Capítulo 9
Meus Segredos... Seus Segredos


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e como prometido muuuuito Aliper! :)
Boa Leitura!



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Era uma noite escura de mais, silenciosa de mais. As pesadas nuvens da noite cobriam o céu como um manto sem luz, não havia lua e as poucas estrelas lutavam fervorosamente para chegar à superfície e iluminar o mar negro que o céu se tornara.  A grama estava mais alta e espessa naquela parte da floresta, a terra húmida cobria parcialmente os pés –Os pobres pés machucados – A pequena garota encarou o céu respirando ofegante, era visível que ela desistira de correr.

 Ela se arrastava, usava as mãos e as unhas para se afastar do inimigo, embora eu não o visse eu sabia que ele existia e que ela o via. Um grito agonizante ecoou pelos meus ouvidos, ela tentava se por de pé, ela queria lutar por sua vida.

 Abrir os olhos sobressaltada, apesar do frio a testa completamente molhada de suor.

-Foi... foi só um sonho! –Murmurei para me mesma saindo da cama em um salto. Querendo mais do que tudo acreditar em minhas palavras.

-Só um sonho, só um sonho! –Repeti, minha cabeça pesava com tantas imagens indistintas e curiosas que tanto lutava para esquecer.

  Recostei-me na parede mais próxima, sentindo minhas costas escorregaram lentamente.

-Tem que ser só um sonho! –As lagrimas corriam livres por meu rosto, por mais que eu negasse, por mais que eu não quisesse acreditar, algo em me sabia, sabia desde o principio, esses sonhos não eram apenas pesadelos. As cenas eram sempre escuras, tremulas, nubladas e ainda assim eu assistia as imagens sem foco, eu sentia a dor e a agonia porque... porque era a minha dor, era a minha agonia, os pés machucados e cansados eram... meus.

-Não! –A palavra saiu sem som, o que machucava mais.

   Serrei os punhos e encarei a janela aberta a minha frente. Antes mesmo de pensar no que faria meus pés já estavam em movimento, sem parar, respirei fundo e saltei.

  A brisa gélida da noite abraçou meu corpo, o cheiro da terra húmida encheram meus pulmões e as asas atrás de me oscilaram tentando se libertar, Não permitir. Formou-se um circulo de energia a minha volta, que acompanhou minuciosamente cada um de meus movimentos até meus pés tocarem o chão, delicadamente.

 Não parei, não queria pensar!

Passei por arvores, arbustos, enormes pedras, e continuei correndo. Em alguns pontos a floresta parecia perigosa em outros, estranhamente tranquila. Passei pelo lugar exato onde me encontrei com os lobos pela primeira vez e continuem com a excursão não planejada.

 Em algum momento parei de correr –Não me lembro quando ou onde exatamente –só sei que a corrida deu lugar a uma caminhada lenta e despreocupada. Enxuguei o rosto seguindo em frente.

 Cessei assustada incoerentemente suspirando aliviada. Espalmei uma das arvores mais próxima observando a alguns centímetros de distancia o louro sentado na grama de costas para mim e de frente para o que parecia ser um pequeno lago. Jasper. Incoerentemente meus temores desapareceram.

 Ele lançou a cabeça para trás respirando lentamente com os lábios entreabertos.

-Alice! –Sussurrou.

 Mordi o lábio insegura, o escudo se expandindo por minha pele como por extinto. 

-O que você está fazendo aqui? –Perguntei espantada, sem conter a curiosidade. –Quero dizer, está tarde. –Completei não querendo parecer intrometida.

-Eu poderia fazer a mesma pergunta! –Jasper se pôs de pé rapidamente.

-Eu perguntei primeiro. –Era o melhor argumento que tinha no momento.

 Jasper parecia me avaliar, seus olhos prendendo os meus fervorosamente. Só agora me dei conta do estado que me encontrava, descalça, de camisola, e... –Graças a Deus – um casaco com estampas escuras. Cruzei os braços sobre o peito, visivelmente envergonhada.

-Certo! –Disse-me. Um pequeno sorriso brotando no canto de sua boca. Era extremamente lindo e intrigante velo sorrir. -Eu queria ficar um pouco sozinho, pensar.

-Entendi! Desculpe, eu... eu realmente não queria.... –Virei-me rapidamente tentando me lembrar do caminho de volta para casa.

-Não! Eu não quis dize isso. –Arfei surpresa com o toque gélido de suas mãos envolvendo meu pulso. O toque foi breve porem intenso. -Você pode ficar se quiser. –Completou inseguro, vacilante em suas próprias palavras.

 Voltei a encara-lo Jasper afastou-se alguns passos e curvou-se levemente fazendo uma reverencia, contive o riso, apesar de clichê o movimento parecia perfeitamente compreensível de alguém como ele.

  Aproximei-me do lago. Arfei surpresa tamanha a beleza do lugar, o circulo perfeitamente desenhado no chão acumulando uma grande quantidade de água brilhava em resposta ao fraco brilho da lua e das poucas estrelas sobre nós, pequenas flores em tom de violeta, branco e roxo preenchiam toda a extensão a nossa volta. Era simplesmente perfeito, o lugar era digno de sua presença. –Correi como se tivesse pronunciado as ultimas palavras em voz alta.

-Agora é sua vez! –Afirmou ele passando as mãos sobre o próprio cabelo. Jasper estava próximo de mais, sentado, fitando o lago.

  Seguir seus movimentos e aconcheguei-me na grama baixa.

-Como?

-Está tarde, a floresta pode ser muito perigosa! O que estava fazendo por aí? –Jasper revezava olhares entre me e a belíssima paisagem a nossa frente.

-Definitivamente, não sou tão indefesa como você pensa. –Afirmei prendendo seus olhos nos meus.

-Eu sei. Você é diferente.

-Assim como você!

-Exatamente. –Sorrio ele. Seus dedos brincavam na terra, fazendo desenhos desconexos. -Você ainda não me respondeu.

  Lembrei-me dos terríveis sonhos, que na verdade eram visões, do poder do ciclo que se manifestou no dia anterior, no que Liz havia dito. Suspirei desgostosa. Recebendo de imediato uma onde de coragem e confiança.

-Pesadelos, terríveis pesadelos. –Os olhos de Jasper estreitaram-se avaliando minhas palavras.

-Deixe-me ver se compreendi, –Fez uma pausa, levando uma das mãos ao queixo parecendo pensar. -Você teve um pesadelo, ficou com medo...

-Não, medo não! –O interrompi. Poderia ser qualquer outra coisa, qualquer outro sentimento, menos o medo. Eu não sou medrosa.

  Jasper explodiu em uma sonora gargalhada, um som agradável, doce e ao mesmo tempo forte, era como a voz de um anjo. Algo que valia apena esperar uma vida para ouvir.

-Tudo bem, então você teve o pesadelo, ficou... –Jasper parou reformulando a frase. -um tanto inquieta e saiu correndo floresta adentro.

-Colocando dessa forma até parece mentira.

-É mentira?

-Não, Claro que não! –Não era exatamente uma mentira.

-Acredito em você. –Sorri para o nada, nem eu mesmo sabia o quanto desejava ouvir essas palavras.

-Obrigado!

 Ele sorriu em resposta. Era estranho velo tão calmo e aparentemente feliz com minha presença, a personalidade de Jasper parecia oscilar em todas as vezes que nos encontrávamos. Mordi o lábio inferior tentando conter o riso.

-O que foi? –Perguntou ele olhando-me de soslaio.

-Você... você é meio bipolar. –Confessei receosa.

-O que?

-Transtorno Bipolar do humor é uma doença mental que caus... 

-Eu sei o que significa, só não entendo porque a seu ver, estou relacionado com o problema! –Ri ironicamente arrancando alguns sorrisos do louro ao meu lado.

-Bom! –Respirei fundo pondo em ordem meus pensamentos. -Em um dia você me ignora totalmente, no outro é extremamente simpático, depois você volta a me ignorar e me trata feito louca.

-Eu nunca pus em duvida sua sanidade mental. –Argumentou ele voltando a fitar o lago.

-Eu sei o que eu vi Jasper. Não adianta negar, você me salvou. Você parou o carro com a mão. –Recordei-me do quase acidente.

 Pela primeira vez desde que o vi nessa noite sua face tomou o ar superior que eu tanto detestava.

-Não é nada sábio se interessar pelos segredos dos outros quando você luta tanto para esconder os seus. –Murmurou indiferente, minha mente viajando para a ventania que provocara naquele mesmo dia.

 Jasper não estava mais ao meu lado ele se levantara e se encontrava a alguns passos a minha frente.

-Claro! –Ri secamente, observando as costas de Jasper paralisar esperando o que viria a seguir. -Você é incapaz de passar duas horas sendo legal comigo não é?! E agora o que vai acontecer? Você vai simplesmente me ignorar ou me trata feito louca. –Exasperei irritada comigo, com ele, com a situação.

 Jasper virou encarando-me seus olhos âmbar brilhando a luz da lua.

-Você mais do que ninguém deveria entender como é difícil dizer a verdade em... –Aproximou-se apoiando os joelhos na terra a minha frente. -alguns momentos.

 As costas de suas mãos deslizaram pelas formas de minha face, tentando memoriza-las. Seu rosto estava  a poucos centímetros do meu. Fechei os olhos aproveitando o momento. 

-Seu cheiro. –Murmurou ele. Seus dedos frios sobre meu pescoço, causando-me arrepios prazerosos.

-Você não o sente! –Meus instintos praticamente gritavam me mandando sair o mais rápido possível. Ignorei.

-Exatamente! Seus segredos. –Abri os olhos fitando-o. -Meus segredos.

  Jasper cruzou nossas mãos, minha palma era ridiculamente pequena comparada a sua.

-Isso é tão errado! –Sussurrou ele seus lábios roçando nos meus com a lentidão exagerada que pronunciou as palavras.

 Leves vislumbres do futuro tentavam preencher minha mente, lutava fervorosamente contra todos, querendo apenas aproveitar o presente.

-Sendo assim, eu não quero mais o que é certo! –Jasper sorrio com o consentimento. Nossos olhos fecharam-se em sincronia e finalmente seus lábios aveludados encaixaram-se nos meus. Nossas palmas unidas e nossas línguas travando a batalha do amor. O beijo era calmo e feroz, lento e desesperado, unicamente intenso. Uma de suas mãos pousaram em minha cintura apertando-a tão delicadamente que eu mal sentia. Havia sonhado e imaginado esse momento inúmeras veze, no entanto nada se comparava com a realidade.

 Nossos lábios separaram-se subitamente.

-Me desculpe! –Murmurou ele levantando-se e seguindo em direção as arvores. Eu continuava atônita, ajoelhada na grama, aproveitando o gosto singular que ele havia deixado em mim. –Eu... eu não queria fazer isso, sinto muito, mesmo. 

-Mas, eu queria! –Sussurrei para o vazio, já que ele havia desaparecido entre as arvores.


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Notas finais do capítulo

N/A: Olá estrelinhas ofuscante!
O que acharam do capítulo de hoje??? Sinceramente é um dos meus favoritos!
Nossa... eu estou amando compartilhar tudo isso com vcs. Muito obrigado por todos os comentários, por todo o carinho.
Se Gostou: Comenta
Se Não Gostou: Sinto Muito, Realmente é uma pena.
Se Amou: Recomenda =D