Coalescência escrita por Lany


Capítulo 10
O Que Acontece Em Meu Subconsciente?


Notas iniciais do capítulo

Mais uma capítulo amorecos!
Boa Leitura!



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O grafite do lápis sobre meus dedos deslizavam –Com uma certa familiaridade –as formas únicas da face do louro que tanto me confundia. Os olhos fundos e provocantes que mais pareciam enxergar além de mim, o sorriso debochado e sedutor que me causava arrepios, os lábios, os lábios firmes e carnudos que parecem estar no lugar certo quando estão junto aos meus, preenchiam a folha do caderno apoiado eu meus joelhos.

-Nossa! Isso é incrível. –Exalte-me fechando o caderno assim que a voz soprano, similar ao badalar de sinos celestiais, ocupou o vazio que era minha mente.

-Desculpe! Assustei você. –Constatou Isabella Cullen, apesar do uniforme de educação física e do cabelo amarrado em um rabo de cavalo desajeitado a beleza da morena parecia irradiar.

 Suspirei aliviada por ter a certeza que o escudo continuava sobre meu corpo, incomodada por ter sido pega desprevenida e um tanto envergonhada por um dos Cullen ter presenciado algo... particular.

-Você não vai participar da aula, vai? –Bella perguntou gesticulando para as roupas que estava usando, o grosso sobretudo sobre um casaco de mangas longas que combinava perfeitamente com o vestido cor de vinho, leggin e sapatilhas.

-Não. Na verdade só vim entregar o atestado médico. –Respondi mais relaxada, acompanhando com os olhos Bella sentar ao meu lado.

-Não pode fazer exercícios?

-Tenho asma! –Não é totalmente mentira, eu realmente tinha antes da transformação, o problema agora é o enorme volume que carrego nas costas.

 Bella parecia realmente preocupada, por alguns instantes me senti verdadeiramente culpada por mentir para alguém como ela.

-Não é nada serio! –Afirmei tentando amenizar a situação e a minha culpa.

-Sendo assim você tem sorte! Detesto Educação física. –Confessou-me com um sorriso complacente.

Dei de ombros retribuindo o sorriso. Bella parecia ser alguém em que se vale a pena confiar.

-Você é muito boa! Mesmo. –Apontou para o caderno em meus braços.

-Isso... Isso não é nada, não... não significa nada. –A frase saiu incoerente, bagunçada, assim como os meus sentimentos.

 -Realmente é uma pena! –Suspirou Bella ao meu lado.

   Um apito estrondoso se fez ouvir em meu subconsciente, ao mesmo tempo que todas as cabeças se viravam para observar o técnico que acabara de entrar em quadra.

 Pisquei os olhos com força assim que voltei para a realidade. A visão não levou mais de meio minuto, entretanto Bella observava-me interrogativamente.

 O som estrondoso que a pouco enchera minha mente se fez ouvir para todos os presentes. Bella fez uma careta antes de se levantar, só agora me dei conta que todos ali fitavam-nos com os rostos perplexos.

 Seguir seus movimentos e em poucos segundos já estávamos ao lado do técnico Benys. Bella fez mais uma careta antes de seguir em frente e se juntar –Mantendo uma distancia considerativa –com o restante da turma.

-Senhor Benys? Sou Mary Alice. –A mão forte do homem de uns trinta e tantos anos envolveram a minha em um comprimento formal. –Na minha antiga escola as aulas de educação física não eram necessário, por esse motivo não frequentei as aulas anteriores. –Tentei explicar a minha ausência das aulas, entretanto senhor Benys não estava muito interessado. -De qualquer forma eu tenho asma! –Concluir entregando-lhe o atestado.

 -Você não pode ficar sem nota! Vou pensar em uma atividade extra, um trabalho escrito. –Afirmou senhor Benys, analisando minuciosamente o papel em suas mãos.

 Concordei andando em direção as portas do ginásio assim que Senhor Benys levou, mais uma vez, o apito aos lábios chamando a atenção da turma.

 Antes de sair dei um tchauzinho para a morena que se destacava no meio de toda aquela gente, não só pela beleza singular mais pela careta um tanto quanto engraçado que moldava seu rosto.

As aulas de Educação Física começam uma hora antes do nosso horário habitual, esse é o motivo dos corredores praticamente vazios.

 Parei em frente ao armário 77, o meu armário. Usei a combinação costumeira e abrir a porta da minha pequena bagunça, um perfume floral –Que Liz havia me dado – exalava do pequeno espaço.  Depois de alguns minutos vasculhando entre desenhos antigo, livros escolares, agendas, maquiagem, cadernos, frasquinhos com líquidos relaxantes e potinhos com ervas medicinais –Esses dois últimos, nem ao menos me lembrava de ter trazido –Achei o livro de literatura.

 O som ensurdecedor, de metal se chocando contra metal, veio antes de qualquer outra reação que pudesse ter. O material que segurava foi de encontro ao chão, minhas mãos apoiadas na porta do armário foi o que causou o barulho estridente. Minha cabeça doía, ardia, queimava. Mordi o lábio inferior tentando conter o grito dentro da garganta.

 Sai correndo, praticamente atropelando um casal que matara a aula de educação física, o garoto rosnou um palavrão quando passei por ele.

 Adentrei a primeira porta a esquerda –Banheiro feminino –trancando-a. Agarrei-me  com toda a força na bancada de mármore, inalando um ar pesado, um ar que não pertencia aquele ambiente.

 Os pés sujos e cansados mais uma vez preencheram minha mente, esse era meu terror real, no entanto a dor insana que atravessava meu celebro era tão forte que expulsava qualquer vestígio da visão.

 Abrir os olhos aliviada quando a dor diminui-o, a imagem que vi refletida no espelho era de causar náuseas, no entanto o que fez meu coração perder uma batida foi os olhos de ouro liquido que me observava horrorizado.

-Você está bem? –Jasper perguntou com o olhar fixo em meu reflexo.

-Como você entrou? –Ignorei a pergunta e as pequenas farpas de dor que enchiam minha cabeça.

-Você não me respondeu!

-A porta estava trancada. 

-Uma porta nunca foi um obstáculo para mim. –Sua voz era firme, mas, a mascara que cobria seu rosto estava prestes a desmoronar.

-O que você quer Jasper? –Serrei os lábios. De alguma forma ele diminuía a dor, mas não a fez cessar.

-Eu quero... Eu só quero ajudar! –Concluiu ele.

-Pra que? Por que? –Exasperei, encarando-o pela primeira vez. Seu corpo gélido estava mais perto do que eu imaginava e embora minha cabeça pendesse para os lados a calma que emanava dele me manteve em pé. -Você me ajuda, depois pede desculpas, diz que foi um erro, que não queria e vai embora. Vamos pular pra parte que você me deixa sozinha, por favor! –Mais parecia que eu implorava a ultima parte e eu pouco me importava com isso.

 Minhas palavras pereceram empurrar Jasper contra a parede, seus olhos mudaram de cor quase como por magia. De ouro liquido para um preto devastador.

-Seu nariz! –Rosnou ele entredente, suas costas coladas aos azulejos.

 Virei-me rapidamente sentindo as náuseas tomarem conta de mim, com as mão tremulas, abrir uma das torneiras a minha frente tentando inutilmente deter o sangue que fluía por minhas narinas. Sentir algo apertar, se revirar dentro de mim e mal tive tempo de me curvar quando o terrível gosto de ferro e sal passou por minha garganta enchendo minha boca com o gosto terrivelmente singular.

-Seu cheiro! –Rosnou ele. -Eu não sei como você faz, mas, eu preciso que você o elimine. Agora! –Jasper fitava-me horrorizado, em seu rosto um misto de emoção: dor, medo, desejo, raiva, desespero! Não fui capaz de distinguir a mais forte, quem sabe por que elas espreitavam o interior de Jasper com a mesma intensidade. Voltei a curvar-me para mais uma vez jorrar o que parecia ser litros de sangue!

 Deus o que está acontecendo comigo? Supliquei em pensamentos enquanto tossia e via Jasper vacilar em suas decisões.

-Alice! –Suspirou ele em uma lentidão exagerada. Com as mãos presas na própria garganta prosseguiu. –Por favor. Seu cheiro.

  A dor massacrante acertou em cheio minha mente, sentir as lagrimas traçarem uma corrida silenciosa por meu rosto, meus joelhos cederam e meu corpo chocou-se contra as frias pedras de mármore do chão do banheiro feminino. O Ar faltou, o sangue que tomara meu rosto me impedia de respirar, as marcas que enchiam meus braços ardiam como brasa. Era fim, eu sentia isso.

 *-*-*-*

 Meus olhos se abriram para uma luz clara e muito forte, pisquei diversas vezes tentando me acostumar com a claridade. As paredes brancas do quarto desconhecido dava ao lugar um “ar” calmo e ao mesmo tempo doentio. A cama na qual me acomodará estava longe de ser macia, era dura e desconfortável. Havia um bipe irritante, o qual elevava o grau da dor em minha cabeça. Alguma coisa estava colada em meu rosto, sob meu nariz. Em um movimento rápido os tirei, podendo assim respirar aliviada apesar da ardência.

-Você não pode fazer isso! –Dedos frios tentaram recolocar o aparelho.

-Jasper? –Perguntei o impedindo.

-Estou bem aqui.  –Levantou as mãos em sinal de rendição. -Está melhor?

 Fechei os olhos analisando-me mentalmente. O escudo, agora se materializava sobre meu corpo sem nem um esforço de minha parte. Ele se formou agora? No instante em que acordei? Antes disso? Sinceramente não sei.

-Realmente estou em um hospital?

 Um meio sorriso brotou nos lábios do louro ao meu lado.

-Qual o seu problema em responder minhas perguntas? –Perguntou ele docemente. Alguns dias atrás juraria que Jasper não seria capaz de falar assim com ninguém.

-Desculpe. –Tentei esconder o espanto. –Estou bem! Obrigado.

-E sim! Você está em um hospital.

 Meus olhos correram pela extensão de meus braços, suspirei aliviada ao constatar que as marcas não estavam a amostra. Um pesado e enorme casaco de couro estava no lugar do meu sobretudo. O casaco de Jasper.

-Fiquei preocupado! –Disse ele arrancando-me de meus pensamentos e trazendo-me para uma realidade cada vez mais estranha.

-E cada vez mais acredito que você sofre de bipolaridade.

-É bem mais complicado do que você imagina.

-Talvez nem seja!

-Acredite, é.

 As mãos gélidas de Jasper tocaram minhas testa delicadamente. Fechei os olhos aproveitando o contanto. Já que as mudanças no humor do louro irresistível é mais frequente do que gostaria que fosse, decide aproveitar aquelas que mais me agradam.

-Ainda doí? –Sussurrou ele. A preocupação quase palpável no ar.

-Não! –Menti

-Alice! Você acordou querida! –Constatou Liz adentrando o quarto.

 Jasper saltou para longe de mim, observando os passos cautelosos de minha avó. Seus braços envolveram-me em abraço reconfortante.

-Como ela está Carlisle? –Perguntou Jasper.

 Meus olhos encontraram os de Carlisle –Presumo –O médico dono de uma beleza estonteante e aparentemente novo de mais para exercer a profissão fitava-me curioso. Os traços fortes, a cor âmbar dos olhos, a palidez, as fortes olheiras dizia-me que o médico em questão era um dos Cullen.

-Alice perdeu muito sangue, e o fato do organismo dela não aceitar nem mesmo o próprio tipo sanguíneo complica o caso. Ela continua meio anêmica, mais está bem. –Carlisle disse não apenas para Jasper, mas, para todos na sala. -Fico feliz em vê-la acordada Alice. Sou o doutor Carlisle Cullen e pai de Jasper. –Saudou-me com um pequeno sorriso moldando seu rosto e transbordando confiança.

 Ele com toda certeza não tem idade para ser pai de um adolescente.

-Ela já pode ir? –A confirmação estava implícita na pergunta de Liz.

-Eu particularmente preferia que ela ficasse em observação!

-Então ela vai ficar! –Afirmou Jasper com uma certeza eminente.

-“Ela” está aqui. –Revirei os olhos em desaprovação a maneira que os três falavam de me, como se eu não estivesse presente.

-Eu sei o que é melhor para ela. Agradeço por todo o cuidado e atenção Dr. Cullen, mas já discutimos isso. Alice vai pra casa comigo. –Liz encerrou o assunto. Batendo o pé como uma criança teimosa.


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Notas finais do capítulo

Então??? Gostaram desse cap? Espero que sim.
Vou confessar: Estou Amando cada Comentário, vcs são incríveis, muito obrigado por esse carinho.
Ps: Estão ansiosas? Amanhecer estreia nessa semana! UHUULL o/
Bjoksss