Pov Susana.

                O tempo foi passando.

                E quanto mais isso acontecia mais eu sentia a chama adormecida arder em meu peito novamente.

                Caspian não saia de meus pensamentos e do meu coração. Nunca saiu, para falar a verdade.

                Fiz a ultima prova do vestido de noiva, minha chefa deu-me férias de três meses por causa do casamento e lua de mel dizendo que era para eu curtir meu marido. Sorri demonstrando empolgação quando deu vontade de assentar-lhe a mão, mas perdoei-a por não saber do que falava. Daria os toques finais no vestido (até que estava ficando bonito) e mandaria por correio para minha casa.

                Por Aslam, como aquilo doía!

                Ter que ceder à presença de Johnny enquanto Caspian ficava cada vez mais longe...

                Mas não posso arriscar.

                O maldito dia do casamento de Johnny estava chegando rápido, sim, de Johnny, não seria meu nunca. Faltavam míseros sete dias e as horas insistiam em voar.

                - Uma batida na porta despertou-me de meus devaneios. Caminhei da cama até ela abandonando Um Estuda Em Vermelho (mal passara da página 5).

                Pelo olho mágico identifiquei o homem que aguardava. Abri a porta.

                - Boa tarde, Sr. Thompson. – cumprimentei o porteiro do prédio.

                - Boa tarde, Srtª Pevensie. Olhe, pediram para que eu lhe entregasse isto. – estendeu para mim um pedaço de papel dobrado ao meio. Peguei-o.

- Quem mandou?

- Não quis se identificar. Bem, é só, com licença. – e saiu.

Fechei a porta. Dando as costas para ela e em passos lentos para dentro do ambiente observei o papel. Ao desdobra-lo encontrei as seguintes palavras:

 "Olhe pela janela"

              Curiosa, debrucei-me no peitoril. Lá, do outro lado da rua, ele olhava para a minha janela, com os braços cruzados, escorado na parede. A me ver sorriu, um convite para descer. Sorri de volta e fui ao seu encontro.

                Cheguei lá e ele me recebeu com um sorriso radiante. E eu não pude ocultar o meu.

- Oi, Caspian.

- Oi, Su.

- O que está fazendo aqui?

- Vim ver você.

Parecia óbvio.

- Caspian... – eu ia começar um sermão.

- Sei que não devia ter vindo, mas não podia perder a oportunidade.

- Deixe-me adivinhar: você veio escondido?

- Acertou.

- Algo está me dizendo que Lucia está metida nisso.

- Ela está se saindo uma ótima cumplice.

Eu ri.

- Sabia. – o riso foi passando. – Eustáquio está melhor?

- Está sim. Ele e Edmundo fizeram um protesto para que Lucia não cozinhasse mais. Parece que estão arrependidos...

- Por quê?

- Não aguentamos mais comer pizza. – rimos. A medida que este foi passando senti os olhar de Caspian prender o meu. – Já disse que você é linda? – afagou a lateral de meu rosto. Fechei os olhos ao seu toque. Eu ia falar, mas fui interrompida. – Não, não diga que não é certo por que não vai adiantar.

- Eu só iria dizer obrigada. Obrigada.

Ele sorriu de leve.

- Tenho que ir antes que Lucia se complique. – hesitou, mas deu um beijo em minha testa, logo seguiu para casa.

- Caspian! – chamei, ele parou e virou para mim. – posso saber quando você vai fugir de novo?

Ele abriu um sorriso largo.

- Amanhã.

- Estarei esperando. – prometi.

No dia seguinte lá estava ele, me esperando.

Sei que devia evitar esses encontros, mas eu precisava estar com ele.

Naquele dia, em meio a nossa conversa, ele tocou no assunto.

- Você ainda tem tempo de mudar de ideia. Pense bem, depois de sábado não terá volta.

- Não preciso mudar de ideia por que já sou contra o que vai acontecer sábado. – respondi.

- Então, Su, o que ainda te prende a isso?

- Meus irmãos. É por eles que estou fazendo isso, tente entender.

- Eu entendo, nesse caso até concordo, mas nunca vou aceitar.

Senti meus olhos marejados. Uma lagrima solitária escapou.

- Queria tanto estar em Narnia, longe de tudo isso...

- Não sei quando Aslam vai me chamar de volta, mas eu só vou se for com você. – secou minha lagrima.

Na quarta-feira levou a mensagem de Edmundo. Edmundo nos apresentaria sua namorada. Fiquei surpresa por que nenhum de nós desconfiou, nem Lucia! Bem pelo menos eu acho...

O jantar foi naquele mesmo dia.

Minha cunhada se chamava Natalia e não demorou muito para que ela, Lucia e eu nos tornássemos amigas.

Caspian se fez assíduo em suas fugas durante toda aquela semana, sem uma falta sequer. Eu gostava disso e queria ao máximo aproveitar esses momentos. Adorava o fato de esses acontecimentos não terem chego aos ouvidos de Johnny e isto me deixava mais “solta” para meus encontros com Caspian.

Nos dois primeiros dias ele despediu-se de mim com um beijo na testa, no dia seguinte com um beijo na bochecha e ontem com um selinho. Nem preciso dizer que amei né?

Hoje sexta-feira 13 (teria lua cheia a noite), no horário que ele costumava chegar, eu fui para a janela. Não estava lá. Aguardei, aguardei e aguardei mais um pouco, mas Caspian não apareceu.