Infelizmente comida pronta só a que comemos ontem. Lucia fez café e Eustáquio tentou improvisar torradas, a maioria saiu com parte queimada.

                - Desse jeito vamos morrer de fome. – resmungou Edmundo. – o que será que nos aguarda para o almoço?

                Lucia parou de passar manteiga em sua torrada e encarou o irmão com uma cara...

                - Ele tem razão, Lu. – comentou Pedro que virou vitima dos olhar dela. – Pense bem, o que você sabe fazer?

                - Ah... – ela pensou. – torradas que não fiquem queimadas. – respondeu. Eustáquio encolheu-se tomando um gole de café.

                - Garanto que vamos enjoar de tudo isso até o final da semana. – afirmou Edmundo.

                - Eu já vou indo. – Pedro levantou-se.

                - Pra onde? – quis saber Lucia.

                - Atrás de trabalho.

[...]

                Almoçamos macarrão.

                Durante a tarde Lucia pediu para que eu a acompanhasse até a lavanderia para buscar as roupas que Susana esqueceu. Disse-lhe que não sabia para que lado ficava esse lugar, então ela disse que sabia só não queria ir sozinha, que Eustáquio não poderia ir por que o macarrão não lhe fez muito bem e Edmundo por que estava pendurado no telefone conversando com uma garota chamada Natalia.

                Sendo assim, fui com ela.

                Carreguei a maior parte das roupas no caminho de volta a ouvindo falar sobre ideias para cozinhar, ou para ajudar Susana, ouvia tudo que ela dizia e levava algumas ideias em consideração.

                 Entramos em casa, Eustáquio veio quase se arrastando até nós com uma cara horrível.

                - Lucia, por favor, tire Edmundo do telefone e ligue para alguém vir aqui me ver, estou péssimo! – suplicou.

                - Tudo bem, só um minuto. – Lucia largou as roupas que trazia no sofá e foi para a cozinha.

                Pov Lucia.

                - Ah, espera aí. – falou Edmundo logo voltando a atenção para sua conversa.

                - Edmundo! – bati pé impaciente. – Eustáquio está passando mal me deixe ligar para Susana agora!

                Ele suspirou.

                - Eu tenho que desligar. – disse para a garota com quem conversava. – beijos, tchau. – disse com um sorrisinho. Ergui as sobrancelhas levemente. Ele pôs o telefone no gancho.

                - Beijos? – questionei.

                - Eustáquio não estava à beira da morte?

                - Ah, é! – lembrei dando um salto para o telefone. Disquei rapidamente o numero do apartamento da Susana.

                - Alô? – ela atendeu.

                - Su, por favor, vem pra cá rápido! – pedi urgente.

                - O que houve? – preocupou-se.

                - Eustáquio está passando mal.

                - O que ele tem?

                - Não sei, por favor, vem pra cá rápido!

                - Tudo bem, Lucia, calma, estou indo para aí. Tchau.

                - Obrigada, tchau. – desliguei e voltei a sala. – Cadê ele? – perguntei sobre meu primo ao não encontra-lo no cômodo.

                - Foi correndo para o banheiro quando Edmundo começou a falar sobre o que tinha vontade de comer. – respondeu Caspian em tom de tédio.

                - Edmundo! – chamei-lhe a atenção.

                - Eu não tive a intenção. – justificou-se, jogando-se no sofá.

                Bufei.

                A porta abriu e Pedro entrou.

                - Conseguiu alguma coisa? – perguntou Edmundo.

                - Começo amanhã mesmo.  – disse orgulhoso.

                - Assim tão rápido?

                - O que o carisma não faz? – perguntou brincalhão.

                - Muita coisa. – murmurei. Ele revirou os olhos e eu ri. – Vou com Eustáquio está. – subi. Cheguei ao quarto e encontrei a porta entreaberta, dei uma leve batida e entrei. Vi ele jogado na cama.  – está melhor? – sentei na beira da cama.

                - Lucia, pelo bem de todos, eu lhe imploro, nunca mais cozinhe! – ele falava sério, mas eu não pude deixar de rir. – vai rindo mesmo, não é você que está à beira da morte!

                - Deixe de drama, Lucia não cozinha tão mal assim. – ouvi a voz de Susana da porta. Olhamos para ela que adentrou o quarto sendo seguida por Pedro e Edmundo, Caspian ficou observando da porta. Susana sentou na cama do outro lado de Eustáquio. – O que você tem? – verificou a temperatura pondo a mão na testa e no pescoço de nosso primo.

                - Um mal estar terrível, nada me para no estomago. – queixou-se.

                - Está febril... Lucia pegue o termômetro para mim, por favor?

                 Levantei e fui pegá-lo.

                Pov Caspian.

                Certo, sei que não é correto tirar vantagem da situação de Eustáquio, mas, se quem iria cuidar dele seria Susana, bem que ele podia ficar doentinho mais um pouco, não é?

                Ri comigo mesmo após esse pensamento egoísta.

                Tudo bem, que ele fique bom logo! Pronto, já lhe desejei o melhor, posso tirar uma casquinha agora?

                Nossa, Caspian, nunca te vi desse jeito.

                Ria de meu hilário conflito interno.

                Estava chovendo, muito, muito forte. Uma tempestade. Impossível sair com ela lá fora.

                E ela me fez o favor de prender Susana em casa. (sem ironia).

                Depois de tomar remédio, Eustáquio dormiu. Sem nada para fazer, todos nos dirigimos para a sala; cada um foi ocupando os lugares vagos nos dois sofás. Edmundo deitou-se em um, ocupando completamente o sofá de três lugares; Pedro sentou em uma das poltronas, Lucia na outra. Acho que esses lugares foram ocupados estrategicamente, pois o único lugar que ficou vago para mim foi no sofá de dois lugares, ao lado de Susana. Nem vou falar que amei isso...

                Sentamos um ao lado do outro como pessoas normais que somos.

                Ah, isso é piada, né?

                Edmundo ligou a TV, estava passando um filme de caubói. Só tiros para um lado e para o outro.

                Tudo muito quieto.

                Tudo muito chato.

                - Estou com vontade de comer alguma coisa, mas não sei o que é... – comentou Lucia.

                - Eu também. – apoiou Edmundo.

                - Somos três. – completou Pedro.

                Lucia estreitou os olhos, pensando.

                - Sei que é doce, leva chocolate e tem uma cremosidade consistente...

                - Que tal brigadeiro? – sugeriu Susana. Lucia abriu um sorriso.

                - Perfeito!

                - Ótima ideia! – comentou Pedro.

                - Excelente! – completou Edmundo.

                Que estranho parece que eles combinaram aquilo... E que diacho é brigadeiro?

                - Ótimo! E quem sabe fazer brigadeiro levanta a mão! – Susana falou animada, ela levantou a mão. Só ela. Seu sorriso sumiu e ela bufou – beleza, sobrou para mim...