Sirius, o Sedutor escrita por N_blackie


Capítulo 4
Capítulo 4




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De Volta Para a Minha Terra

A parte que eu mais gosto de viajar à Londres é, com certeza, o voo. Quando entrei no avião já comecei a apreciar a paisagem, lotada de aeromoças lindas com os mais diferentes sotaques. Sentei ao lado de um cara meio velho, e esperei os avisos de segurança para começar a me divertir.

- O Senhor deseja ao para beber? – a moça parou para perguntar, e sorri charmosamente. Ela sorriu de volta, olhando sugestivamente para o carrinho. Olhei como se analisasse, e apontei para um canto.

- Suco, por favor.

- Claro. – ela colocou um pouco num copo de plástico e sorriu enquanto saia. Poucos minutos depois, chegou outra aeromoça, sorridente.

- Deseja algo para comer?

Sorri novamente, e vi que essa moça, uma bela egípcia, pelo jeito, olhou para a companheira que tinha me atendido sugestivamente. Sorri mais largamente e olhei de novo como se analisasse.

- Sanduíche está bom.

- Sim, Senhor. – ela colocou o embrulho na minha mesa e sorriu, piscando um olho. Reclinei a cadeira e senti alguém me chutar. Ah, essas crianças. Me virei jovialmente na cadeira e vi que era uma menina. Graças a Deus, meninas são muito mais legais.

- Oi, garotinha. – sorri, olhando para a parte detrás da cadeira com um sorriso que dizia "faz o favor de parar de chutar a minha cadeira?". Ela sorriu de volta, e percebi que tinha dois dentes da frente faltando, com só uma pontinha de novos dentes no lugar.

- Oi.

A mãe, que estava deitada e dormindo, virou-se na cadeira, e eu apontei para ela.

- Cuidado para não acordar a sua mãe, hein.

- Não posso falar com você.

Tudo bem, só para de chutar a merda da minha cadeira! Tá, eu não disse isso, mas devia. Voltei a sentar, e ela continuou a chutar, dessa vez cantando uma música de ninar para a boneca. Revirei os olhos e virei de novo, tentando parecer no mínimo aborrecido com ela.

- Podia parar de me chutar?

- Não estou chutando o senhor. – ela sorriu amavelmente. – Estou chutando a cadeira. Desculpa, mas é o único jeito da Betsy dormir.

- Quem é...

Ela estendeu a boneca. Eu ergui as sobrancelhas e sorri. Coitada, é mãe de primeira viagem pelo visto.

- Pode acordar a sua mãe para eu falar com ela, querida?

- Meu nome não é querida, é Rose.

- Tá... Rose. Pode acordar a sua mãe?

- Mamãe...

Ela cutucou a mãe uns minutos, e fiquei esperando naquela posição ruim até que mais uma aeromoça passou, perfurando a minha bunda com o olhar. Tentei sorrir com cara de bom moço até a tal da mãe acordar. Quando me viu ergueu num salto e ajeitou os cabelos, me olhando como se eu tivesse acabado de surgir do chão.

- Olá, Senhor. – ela gaguejou, e eu sorri.

- Sou Sirius, madame.

- Sou Elisa. – ela riu de leve, e Rose apontou para mim.

- Ele tá triste porque eu tô ninando a Betsy.

Ela pareceu um pouco confusa, mas depois percebeu o que tava realmente me incomodando. Pra resolver, trocou de lugar com a menina e sorriu para mim.

- Desculpe, sabe como é criança.

- Não tem problema.

- Tem filhos? – ela perguntou, e eu ri.

- Não, ainda.

E voltei a sentar. Percebi que o velho do meu lado sorria. "Parabéns." Ele disse, e eu dei de ombros com cara de humilde. Outra aeromoça apareceu, dessa vez para perguntar se tinha alguma coisa errada. Eu disse que não, e ela sorriu. O Velho me olhou surpreso e depois seguiu a moça com o olhar.

- Mas esse serviço está muito estranho, não acha? Eu voo por essa linha faz quase vinte anos e nunca deram a mínima pro serviço. Hoje parece que o primeiro ministro está viajando!

- Realmente. – concordei, rindo para uma das aeromoças que me encarava. Ela piscou.

Ao aterrissarmos, peguei minha bagagem de mão e me despedi do velho e de Rose e Elisa, passando pelas aeromoças. Elas sorriam e mandavam beijos. Mesmo com as costas meio doídas (maldita classe econômica) acenei de volta. Peguei as malas e sai pelo portão, nem acreditando quando vi quem tinha ido me receber. James, Peter e Remus acenavam, e larguei tudo que segurava para ir abraçar os três.

- Não disse que ele estava um americano? – James riu entre os braços, e Remus bagunçou meu cabelo.

- Está com o corte mais comprido, que rebelde você.

- Ele emagreceu! – Peter dava tapas no meu ombro, que era onde ele alcançava.

E rindo, fui arrastando as minhas coisas pelo saguão até o Mayback 62 dos Potter, sentindo o cheiro de casa como se eu já não pertencesse mais àquele lugar. James tinha dispensado o seu motorista, Hermes, e ficamos só os quatro no carro.

- Sirius já sabe? – Remus perguntou, e eu apontei para James.

- Do casamento? James me contou.

- Er... Não, cara. Da festa beneficente que seus pais vão dar.

- Ah, beleza. Eles ainda não desistiram disso?

- Pelo visto não. – James riu.

- Qual é o motivo dessa vez? – Peter perguntou, sem desgrudar os olhos do blackberry.

- Deve ser algo como "vamos salvar as cacatuas azuis da floresta tropical colombiana". É sempre algum motivo idiota que não serve pra nada e nem vai ajudar ninguém. – resmunguei, me sentindo cada vez pior por ter voltado para casa.

- Calma, lembre-se porque está aqui... Mantenha seu equilíbrio interior... – Remus começou, e eu virei do banco da frente para dar um tapa na cabeça dele. – AI! EU DISSE CALMO!

- Cala a boca. – comecei a rir. – Vocês vão nessa festa ridícula?

- Acho que sim. – James virou na rua da minha antiga "casa", e estacionou dentro do jardim. Desci com minhas malas, e desejando que eles fossem, desci.

Enquanto arrastava a mala na direção da escadaria da mansão, vi meu irmão descendo, um sorriso no rosto.

- Sirius!

Revirei os olhos enquanto ele parava a uns dois metros de mim e me analisava, erguendo as sobrancelhas de surpresa.

- Até que está bem vestido! Onde arranjou essas roupas?

- Eu trabalho. – cuspi com ironia, e ele riu mecanicamente. Meus pais desceram logo em seguida, e meu pai sorriu do mesmo jeito falso e sem emoção de Regulus.

- Sirius, meu filho. Cansou-se da América e resolveu tomar conta da família?

- Eu vim pro casamento.

- Sabe da festa que daremos hoje, não? – minha mãe fez um gesto largo para a casa, e passei por eles como se fossem estátuas.

- Sei.

- Seu smoking está no quarto! Deixamos como você mantinha, só arrumamos um pouquinho. Estava só esperando você voltar.

Respirei fundo enquanto entrava em casa, e subi sem dizer mais nada para nenhum deles. Quando abri a porta do meu quarto, sorri para mim mesmo. Todo ano eu volto para Londres, mas costumo ficar na casa de James, só para passar seu aniversário de voltar. Fazia quase cinco anos que não visitava meu quarto, e foi um alívio ver que eles realmente não mudaram nada. Ainda tinham meus pôsteres na parede, os manuais de motocicleta, até os livros e escola! Me joguei na cama, sentindo pela primeira vez a diferença entre a cama barata de New York e a minha. Ainda assim não trocaria as duas.

Quando abri o guarda roupa para enfiar as minhas coisas, vi o smoking e a caixa da minha guitarra. Quando puxei, vi várias fotos da escola caírem no meu colo. Sorri para mim mesmo, e resolvi que melhor do que ter de aturar meus pais até a festa seria ficar como sempre fiquei. No meu quarto, fazendo qualquer coisa e fingindo que não existo.


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