Sirius, o Sedutor escrita por N_blackie


Capítulo 3
Capítulo 3




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O Melhor Amigo do Mundo

Enquanto ia para o aeroporto de táxi (James odeia a moto, diz que é instável. Engraçado ele falar isso já que ama andar de cavalo.) reli o bilhete da garota de novo. Não sei nem porque não joguei fora, como faria com qualquer uma, acho que vou guardar só pela ousadia. Quando chegamos ao Kennedy eu pedi pro motorista ficar esperando e entrei, correndo direto para a área de desembarque.

Os passageiros começaram a sair, e já comecei a batucar com os dedos na perna. Faz quase seis meses que não vejo James, e ele é como um irmão para mim. Aliás, ele é mais meu irmão do que Regulus. De repente, já de longe, eu vi aquela cabeleira bagunçada que ele tem, e sem nenhuma vergonha ergui os braços e acenei:

- Hey! Hey! James!

- SIRIUS! – James correu com a mala na minha direção, e nos abraçamos assim que ele soltou a bagagem no chão. – Quanto tempo!

Sorrimos um para o outro e peguei a mala dele, apontando para o táxi assim que a porta automática se abriu.

- Sei que odeia a moto, então vim de táxi.

James sorriu e colocou a mala do porta-malas, sentando no bando de trás junto comigo. Ele não estava muito mudado, só tinha inventado de usar anel de compromisso na mão direita agora, que besteira. Estava usando um suéter com camisa polo por baixo, então não pude deixar de rir dele.

- Você está parecendo um velho com essa roupa!

- Eu? Olha quem fala, você está cada dia mais americano!

- Então, o que tem pra me dizer?

- Ah, espera até a janta. – James bagunçou os cabelos, uma mania que ele tem desde o colégio. – Como anda a sua vida desde ontem?

- Olha, posso ser sincero com você? – passei a mão pelos cabelos de nervosismo. Queria testar como James iria reagir a essa história com a garota de ontem. – Aconteceu uma coisa muito estranha ontem.

- Se envolver você e mais de uma mulher, por favor, não me conte os detalhes. – ele revirou os olhos, e eu comecei a rir.

- Não sou disso, você sabe. É que ontem eu tinha prometido a mim mesmo que não ia mais levar garotas em casa, sabe. A Lucy fica louca com isso, e sei lá...

- Espera um pouco, você disse que a Lucy fica brava? – James me interrompeu, colocando a mão no meu ombro. – Sério, ela é um cachorro.

- Eu sei! Isso não vem ao caso. O negócio é, a noite eu precisava espairecer, sabe, relaxar e tal... Aí fui passar um tempinho num lugar legal de Manhattan... Mas aí eu conheci essa garota maravilhosa, sabe.

- Está se sentindo fraco para mulheres, é isso?

- Não, ficou louco? Me deixa falar. Ela é de Londres também, e estava aqui passeando.

- Londres? Qual o nome dela, às vezes eu conheço!

- Então, essa é a coisa especial nela... Ela não perguntou meu nome e nem disse o dela.

- Hã?

- É! Sabe, ela é como eu. Não dá a mínima, só quer se divertir e esquecer a vida. Bom, não precisa dizer que eu levei ela pra casa e... Cara, foi a melhor noite da minha vida. Mulherão, sabe. Uau. E no outro dia eu acordei sozinho!

James me olhou sério um segundo, e depois começou a se acabar de rir. "Agora quer achar essa mulher e ficar com ela?" Quando acenei com a cabeça, ele riu mais alto. James é assim.

- Estou falando sério!

- Awn, Sirius vai casar com uma garota que é boa de cama?

- Não estou falando de casar, sabe o que eu penso de casamento. – revirei os olhos, mas logo paralisei. James ficou pálido. Ai, Deus. A novidade.

Quando chegamos ao meu apartamento, James disse que estava morto de cansaço e reclamou uma meia hora da American Airlines antes de se jogar na minha cama e dormir. Enquanto montava o álbum de modelos que Sue tinha me pedido, comecei a desconfiar de que a novidade que ele precisava me contar não era tão boa assim. De novo, novidades. Quando olhei para o relógio e percebi que eram quase seis horas decidi que estava na hora de matar minha curiosidade. Fui até Lucy e estendi um biscoito, sorrindo.

- Quer um biscoito, meu amor? Quer? Você quer?

Ela sorriu e sua língua gigante desabou para fora da boca, mas não dei o petisco ali. Fui até James e enfiei na boca dele, caindo de rir quando Lucy pulou para pegar o biscoito e James deu um alto de quase um metro no ar, caindo na cama enquanto apertava o peito com força e limpava a cara cheia de baba.

- Eu odeio você! – ele correu para o banheiro, e enquanto eu ouvia o chuveiro sendo aberto, gritei através da porta:

- Vamos jantar!

Acabamos indo ao Sombrero Loco, um restaurante de comida mexicana que tem a meia quadra da Vesper e serve uns nachos de morrer. Quando pedi as bebidas e menus, olhei bem sério e ergui uma sobrancelha. "E aí." Perguntei, "O que tem pra me dizer?"

- Podemos esperar as bebidas? – ele perguntou com um sorriso amarelo, mas eu neguei.

- De jeito nenhum.

- Bom, já vi que não vou conseguir enrolar então... Estou noivo.

Como eu suspeitava. Congelei no lugar, e James fez uma careta, como se já esperasse a minha reação.

- Como? – foi a única coisa que consegui dizer.

- Eu e Lily vamos nos casar. – ele respirou fundo. – Sirius, eu quero que seja o padrinho. Você é meu melhor amigo, cara. Eu sei o que pensa de casamento e tudo o mais, mas eu quero isso. Eu a amo. Você mais do que ninguém sabe disso. Eu a amo.

- Eu sei. – embora discordasse completamente, eu sabia bem o que James sentia por Lily. Sorri.

- Não é algo que eu faria, mas vou te apoiar. Claro que aceito.

- AH, Muito obrigado! – James sorriu de orelha a orelha, e quando as bebidas chegaram fizemos um brinde.

- Isso significa que terei de ir a Londres, né? – perguntei no meio da janta, e James concordou com a cabeça.

- Isso mesmo. Chega dessa vida dura em New York, cara. Vamos aproveitar um pouco de dinheiro, que tal?

- Meus pais vão encher o meu saco. – lamentei.

É, toda vez que alguém me pergunta por que saí de Londres, eu minto. Todo mundo mente, e essa é a única mentira que eu mudo frequentemente. Eu não cansei dos modismos ingleses, na realidade nem ligo pra eles. Também não tenho nada contra o Velho Mundo, até gosto e tal. A razão pela qual me mudei de Londres e odeio voltar são três das pessoas que mais detesto no mundo: minha família. Meus pais colocaram todas as esperanças deles em mim, e quando perceberam que eu não dava a mínima para o meu sobrenome e nem achava que era superior porque eles tinham carros e cavalos, começaram a dar preferência ao meu irmão, esse sim um mauricinho de primeira.

Mais do que eu odeio eles e a riqueza deles eu odeio comentar isso com as pessoas, que têm uma entre duas reações: ou me acham o mártir na luta contra as desigualdades sociais (o que eu não sou, só acho que ter ou não ter dinheiro não te faz uma pessoa melhor ou pior) ou olham para mim como se eu fosse o filhinho-de-papai-revoltado-que-brigou-porque-a-mesada-não-era-grande-o-suficiente-e-resolveu-brincar- de-pobre-nos-Estados-Unidos.

- Você pode ficar na minha casa, se quiser. – James ofereceu, como sempre, mas acenei com a mão.

- Deixa quieto, sua casa vai estar o caos por causa do casamento. Eu me viro com eles. Afinal, vale a pena aturar Regulus durante uns dias para participar do seu casamento.

James agradeceu, mas foi difícil convencê-lo a ir até a Vesper. Acabei puxando – o pra dentro, e ele arregalou os olhos quando viu o pandemônio onde eu trabalhava. Ficou chamando por São Jorge um bom tempo até pararmos na frente no bar, e eu bati duas palmas no tampo para chamar minha substituta aos fins de semana, Darby.

- Hey, Sirius! – ela se inclinou por cima do balcão para me cumprimentar, e logo em seguida olhou para James. – Ora, e quem é esse?

- Lembra daquele meu amigo de Londres?

- Ah! Você é o famoso? Cara, Sirius fala muito de você! Mya tem até ciúmes!

- Quem é Mya? – James me perguntou, e sorri apontando para a DJ.

- Ela é meio que uma grande amiga daqui. Me ajuda pra caramba.

- Grande amiga, eh.

- Sério, nunca fiquei com ela nem nada. Ela é legal. Vamos beber?

-Ah, não começa. – James riu, e empurrei um trago de Sunburn pra cima dele.

- Aliás, vamos ter uma despedida de solteiro, certo?

- Você é louco.

- Quem me chamou para padrinho foi você. – dei de ombros. – Até onde eu sei da minha pouca experiência com casamentos, é o padrinho que arranja as últimas horas de diversão do noivo. Você não me escapa.

- Mas foi justamente por isso que chamei você. – James disse, depois de já ter terminado uma bebida. – Você é o melhor amigo do mundo.

Isso foi o que me fez decidir de vez de voltar pra casa. James é meu melhor amigo nessa Terra.


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