Sirius, o Sedutor escrita por N_blackie


Capítulo 2
Capítulo 2




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Porque Esperar?

O sábado para mim é um dia especial, por isso até hoje não arranjei um trabalho nesse dia. É o dia de acrodar tarde (depois da balada de sexta, que é bem hard core), beber whisky às duas da tarde e passar o dia vagabundeando até às nove, quando eu vou me divertir sem precisar preparar drink nenhum. Atualmente estou dedicando minhas horas extras tocando violão, o que é particularmente legal de fazer, já que não preciso de ninguém.

Mas, como eu já disse, balada de sexta é hard core, então eu costumo acordar de sábado, digamos, acompanhado. E nesse sábado não foi diferente. Cerrei os olhos e vi que o relógio já marcava meio dia, então decidi acordar e dar uma passada no Malone's para uma pizza. Quando rolei para o outro lado da cama para começar meu dia com, literalmente, o pé direito, meu braço parou numa curva que não era do colchão. Abri os olhos e a noite passada veio inteirinha na minha cabeça... Inclusive a parte em que eu chamava essa garota pra minha casa.

O mais delicadamente possível passei por cima dela, cuidando para dar um beijinho na orelha dela (elas amam isso, sabe-se lá porque) e coloquei os chinelos enquanto seguia o caminho para o banheiro. Liguei o chuveiro no máximo, e uns dez minutos depois escutei alguém bater na porta.

- HUM? – chamei de dentro do box, aproveitando meu banho quente como se nada estivesse acontecendo. A voz dela (qual é o nome dela, meu Deus?) chamou pelo outro lado:

- Me deixa entrar, gatinho...

Revirei os olhos. Onde diabos fui arranjar essa garota que me chama de 'gatinho'? Odeio que me chamem de gatinho, docinho, meu lindo (nossa, meu lindo é pra matar), gostosão (é tão clichê) ou pior: delícia. NÃO ME CHAMA DE DELÍCIA! Pronto, desabafei.

- HUM. – resmunguei de novo, como se não tivesse escutado ela cometer esse atentado contra minha moral. Ela arranhou de leve a porta, e continuou:

- Vamos, me deixa entrar...

- Só um minutinho! – desliguei o chuveiro e enrolei uma toalha na cintura, tentando parecer mal-humorado ou de ressaca. Qualquer coisa pra ela sair. Quando abri a porta, ela assoviou.

- Uau. Achei que tivesse sonhado. – ela sentou na cama de calcinha e sutiã, e eu sorri de lado. Tudo bem, vai, ela não é tão ruim assim.

- Vou almoçar no Malone's. – disse, cruzando os dedos que seguravam a toalha pra não cair. Ela fez beicinho, se levantando para por a saia.

- Ah, desculpa, gatinho, não vou poder. Vou almoçar com umas amigas.

- Que pena. – fingi tristeza, e ela me deu um selinho. – Nos vemos por aí então,...

- Alicia. – ela piscou, e eu ri.

- Alie.

Pronto, me livrei de mais um aperto nessa minha vida. Ela esqueceu que eu esqueci o seu nome e ainda saí como o carinhoso que dá apelidos mesmo que nunca mais vá vê-la na minha frente. Quando fechei a porta para ela ir escutei um latido revoltado.

- Lucy, meu amor! – sorri amarelo, e ela correu para mim, parando na minha frente e olhando com aquela cara de "seu safado" que ela ama fazer. Voltei a sorrir amarelo, e ajoelhei para ficar da altura dela. – Não faz essa carinha, linda. Não consegui resistir.

Ela latiu, e eu sabia bem o que aquilo queria dizer. Eu já prometi a ela um milhão de vezes que não ia mais levar mulheres em casa de sexta feira, mas não consigo cumprir. Continuei sorrindo amarelo feito um retardado e fui até o armário da cozinha, de onde tirei uma caixa de biscoitos de carne. Joguei um pra ela e juntei as mãos.

- Eu prometo por esse biscoito que não trago mais mulher nenhuma aqui! Juro!

Ela me deu um último olhar de censura e pulou em cima da minha cama para comer, como se dissesse "você trouxe uma mulher para a sua cama, agora vou trazer um biscoito em represália". Dei de ombros e me vesti, afagando atrás das orelhas dela antes de pegar minha chave e sair. A vizinha não estava ali, então desci mais rápido, dando bom-dia pro porteiro, que é mexicano.

- Buenos Dias, Pablo! – acenei, e ele sorriu.

- Buenos Dias, Señor Black! Guapa a moça, hein!

- Alicia. – pisquei, e ele riu.

- Um dia você lembra todas, Sirius! Bom almoço!

Sorri e peguei a moto, saindo para a rua. Quando parei no Malone's e pedi a pizza, a garçonete me sorriu. Sorri de volta, mas decidi que não vou investir em mais ninguém hoje. O incidente do "gatinho" deixou algumas marcas. Comi minha pizza, solitário, só aproveitando a vista privilegiada da loja de maquiagem da esquina, onde várias mulheres experimentavam sombras, lápis e pós para ficarem lindas por duas horas e depois acordar feito bruxas no dia seguinte, porque suam tudo na pista de dança.

Quando saí ainda faltava uma boa quantidade de horas até eu precisar começar a me arrumar para sair, então resolvi ligar para o único que mesmo depois de quase vinte anos sendo meu amigo ainda não se entediou ou me mandou a merda: James.

- Hey, anda praticando bruxaria na América? Estava quase te ligando! – ele atendeu surpreso, e eu comecei a rir enquanto me jogava na cama, assustando Lucy, que começou a latir.

- Oi pra você também, Jim.

- Oi! OI LUCY, COMO VAI SUA LOUCA? – ele gritou, e eu coloquei o telefone perto da fofura da minha vida pra que ela escutasse. Ela latiu mais ainda. Deve ter lembrado que James uma vez sem querer acertou um tênis na cabeça dela.

- Começa a falar, então, já que ia me ligar. – eu dei risada, e James limpou a garganta em tom de cerimônia.

- Sirius, eu tenho um voo marcado para New York amanhã depois do almoço.

- O QUE? – gritei e comecei a pular na cama. James vem! James! – Cara, vai ser ótimo, você vem, e aí a gente sai, vou te mostrar o lugar onde estou trabalhando, é grandão e tem uma galera bem descolada e...

- Pode ser tudo isso, mas antes você vai jantar comigo pra eu te contar uma novidade.

Ai, odeio essa palavra: novidade. Tem gente que ama, mas tenho péssimas lembranças dessa palavra, começando com uma das primeiras "novidades" da minha vida: meu irmão.

- Pode ser, mas é boa ou ruim? Sabe que eu odeio essa história de novidade...

- Eu sei, mas é muito relativo. Eu estou gostando, já você, eu não sei...

- James, não vem com esses papos de Remus.

Remus é meu outro melhor amigo, também do internato. Ah, essa é outra parte de mim que você ainda não conhece! Sou filho de uma família (já não falo mais meus pais, já me sinto filho da família toda) meio tradicional inglesa, os Black. Meus pais têm umas casas antigas em vários cantos do país e um dinheirão guardado. A ideia deles era que eu crescesse e não precisasse trabalhar, já que eles precisam de garotos educados e frescos que amam sair no The Sun enquanto estão jogando polo ou fazendo alguma idiotice social. Para isso, me mandaram para o internato Hogwarts, onde vivi os melhores anos da minha vida. Foi lá que conheci James, Remus, Peter e meus outros amigos do Velho Mundo. É a única parte que eu gosto quando volto para casa. Remus é um nerd de primeira, e para ele tudo é relativo.

- Não estou com papos de Remus! – ele riu alto do outro lado. – Fala sério, eu te conto amanhã.

- Você não vai me dar nem uma dica?

- Não, vou deixar que você morra de curiosidade.

- Idiota.

- E o que você queria me ligando?

- Nada, só estava passando o tempo.

- Ainda está morando naquela pocilga de apartamento?

- Pocilga é de onde vem a sua mãe, James. – rosnei irritado. Odeio que falem mal do meu cafofo, afinal fui eu quem comprou. – Desculpe, amo sua mãe. Aliás, mande um beijo pra ela.

- Vou mandar. Mas sabe que podia estar morando bem melhor. E está virando cada vez mais americano, Deus do céu.

- Cala a boca.

- Viu! Que modos são esses? – ele ironizou, mas eu sabia que estava brincando. James é tão rebelde quanto eu.

- Eu gosto daqui. – olhei em volta enquanto dizia. Não era uma cobertura duplex com piscina particular, mas era um lugar legal perto das baladas, e pelo menos não tinha aquelas escadas de incêndio horrível por fora do prédio. – Lucy também.

- Lucy é um cachorro, Sirius. Sério, você devia voltar. – James pareceu preocupado do outro lado. – Está ficando louco.

- As garotas também gostam. – eu ri, e James ficou em silêncio. Tenho quase certeza de que ele revirou os olhos.

- Você que sabe. Agora só me diz que trocou a moto por uma melhor. Ou melhor ainda, eu estive esses dias na loja da BMW, tem uns carros por lá...

- Ah, carros levam muita gente. – resmunguei. – Eu troquei a minha antiga por uma nova, sim, mas de jeito nenhum pego um carro. São caros e todo mundo pede carona.

- Caros? Você nem devia estar ligando pra grana. – James se indignou. – Peter disse que está dando uma de hippie. Remus disse que você está em crise da juventude.

- Mande o Remus se foder. – eu me irritei. Remus fez psicologia, mas como é muito rico e não precisa trabalhar fica analisando quem não precisa.

- Calma, garanhão. – James gargalhou, e eu ouvi o som de alguém falando ao fundo. – Ops, desculpa, cara, vou ter que ir.

- Que foi?

- Quem você acha que é?

- Lily. – revirei os olhos, e ele riu enquanto desligava. Oh, sina da minha vida. Óbvio que no internato tinham garotas, e essa Lily era uma das bolsistas mais bonitas de lá. James correu atrás dela uns dois anos até saírem de vez, e agora tem um dos namoros mais comentados entre as famílias. Eu gosto dela, torci pelos dois, mas odeio quando ele me larga pra ficar com ela.

Joguei o telefone para o lado, e olhei o teto por alguns instantes. Lucy subiu no meu peito e descansou um pouco, aproveitado que eu alisava seus pelos quando ficava distraído. Quando deu quase sete horas me levantei e fui pro banho. Arrumei os cabelos e passei perfume, cuidando pra escolher um jeans um pouco melhor e um sapatênis decente pra combinar com o relógio e a camisa. Antes de sair parei na frente da cama e sorri para Lucy.

- Estou bem?

Ela se levantou da cama e virou de costas para mim. Bom, acho que isso significa que estou bem. Parei a moto na rua em frente à Thrice e entrei. O segurança é amigo meu, e sempre me ajuda a entrar pela ala VIP. A música já estava alta, e a bartender sorriu e ergueu um drink para mim. Sorri de volta e fui sentar no bar, tomando um gole de Bloody Mary.

- Hoje tá agitado, hun? – perguntei, e ela balançou a cabeça.

- Tá mesmo, a coisa vai ferver. E na Vesper?

- Tudo ótimo, como sempre. Uma galera legal tá por lá agora, adoram os meus 007.

- Eu também, aliás. – ela riu, e pisquei.

- Qualquer hora posso te preparar um, Val.

- Um Black Velvet, por favor. – pediu uma garota que se sentou do meu lado. Olhei para ela, mas estava de óculos escuros. Devia ter um e setenta mais ou menos, uma pele meio morena e as pernas mais lindas que eu já vi nessa minha vida. O cabelo era preto e comprido, ondulado e brilhante. Estava de batom vermelho, vestido preto até a metade das coxas e tinha as unhas pintadas de cinza. Que mulherão.

- Hey. – me inclinei para o lado, chamando sua atenção. Ela se virou para mim e sorriu.

- Hey.

- Boa escolha. O Black Velvet que a Val faz é um dos melhores de Manhattan.

- Você mora aqui? – ela perguntou, tirando os óculos. Deus do céu, uns olhos azuis espetaculares.

- Moro.

- Nossa, que esquisito. Seu sotaque...

- Ah! Eu só moro, mas não sou daqui não.

- Bem imaginei! Inglaterra, né?

- Aham. Venho de uma cidadezinha chamada Londres, conhece? Não é muito famosa.

- Acho que já ouvi falar. Eu moro em Londres!

- Jura? Uau. Que coincidência.

- Pois é!

Sorrimos um para o outro, e refiz a pergunta que já me fizeram tantas vezes desde que cheguei.

- O que está fazendo aqui em New York?

- Me divertindo! E você?

- Cansei da Inglaterra, algo assim.

A bebida dela chegou, e tomei um gole da minha antes de sorrir.

- Vai me deixar aqui agora, não?

- Acho que não, tá difícil achar algum cara inglês ultimamente. Vamos dançar?

Terminei meu Bloody Mary e acenei com a cabeça. Puxei – a pela mão e ela rodopiou nos meus braços, sacudindo os quadris com energia. Gostei dessa garota, nem perguntou meu nome, só quis saber de se divertir.

- Amo essa parte. – ela riu e começou a pular. Segui seus passos, a abraçando e girando no ar. De repente todas as luzes foram apagadas, e senti o Bloody Mary subir um pouco na minha cabeça enquanto nos aproximávamos cada vez mais. Quando vi já estava tomando outro drink, e mais um, e outro, e mais outro. Nem lembro o número que eu já tinha tomado quando me vi sentado numa cadeira, e a garota rebolando na minha direção, as mãos na cintura de forma sexy. Eu quis levantar, afinal sempre fico no comando nessas situações, mas ela sentou no meu joelho, me impedindo de levantar.

Ela subia e descia, me deixando cada vez mais excitado. Cara, eu queria essa garota, queria mesmo. Nunca nenhuma garota tinha me dominado desse jeito, e a novidade dessa vez era boa. Ela lambeu atrás da minha orelha, e quando dei por mim já tinha colocado as mãos em sua cintura e me levantado, agarrando-a ali mesmo. O beijo dela era quente e sensual, e quando ela mordeu o meu lábio inferior eu deu uma mordida no seu pescoço.

Entramos no meu apartamento aos tropeços e beijos, eu já com a camisa meio aberta e ela com o zíper do vestido na metade. Desci sua roupa até o chão, e a joguei no colchão com força antes de subir em cima dela, que gemia alto.

Arranquei o que sobrava da roupa dela e quando vi já estava me jogando ao seu lado, a respiração acelerada e um sorriso estampado no rosto. Dormi tão rápido que nem vi o que estava acontecendo mais, e acordei tão feliz que a ressaca mortal que eu estava sentindo parecia não fazer efeito nenhum. Eu queria repetir a dose, então rolei para cima do colchão até que... Cai no chão com tudo. Lucy começou a latir e correu na minha direção lambendo todo o meu rosto enquanto eu tentava me localizar no tempo e espaço.

- Ela... Ela foi embora! – murmurei, me dando conta disso subitamente. Me apoiei na cama para levantar, e quando tateei o criado-mudo vi que ela tinha deixado um bilhete.

Obrigada, a noite foi ótima.

Sem nada mais. Virei o papel, que ela tinha rasgado de um menu de pizzaria que eu tinha, para ver se tinha mais alguma coisa, mas não tinha. Nem assinatura, telefone, um "nos vemos por aí", nem nada. Pela primeira vez suspirei, querendo saber onde estava aquela versão feminina minha. James vai rir quando eu contar a ele que finalmente... JAMES!

Olhei no relógio e corri para o banheiro, sabendo que meu amigo iria chegar dali a meia hora.


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