– Hã? Mas... Como?

– Eu me perdi naquele dia e acabei entrando sem querer no quarto dela, por isso demorei tanto.

– E você está apaixonado por ela?

– Eu... eu não sei. Aquela garota mexeu muito comigo, eu não consigo tirá-la de minha mente.

– Cara, isso é muito louco!

~ Nicole PDV ~

Centro financeiro de Los Angeles; 13h38mim; três meses atrás.

– Um café com muito leite, por favor. – disse ao garçom enquanto ele anotava o meu pedido naquele bloquinho azul.

– Sim, senhora!

Fiquei olhando para as minhas mãos em cima da mesa, pensando no que eu faria dali pra frente. Como minha família me fazia falta, suspirei me lembrando da minha antiga casa. Estava sendo difícil ficar longe de minha mãe e de meu pai. Mas eu sabia que era minha obrigação lutar por um futuro diferente. Eu não queria ser igual aos meus pais, não que eles não fossem boas pessoas, ao contrário, eles eram até bons demais. Eu só queria levar uma vida normal, sem ter que arcar com as responsabilidades dos outros. Tentar ser “normal” não seria nada fácil, eu estava ciente disso, mas eu estava decidida a pelo menos tentar.

– Aqui está seu café.

– Obrigada!

O garçom pôs a xícara em cima da mesa e logo depois se retirou. Peguei a xícara e dei um bom gole, o café estava do jeitinho que eu gostava. Fiquei olhando através da porta de vidro os carros que passavam por ali em frente. Dava pra se ouvir aquele som ensurdecedor vindo da rua: apitos; pessoas gritando, andando em passos rápidos e até mesmo um pouco desesperados; buzinas; palavrões; uma verdadeira loucura. Imaginei-me como uma daquelas mulheres de Los Angeles, levando aquela vida apressada e monótona, tomada de tédio, ira e paixão. Por mais que eu não gostasse desse tipo de vida, lá no fim eu queria ser como elas.

Dei alguns telefonemas, olhei minha agenda pessoal, escrevi algumas coisas importantes no meu caderninho que sempre levava comigo. Após ter terminado o café, paguei a conta e saí da cafeteria. Fui andando por aquelas enormes ruas, que nunca pareciam ter fim. É, eu estava no centro de Los Angeles. A cada esquina uma lojinha diferente, cheia de atalhos, coisas que eu nem sabia pra que serviam.

O sinal vermelho sinalizava que os pedestres podiam atravessar. Quase corri para a calçada do outro lado. Mas uma coisa me chamou atenção, quer dizer, alguém me chamou atenção. Um garoto aparentemente da mesma idade que eu; de cabelos lisos e estilosos, num tom castanho puxado para o loiro; olhos da cor de mel; sorriso fascinante, que faz qualquer um sorrir junto com ele; magro e de uma estatura alta comparando a mim, que sou meio baixinha.

Foi tudo muito de repente, só me lembro de estar olhando pra ele e depois sentindo uma dor no corpo, uma dor muito forte. E foi como se uma descarga elétrica passasse pelo meu corpo inteiro e depois disso eu não sentisse mais nada. Até que o escuro se alastrasse pela minha vista.

“Senhores, senhores, se afastem, por favor.” – foi a última cosia que eu ouvi.

~ Derek McCall PDV ~

Londres, Inglaterra; 09h00mim; 13 de maio de 2011.

“(…) I don't know what to do! I don't know what to do? I don't know what to do! (…)”

– Despertador maldito! – resmunguei desligando aquela música, que já estava começando a ficar chata.

Me levantei da cama sem a mínima vontade. Eu queria continuar ali, debaixo dos cobertores, mas uma coisa falou mais alto, a vontade de vê-la novamente. Tomei um banho quente, vesti uma roupa simples, peguei as chaves do carro e fui até o quarto de minha mãe.

– Bom dia, mãe!

– Bom dia, querido! Já vai viajar pra Los Angeles?