Talking To The Moon escrita por Deboraan


Capítulo 16
Memórias perdidas


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente eu queria me desculpar pelos séculos que eu fiquei sem postar. Essa demora se deve a falta de criatividade. É muita coisa pra uma cabeça de vento como a minha. Me desculpem de verdade, sério mesmo. Até porque vocês não tem culpa da minha falta de talento, não é mesmo?
Eu também quero me desculpar por esse capítulo, porque ele ficou uma bosta. Mas eu tenho esperanças de que vocês gostem, bem lá no fundo, mas ainda há esperança.
Enfim, boa leitura, babies! Amo vocês!



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Nós partimos no meio da festa, quando os garçons ainda serviam comidas requisitadas e vinhos franceses, e as pessoas ainda dançavam alegremente ao som de músicas agitadas. Derej contou ao Sr. e a Sra. Baker que precisava ir embora, pois seu empresário o ligara as pressas dizendo que precisava falar com ele pessoalmente, pois era urgente. Claro que isso não passava de uma desculpa para que pudéssemos partir, contudo, os dois demonstraram acreditar nessa história.


O trajeto de volta ao hotel foi silencioso. Derek ficara quieto desde o encontro com os donos da festa, e, internamente, eu o agradeci por isso, pois assim eu poderia refletir um pouco sem ter que ficar dividida entre a conversa e meus pensamentos.


Meus pensamentos giravam em torno de apenas duas palavras naquele momento: meus pais. A falta que eu sentia por eles fazia meu coração se contrair com mais força do que o costume em meu peito; trazendo consigo uma dor desconfortável e quase insuportável. Eu me vi afogada na tortura de não tê-los por perto, me vi sufocada por uma angústia que fazia cada fibra do meu corpo estremecer e perder a sensibilidade. Mas a maior dor era saber que no acidente que sofri, uma parte da minha memória foi simplesmente apagada, como se nunca estivessem estado em minha mente algum dia. Às vezes, eu simplesmente fechava os olhos, me desligando de tudo e de todos, e tentava buscar por lembranças que eu sabia que já não estavam em minha mente, como, por exemplo, onde meus pais moravam, ou onde se situava a empresa da nossa família, ou qualquer outro fato que me levasse onde eles poderiam estar. Contudo, para a minha infelicidade, essas memórias já estavam perdidas, perdidas onde eu não poderia procurar, onde eu nunca poderia lembrar.


Despertando de meus devaneios percebi que o rumo que o carro tomava não levava ao hotel e sim a algum lugar desconhecido. Resisti ao impulso curioso de perguntar onde estaríamos indo, pois essa pergunta seria no mínimo inapropriada diante do silêncio que Derek estava fazendo. Imaginei que ele não queria perguntas sobre o lugar aonde iríamos, e a última coisa que eu queria naquela hora era importuná-lo.


Minutos depois, Derek estacionou o carro em frente a um parque, onde se via o verde das árvores predominarem todos os lugares à distância. Era fim de tarde, quando o sol começava a se esconder no horizonte, deixando vestígios alaranjados no ar de que já esteve no alto do céu, iluminando a tarde de muitas pessoas que por ali passaram naquele dia. Abri a porta e deslizei sobre o banco do passageiro, me deparando com Derek já com o braço estendido em minha direção para me ajudar a sair. Mostrei um sorriso de agradecimento para ele, enquanto intimamente pensava o quão perfeito aquele jovem cavaleiro era.


Caminhamos despreocupadamente lado a lado às margens do lago Serpentine – que se localizava no Hyde Park, um dos mais belos e encantadores parques de Londres –; era um lago que se estendia ao longo de uma grande extensão, fazendo fronteira entre o parque Hyde e o Kensington Gardens. O silêncio nos envolvia enquanto acima de nós a escuridão aos poucos tomava conta do céu; mas essa taciturnidade era algo bom, algo que trazia leveza aos pensamentos e paz para a alma.


Meu coração bateu mais forte quando senti sua mão, lentamente, deslizar sobre a minha, seus dedos encaixando perfeitamente entre os meus – e a verdade era que parecia que nossas mãos sempre fora um encaixe perfeito, assim como duas delicadas peças de um grande quebra-cabeça complexo. Olhando pelo canto dos meus olhos pude ver que os cantos de seus lábios se contraiam lutando contra um sorriso. O meu interior se encheu de alegria e esperança naquele momento. Eu sentia que as coisas estavam finalmente começando a dar certo, depois de muito tempo, as coisas dariam certo pra mim.


De certa forma, no princípio, eu tentava encontrar formas de retribuir todas as inúmeras coisas que Derek fizera para mim. Eram formas de tentar mostrar o quanto ele me fizera bem e o quanto eu era profundamente agradecida pelas suas gentilezas que eu dizia não merecer. E depois de entrar em um conflito interno comigo mesma, descobri que meus sentimentos iam além da amizade e do agradecimento. Eram sentimentos complexos demais para decifrar. Eu não poderia dizer que o amava, mas também não poderia dizer que ele era apenas meu amigo. A verdade era que eu estava confusa comigo mesma, confusa com meus próprios sentimentos.

Mas era impossível negar o bem que ele me fazia apenas por estar perto, perto o suficiente para fazer eu coração acelerar. E naquele momento, bem quando eu e ele compartilhávamos o calor um do outro através de nossas mãos, uma felicidade que não podia ser medida explodiu em meu interior, arrebatando-me.

Assim se seguiu nossa caminhada. A base do silêncio, sem palavras, apenas pensamentos. E dessa forma eu senti que nossas mentes estavam interligadas, conectando nossos pensamentos um ao outro, a sua felicidade ecoando na minha própria felicidade.


***

O vento soprou, trazendo consigo as lembranças dos meus pais, lembranças as quais eu queria esquecer, apenas naquele momento em que eu respirava ar puro e podia me distrair por alguns minutos, ser um pouco feliz.


— Qual é o problema? – Derek perguntou não mais alto que um sussurro, mas fora o suficiente para chamar minha atenção.

— Hã? – sobressaltei quase caindo para trás. Derek estendeu a mão dando de encontro com as minhas costas e me ajudou a manter o equilíbrio.

— O que está acontecendo? Desde a festa você parece estar em outro mundo.

— Oh, isso. Eu só estou imaginando onde meus pais poderiam estar. É tão angustiante não me lembrar onde meus pais moram. É também um pouco irônico, lembro-me de tudo, exatamente tudo o que aconteceu antes do acidente, menos onde era minha casa. – descansei meus cotovelos nas pernas e enterrei minha cabeça entre as mãos. – Isso é muito frustrante.

— Nós poderíamos começar uma busca.

— Como? – franzi as sobrancelhas.

— Através dos nomes. Scooter deve conhecer alguém que trabalha em investigações ou algo assim. A gente joga os nomes dos seus pais no sistema e encontra todos os dados, como, por exemplo, onde moram.

— Será que funcionaria? Digo, será que eles encontrariam os dados precisos?

— Provavelmente. O importante é tentar, certo? – piscou pra mim me mostrando aquele sorrisinho travesso. Gargalhei jogando minha cabeça pra trás. – Por que você não me falou sobre isso antes? Nós poderíamos tê-los encontrado há tempos.

— Você estava voltando a trabalhar novamente e eu não queria interromper isso, você já passou tanto tempo cuidando de mim que eu quis você se cuidasse um pouco.

— Você sempre querendo que eu cuide de mim. Tem que parar com isso.

— Por quê? Eu só estou recompensando os quase dois meses que passou enfurnado num quarto de hospital cuidando de uma garota quase morta que você nunca tinha visto na vida.

— Bom, eu não vejo as coisas por esse ponto de vista, mas se é assim que você quer tudo bem. – sorriu amplamente. E eu não pude deixar de retribuir aquele sorriso, aquele sorriso que fazia parte do meu pequeno paraíso.


Estávamos sentados em um banco a beira do lago, deliciando o vento que a noite trazia; o mesmo vento que soprava nossos cabelos e bagunçava nossas roupas. Ergui minha mão ao encontro da mão dele, segurando com força entre meus dedos.


Um pedacinho do meu mundo estava ali, em minhas mãos, e eu senti a necessidade de protegê-lo com meu próprio corpo se preciso.



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Notas finais do capítulo

Ficou muito ruim? Me deem suas opiniões.
Kisses :*