The Savoy Hotel - Londres, Inglaterra; 15h35mim; 03 de setembro de 2011.

Observei o reflexo da garota no espelho a minha frente. Vestido rosa bebê caído suavemente sobre o corpo; um pequeno e comportado decote em forma de V descia docemente dos ombros até os seios; na cintura, uma fita rosinha complementava a roupa dando um ar de garota delicada. Uma pulseira banhada a ouro com pedrinhas brancas em forma de flor enfeitava o antebraço direito. O cabelo foi puxado pra trás numa delicada trança raiz, decorada com uma ataca com aspecto de uma rosa da cor de marfim; a longa franja caída de lado estrategicamente sobre os olhos. O longo salto de quinze centímetros do sapato era de cor dourada; formado por pedras de diferentes formas e cores o sapato tinha um ar divertido e festeiro. Eu mal poderia me reconhecer.

— Você está magnífica! – Derek disse com um sorriso exuberante ao se aproximar por trás. Ele estava vestido em uma blusa listrada por cima de uma simples camiseta branca, e em uma calça jeans preta; um supra azul com uma listra esverdeada destacava o modelo. Recapitulando: ele não poderia estar mais lindo.

— Eu tenho uma coisa pra te dar.

— O que é? – perguntei.

Ele colocou a mão no bolso, puxou uma caixinha lilás aveludada e abriu-a. Era um colar banhado a ouro com o símbolo do infinito. Nele estavam gravados dois nomes: Nicole & Derek. Ele pegou o objeto da caixinha e colocou-o no meu pescoço, em seguida pousou suas mãos em meus ombros. Levei minha mão até o colar, sentindo suas formas.

— Gostou? – Derek perguntou ansioso. Virei-me para olhar em seus olhos, dizendo para mim mesma que o garoto à minha frente não poderia existir. Ele, simplesmente, era perfeito demais.

— Eu amei! – respondi enlaçando seu pescoço com os meus braços. Derek pôs suas mãos na minha cintura, me puxando pra mais perto. Nossos corpos se encontraram, provocando um choque de temperatura. Nossas respirações se misturaram. Naqueles meros segundos que se passaram, eu soube com quem eu queria dividir todo o meu futuro. Fechei meus olhos inclinando minha cabeça sobre seu ombro esquerdo. – Vamos?

— Vamos.

Peguei minha bolsa em cima da cama e segui Derek pelos corredores do hotel.

[...]

A brisa passeava entre os arbustos bagunçando seus galhos, fazendo voar as pétalas das orquídeas pelo ar e depois cair em circulo lentamente no chão. As luminárias douradas incandesciam as mesas taticamente postas a cerca de um metro longe uma das outras. Enquanto caminhava, o salto afundava na grama verde fofa recém molhada daquele grandioso e esplendoroso jardim. O apetitoso cheiro de comida circulava por todo o lugar, inundando meu nariz aonde quer que eu fosse. Em frente a uma fonte que jorrava água a seis metros do ar, estava um grande banquete que tinha desde comidas finas e sofisticadas até comidas exóticas. Olhando na mesma direção da fonte, podiam-se avistar alguns patos nadando numa lagoa ao longe. Borboletas das cores azul-turquesa, amarelo queimado e laranja abóbora rodeavam as flores dos arbustos de Rosas Champanhe e Rosas roxas. Os garçons se deslocavam com facilidade entre as pessoas, servindo e recolhendo as taças com vinho francês e champanhes. Ao centro do jardim, num grande círculo feito de madeira envernizada, as pessoas dançavam alegremente ao som de Who's That Chick da cantora Rihanna. As risadas ecoavam a distância enquanto eu e Derek nos dirigíamos até os respectivos donos da casa. Ele segurara minha mão durante todo o percurso, o que realmente era uma coisa boa já que eu me sentia deslocada em meio a toda aquela multidão de desconhecidos.

O Sr. e a Sra. Baker estavam sentados numa grande mesa coberta por uma toalha de cetim bege; na borda, babados em cetim numa cor mais escura – dourado – davam um aspecto mais alegre à toalha. Enfeitada por caixinhas de prata e bronze empalhadas com muito cuidado umas em cima da outra – a mais larga em baixo, a média no meio e a menor no topo; pequenas caixas transparentes eram usadas como vaso para rosas brancas e vermelhas. Era a mesa mais bonita entre todas as outras.

Ao ver nossa aproximação, os anfitriões se puseram de pé para nos cumprimentar.

— Olá, Derek! – Sr. Baker apertou a mão dele. – Fico feliz em saber que você veio prestigiar minha singela festa.

— Ora, como eu poderia perder? – piscou pro Sr. Baker, que deu uma risadinha discreta. Provavelmente eles deveriam ter uma piada interna. – A festa está linda Sra. Baker. – inclinou-se para falar com a dona da casa.

— Oh, isso é bondade sua. Eu meio que arrumei tudo de última hora, já que tivemos um contratempo essa semana. Vocês já estão servidos? – perguntou acenando para um garçom. Ele, por sua vez, não demorou pra chegar. A senhora pegou duas taças de vinho e nos ofereceu. – Vocês bebem vinho?

— Só por hoje.

A senhora sorriu e nos entregou as taças. Retribuí seu sorriso pegando a taça de sua mão.

— Nós já fomos apresentadas, mocinha? – ela perguntou.

— Provavelmente não. – respondi – Meu nome é Nicole Mandson.

— Mandson? – questionou surpresa. – Você é filha do Henry Mandson?

— Sim. – eu disse intrigada. – O conhece?

— Oh, sim. Eu e sua mãe fomos grandes amigas quando éramos jovens.

— Sério? Isso é maravilhoso! A senhora sabe o número do telefone deles?

Ela me lançou um olhar confuso, e depois de alguns segundos, finalmente respondeu:

— Na verdade não. Eu imaginei que você saberia.

— Bom, é que aconteceram alguns imprevistos nesses últimos meses e eu acabei perdendo o contato com eles.

— Oh! – foi tudo o que ela disse. Em seguida balançou a cabeça e voltou o seu olhar para os garçons, indo em direção a eles e dando-lhes advertências. Olhei para Derek e vi na sua expressão que ele também havia ficado perdido assim como eu. Eu queria sair dali, queria ficar num canto tranquilo para poder pensar claramente. Derek fez um sinal positivo como se estivesse lendo meus pensamentos.

— Ahn, Sr. Baker, se nos permite, eu e Nicole vamos nos sentar agora.

— Oh, claro. – o senhor pronunciou arrastadamente. – Fiquem a vontade, queridos.