Quando chegamos mostrei as garotas os príncipes que estavam a essa hora acordados, eles cavalheiros as acolheram de braços abertos, aceitando a todas com carinho e compreensão, levei-as aos seus quartos enquanto escutava seus agradecimentos. Desci extremamente cansada, já passava das duas da madrugada e agora com todas dormindo em seus acolhedores aposentos eu precisava me despedir de Ian que me esperava pacientemente no jardim da frente, sem salto e com a camisola comportada, o encontrei sentado na escada de entrada do jardim, sentei-me ao seu lado fazendo-o sorrir quando encostei minha cabeça em seu ombro.

-       Toda vez que a gente tenta ser feliz sempre tem alguém pra nos perturbar – disse rindo baixinho.

-       Você sabe que posso esperar você estar pronta pra darmos esse passo juntos – confirmou tocando meus dedos – Se nunca deu certo Eva é porque foi à melhor escolha ate agora, e tivemos sorte de nada ter acontecido hoje, não seria o certo nós tivermos transado naquele quarto de hotel.

-       Também acho, mas tem horas que não penso direito. – confessei suspirando – Não sei se estou pronta ainda.

-       Eva, nós sabemos que depois que seu antigo namorado faleceu você não se entregou a nenhum homem depois disso, e nossas caricias e brincadeiras não passaram disso, nunca chegamos aos finalmente, e se você não esta pronta não precisamos fazer nada, só vamos deixar as coisas rolarem, estamos bem ficando somente. – aconselhou olhando-me nos olhos – Eu te entendo porque eu te amo, e esse sentimento é novo e forte, por isso que eu posso te esperar, ou te deixar ser feliz.

-       Ao menos alguém me entende. – soltei rindo nervosa – Eu te gosto muito Ian, mas não sei se estou preparada para deixar meu coração amar novamente.

-       Eu entendo Eva, quero o seu melhor. – disse ele levantando – Esta na hora de ir, qualquer coisa me ligue.

Beijando-me lentamente, com tanto sentimento tanto amor, Ian afastou-se entrando em seu carro e seguindo para longe, deixei um suspiro escapar dos meus lábios, pensando em como a vida estava balançando completamente comigo, eu queria viver novamente, mas aquele que queria entregar meu coração não aceitava esse sentimento diferente que tomava o meu peito.

Entrei vendo Barth conversar com Dorian em um canto, pareciam concentrados na conversa, nem repararam quando caminhei em direção as escadas, cansada e machucada com tudo. Nem percebi quando mordi meus lábios com raiva, mas a pequena dor que se alastrou pela minha carne me fez gemer, não é que a vadia cortou meu lábio com a droga do tabefe que ela deu? Unhas, ele devia ter me arranhado! Que vaca!

Deitei na minha cama não conseguindo dormir, estava tão cansada, mas nada fazia o sono vir. Levantei novamente, dessa vez descendo na escuridão da mansão, a fraternidade estava às escuras, acho que dessa vez todos já foram dormir, então parei na sacada do primeiro andar, vendo a lua brilhar no céu, a noite era terna e calma, uma vez na vida queria ter o poder de ser uma só.

-       Esta tarde, porque não vai dormir? – perguntou alguém me assuntando.

-       Não estou conseguindo dormir. – comentei ainda inclinada na sacada.

-       Você precisa já que passou muito hoje. – disse Barth – Dorian me contou o que você fez hoje, ajudou e muito as princesas.

-       Sabe o que eu penso vendo essas estrelas? – questionei suspirando – Penso que um ano atrás eu tinha a vida perfeita, e agora não tenho nada que pensei ser perfeito como antes.

-       Por que diz isso? – perguntou ele curioso.

-       Porque há um ano eu tinha o homem da minha vida, uma família perfeita, um pai que me amava, a banda que tanto sonhei e um futuro certo que eu seria ainda mais feliz. – suspirei fechando os olhos pra não chorar – Eu era feliz e agora estou infeliz.

-       Conte-me mais sobre sua antiga vida. – pediu ele tentando me acalmar.

-       Desde pequena eu tive tudo que queria, fui mimada sim, mas a minha vida era perfeita com os gêmeos do meu lado, e John pra alegrar minha vida, quando estávamos maiores começamos a namorar, e era tão lindo nosso amor, depois de praticamente ver e ser tudo juntos, sermos um só. Tinha meus estudos, era a típica garota certinha, mas que adorava a bagunça de vez em quando, pra falar a verdade eu sempre fui meio que revoltada, minhas brigas com ele eram de quebrar as coisas, mas no final sempre nos acertávamos na cama. – sorri lembrando os velhos momentos que passamos juntos, mas isso era um assunto intimo.

-       Você o amava?

-       Sempre amarei. – sussurrei agora com um aperto no peito – Sempre amarei a ele e ao meu pai, quando li a carta que ele deixou pra mim ainda não podia acreditar em tudo que acontecera e esconderam de mim, sempre fomos ligados, era a ele que eu sempre fui mais apegada, minha mãe antigamente não era essa hoje em dia, ainda é afastada de mim, a rainha também, mas com meu pai era diferente, ele era o meu herói, aquele que me ensinou a andar, falar, uma vez quando cai de bicicleta aprendendo, ele dissera para mim que não importa quantas vezes nós caíssemos, mas sempre cairíamos juntos, e levantaríamos procurando uma chance melhor, essas palavras nunca saíram da minha cabeça, era meu tema. Cair e levantar, estarmos juntos para o que precisar.

-       O rei Bartolomeu foi um grande homem.

-       Você chegou de conhecê-lo? – questionei surpresa.

-       Encontramos-nos alguns anos atrás, era a mesma convenção em Madri, e fui apresentado ao rei com muito orgulho de poder falar com seu pai. – disse ele orgulhoso.

-       Meu pai. – disse lagrimejando – Na carta ele escrevera que o que quer que tenha acontecido com ele, John estaria do meu lado nos momentos difíceis, mas meu grande amor falecera um mês depois da morte do meu pai. O acidente de ônibus onde eles foram pela escola jogar capotou na pista molhada e todos ficaram seriamente machucados, mas meu amor não sobreviveu. – chorei silenciosa – Ele era a minha vida, depois que meu pai se foi.

-       Quando foi isso?

-       10 de junho meu pai faleceu e 10 de julho John se foi. – suspirei endireitando-me – Esta na hora de tentar dormir. Desculpe incomodar, não tinha ninguém pra desabafar.

-       Sempre que precisar de um ombro amigo estarei aqui. – disse ele beijando minha mão.

-       Boa noite Barth. – sussurrei caminhando para dentro.

-       Boa noite princesa. – disse ele quando já estava a caminho do meu quarto.

Deitando na minha cama eu suspirei e tentei me controlar pra poder descansar, abracei o ursinho que sempre carregava comigo, o primeiro presente de John pra mim, quando saímos pela primeira vez, fomos ao parque de diversão, tão jovens, crianças ainda. Sorri lembrando os nossos momentos felizes, e assim adormeci para uma noite sem estrelas, apenas um sono tranqüilo que há tempos não tinha mais...