Caminhei relutante, os três caras de preto me olharam de cima a baixo me deixando ainda mais nervosa, o cabelo solto tinha se rebelado fora do capuz do casaco, a calça skinny era bem junta ao meu corpo de violão, a blusa de mangas compridas coberta por caveiras rosa era marcada na cintura com o sinto roxo, e o casaco sem mangas terminava o visual com um toque roqueira nata, o salto Jimmy Choo botinha me deixava mais alta e totalmente de preto.

Com um corpo desses poderia ser modelo, mas como sou modesta não me gabei por Dior me convidar para desfilar na sua grife, estava contente em ter a minha banda e minha vidinha de rock star.

Entrando me sentei na cadeira tão conhecida em frente à mesa da diretora Tabina, uma diaba em se tratando de castigos, todos que nunca cumpria obviamente. Minha mãe parada ao meu lado direito e do outro o grandalhão Cales, na cadeira à frente a diretora estava de costas a mim, pelo que pensei que era ela.

- Olá Evangeline! – disse uma senhora virando a cadeira da diretora – Bom nos conhecermos finalmente.

- Quem é você? – Velha pensei não terminando.

- Não vai cumprimentar sua avó? – disse ela levantando.

- Não tenho vó, a minha morreu anos atrás. – reclamei cruzando os braços – Olha aqui, tenho muita coisa pra fazer, o que a velha quer de mim, mãe?

- Não se dirija a Rainha de Gales desse jeito. – ordenou o pingüim serio.

- Quem? Não enche pingüim, mãe vou embora tenho que armar o próximo show da banda. – reclamei levantando – Sai da minha frente cara.

- Sente-se e ouça sua avó. – disse minha mãe seria – Precisamos contar uma coisa á você.

- O que seria? – repliquei cruzando os braços, minha pressão estava caindo.

- Sente-se Eva, falo serio. – ordenou dona Claudia, minha mãe.

- Fala logo. – reclamei me sentando – Que foi que fiz dessa vez? Não fui eu!

- Escute atentamente o que tenho a lhe dizer. – falou a velha sorrindo pra mim.

- Que foi? – perguntei quando esta me encarou mais ao fundo.

- Tem os olhos de seu pai. – sussurrou ela sorrindo – Ele não era tão rebelde como você, mas tinha suas manhas para não obedecer às regras.

- De onde você conhece meu pai... Espera, você é a mãe do meu pai? – disse respirando com dificuldade – Minha vó paterna, não creio.

- Chame Neon aqui ela vai precisar de medicamentos. – ordenou minha avó?

- Pílulas de ferro. – disse minha mãe sentando-se ao meu lado – Ela é anêmica. Você esta com as pílulas dentro da mochila?

- Não, ficaram em casa, na estante ao lado da cama. – disse falando com dificuldade.

- Evangeline se concentre em mim. – disse a senhora a minha frente – Você é filha direta do Rei de Gales, Bartolomeu Seldon de Ashforth.

- Isso é impossível, meu pai era apenas um empresário. – disse olhando minha mãe angustiada – Não é? Papai cuidava dos negócios da família, ele não tinha tempo pra cuidar de mim, mas nos falávamos sempre, ele não era um rei, era?

- Você é a Princesa de Gales, Princesa Evangeline Evans Cornélia Seldon de Ashforth. – disse minha avó sorrindo.

O que aconteceu a seguir foi desaparecendo, um grito estrangulado ficou preso em minha garganta quando a escuridão rompeu minha visão, eu havia desmaiado.