Ótimo! Alem de ter que olhar pra cara da minha adorada vó, preciso sair pra jantar em família? Não tem comida em casa se por acaso? Aff! Só o que me faltava... Lembrei os fatos depois que voltei dos preparativos pra festa...

Por incrível que pareça a casa estava silenciosa quando cheguei, um motivo a mais para desconfiar que tem alguma coisa errada, entrei seguindo direto para o meu quarto quando abro a porta a primeira coisa que me venho a mente foi o puta palavrão que escapou da minha boca quando me assustei com minha querida avó Charlotte sentada na minha cama.

-       Oi vovó! – perguntei falsamente – O que deseja em meu tão singelo quarto?

-       Vim conversar contigo. – disse seria – Precisa ter modos de princesa para poder assumir o trono real.

-       Não quero ir ao banheiro, muito obrigada! – ironizei deixando a bolsa em cima da escrivaninha – O que quer?

-       Seu porte, comportamento, e cabelo terão que ser mudados.

-       O que quer dizer com isso?   

-       Que vai tirar essa tinta horrível. – ordenou seria.

-       Tá brincando, né? Minhas madeixas rosa são minha marca de rebeldia! Não posso tirar elas!

-       Uma princesa não é rebelde, uma princesa deve se portar corretamente, não ter uma banda nem se vestir como morta. – reclamou me encarando.

-       Me de um bom motivo pra não voar na sua cara agora por falar tanta putaria pra mim. – sussurrei friamente.

-       Você é filha do maior rei que Gales teve, precisa se portar com classe para deixar uma boa visão da filha que seu pai gostaria que fosse. – respondeu seriamente.

-       Assim você me desarma. – suspirei derrotada – Posso ate tirar as mechas, mas as roupas e meu temperamento não irei mudar, meu pai me ensinou a ser eu mesma e não vai ser você que vai mudar isso.

-       Prepare-se para sair, jantaremos fora esta noite. – comunicou se levantando – Você será uma complicada princesa.

Beijando minha testa ela sorriu e saiu do quarto, agora estava eu em frente ao meu grandioso espelho no banheiro do meu quarto olhando para uma Eva normal, sem rosa nem brilho, minhas madeixas haviam me abandonado.

Suspirei encarando a nova Eva no espelho, era tão eu de antigamente que me deixava com um aperto no peito pensar no passado, pronto agora estava ali vestida de Barbie novamente. O vestido de tule com camadas sobrepostas tinha o top rosa rendado com tecido preto a cinta marcando a cintura deixando a parte de baixo totalmente com camadas pretas, usando a mesma corrente tripla, com brincos de flores e pedras, um anel com três corações deixando um coração maior no meio,
um bando de pulseiras com pingentes, e pra completar um salto fechadinho rosa bebê com cadarço cinza claro.

(Look) http://3.bp.blogspot.com/-afd32XMH_2k/Tij4z0fyh0I/AAAAAAAAADY/4RUepGsLqXM/s1600/14.jpg

Peguei minha bolsa com alça preta e desci pensando na maquiagem leve, com lápis preto, sombra grafite e batom vermelho, ótimo estava parecendo uma puta com o batom vermelho, mas eu nem ligava, eu gostava dessa cor. Parei no topo da escada vendo os olhares de admiração dos seguranças, principalmente o de Dorian que tentava não admirar minha perfeição em beleza. Eu não me acho eu sou!

-       Então vamos? – perguntei fechando a bolsa.

-       Dorian. – chamou Charlotte – Você nos acompanha e fica de vigia caso algo aconteça.

-       Sim vossa majestade. – obedeceu submisso.

-       Que frescura de chamá-la de majestade. Aff! – reclamei passando na frente dele.

-       Ela é a rainha. – disse friamente – Devemos lealdade e respeito para com ela.

-       Uma velha chata e sem sal que me obrigou a tirar minhas mechas rosa pra parecer mais uma princesa, a tá que vou ser leal a uma pessoa assim. – sussurrei baixinho pra ninguém mais escutar.

-       Ficaste mais bonita sem aquelas cores no cabelo. – elogiou pra meu espanto.

-       Obrigada. – disse de volta entrando no carro.

Estava ainda em choque por ouvi-lo dizer que eu estava bonita, cara isso era um avanço e tanto pra o homem que me chamou de fedelha ontem, eu faria ele me olhar como mulher. O carro parou em frente ao restaurante Thunder Roadhouse Bar & Grill, um dos restaurantes mais famosos dos artistas, as comidas mais gostosas estavam aqui.

Já dentro nos sentamos em uma mesa afastada com Dorian e Ackel sentados em uma mesa próxima, com o pedido feito minha avó virou-se para mim com um sorriso bem convincente para quem não conhecia a mente dela, ela estava aprontando algo.

-       Que faculdade pretende fazer? – perguntou ela sorrindo para mim.

-       Psicologia. – disse seria.

-       Psicóloga? Não acha muito perigoso trabalhar nesse ramo? Muitas pessoas transtornadas a sua volta?

-       Não dizem que louco cuida de louco? Então sou uma maluca no meio de tantos. – ri sem animação.

-       Não brinque com assuntos sérios. – ordenou friamente.

-       Quer saber de uma coisa? Pensei que estávamos aqui pra comer não pra tratar do meu futuro que é o MEU FUTURO! – reclamei me
sentando desconfortável.

-       Você precisa pensar no que é melhor pra você. – comentou minha mãe.

-       Então vovó o que quer saber sobre mim?

-       Coisas importantes não bobagens de adolescente infantil. – rugiu Charlotte.

-       Bobagens que meu pai fez questão de saber e dar força, a senhora em menos de uma semana fez minha vida virar um inferno alem de transformar minha felicidade em tragédia grega. – reclamei brava.

-       Vamos jantar sem discutir. – sussurrou Claudia.

-       Que seja só espero que essa palhaçada acabe logo. – disse com raiva.

O jantar transcorreu em silencio, o clima pesado macando presença até o momento de a sobremesa chegar, o maravilhoso petit gateau não conseguia fazer meu humor negro sumir, mas ao menos me deixaria mais gorda.

(Petit Gateau) http://blogdochefzemaria.files.wordpress.com/2010/04/imagem-0042.jpg ou

http://www.essaseoutras.com.br/wp-content/uploads/2011/05/petit-gateau-de-chocolate.jpg

Na hora de ir foi à pior parte, pois na porta do restaurante estava um bando de fotógrafos procurando uma foto da família perfeita, uma coisa que não éramos e nunca seriamos. Charlotte sorriu e cumprimentou a todos informando que logo estaria de volta para Gales, apresentou a mim e minha mãe, e como bela falsidade tive que sorrir e acenar ate entrar no carro com a cara fechada.

Quando chegamos a casa parei na escada olhando friamente para as duas mulheres.

-       Venho aparecer nas nossas vidas apenas para estragar nossa felicidade, então não ouse tentar me mudar, pois eu sou do jeito que sou, e meu pai gostava de mim assim. – respirei fundo continuando meu discurso – Sendo ou não princesa, não vou desistir do meu sonho e cantar é minha vida, não ouse tentar tirar isso de mim, porque já basta ter perdido meu pai e o amor da minha vida.

-       Eva... – começou minha mãe.

-       Não! Ouça muito bem mãe! – reclamei quase gritando – Você sempre amou meu pai, e nunca teve que mudar para parecer o que não
era, agora quando a mãe dele chega à senhora tem que ser submissa a uma velha que não tem o direito de querer meu carinho, muito menos minha obediência.

-       Criança você não sabe o que diz. – sussurrou Charlotte.

-       Então o que? Acha que essa garota que esta na sua frente não sabe de nada? Você se por acaso estava aqui quando recebeu a noticia que seu filho estava morto? Você recebeu os policiais dizendo que meu pai tinha sofrido aquele maldito acidente? – as lagrimas teimavam em cair, mas não terminaria ali – Sou forte o suficiente para ser uma princesa, mas nunca serei o que os outros querem! Eu sou essa mulher que vive do jeito
que é revoltada e complicada, não tente me mudar eu sou assim!

Limpei as drogas das lagrimas subindo as escadas quando sinto meu coração apertar cada vez mais, era a primeira vez que dizia tudo isso após as mortes dos dois, eles eram as pessoas mais importantes da minha vida, agora estava só, pois nem minha mãe ficou do meu lado nessa luta. Sentei na cama olhando o reflexo falso no espelho, mostrava uma garota que fui ano passado, antes de toda tragédia acontecer.

A porta do quarto se abriu e mesmo não querendo olhar tinha certeza que a poderosa rainha entrava no meu quarto, sentando-se ao meu lado tentou pegar minha mão quando virei meu rosto para longe do seu me afastando.

-       Você precisa saber alguns pontos da historia que não foi contado. – disse ela suspirando – Seu pai deixou uma carta pra você.

O pequeno papel chamou minha atenção, estava escrito neles palavras que nunca foram ditas, lembranças jamais esquecidas, um pai ao qual não estava mais aqui. Agora era hora de descobrir mais segredos, e dessa vez isso mudaria todo meu pensamento.