Piratas do Caribe: o Tesouro Maldito. escrita por Milly G


Capítulo 10
Angélica


Notas iniciais do capítulo

::ENJOY::



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150729/chapter/10

Jack Sparrow, agora com uma nova cicatriz, fitava o horizonte com os olhos castanhos furiosos.

     Levara dois dias e meio para chegar à maldita ilha onde deixara aquela víbora, que agora – ele tinha certeza – devia estar muito satisfeita.

     Atracaram próximos à ilha e Jack foi até lá de bote, sendo seguido pela sua mais nova e curiosa tripulante, porém, nem se dera conta da presença dela enquanto chagavam àquela solitária ilha.

     Marchou pela areia branca, para dentro de uma pequena floresta de palmeiras, onde havia uma mulher, sentada sobre algumas folhas, com um sorriso triunfante no rosto.

     E um boneco vodu nas mãos.

     Era uma mulher bonita, concluiu a ruiva, analisando-a. O rosto fino parecia combinar com os lábios rosados, parecidos com os de uma boneca. Os cabelos castanhos caiam em ondas, com alguns fios loiros destacando-se sob o sol. Usava uma camisa branca e uma bermuda que provavelmente já fora uma calça um dia, mas agora estava rasgada até os joelhos. Os olhos, castanhos como os cabelos, encaravam Jack, mais afiados que sua espada.

- Que belo dia, não é, “capitão”? – disse Angélica, sorrindo com sarcasmo.

- De fato. – disse ele, gesticulando com seus tiques de sempre. – Ainda mais quando se é praticamente esfaqueado, enquanto está em momentos... íntimos.

- Desculpe se atrapalhei. – disse Angélica para Brooke, com uma falsa simpatia. – Eu sei que ele tem jeito. – Jack sorriu ao ouvir o comentário, orgulhoso. -, mas ele e eu temos assuntos inacabados.

- Sinta-se a vontade. – disse ela, sorrindo com a mesma “simpatia”.

- E-Ei... – Jack piscou, olhando para as duas.

- O que faz sozinha nessa ilha? – Brooke se aproximou de Angélica, ignorando o pirata.

- Cortesia de Jack. – ela deu de ombros, olhando com escárnio para o capitão. – Deixou-me aqui, depois de ter dito que “sempre me amaria”, e depois de descobrir que eu estava grávida.

       Brooke olhou perplexa para Jack, a qual ele respondeu revirando os olhos.

- Até mesmo ela mente melhor que você, Angélica. – o pirata apontou para a ruiva com o queixo.

- É melhor você medir as palavras, Sparrow, e se comportar muito bem. – disse a morena, apertando o boneco com força.

     Jack perdeu a cor ao sentir os órgãos serem esmagados, e Brooke mordeu o lábio para não interferir.

- O que quer em troca desse maldito boneco? – grunhiu o capitão, recompondo-se, embora Angélica ainda o apertasse impiedosamente.

- O Black Pearl. – disse ela com convicção.

- Rá! – Jack jogou a cabeça para trás, rindo, mas uma “força maior” quase lhe quebrou o pescoço. – A-Agradeço imensamente se fizer uma proposta menos impossível.

     A morena o olhou demoradamente, franzindo a testa quando algo lhe chamou a atenção.

- O que é isso? – indagou, e seus dedos magros agarraram rapidamente a pedra no pescoço de Jack. – É a...

- Ultima Rapiat. – disse ele, do modo provocativo que sempre pronunciava.

- Como você... Onde...? – Angélica ergueu os olhos para ele, pasma.

- A infeliz verdade é que a pedra não pertence a mim, mas a ela. – ele apontou com a cabeça para Brooke, que estava alheia a tudo aquilo. – E ela, gentilmente, está me ajudando chegar à...

- Ilha dos Condenados.  – disse a morena, pausadamente, arregalando os olhos.

- Ah, então é assim que se chama? Um belo nome. Muito inspirador... – ponderou Jack. – Enfim, era para lá que estávamos indo, até você...

- Me leve junto. – disse ela, determinada.

- Hã... Não.

     A morena apertou a cabeça do boneco, fazendo Jack se contorcer de dor.

- Já entendi, já entendi! Está bem! – gritou, levantando as mãos em sinal de rendição.

    Angélica sorriu, satisfeita, e acompanhou um Jack irritado e uma Brooke completamente confusa até o barco. Nenhum dos três disse uma palavra até chegarem ao Pearl, e o silêncio se instalou também na tripulação quando o trio embarcou.

     Pintel e Raguetti, que esfregavam o chão do convés, pararam imediatamente, olhando vidrados para Angélica.

- Como se uma já não fosse boa o bastante... – balbuciou Pintel, com um sorriso malicioso.

- Tem razão. – disse Raguetti. – Mas... Qual delas é melhor?

- Oh, isso é difícil. A morena é excepcionalmente bonita, mas a Pepper tem mais... atributos... – o marujo careca esfregou as mãos no peito, demonstrando o que queria dizer.

- Os dois palermas já terminaram o serviço? – indagou Barbossa, cutucando as costas de Pintel com o pé, quase enfiando a cabeça deste dentro do balde.

- Perdão, capitão. – murmurou Raguetti, abaixando a cabeça e ignorando as caretas feitas pelo colega.

     Barbossa foi até onde estavam os três e curvou-se exageradamente ao olhar para Angélica.

- Bem vinda a bordo, Srta. Teach. – disse ele, sorrindo de modo sarcástico.

     A garota revirou os olhos, deu as costas para ele e saiu andando pelo convés como se fosse a dona de tudo.

- Está querendo criar um harém dentro do Pearl, Jack? – indagou Barbossa, erguendo uma sobrancelha, enquanto olhava do leme as duas mulheres conversarem.

- Não seria uma má idéia. – Jack suspirou, sonhador. – Mas só trouxe aquela maldita bruxa a bordo porque ela tem a minha vida em mãos. – ele estremeceu. – Literalmente.

- Como é?

- Um... boneco vodu... feito pelo Barba Negra. – explicou, baixinho, encolhendo os ombros.

     Mas Hector pôde ouvir. Muito bem. E então desatou a rir, numa gargalhada escandalosa de quem possuiu uma piada não compartilhada.

- Você e suas trapalhadas, Jack Sparrow. – Barbossa balançou a cabeça, ainda rindo. – Embora seja extremamente irritante, os mares seriam menos interessantes sem pessoas como você.

     Jack botou a língua para fora, dando as costas à Barbossa e aos seus comentários.

     O resto do dia fora um inferno – se é que podia ficar pior.

     Angélica e Jack brigaram pelo rum, por causa da pedra e até mesmo por onde a donzela iria dormir.

- Você fica no porão, nós ficamos na cabine. – disse Jack, dando de ombros.

- Por que ela fica na cabine? – reclamou a morena.  – Aliás, por que ela ainda está no navio, se você já tem a pedra? Isso não é de seu feitio, Jack.

- Porque – o pirata ergueu um dedo. – recentemente descobri que esta porcaria de bússola só aponta para a Ilha-de-sei-lá-o-quê quando a pedra está nas graciosas mãozinhas daquela ruiva. E, pouco antes disso, descobri que não é muito bom deixá-la irritada.

- Não é só com ela que deve ter cuidado. – Angélica sorriu, balançando o boneco vodu em suas mãos. – E achei bem duvidosa esta sua história de que a Rapiat só funciona nas mãos dela...

- Eu também, darling, mas existem muitas coisas duvidosas nestes mares.

- Eu que o diga. – a morena suspirou.

- Maaas – Jack ergueu o indicador novamente, andando em volta de Angélica com um sorriso malicioso. – Você sabe que eu não sou o homem mais cético que existe, e que enfrentei, com glória, é claro, muitas coisas que eram, e ainda são, consideradas impossíveis. Diante dos fatos, você deve confiar, pelo menos um pouco, nos meus instintos, não?

- Eu nunca confiei e nunca vou confiar em nada que seja relacionado à você, Sparrow. – disse ela simplesmente, dando-lhe as costas para descer ao porão.

- Um dia a minha genialidade ainda salvará sua vida. – murmurou o capitão, apontando-lhe o dedo.

- Um dia a sua “genialidade” ainda o fará perder a cabeça. – rebateu Angélica, sem se virar para ela. – Entenda esta expressão como bem preferir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço reviews, meus amores? *-*