POV Narrador

Com Lisboa e Los Angeles sendo palco de fundo nessa busca incessante de aventura e diversão, nada poderia impedir o destino de aproximar duas pessoas tão diferentes, aparentemente, e ao mesmo tempo tão iguais.

Sexta-Feira tinha chegado e o último dia de gravações de Edward também. Várias filmagens de última hora aconteceram mas nada que estragasse o bom humor do elenco. Eram 16 horas quando foram dispensados e Edward decidiu chamar a irmã para ir a sua casa antes do jantar.

Por sua vez, Rosalie fazia companhia à prima nos seus tempos livres e Bella se dividia entre a diversão com Rose e a interacção com o pessoal do chat. Nos últimos dias havia estabelecido uma grande ligação com a garota chamada Ash e ria da maneira engraçada com que ela encarava a vida. Com certeza ela seria alguém fácil de gostar e de fazer amizade. Hoje Bella convidou Rosalie para assistirem uma comédia que havia estreado no cinema e sem delongas as duas Swan seguiram até ao shopping comprando um balde enorme de pipoca e refrigerante.

POV Edward

Pensei em oferecer o presente de Alice durante o jantar desta noite mas não aguentei a espera e decidi convidar a minha irmã para passar o resto da tarde comigo. Tenho saudades dos tempos em que ficávamos horas conversando e que nem jantávamos pois a distracção era muita. Lembro que a mamãe acabava sempre por nos levar uma tosta para cada um e um sumo natural fresquinho para acompanhar. Ela nunca ficava irritada connosco e adorava ver a nossa união.

Decidi que durante uns tempos não irei gravar nenhum filme, preciso de umas férias e de aproveitar a minha família. Talvez consiga viajar com eles para algum lado, é algo que terei de planear.

- Oi baixinha da minha vida! – senti o pequeno ser, à minha frente, pular para o meu colo assim que abri a porta de casa. – Isso é que é saudade do irmãozinho aqui – ri enquanto a apertava forte.

- Nem vem Ed, você tem que me compensar por esse sumiço todo. – tentou manter uma postura séria – Se bem que me chamar hoje de tarde foi um bom começo . – e sorriu rapidamente demonstrando o quão feliz ela havia ficado com essa minha decisão repentina.

- Sabia que você ia gostar, pedi para a Maggie preparar um lanche gostoso para a gente. Só ela sabe tudo o que preferimos – acompanhei Alice até ao sofá.

- Que saudades da Mê também. Até ela você roubou de mim – falou fazendo bico.

- Sem drama Cullen – a gente sempre chamava Cullen um ao outro quando queria implicar.

Os nossos pais não eram daqueles que para nos repreender chamavam o nome todo. Eles sempre usavam o nosso apelido e quando o ouvíamos já sabíamos que vinha bronca a caminho. Desde então que eu e Alice usávamos o nome Cullen para nos irritar mutuamente mas muitas vezes terminávamos rindo pois recordávamos as nossas travessuras do passado.

Não demorou muito para que Maggie nos trouxesse o lanche, acordamos ficar pela sala. Alice fez Maggie prometer que iria tirar férias de mim e passar um tempo, mesmo que reduzido, lá em casa. A danada da minha irmã sempre conseguia o que queria e, apesar da relutância da Mê, ela levou a melhor.

Ficamos falando sobre vários assuntos. Ela me contou sobre a experiencia que estava sendo trabalhar para uma estilista reconhecida e falou da viagem de Rosalie para Portugal. Engraçado ela ter comentado isso, o meu pai sempre insistira para que conhecêssemos esse país mas infelizmente nunca o chegamos a fazer juntos. Quem sabe esse não seria um bom destino para passear e relaxar!

O nosso jantar estava marcado para as 21h e já estava quase na hora de sairmos de minha casa. Antes de o fazermos eu queria entregar a Alice o fio que lhe havia comprado. Subi rapidamente até ao meu quarto e peguei a caixa embrulhada que se encontrava na minha cómoda.

- Tenho uma coisa para você – falei assim que entrei novamente na sala – Eu espero que goste, tem um significado especial. – entreguei o presente à minha irmã que me olhava curiosa.

Facilmente o embrulho foi desfeito e o conteúdo da caixa colocado para fora. Alice ficou quieta e o seu olhar não desviava nem por um segundo do fio com os pingentes. Ela permaneceu assim durante algum tempo e eu começava a ficar agitado com a demora. Sentei ao lado dela e esperei pacientemente que ela dissesse alguma coisa.

- Edward… – finalmente ela olhara na minha direcção, os seus olhos estavam marejados – Eu nem sei o que dizer meu irmão. Isso é incrível – colocou a cabeça no vão do meu pescoço e me apertou com os seus pequenos braços.

Abracei a minha irmã de volta e senti uma potente lágrima cair na minha pele. A emoção daquele momento ultrapassou a minha expectativa. Ela realmente tinha gostado e tenho a certeza que percebera o seu significado.

- Você acha que ele está orgulhoso de mim? – perguntou com a voz baixa – Eu queria muito saber o que ele pensa sobre tudo. – se aconchegou melhor no meu colo.

- Eu tenho certeza que ele está muito orgulhoso de você minha irmã. E lá bem do alto ele está cuidando de nós dois e satisfeito com o percurso de vida do seu valente e da sua estrela – sorri acarinhando Alice.

- Eu te amo Edward.

- Eu também baixinha, para sempre.

POV Bella

O filme que assisti com Rosalie era bem legal e deu para rir muito, não só pelo filme como pelos casais que ficavam se agarrando a cada minuto na plateia. A gente ficava mandando pipoca ao encontro deles mas nem isso os incomodava. Teve um que até agarrou na pipoca e enfiou na boca, nojento não? Aconteceu mesmo.

Seguimos até casa e jantamos em família. Logo depois, eu e Rose, nos dirigimos até ao escritório e eu contei um pouco sobre as pessoas que tinha conhecido no chat. Aproveitei e me conectei ao mesmo tempo que explicava tudo à minha prima. Ela falou que já teve curiosidade de experimentar mas nunca achou a oportunidade de o fazer. Bom já que ela me tinha apresentado essa nova actividade eu resolvi retribuir.

Criei um registo em seu nome e em segundos tinha a minha prima pulando de entusiasmo enquanto falava com um monte de gente que não conhecia. Deixei-a no escritório e subi até ao quarto. Aproveitei o tempo a sós para fazer uns exercícios, que nem precisava pois hoje entrara de férias, mas perdi a atenção quando ouvi uma entrevista na televisão.

Edward Cullen um actor bastante prestigiado nos EUA falava em como a mudança de anónimo para famoso tinha transformado a sua vida. As dificuldades que ele tinha em conciliar o trabalho com a família e amigos era o que mais lhe custava. Os fãs que ele tinha, principalmente do sexo feminino, eram os causadores da agitação constante nas ruas, cada vez que ele passava, já para não falar dos paparazzi que invadiam, sem dó nem piedade, a sua vida privada.

A entrevista estava no fim e terminou com a indicação do próximo filme do actor que sairia nos próximos meses. Eu acompanhei o inicio de carreira de Edward Cullen e gostava de o ver a representar. Nunca falhei um filme dele e apesar de compartilhar a opinião mundial de que ele era lindo, não era isso que me levava a assistir a sua ascensão. Anotei mentalmente que tinha de pesquisar as informações sobre esse novo lançamento.

Peguei na viola que se encontrava no fundo do quarto e toquei alguns acordes. Fazia muito tempo que não o fazia e tive uma súbita onda de saudades. Comecei lentamente mas fui ganhando ritmo e já cantava algumas das minhas canções originais ao compasso da melodia que fluía.

Quando eu era criança sonhava em seguir carreira musical mas com o passar dos anos isso acabou por não se concretizar. Apesar disso, sempre que eu podia, dedicava uma parte do meu dia a esse prazer que era tão importante para mim.

Eu acho que a fama me assusta. Nunca pensei muito sobre isso mas realmente devia ser difícil ser uma figura pública. Não consigo sequer imaginar a minha vida sendo exposta em jornais, revistas ou outro tipo de divulgação. Admiro muito os artistas por terem essa capacidade única de aguentar e é por isso que eu digo que essa vida para mim não iria funcionar. Felizmente nem eu vou ser reconhecida publicamente, nem tenho ninguém na minha vida que o seja. Menos um problema para eu solucionar.

A semana que vem será a última de Rosalie em Portugal. Preciso de pensar em algo bem legal para a gente fazer. Nem acredito que daqui a alguns dias vou ficar de novo sozinha. A minha prima me enche de alegria, ela é a irmã que eu não tenho e viver longe dela é um suplício para mim. Ela merece que eu faça algo, quem sabe uma festa surpresa de despedida. Vou pensar nisso e talvez pedir ajuda das minhas amigas para organizar tudo.

Pousei a viola ao lado da cama e rapidamente me cobri com o lençol. Rosalie provavelmente ainda estaria agarrada ao computador e quando acabasse deveria ir directo para o quarto por isso resolvi dormir.

POV Jasper

Que saco. Hoje acordei cedo demais, trabalhei de menos e ainda não consegui tirá-la da minha cabeça. Precisava de me distrair mas não encontrava nada para fazer. Peguei pela milésima vez o computador e constatei novamente que ela não estava lá. Eu tinha que fazer alguma coisa ou iria enlouquecer.

Logo hoje que eu precisava do meu melhor amigo ele tinha combinado passar a tarde e a noite com a irmã. Alice, me faz mal pensar nela também. A minha mente voa para o dia em que a conheci, tão linda e delicada, parecia uma bonequinha de porcelana, daquelas que você precisa de proteger a todo o custo para não quebrar.

Eu tinha 13 anos quando conheci Alice Cullen. Me tornei amigo de Edward na escola e algum tempo depois ele me levou em casa para conhecer a sua família. Não preciso nem dizer que me encantei pela sua irmã. Ela era mais nova 3 anos e percebi que o meu melhor amigo era o seu maior cúmplice. Os anos foram passando e até hoje nunca admiti para ninguém os meus verdadeiros sentimentos por ela. Sei que Edward tem noção do quando ela é importante na minha vida mas por respeito a mim nunca tentou arrancar nada sobre isso.

O melhor que tenho a fazer é esquecer essa garota de uma vez por todas. Ela tem meio mundo atrás dela e jamais olhou para mim, não sou um cara que goste de se afirmar por isso preferi me afastar. Ultimamente isso tem sido mais fácil devido a uma linda menina que conheci no chat. Eu sei que isso pode parecer meio estranho mas mesmo sem a conhecer eu adorava falar com ela. Isso era o meu ânimo durante a semana e eu tinha tomado a decisão de conhece-la pessoalmente.

Tomara que ela aceite.

POV Edward

Essa tarde foi memorável. Estar com Alice me fez perceber a falta que ela e a minha mãe me fazem. O presente que lhe dei foi o melhor que poderia ter escolhido e soube na hora em que ela o colocou no pescoço que ele não sairia mais de lá. Ficámos agarrados por alguns minutos no sofá da minha sala e em seguida nos deslocamos até ao restaurante onde iríamos jantar.

A noite não poderia ter terminado melhor. O jantar estava delicioso e a companhia era perfeita. Depois de toda a emoção que se verificou lá em casa, Alice simplesmente voltou a ser Alice. Não parava quieta e falava sem parar, essa seria sempre a minha irmã. No meio da conversa acabei por contar sobre a viagem que gostaria de fazer em família e ela logo surtou com a hipótese. Nomes de imensos países foram saindo da boca dela e um leque de ideias sobre o que poderíamos fazer foi exposto.

Parece que essa será a próxima aventura da família Cullen, sem contar com o aniversário da dona Esme, que seria daqui a dois dias.

Levei a nanica de volta para minha casa, pois o seu carro tinha ficado por lá, e nos despedimos com a noção de que estaríamos juntos em breve.

Entrei no escritório apenas para checar os meus emails, algo que eu não fazia com frequência, e sem eu ter mexido em nada uma janela de conversação se abriu. Li apenas o titulo da página e fiquei me perguntando como isso aqui veio parar.

Só me vinha o nome de uma pessoa capaz de causar essa situação, Jasper.

POV Narrador

Parece difícil acreditar que tudo na vida acontece por alguma razão e que o destino sabe exactamente como interligar várias pessoas de países tão distantes. Apesar da dúvida continuar pairando no ar, isso é um facto absolutíssimo com o qual não valerá a pena lutar.