Lótus Negra escrita por Remmirath
Andavam pelos corredores da Ordem como se fossem fantasmas, ninguém ousava olhá-los. Sussurros inaudíveis até para eles irrompiam após muitos metros, entre os pesquisadores espalhados. Lançando um olhar de canto, Kanda os viu virarem para as paredes ou para os lados, o evitando. Assim como ela, que o acompanhava mais olhava apenas para a frente, a expressão fechada. Até mesmo aquele golem patético parecia ignorá-lo.
Mas a gota d'água foi quando o broto de feijão passou, com uma rosquinha na boca e expressão neutra, junto de Lavi sério, e os dois nem lhes dirigiram um som, apenas continuaram reto pelo caminho contrário. Na sala de Komui fora a mesma situação, Serenhiel deixara o relatório sobre a mesa do supervisor, que nem ousou olhá–la.
— Ei, Lenalee – chamou Serenhiel, quando estavam voltando para o andar dos quartos.
— Ah, oi Seren, como foi a viagem? – perguntou Lenalee sorrindo forçadamente, dando meia volta para olhá-los.
— Bem – respondeu ela, levantando uma sobrancelha para a atitude estranha da exorcista. – Aconteceu alguma coisa enquanto estávamos fora?
— Não, nada fora do normal – comentou, mordendo o lábio. – E com vocês dois?
— Tsk – fez Kanda, trocando um olhar de entendimento com a elfa.
— Nada – respondeu a morena, seca. E completou, irritada. – Então saberia me dizer por que todo mundo está nos evitando?
— Nossa... – falou Lenalee, surpresa. – Bom.... é que o finder que estava com vocês, tem feito uns comentários... bem...
— Improváveis? – completou Serenhiel, entre dentes. O samurai só observava a conversa de braços cruzados e expressão neutra.
— Isso! – afirmou Lenalee, a voz meio aguda. E tossiu, disfarçando. – Então, vocês sabem como os boatos se espalham rápido pela ordem.
— E que tipo de comentários esse finder tem feito? – perguntou Kanda, começando a ficar irritado. Aquele pessoal realmente o dava nos nervos.
— Que vocês estão... – começou Lenalee, juntando os dedos indicadores e olhando para baixo, meio constrangida. E completou. – Juntos.
— Argh – bufou Serenhiel, colocando a mão na testa. Como aquele povo podia ser tão idiota? – E por que estão nos ignorando, então?
— Talvez porque a maioria aqui não goste do Kanda, ou tem medo dele, e não quer irritá–lo e acabar morto... – comentou a a chinesa, começando a enumerar com os dedos. – E se olhassem para você, do jeito que ele é possessivo, capaz de trucidar o infeliz pesquisador. Simples assim.
— Idiotas – xingou Kanda, sendo seguido pelo olhar delas antes de entrar no próprio quarto.
— E então? – perguntou Lenalee, curiosa. A elfa só rolou os olhos.
— Incrível a capacidade que vocês humanos têm para distorcer completamente as situações. – comentou Serenhiel. – O trem freou bruscamente e eu cai em cima do Kanda, o finder entrou nessa hora e pensou o que não devia.
— Aaahhhh... – fez Lenalee, meio decepcionada. – Que coisa, eim?
— É, nem me fale. Esses trens – comentou, e sorriu travessa ao dizer. – Será que você pode guardar segredo? Essa coisa toda está me divertindo, até.
— Tudo bem – confirmou Lenalee, retribuindo o sorriso maroto. Ela também queria ver essa história se desenrolar. E suspeitava que, lá no fundo, os dois perceberiam que talvez fosse verdade.
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