Lótus Negra escrita por Remmirath


Capítulo 29
Capítulo XXVIII – Princesa




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— Vou descobrir por que o trem parou – declarou Kanda, após sair do choque, sumindo pela porta sem esperar resposta.

Andou pelos corredores, irritado, até chegar no começo do vagão, abrindo–o e olhando pelo lado do trem. Lá na frente da locomotiva, um rebanho de vacas pastava tranquilamente entre os trilhos.

Tsk – olhou entediado para o rebanho, não acreditando que haviam parado por causa de vacas.

— E então? – perguntou Serenhiel, ao ver ele entrar.

— Vacas – respondeu, sentando irritado em seu lugar.

Vacas?— repetiu ela, descrente.

— É, um rebanho, nos trilhos – explicou ele, entediado. – Entendeu, ou quer que eu desenhe?

— Hunf!! – bufou ela indignada, jogando Steamcanpy, que quicou, na cara de paisagem dele.

Por algum motivo estranho, ela sorriu para a cena, balançando a cabeça e voltando a brincar com o golem, por falta do que fazer. O trem voltou a andar, mas ainda faltava uma hora para eles chegarem na estação.

E durante esse tempo Kanda ficou observando-a pelo canto dos olhos, tentando os manter inexpressivos enquanto sua mente vagava por memórias que ele preferia que não estivessem voltando, fazendo aumentar uma dúvida em sua mente.

Ei, guardas – chamou a pequena Serenhiel, com pouco mais de oito anos, olhando para o alto de uma torre em ruínas, no bosque.

Sim, minha princesa? – perguntou um alto elfo loiro, trajando o uniforme da guarda, acompanhado de cerca de cinco aprendizes, com uniformes semelhantes, e idade entre doze e nove anos.

Eu quero aquela flor – pediu ela apontando para o alto, sorrindo meigamente.

Você nem gosta de flores! – rosnou o garoto menor, com cabelos negros e franja cobrindo os olhos.

Tenha mais respeito por nossa protegida, aprendiz– repreendeu o elfo comandante. – Como punição, você vai subir lá e pegar o que nossa princesa deseja.

Tsk – fez o garotinho, olhando-a irritado. E começou a subir a torre, as pedras quase se esfarelando em suas mãos, enquanto a garotinha olhava-o, lá de baixo, sorrindo travessa.

Após alguns minutos de tensão, em que ele quase havia desabado lá de cima, voltara com o sorriso triunfante, entregando-lhe a flor azul escura, que parecia–se com as asas de uma fada. Que fora despedaçada enquanto ela corria pelo bosque, minutos depois, treinando com seus pequenos guardas. Mas ele não se importava, afinal, era apenas mais uma ordem cumprida.

Perdera a conta de quantas vezes arriscara sua vida, inutilmente, para fazer o que ela mandava, se tornara um habito tão comum que acostumara-se. Afinal, era seu dever proteger a vida dela, e mesmo agora, que retornara a esse mundo, não conseguia se livrar daquele estranho sentimento que o impelia a continuar seguindo-a. Será que nunca ia ser livre? Mas... será que ele queria?

— Ei, Kanda? – chamava sua princesa ao lado, em vão. Parecia que ele havia dormido de olhos abertos, o mais estranho era a direção do olhar dele. Virou para ele, ajoelhada no banco, e esticou a mão esquerda para empurrar o ombro dele. Três vezes e nada. Estranho.

— Hum? – respondeu ele, finalmente, piscou meio atordoado, e olhou para a mão dela em seu ombro. Colocando a sua própria por cima, num ato impensado.

— Você está bem? – perguntou Serenhiel com os olhos semicerrados. Definitivamente ele não está bem. E chegou mais perto, colocando a mão direita na testa dele, para procurar sinais de febre. Nada. Retirou, começando a ficar incomodada com a mão dele que não a largava. – São as memórias de novo?

— Você está fria – declarou ele a fitando com aqueles profundos olhos azuis.

— Ahn? – fez ela, inteligentemente. Estranho Demais. E revirou os olhos, puxando bruscamente a mão presa, se levantando. – Já chegamos, é melhor você vir logo.
E saiu marchando, balançando a cabeça em reprovação.

Merda!— praguejou Kanda, batendo na própria testa. O que estava dando nele? O que fora... aquilo?— Ah, que se dane! – bufou, saindo da cabine e andando pelo vagão, à procura da saída.


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