Lótus Negra escrita por Remmirath


Capítulo 16
Capítulo XV – Ruínas




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O que era aquilo… Estava flutuando?

Será que suas asas tinham vontade própria e resolveram perambular com ela por ai, enquanto dormia?

Mas… não se lembrava de ter ido dormir, só… de andar, para fora, para longe, bloqueando todos os sons, voltando.

Tudo tinha se apagado. Agora, parecia mesmo flutuar.

Uma sensação quente envolvia o seu corpo, como a brisa agradável da primavera envolvendo os campos.

Tão repentinamente como veio essa sensação, tudo ficou gélido, insuportável, irrespirável, fazendo-a apagar, até mesmo em sua inconsciência.

E então despertou, mas uma dúvida percorria a sua mente enquanto debruçava-se no peitoril da janela, olhando para o resto do castelo.

Em ruínas.

Não.

Quando isso aconteceu, por que não soaram os alarmes?

Olhou para a meia lua negra encobrindo sinistramente o céu, parecia derreter.

E para o chão, de pedras, revelando agora que não havia mais um teto.

Enormes poças de lama borbulhante surgiam por entre as pedras, formando rostos monstruosos, com corpos deformados e olhares vazios.

Recuou, procurando suas armas, mas cada uma que pegava se espatifava em sua mão. Guardas!

Sim, eles deviam ter armas, eles sempre tem mais do que o necessário. Onde estavam seus guardas?

Abriu a porta cautelosamente, olhando para fora e só encontrando o começo da escada circular. As luzes das velas nos castiçais da parede bruxuleavam fantasmagoricamente, e depois de cinco passos, travou.

Uma cabeça sangrenta em um elmo estava fincada no castiçal adiante.

Mais cinco passos, e outra.

O mesmo se repetia por toda a extensão da escada, e pelo corredor adjacente.

Ela já havia parado de contar, mas não podia deixar de notar, quem era a cabeça da vez? Seus olhos ameaçavam lacrimejar, abraçou o próprio corpo respirando fundo e tentando se controlar.

Não podia ser fraca, não agora.

Tinha que começar, antes que a pegassem também.

Atravessou os corredores, desviando o olhar das paredes, fugindo pelas sombras silenciosamente, tentando não chamar a atenção das coisas das poças, que rastejavam atrás de calor.

Parou em frente a uma estátua e apertou a mão dela, fazendo surgir um compartimento secreto, que ela entrou e selou a saída.

Desceu por um pequeno alçapão acabando em uma caverna, com as paredes recobertas de cristais cintilantes. Suspirou aliviada ao olhar para o item no meio da caverna, e adiantou-se para tocá-lo.

Mas de repente, uma poça de lama surgiu a seus pés, e ela começou a afundar, e a ser puxada por garras gosmentas que encravavam-se em sua perna.

Me soltem!

Gritou, se debatendo, tentando chutar e bater nas coisas, e então uma sombra atrás dela surgiu, a mão tocando suas costas, fazendo-a queimar, a outra tapando sua boca, sufocando-a com o ódio e a repulsa que emanavam se seu corpo etéreo.

Então, quando pensava que não restava mais esperanças, sentiu aquela brisa agradável em seu rosto, pela última vez, e esboçou um pequeno sorriso antes que afundasse completamente na poça pútrida de lama, e se tornasse um deles.


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