Anjo da Saudade escrita por Ana Carol M


Capítulo 20
Capítulo 20




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"Energia positiva, acaba com todas negativas"

 Eu e Sophie ficamos a tarde inteira adiantando os deveres, arrumando o quarto, para a revista no outro dia, e procurando uma roupa bonita para ir a festa.

- Soph, já sei. Tenho um vestido que vai ficar lindo em você – Falei com animação.

 Fui até o armário do qual eu tinha colocado as coisas de minha mãe. E peguei o vestido preto com branco que pertencia a minha mãe.

 Depois de muito esforço consegui que Sophie o vestisse, e depois de alguns recortes nas mangas e no comprimento. O vestido deixou de lado os detalhes brancos e se tornou um preto básico e bem moldado. Estava perfeito.

- Mary.Não posso usar. Era da sua mãe.

- Agora é meu. E se você não aceitar, vou ficar magoada.

Ela deu uma ultima olhada no espelho e sorriu : - Tudo bem.

 Depois de tudo organizado, de termos tomado banho e terminado os deveres escolares. Cloe chegou ofegante no quarto.

- Vocês não sabem quem esta namorando! – ela afirmou, entre respirações aceleradas.

- Quem? – perguntamos.

- David e Elisabeth, acabaram de oficializar na frente de todo mundo – disse Cloe rapidamente.

 Sophie sentou na cama decepcionada e com o aspecto de cansada. Respirou profundamente, levantou da cama, me olhou e sorriu.

- Que bom para eles. Cloe pode nos dar cobertura? – Falou a menina recuperando o humor de antigamente.

- Claro. O que vocês vão fazer?

- Vamos a um Show. Mas não temos autorização – falei.

- Ok.  Eu distraio os monitores dos corredores – falou Cloe sorrindo, com o olhar de entusiasmo, com certeza estava planejando algo potente.

- Precisamos de ajuda para sair daqui – falou Soph.

- Claro, a saída. Bem tem um portão de ferro no final de uma rampa de escadas a trás do ginásio.  Ninguém vai lá e nem tem câmeras, porque é escuro e era trancado. Mas os meninos arrombaram ano passado para irem a um jogo de futebol.

- Perfeito.

Cloe se juntou a nós, e começou a nos arrumar.

 Eram nove horas quando Cloe foi pegar biscoitos para comermos.

Depois de comer, fui escolher a única parte que faltava, minha roupa.

Sophie colocou o vestido, uma meia calça trabalhada em renda e uma jaqueta de couro novíssima (presente de seus pais para o novo estilo dela). Ela estava linda, o cabelo bem cacheado nas costas, a maquiagem chamando a atenção para sua boca com o batom vermelho, a roupa se ajustou ao corpo dela e os acessórios de prata fizeram toda diferença.

 Coloquei um vestido azul púrpura escuro, as botas pretas do colégio, e uma jaqueta preta.  Cloe me colocou alguns acessórios para caracterizar. Eu deixe ela se divertir, na realidade eu ficaria mais confortável com um jeans e uma camiseta, mas ela deixou fora de cogitação. Cloe marcou meus olhos que refletiam o azul do vestido e alisou meu cabelo.

- Eu sou uma artista – dizia ele olhando para nós duas com os olhos brilhando.

 Ela entregou uma bolsa de taxas para mim e uma mais peluda para Sophie. Era emprestado e depois teríamos que devolver a ela do jeito que estava.

Quando dei por conta já era quase dez horas.  Corri para pegar os ingressos e o celular, joguei algumas coisas na bolsa e sai apressada, puxando Sophie por um braço.

Cloe foi na frente, e fingiu que estava tonta  para que o único monitor presente ajudasse ela.

Nós saímos de fininho e chegamos ao jardim.  Olhamos para todas as janelas para ver se não tinha alguém espionando, para nossa infelicidade tinha. David. Ele devia estar na biblioteca, nos olhou com raiva e com um suspiro fechou a janela.

Nós teríamos que arriscar e rezar para que ele não tivesse um ataque de raiva e contasse sobre nós.  Ao chegar no lago, Drigo e Allan nos esperavam.

Allan havia arrepiado o cabelo escuro, uma camisa xadrez mais fechada, por cima um casaco escuro, calças mais desfiadas e um tênis curto. Lindo e cheiro.

Ele sorriu ao me ver.

- Olá. Chegamos atrasadas? – falei.

- Na verdade não – falou Allan.

Drigo vestia uma blusa preta e com o símbolo de uma caveira, uma jaqueta de couro, calças surradas e um tênis que eu jurava ser o do colégio.

 Contei a eles sobre como sairíamos. Até chegarmos ao local foi uma guerra, havia vários seguranças e nos tivemos que adivinhar em qual tempo continuar andando.

A porta realmente estava aberta e depois de colocar os pés fora dos muros do colégio, tive uma sensação boa.  Talvez fosse assim que os presidiários se sentiam ao sair da cadeia.

Caminhamos duas quadras, rindo e falando bobagem, até que foi seguro chamar um taxi.

Não demorou muito e saímos no carro. Era incrível a cidade a noite. Nunca realmente tinha andando pelas ruas aquele horário.

Chegamos a boate, ela era na boca de um beco, de tijolinhos a vista e um segurança careca e sorridente na entrada. Havia algumas pessoas alvoroçadas na volta dele. Aproveitamos a distração dele, apenas demos os ingressos e entramos. Ia ser péssimo se ele pedisse a identidade.

 La dentro, era abafado, estava com musica alta, um Dj um pouco velho demais,  as luzes piscando,  pessoas bebendo, observando e dançando. Algumas com uns aspectos horríveis, alguns amigos rindo. Estava normal.

Já eram onze horas, quando olhei o relógio florescente na parede do bar.

 Allan nos puxou até o bar e comprou Martini para todos nós. Era forte e fui tomando aos pouquinhos, já Sophie havia tomado mais rápido do que piscado.

- Hoje eu não quero nem saber. Quero esquecer do David – murmurou ela ao meu ouvido e logo depois foi dançar com Drigo.

 - Você quer dançar? – perguntou Allan.

- Claro.

Ficamos dançando e bebendo até a banda se instalar no lugar. Com muito sufoco chegamos bem perto do palco.

E a musica começou, eu sempre amei rock, mas a musica deles causavam arrepios em mim. Era linda, eles fariam sucesso. Eu tinha certeza. A energia, as pessoas cantando junto, os sorrisos dos membros da banda. Era incrível.

  Era tarde, Sophie estava podre de bêbada, e Drigo já a havia beijado diversas vezes, mas estava cuidado dela. Eu estava um pouco tonta, nada demais.  Allan foi se aproximando lentamente de mim, eu apenas sorria como uma boba, ele chegou bem perto, eu sentia o hálito de Martini, ele sorriu e me beijou. Era como se estivéssemos sincronizados um com outro. Eu não tinha medo dele, mesmo sabendo que ele havia matado varias pessoas. Durou o necessário. E depois eu o abracei.

Ele se envolveu em meus braços como se sua sobrevivência dependesse daquilo. E me senti importante. Talvez até única.

Ficamos no amor, até ele dizer que devíamos ir porque já era tarde. A banda já havia saído, o DJ velho começou a tocar de novo,  as mesmas musicas.

- Vamos chamar a Sophie e o Drigo – falei entre beijos.

Ele sorriu e me puxou até um sofá onde Sophie dormia confortavelmente no peito de Drigo e ele com a cabeça para trás apoiada no encosto do sofá.

 - Ei, vamos embora – falei tentando sobre sair a musica lenta.

Eles demoraram um pouco para raciocinar, mas logo já estávamos no taxi voltando para a escola. A área atras do ginásio estava deserta. Ao entrar no colégio, estava tudo escuro. Os monitores estavam dormindo e nós chegamos até o andar dos quartos. Nós nos separamos com beijos e abraços.

 Com dificuldade coloquei Sophie em um banho quente e a coloquei para dormir. Depois fui eu para o banho. A água quente amolecia meus músculos, por mais calmo que estivesse o lugar, a musica ainda continuava na minha cabeça e as imagens da noite apareciam toda vez que meus olhos se fechavam. Com meu pijama confortável eu fui para cama. 


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