Anjo da Saudade escrita por Ana Carol M
- Que lindo. Já começou a se declarar? – falou Mike, novamente surgindo do nada.
- Qual o seu problema Miguel? – falei irritada.
- Ele. Ele é meu problema – resmungou Mike.
- Não esta apaixonado por mim esta? – brincou Allan.
Mike revirou os olhos e foi embora. Eu observei ele caminhando rapidamente e chutando a grama de irritação.
- Eu não entendo. No inicio ele era tão simpático e parecia ser feliz. E depois mudou. – suspirei.
- Mudou depois que eu cheguei. Infelizmente estou achando que ele esta escondendo algo, e que de certa forma estou atrapalhando os planos dele. – ele não falou mas eu vi na expressão dele “ Talvez eu devesse ir embora”.
- Você não pode ir. Eu ordeno que você nunca, jamais, sequer pense em me deixar – falei seriamente, olhando os profundos olhos escuros e penetrantes dele.
- Se é assim que deseja – falou ele sorrindo torto.
- Ei, vocês viram o David? – Falou sophie enquanto se aproximava de nós.
- Na verdade não, mas te ajudamos a procurar – falou Allan.
- Tudo bem, vou olhar direito la dentro.
Eu e Allan saímos procurando pelo enorme jardim, eu ainda não conhecia tudo. Foi perto do muro principal que ouvi passos.
Miguel colocou o dedo nos lábios pedindo silencio, e andamos mais cuidadosamente.
Ao encontrarmos quem fazia o barulho, eu não acreditei. Me aproximei silenciosamente e Allan em meus calcanhares.
- David? – perguntei. Era obvio que era ele.
O casal que se amassava encostado em uma arvore era David e...
- Elisabeth? – perguntou Allan incrédulo.
O casal nos olhou assustados.
- Eu não acredito que você esta fazendo isso. E a Soph? Ela gosta de você.
Meu corpo tremia de raiva e indignação. Não suportava traição.
- Não estou namorando a Sophie. Apenas nos beijamos uma vez. – falou ele.
- Duas – corrigi.
- Que seja.
- Com licença, eu ainda estou aqui. Você não tem nada a ver com vida dele. E era obvio que ele não ia resistir a mim.
Pude ver Allan fazendo uma careta de nojo com tanto ego.
- Elisa, tudo bem. – disse David. – Mas o que vocês estavam fazendo vindo pra cá? –
- Estávamos te procurando. Mas ouvimos uns murmúrios e viemos conferir – explicou Allan.
- Quer saber, e tenho mais o que fazer do que ficar discutindo com vocês – Falou Elisabeth com toda superioridade que tinha. E saiu de fininho.
- David, eu nunca esperei isso de você. Você sabe o quanto a Sophie gosta de você. E você faz isso, logo com a Elisabeth. – minha voz saiu mais decepcionada do que eu planejava.
Ele apenas olhou para o chão.
- O que? – Falou uma garota deprimida e confusa um pouco a trás de David em uma arvore.
- Sophie – suspirou David.
Ela caminhou até ele, o olhou com desprezo.
- Você não merece, nem minha amizade – falou ela entre lagrimas e com a voz falhada.
E saiu correndo.
- Sophie – gritei e sai correndo a trás dela.
Correr de bota era horrível, mas eu consegui alcançá-la. Ela se agarrou em mim. E começou a chorar em meu ombro.
- Tudo bem, vai ficar tudo bem – falei sussurrando.
Ela soluçava e me abraça fortemente.
- Ele é tão idiota... Eu sinto tanta raiva – sussurrou ela com a voz dolorida.
Eu a levei para o quarto. Passamos a manha inteira lá, falando mal de homens. E Sophie chorando.
Se ela apenas desconfiasse de tudo o que eu estava passando, talvez ficasse preocupada em falar tanto. Mas sempre fui, de guardar minhas dores e ajudar meus amigos com a deles. Não seria numa pré-guerra que ia ser diferente.
Depois de almoçarmos sanduíches e sorvete. Vi o acumulo de correspondência em cima de uma mesinha.
Sophie mexia no sorvete com tristeza.
- Nunca abri minhas coisas – o primeiro pacote era do próprio colégio e eu lembrava de te-lo visto quando chegamos ao quarto no primeiro dia. Eram as regras do colégio.
Fui lendo cada uma alto para que sophie escutasse.
“12: Todo o aluno deverá escolher entre um curso extras. E deve ir até a secretaria até o final do seu primeiro mês no colégio.”
- Não sabia disso – falou ela
- Nem eu.
“ 13: Todo aluno deve recolher as roupas sujas, organizar e limpar seu quarto. Obs: As roupas tem de ser depositadas na lavanderia de cada bloco, em um pacote com identificação. Todo o domingo a monitora de cada bloco irá vistoriar o quarto. Caso não cumpra o regulamento será punido de acordo.”
- Então é por isso que ninguém vem pegar nossas roupas.
Entre as varias regras tinham: O horário certo das refeições; quanto as punições, teríamos se não tivéssemos boas notas; você pode ter que lavar banheiros e etc, como punição; Colar em prova poderia levar a expulsão; Mascar chiclete, atender telefone, chegar atrasado, e burlar as regras, reservam péssimas punições.
Foi ao ler a 30 regra que tive uma brilhante idéia.
“ Os alunos não poderão sair dos terrenos do colégio, aos finais de semana, sem a autorização dos pais”
- Vamos a uma festa esta noite – falei sorrindo.
- Não posso, meus pais nunca deixariam. Lembra? Castigo.
- E quem disse que vamos com permissão?
- Você esta dizendo para sairmos escondidas? – sussurrou sophie. Com um brilho conhecido no lugar.
- Sim – susssurei rindo.
- Aposto que Allan gostaria de ir.
- Podemos convidar, quem sabe o Drigo também? Ele parece gostar de você – falei lembrando das conversar deles enquanto íamos para a aula na semana que havia passado.
- Perfeito. Vou falar com ele – disse ela e levantou. Saiu eufórica.
Eu a olhei mais animada e fiquei melhor, me joguei na cama e olhei para o teto. O que eu estava fazendo? As pessoas corriam perigo e eu estava indo a uma festa.
Continuei olhando as correspondências, era propagandas de cursos pagos, novos uniformes e um envelope.
- Para: Mary Ann
Eu abri o envelope e havia quatro ingressos do Show de uma banda local. Naquela noite.
Olhei o remetente : Thea.
Ela havia escutado nossa conversa. Coloquei os ingressos no bolso, e guardei o envelope em uma gaveta. Sai a procura de Allan.
Ele estava na biblioteca fazendo o dever de Física.
- Atrapalho?
- Não, senta – disse ele apontando para o banco.
Me sentei – o que acha de ir a um show hoje a noite?
- Você tem autorização?
- Não, mas tenho ingressos – falei sorrindo.
- Tudo bem.
- Nos encontramos no lago as dez horas.
- Combinado – ele deu aquele maravilhoso sorriso e voltou a estudar.
Ao sair da biblioteca de cara com Sophie.
- Opa – nós rimos – e ai?
- Ele aceitou – falou Sophie feliz.
- Allan também, vamos a um show. Consegui ingressos.
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Prontos para bailar?
kk