" As duvidas, podem fazer voce enlouquecer, e a obcessão pela verdade talvez seja eterna"

 Eram seis horas, subi para tomar um banho, colocar um pijama confortável. Aproveitei para comer alguma coisa e fazer uns exercícios que alguns professores insistiram em passar.

 Depois Sophie voltou de sabe lá onde, com um sorriso enorme no rosto.

- Vocês se beijaram de novo? – Falei tentando sorrir.

- É tão obvio?- perguntou ela.

- Muito obvio.

 Ela se jogou na cama e começamos a conversar enquanto eu terminava de arrumar algumas coisas da minha “mudança” pro colégio.

Meu celular tocou desesperado.

- Alô? – falei olhado para os olhos atentos de Sophie na outra cama

- Mary Ann? – A voz era de mulher e desconhecida.

- Sim sou eu. Quem fala?

- Diga a Mike para seguir o plano. E a Allan para não se deixar levar pelas emoções – e desligo.

 Fiquei assustada e Sophie percebeu.

- O que houve? – perguntou ela – O que houve? – ela correu e me sacudiu.

- Uma mulher, pediu para entregar dois recados.

- Para quem?

- Mike e Allan.

- Deve ser a mãe deles, Mas como ela tem o seu numero?

- É vizinha do meu pai. – Novamente estava claro que não era isso, mas eu ia entregar o recado.

 Coloquei uma roupa qualquer e sai do apartamento avistei os monitores no saguão das escadas e fui a procura dos meninos.

Por sorte David saia do quart 414.

- Soph, o que esta fazendo aqui?

-Preciso falar com Allan e Mike.

 - Eles estão na biblioteca.

- Onde fica?

- Desça as escadas e siga para o refeitório, um pouco antes das portas do refeitório tem uma porta enorme de madeira escura com “biblioteca” bem grande escrito. – falou ele rindo com as ultimas palavras.

- Obrigada – sai correndo e ao chegar na biblioteca me decepcionei. Era a maior biblioteca que eu já estive.

 A bibliotecária me viu e veio até onde eu estava.

- Quer ajuda?

- Tem dois colegas meus aqui. Preciso falar com eles.

- Ah, qual o nome?

- O que? – Pra que ela queria o nome deles?

- Desculpe é o habito – Louca?

- Ok

- Deixei ela para trás e comecei a procurar. Eu tinha que voltar em quinze minutos ou estaria encrencada com o toque de recolher.

 Ao andar pelos corredores ouvi alguém resmungando.

- Que droga. Você não faz nada direito – sussurrou alguém.

- Kathrina – vi aqueles cabelos volumosos e ruivos.

Ela estava lá, tentando subir em uma escada de ferro para um sótão.

- Oi Mary – falou ela envergonhada.

Mike surgiu atras de uma estante.

- Tenho um recado para você – falei friamente.

- Fale – disse ele.

Eu o puxei para um canto enquanto Kathrina subia pela escada.

- Uma mulher me ligou e pediu para mim dizer “ Para você seguir o plano”.

 Ele revirou os olhos – Tudo bem sobe ai – disse ele apontando para a escada.

 Então subi. Havia vários livros “estranhos” naquele lugar.

- O que é isso?

Lá estavam Allan, Cloe, e agora Kathrina e Mike.

- Porque ela esta aqui? – perguntou Cloe surpresa.

- Ela trouxe recado – falou Mike fechando o alçapão.

Eu repeti tudo que a mulher me disse a todos ali.

Allan riu - tudo bem. E isto é uma biblioteca privada.

- Privada pra quem?

- Pessoas especiais- disse Kathrina sorrindo.

- Oh, isso explica muito. Dá pra ser mais clara?

-Ah – gritou Allan – todo esse negocio de regras e silencio esta me matando

- Ela não pode saber. È perigoso – falou Mike alto e de bom tom.

- Porque fui aceitar levar a princesa de volta? – Dizia Allan

- Quer saber por quê? Porque você não suporta que eu seja melhor que você. Você acha que eu não sei que você ainda tende para o lado ruim? Eu sempre soube que você não largaria aquele vicio.  Você não vai conseguir.

 Allan se jogou para cima de Mike e eles começaram a brigar e rolar no chão.

- Você vai quere ser o primeiro a me testar Mike? – Gritou Allan prendendo Mike no chão.

- Dá pra parar? Eu ainda estou aqui. Eu ordeno que você me contem tudo o que sabem – falei gritando – que historia é essa de levar a princesa de volta?

 Todos estavam me fitando de olhos arregalados.

- E agora? – Perguntou Kathrina.

- Ela ainda não é princesa. Obedecemos a ordens superiores. – falou Cloe calmamente.

- Princesa? Porque me chama de princesa? – Falei – Quer saber? Vou voltar para o meu quarto.

 As luzes já estavam apagadas na biblioteca minha cabeça girava, eram coisas demais.

Consegui voltar a salvo para o quarto, mas não consegui dormir.

 Lá pelas três horas da manha. Me levantei  e fui olhar o céu.

Estava escuro demais, a lua e as estrelas estavam tapadas por espessas camadas de nuvens.

 Tanta coisa estava me enlouquecendo. Eu não entendia nada. O que Miguel e Allan eram? Anjos? Porque era inimigos? Porque todos falam em uma princesa? Em levar a princesa de volta? Miguel com um nome diferente, Allan falando em almas divididas. Miguel falando que Allan era o mal e agora falando que ele não largaria um vicio. Que vicio? O que Kathrina e Cloe eram? O que elas estavam fazendo com eles? Na verdade eu não sabia nem o que eu estava fazendo.

Desisti de pensar e consegui dormir.

Naquela noite eu decidi que tentaria no máximo não pensar em bobagem. E que quando eles me falassem a verdade eu os escutaria e a partir dali começaria a me preocupar.