Anjo da Saudade escrita por Ana Carol M


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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                   “Certas coisas não mudarão jamais.”

  Comprei varias roupas, e todas que me deixavam com um ar diferente. Eu não queria mais ser a frágil e sem graça. Finalmente consegui fazer o que achava que não conseguiria. Eu estava enganada no outro dia enquanto ia para o  colégio. Eu podia mudar, e mudei.

  No final do dia já tínhamos ido a quase todas as lojas do Shopping, e comprado tudo que precisava, ajudei Beatrici a pagar algumas coisas, o cartão do meu pai viria um pouco cheio no próximo mês. Mas não estava preocupada, afinal não estaria mais com ele. Cheguei em casa muito cansada. Meu pai estava trabalhando no escritório. Pedi para Eduardo deixar minha coisas no meu quarto enquanto isso  fui ver meu pai.

-Pai cheguei. - disse a ele sorridente, afinal estava diferente e queria que ele notasse que minha mudança.

-Mary - disse ele impressionado. – como foi hoje?  - voltando ao tom normal.

-Beatrici que me ajudou, ela é legal-i. Ele apenas sorriu e voltou para o seu computador.

-Vou dormir, estou cansada. Boa noite- falei com ele.

-Boa noite - respondeu normalmente. Eu realmente estava um pouco decepcionada com meu pai. Tinha feito tudo que ele quis, eu estava um pouco melhor depois de ter gasto o dinheiro dele, mas ele continuava frio comigo e não tinha motivos, pelo o que ele dizia ,eu sempre fui uma filha perfeita.  Chegando em meu quarto e  o vi completamente cheio de sacolas. Sorri, e me joguei na cama desocupada e olhei para o teto. Depois de ficar ali, a fome começou a aparecer então antes de comer tomei um banho quente, coloquei meu pijama quentinho e fui para cozinha. Eu estava nova desde as roupas até cabelo, e interiormente.  Comi quase toda pizza, meu pai parecia ter sentido o cheiro e chegou na cozinha.

-Hum... pizza- falou ele.

- Sobrou alguns pedaços- falei friamente enquanto eu saia da cozinha.

Ele não respondeu, então fui escovar meus dentes

  Meu cabelo estava comprido, muito liso, mais escuro e picotado nas pontas.

Fui dormir e estava tão cansada que só acordei no outro dia com o sol novamente. Acordei saltitando, fui na cozinha e ignorei completamente meu pai que estava tentando fazer torradas. Aqueci leite para mim, e fiz panquecas apenas para mim deixando-o com água na boca. Comi com tanta vontade que parecia ter dado mais fome nele. Coloquei as louças na maquina e deixei lavando, nem um dos dois falou uma palavra e não era que iria quebrar o silencio.

  Passei novamente no banheiro para escovar os dentes.

Demorei um tempão até sair do banheiro, eu queria ter mais tempo comigo mesma. Arrumei minha cama e novamente ignorei meu pai que estava na porta do meu quarto me observando.

-Mary - falou ele.

-Sim – falei fingindo surpresa com a figura humana que a um tempo me observava arrumar a cama que talvez só fosse usada nos outros finais de semana.

-Quero conversar com você- disse ele seriamente.

Opa, isso não era bom.

-Senta  -disse a ele enquanto sentava numa parte da cama e apontava para outra.

-Cuidado com as minhas sacolas - eu disse friamente.

-Tudo bem.

 Ele se sentou e ficou me observando por um tempo.

-Filha... -começou ele. Fazia tanto tempo que ele não me chama assim, sempre era Mary ou querida.- Nós não estamos nos dando muito bem nesses últimos dias e isso é culpa minha, eu sei. Mas é muito complicado. Tenho tantos problemas, principalmente na faculdade. Você não faz idéia - Continuou ele frustrado.

-Tudo bem, daqui a pouco não vou ser mais um problema. E só estou retribuindo o que me foi dado. Desde que mamãe partiu você me tratou diferente e todos os dias da minha vida pensei e penso nela e sinto falta de uma mãe -falei tentando manter minha voz estável..

Ele não falou só continuou a me olhar com seus olhos envelhecidos e um pouco triste.

Então eu continuei percebendo que não teria resposta.

-Sei que Beatrici te faz feliz. O maior motivo pra mim ir pro Gen é pra deixar vocês viverem felizes e em paz. E quer saber, também quero ser feliz. Não vai ser aqui que vou ser. Vai ser lá.

- Por que você não me falou?- disse ele espantado.

-Dizer o que?... O que eu digo é verdade e nada que você disser vai mudar minha opinião. Sophie e David estão indo comigo e são como meus irmão então não vou ficar sem família lá - eu olhava nos olhos tentando entender o que passava na cabeça de meu pai.

-Você sabe que você vai ter um futuro de sucesso no Gen. – ele já havia mudado de assunto.

-E?

-E é isso.

-Então qual o motivo desta conversa?Acabar com meu dia? - perguntei incrédula.

-Não, eu não quero acabar com seu dia, apenas queria tentar falar com você. Mas é impossível.. Sua mãe faz falta sim, mas ela deixou em você tudo que ela tinha de bom, cada dia você se parece mais com ela, e você é minha filha eu amo você. - falou ele me encarando.

-Pai eu também te amo, mas não porque eu sou sua filha que você é obrigado a gostar de mim.- falei.- Quero que você se case com a Bia e seja feliz. Eu me viro lá no colégio e alem de tudo não daria certo eu e ela morando na mesma casa, não me acostumaria - falei com sinceridade.

-Tudo bem - disse ele enquanto me deu um grande beijo na testa, depois saiu.

Ele só fala isso “ tudo bem” sempre.

 Me recuperei e consegui voltar ao meu humor anterior. Pelo que tinha visto meu pai não iria mudar e eu também não, ele podia até se arrepender de tudo que estava acontecendo, mas eu não ia desistir, então só restava ficar feliz e deixar o que me deixava triste e infeliz pra trás. Comecei a arrumar minha malas . E vi pela janela o inverno indo embora e dando olá para a primavera, as flores já começavam a florescer os passarinhos a cantarem. Sorri para a imagem e voltei a dobrar e organizar minhas roupas novas peguei ainda algumas roupas antigas que me lembravam momentos bons. O tempo passou rápido e quando terminei já estava escuro. Lembrei das coisas de minha mãe e as guardei num lugar seguro no meu, entre as malas. Uma mala não faria diferença. Depois sentei em minha cama e fiquei observando o quarto que estava com móveis, parecia vazio, minhas várias malas estavam reunidas num canto perto da porta. Enquanto eu observava as malas eu avistei em uma prateleira um pouco acima das malas uma foto minha, da minha mãe e do meu pai no ano que ela morreu. Eu passei horas observando aquela fotografia até que coloquei em uma mala que não estava muito cheia. Deitei completamente na cama e apertei o colar que minha mãe me deu na outra noite, chorei um pouco e acabei adormecendo. No outro dia, não foi o sol que me acordou, mas meu pai que bateu levemente na porta.

-Mary - chamou ele calmamente.

-Oi- falei meio assustada.

-Me desculpe. – Não sei se era por me acordar, ou por todos os anos de solidão.

-Tudo bem- falei enquanto tentava dar um pequeno sorriso.

-Coloque o uniforme e desça, vamos levar suas coisas.

-Tá bom.

Levantei-me calmamente e sorrindo, peguei meu uniforme e fui ao banheiro, demorei um tempo me arrumando. Sai de lá de banho tomado, cabelo penteado, vestida e maquiada, embrulhei o pijama no braço e também deixei a toalha secando no banheiro.

-Pai. Pode levar as malas - gritei na escada.

-Estou aqui- disse ele do meu quarto.

Quando cheguei ali ele estava sentado na minha cama e olhando o meu colar. Eu o vi e involuntariamente toquei em meu pescoço que estava vazio. Eu sentei ao lado dele e olhei o colar junto.

-Como você conseguiu isso?- perguntou ele.

-Você não vai acreditar em mim. O mais aceitável é que ganhei.

Ele ficou em silencio.

-Ela estava tão linda

-Nick - gritou Beatrici lá em baixo.

Achei estranho chamarem meu pai assim todos chamavam o de Senhor Bold.

-Estamos aqui - respondeu ele se recompondo, depois me entregou o colar.

 Eu o coloquei em meu pescoço depois ajudei a levar algumas malas. Cumprimentei Bia enquanto colocava as malas na porta, meu pai foi levando elas pro carro enquanto eu ligava para Sophie e David.

-Olá, meu pai está terminando de organizar o carro- falei sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Quero pedir perdão por todos os erros de grafia passados. E que vou tentar no máximo o português correto neste e nos próximos capítulos. Continuem acompanhando e Obrigada.