Minha tia me apontava um facão. Ela me dava ordens do que eu deveria fazer. Me mandou sentar no sofá para conversar melhor comigo. Uma coisa que me deixou agoniada foi que ela sentou ao meu lado, bem perto de mim. Ela brincava dizendo coisas como "quer um pouco disso?" e me apontava alguma coisa gosmenta que ela bebia o tempo todo.

- Então minha querida Miyazinha... -ela ria e mexia nos meus cabelos. O que me deixava totalmente arrepiada.- se você tivesse sido minha filha...

"Ainda bem que não fui" pensei.

- Pena que matei todos meus namorados.

- Porquê você fez isso? -pergunto, com raiva dela.

- É tão bom ver alguém sofrendo lentamente. Ao enfiar o facão no coração de uma pessoa... ao ver ela morrendo, é tão legal isso. Você sente a alma da pessoa indo embora, é uma sensação inexplicável. Quando um homem me estuprou quando eu era apenas uma garotinha... eu pude me vingar dele, tirando sua vida. A parte mais gostosa mesmo é quando você lambe a ponta da faca em que você usou para tirar o sangue da pessoa. O gosto de ferro melhora cada vez que você mata alguém...

Fecho os olhos, apertando-os cada vez mais, era horrível ouvir aquelas palavras, ainda mais vindas da voz da minha tia, que era uma verdadeira Serial Killer. Beber sangue? Eca... isso é doentio demais para minha cabeça.

- O que foi, Miya? Parece que está sofrendo... posso dar um jeitinho nisso se quiser.

- pare... com isso... -digo em voz baixa.

- Tudo bem, se você insiste, vou continuar minha história. De alguma forma, sua amiguinha descobriu que era eu quem havia matado seus pais... estou fugindo da polícia até hoje e ninguém me achou ainda, incrível né?

- qual... é... seu... verdadeiro nome? -perguntei, sem abrir os olhos. Eu estava trêmula e até já teria batido na cara de minha tia se ela não tivesse com aquele maldito facão na mão.

- Ah sim... já vi que você descobriu que eu não fujo por aí sem mudar meu nome né? -ela ri- Tenho vários... pode me chamar como quiser, mas você quer saber o meu de nascença? Acho que isso não será problema... já que você não poderá contar a ninguém, pois, quando chegarem aqui, você já estará morta. -ela ri, de novo- Minha mãe me nomeou Ogawa Takara. Takara significa tesouro, lindo não?

"Ela deve estar embriagada, no mínimo..." penso, abrindo um pouco meus olhos e encarando ela. Tento não rir do nome ridículo dela.

- Já mudei muito meu rosto também. Cirurgias plásticas dão certo, acredite. Tenho 37 anos e tenho cara de 20, incrível, não é mesmo? Talvez eu possa usar um pouco dessa sua beleza também... a mesma beleza de sua mãe e de sua irmã gêmea, pena que não pude tê-la também.

Enquanto ela falava bobagens à toa, eu pensava em um plano para escapar dali, talvez não desse certo a minha tia Takara me enfiaria o facão no peito. Meus pensamentos pararam por um instante quando eu vi um livro jogado no meio da sala de estar. Nele estava escrito "Satanismo". Ela pretendia me sacrificar a favor de Satã por acaso??

- Ah, Miya-chan, parece que você viu esse livrinho infantil né? Porquê não damos uma olhada nele? -ela disse, indo junto com seu facão em direção ao livro.jogado no chão.

Era minha chance! Eu tinha de correr e escapar o mais rápido possível dali, mas e se ela me pegasse? Estaria morta e tudo acabaria por ali. Veria meus pais, minha irmãzinha e... deixaria Hachiro para trás. Sim, eu tinha que aproveitar minha vida. E minha única chance de continuar a viver era fugindo dali.

Não pensei duas vezes e saí voando em direção à porta. Girei a maçaneta, mas estava trancada. Tentei destrancar a porta mas a chave havia emperrado. "Droga, é o meu fim" pensei.

No mesmo momento, minha tia me puxou pelos cabelos, me arrastou até o chão da sala e me deu alguns chutes e socos que me deixaram com alguns hematomas no corpo e um no rosto. Ela havia feito um pequeno corte em uma de minhas bochechas e uns 3 no meu corpo. Sangue saía de minha boca e de meus pequenos cortes.

- Parece que você vai ter que aprender algumas lições de como ter educação com os mais velhos -ela disse, com raiva.

Ela pegou o livro e aproveitou que eu estava sem conseguir me levantar do chão da sala.

"E agora?" pensei "É isso? Tudo o que aconteceu... não valeu a pena? Parece que minha vida acaba por aqui... estou indo encontrar vocês... Yuki, Mãe, Pai... Hina, agora você está junto deles, não está? Espero que viva sua vida como deve viver...Espero que seja mais feliz do que eu já fui um dia, com todas as pessoas que eu amava perto de mim...".

Continua...